segunda-feira, 29 de setembro de 2014

QUEM SÃO OS ANJOS?




29 Setembro – Dia da celebração de S. MIGUEL, S. GABRIEL e S. RAFAEL, Arcanjos.



A esta pergunta que, certamente, várias vezes formularam, responde-nos São Gregório Magno, papa (n. 540 – f. 604):


«A palavra “Anjo” designa a sua função, não a sua natureza.

Deveis saber que a palavra “Anjo» designa uma função, não uma natureza. Na verdade, aqueles santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre se podem chamar Anjos. Só são Anjos quando exercem a função de mensageiros. Os que transmitem mensagens de menor importância chamam se Anjos; os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam se Arcanjos.

Esta é a razão pela qual à Virgem Maria não foi enviado um Anjo qualquer mas o Arcanjo Gabriel; de facto, era justo que para esta missão fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as mensagens.

É pela mesma razão que se lhes atribuem nomes particulares, que designam a missão respectiva que desempenham. Na santa cidade do Céu, onde a visão de Deus omnipotente dá um perfeito conhecimento de tudo, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros; mas quando vêm realizar alguma missão junto dos homens, são conhecidos pelo nome da função que exercem.

Assim, Miguel significa “Quem como Deus?”; Gabriel, “Fortaleza de Deus”; e Rafael, “Medicina de Deus”.

Quando se trata de realizar algum mistério que exige um poder especial, verifica se que é Miguel o enviado, para dar a entender, pela sua acção e pelo seu nome, que ninguém pode actuar como Deus. Por isso aquele antigo inimigo, que pela sua soberba pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: Subirei até ao céu, levantarei o meu trono acima dos astros do céu e serei semelhante ao Altíssimo, será abandonado a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício. É este que São João no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: Travou se um combate no Céu contra o Arcanjo Miguel.
A Maria foi enviado Gabriel, que significa “Fortaleza de Deus”, porque veio anunciar Aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre os poderes superiores. Convinha, de facto, ser anunciado pela “Fortaleza de Deus” Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos Exércitos e poderoso das batalhas.

Rafael, como dissemos, quer dizer “Medicina de Deus”, como se compreende na missão que teve junto de Tobias: tocou lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da sua cegueira. Por isso, aquele que foi enviado para curar, é chamado “Medicina de Deus”



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXVI do Tempo Comum




(Domingo, 28 de Setembro de 2014)

Celebra-se, também, o dia de S. VENCESLAU, mártir.

Nota histórica:
Nasceu na Boémia, cerca do ano 907; de uma sua tia paterna recebeu uma sólida formação cristã e assumiu o governo do seu ducado por volta de 925. Suportou muitas dificuldades no governo e formação cristã de seus súbditos. Traído por seu irmão Boleslau, foi morto por uns sicários no ano 935. Em breve foi venerado como mártir e escolhido pela Boémia como seu patrono principal.

Os publicanos e as mulheres de má vida irão adiante de vós para o reino de Deus


LEITURA I – Ez 18, 25-28

Quando o pecador se afastar do mal, salvará a sua vida

A liturgia da palavra deste domingo vai insistir na sinceridade profunda do coração e na resposta autêntica e prática que ele dá ou não à palavra de Deus. A todo o momento, logo que o homem se converter a essa palavra e por ela orientar a sua vida, logo o Senhor o acolherá. Deus não é de vinganças; é sim salvador.

Leitura da Profecia de Ezequiel
“Eis o que diz o Senhor: «Vós dizeis: ‘A maneira de proceder do Senhor não é justa’. Escutai, casa de Israel: Será a minha maneira de proceder que não é justa? Não será antes o vosso modo de proceder que é injusto? Quando o justo se afastar da justiça, praticar o mal e vier a morrer, morrerá por causa do mal cometido. Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a justiça, salvará a sua vida. Se abrir os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido, há-de viver e não morrerá».”

LEITURA II – Filip 2, 1-11

Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus

Para incutir nos cristãos sentimentos de união e de perdão mútuo, S. Paulo não encontra melhor maneira do que lembrar-lhes os sentimentos de Jesus Cristo, manifestados na sua Paixão. A leitura é, na segunda parte, um verdadeiro hino pascal, talvez mesmo um hino das primeiras gerações cristãs para celebrar o mistério pascal do Senhor, incluído depois por S. Paulo nesta sua carta. É uma passagem da Sagrada Escritura que não pode ser ignorada pelo comum dos cristãos.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Irmãos: [1]Se há em Cristo alguma consolação, algum conforto na caridade, se existe alguma comunhão no Espírito, alguns sentimentos de ternura e misericórdia, então completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. [2]Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, [3]mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, [4]humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”

EVANGELHO Mt 21, 28-32

Os publicanos e as mulheres de má vida irão adiante de vós para o reino de Deus

Enquanto a palavra de Deus não descer ao coração do homem e o tocar e o converter, não são as palavras, mesmo santas, que lhe saem da boca que o fazem entrar no reino de Deus. Mas, logo que o coração estiver convertido e voltado para Deus, logo o Senhor o acolhe e o recebe como um pai. É que os caminhos de Deus não são como os dos homens.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?». Eles responderam-Lhe: «O primeiro». Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus. [5]João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram. E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele».





[1] Lista de motivos para viver em comunhão e amor na comunidade cristã. Ver 2 Cor 10,1-5.
[2] Condição divina. O termo original "forma" pertence ao vocabulário da filosofia grega: a aparência. Paulo utiliza o termo em sentido semita: a figura visível, ou a imagem, que manifesta, na perspectiva do Génesis, o próprio ser de Deus em Cristo.
[3] Esvaziou-se (ekénôsen). Esta kenôse de Cristo não implica que Ele deixe a condição divina; mas é nesta kenôse que Ele revela mais maravilhosamente o amor de Deus pela humanidade.
[4] Rebaixou-se. Jesus é o Servo Sofredor de Is 53, pela encarnação e pela paixão e morte.
[5] A parábola dos dois filhos refere-se aos gentios e aos judeus (v.25; Lc 7,29-30)

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXV do Tempo Comum




(Domingo, 21 de Setembro de 2014)

Celebra-se, também, o dia de S. MATEUS, Apóstolo e Evangelista.

Nota histórica:
Nasceu em Cafarnaum, e exercia a profissão de cobrador de impostos quando Jesus o chamou. Escreveu o Evangelho em língua hebraica e, segundo uma tradição, pregou no Oriente.

Serão maus os teus olhos porque eu sou bom?


LEITURA I – Is 55, 6-9

Os meus pensamentos não são os vossos

O Evangelho vai apresentar-nos uma parábola, na qual se vê a liberdade e o amor com que Deus trata os homens, mesmo sem eles saberem, por vezes, apreciar essa bondade. Nesta leitura, o profeta vai-nos já prevenindo de que os caminhos de Deus não são como os dos homens, que têm dificuldade em compreender que o amor é mais generoso do que aquilo a que, por vezes, chamamos justiça.

Leitura do Livro de Isaías
“Procurai o Senhor, enquanto se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos. Converta-se ao Senhor, que terá compaixão dele, ao nosso Deus, que é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos são os meus – oráculo do Senhor –. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos e acima dos vossos estão os meus pensamentos.”

LEITURA II – Filip 1, 20c-24.27a

Para mim, viver é Cristo

S. Paulo escreve estas palavras na prisão. Nelas mostra que todo o seu ideal é apenas servir a Cristo. Viver ou morrer é para ele coisa secundária; interessa-lhe, sim, estar sempre unido a Cristo. Ele é a sua vida. A própria morte o conduzirá ainda à união a Cristo: por isso, ela é para ele um lucro. Assim ele deseja que todos os cristãos vivam com ideal semelhante ao seu.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Irmãos: Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro[1]. Mas, se viver neste corpo mortal me permite um trabalho útil, não sei o que escolher. Sinto-me constrangido por este dilema: desejaria partir e estar com Cristo, que seria muito melhor; mas é mais necessário para vós que eu permaneça neste corpo mortal. Procurai somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo.”

EVANGELHO Mt 20, 1-16a

Serão maus os teus olhos porque eu sou bom?

Esta parábola quer fazer-nos compreender que Deus é bom, e que a todos os homens que se disponham a servi-l’O Ele oferece a entrada no seu reino. Segundo o primeiro sentido da parábola, os operários da primeira hora foram os judeus; os outros, são os que, ao longo dos tempos, vão entrando na Igreja de Deus. A todos o Senhor abre as portas da salvação, porque, se para uns Se mostrou bondoso desde a primeira hora, para todos os outros Ele reserva os mesmos dons. Não há, pois, lugar para invejas, onde tudo é puro dom gratuito de Deus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha[2]. Saiu a meia-manhã, viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo’. E eles foram. Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde, e fez o mesmo. Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’. Eles responderam-lhe: ‘Ninguém nos contratou’. Ele disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao capataz: «Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, a começar pelos últimos e a acabar nos primeiros’. Vieram os do entardecer e receberam um denário cada um. Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um. Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: ‘Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o peso do dia e o calor’. Mas o proprietário respondeu a um deles: ‘Amigo, em nada te prejudico. Não foi um denário que ajustaste comigo? Leva o que é teu e segue o teu caminho. Eu quero dar a este último tanto como a ti. Não me será permitido fazer o que quero do que é meu? Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?’[3]. Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».”[4]





[1] Cristo é o absoluto de Paulo, e a morte é a união definitiva com Ele.
[2] Denário, moeda romana equivalente ao ordenado de um dia de trabalho.
[3] A parábola sobre os trabalhadores da vinha dirigia-se contra os fariseus, à semelhança das parábolas da misericórdia de Lc 15, mostrando que a bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos da retribuição e que o prémio divino não coincide com o salário devido por justiça humana.
[4] Este versículo, que ocorre também em 19,30, sublinha a nova situação representada pela Igreja de Mt, isto é, os pagãos, chamados em último lugar, tomaram a precedência dos judeus convertidos, que tinham sido chamados em primeiro lugar A parte final do versículo é retomada de 22,14.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXIV do Tempo Comum




(Domingo, 14 de Setembro de 2014)


EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

Foi na Cruz que Jesus Cristo ofereceu ao Pai o Seu Sacrifício, em expiação dos pecados de todos os homens. Por isso, é justo que veneremos o sinal e o instrumento da nossa libertação.
Objecto de desprezo, patíbulo de infâmia, até ao momento em que Jesus «obediente até à morte» nela foi suspenso, a Cruz tornou-se, desde então, motivo de glória, pólo de atracção para todos os homens.
Ao celebrarmos esta festa, nós queremos proclamar que é da cruz, «sinal do amor universal de Deus, fonte de toda a graça» que deriva toda a vida de Igreja. Queremos também manifestar o nosso desejo de colaborar com Cristo na salvação dos homens, aceitando a Cruz, que a carne e o mundo fizeram pesar sobre nós


LEITURA I – Num 21, 4b-9

Quem era mordido, olhava para a serpente de bronze e ficava curado

Leitura do Livro dos Números
“Naqueles dias, o povo de Israel impacientou-se e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável».
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela
ficará curado».

Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.”

LEITURA II – Filip 2, 6-11

Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”

EVANGELHO Jo 3, 13-17

O Filho do homem será exaltado


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:
«Ninguém subiu ao Céu senão Aquele que desceu do Céu: o Filho do homem.
Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna.
Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele».”



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXIII do Tempo Comum




(Domingo, 7 de Setembro de 2014)

Se te escutar, terás ganho o teu irmão


LEITURA I – Ez 33, 7-9

Se não falares ao ímpio, pedir-te-ei contas do seu sangue

A palavra de Deus, anunciada, acreditada, posta em prática, faz nascer o povo de Deus, a Igreja de Deus. E cada membro deste povo é, por sua vez, anunciador, profeta, desta palavra de Deus. Por isso, há-de anunciá-la com as suas palavras, se o puder fazer, mas sempre com a sua vida. Deste modo, cada filho da Igreja é, ao mesmo tempo, construtor da Igreja.

Leitura da Profecia de Ezequiel
“Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao ímpio: ‘Ímpio, hás-de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida».”

LEITURA II – Rom 13, 8-10

A caridade é o pleno cumprimento da lei

Toda a lei moral cristã, toda a Lei de Deus, se resume na caridade, que é o amor segundo Deus. Todos e cada um dos preceitos cristãos são aplicações concretas desta lei da caridade, que os envolve e os anima a todos.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei[1]. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.”

EVANGELHO Mt 18, 15-20

Se te escutar, terás ganho o teu irmão

Esta passagem do Evangelho tem em vista a vida em Cristo dos membros da comunidade cristã entre si. Desde o início a Igreja sentiu, no meio de si, dificuldades na vida de comunidade. Onde houver homens, haverá dificuldades de convivência. Mas, por isso mesmo, essas dificuldades hão-de ser resolvidas humanamente, e sempre à luz de Deus, que é como quem diz, à luz da caridade de Cristo, sempre em ordem à unidade, e à construção no amor, nunca à destruição. É então, na unidade, que a comunidade se tornará a morada do Senhor, onde os homens O poderão encontrar.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão[2]. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu[3]. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles»[4].”





[1] As dívidas devem pagar-se. Mas há uma que nunca está totalmente paga: a do amor mútuo. Trata-se da vivência fraterna do amor recebido de Deus em Cristo. Daí que tenha de ser o amor ao próximo a dar sentido a tudo.
[2] Estes versículos destinavam-se a moderar o rigor dos que exigiam a expulsão imediata dos pecadores da comunidade. Daí o apelo a ganhar para a comunidade o irmão, que estava prestes a ser excluído (Lucas 17,3). O corte da comunidade com os impenitentes vem do costume judaico de não contactar com gentios nem cobradores de impostos, considerados pessoas impuras.
[3] O poder de ligar e desligar conferido a Pedro é também comunicado aos outros ministros da Igreja, aos quais se dirige o discurso deste capítulo.
[4] Texto de cariz litúrgico. Jesus é apresentado por Mateus como Senhor da Comunidade, o Deus connosco – Emanuel. O sinal e raiz dessa comunhão no Senhor é a oração.