Acusado por um
conservador norte-americano de ser marxista, Jorge Mario Bergoglio, o papa
Francisco, negou sê-lo, mas disse que não se sentia ofendido, por ter conhecido
ao longo da sua vida muitos marxistas que eram boas pessoas.
A declaração
do papa, evitando atacar ou demonizar os marxistas, e atribuindo-lhes a
condição de comuns mortais, com direito a ter sua visão de mundo e a
defendê-la, é extremamente importante, no momento que estamos a viver agora.
A ascensão
irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo baseia-se
em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e
distorcer a história, a ponto de se estar a criar uma absurda realidade paralela.
Estabelecem-se,
financiados com dinheiro da direita fundamentalista, “museus do comunismo”; surgem por todo mundo, como nos piores tempos
da Guerra Fria, redes de organizações anticomunistas e/ou antimarxistas, com a
desculpa de se defender a democracia; atribuem-se, alucinadamente, de forma
absolutamente fantasiosa, 100 milhões de mortos ao comunismo.
Procurar
associar, até do ponto de vista iconográfico, o marxismo ao
nacional-socialismo, quando, se não fossem a Batalha de Estalinegrado, em que
os alemães e os seus aliados perderam 850 mil homens, e a Batalha de Berlim,
vencidas pelas tropas do Exército Vermelho – que cercaram e ocuparam a capital
alemã e obrigaram Hitler a suicidar-se, como um rato, no seu covil – a Alemanha
nazi teria tido tempo de desenvolver sua própria bomba atómica e não teria
sido derrotada.
Quem compara o
socialismo ao nazismo, por uma questão de semântica, esquece-se de que, sem a heróica
resistência, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União
Soviética – que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes – boa
parte dos anticomunistas de hoje, incluindo católicos não arianos e sionistas,
ter-se-iam transformado em sabão nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de
Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.
Num mundo de
nações, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o
culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações
do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais,
como quaisquer outras – e não são os monstros apresentados pela extrema-direita
fundamentalista e revisionista sob a farsa do “marxismo cultural” – representam um apelo à razão e um alento.
Depois de anos
dominada pelo conservadorismo, podemos dizer, pelo menos até agora, que Habemus Papam, com a clareza do fumo
branco saindo, na Praça de São Pedro, em dia de conclave, das veneráveis
chaminés do Vaticano.
Um Papa com “P” maiúsculo, preparado para fortalecer
a Igreja, com o equilíbrio e o exemplo do Evangelho, e a inteligência, o
sorriso, a determinação e a energia de um Pastor que merece ser amado e
admirado pelo seu rebanho.
O que seria de
nós, se a Alemanha Hitleriana tivesse tido mais tempo na 2ª Grande Guerra…?