sábado, 25 de julho de 2015

DISTRIBUIU-OS E COMERAM QUANTO QUISERAM

DOMINGO XVII DO TEMPO COMUM




(Domingo, 26 de Julho de 2015)

DISTRIBUIU-OS E COMERAM QUANTO QUISERAM


LEITURA I – 2 Reis 4, 42-44

Comerão e ainda há-de sobrar

A liturgia continua em si a mesma linha de pensamento e até de acção da Sagrada Escritura. Assim, hoje, faz-nos ler duas passagens semelhantes, uma do Antigo, outra do Novo Testamento: duas multiplicações do pão. Em ambas se pode ver o mesmo dedo de Deus, amigo dos homens, capaz de lhes dar o alimento de que precisam, e, ao mesmo tempo, em ambas se manifesta que é Ele quem está sempre nos gestos e nas palavras dos que actuam e falam em seu nome.

Leitura do Segundo Livro dos Reis
“Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há-de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.”
Palavra do Senhor.

LEITURA II – Ef 4, 1-6

Um só Corpo, um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo

Durante alguns domingos, sete, vamos ler a Epístola aos Efésios. É uma carta maravilhosa, escrita, como algumas outras, da prisão, e em que se aprofunda, de maneira particular, o mistério de Cristo e a vida vivida segundo esse mistério. Hoje insiste-se na unidade que deve reinar entre os cristãos, unidade não apenas de fora, mas de coração, porque todos somos um só, participantes da unidade de Deus, que d’Ele nos vem por Cristo.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
“Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.”
Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Jo 6, 1-15

Distribuiu-os e comeram quanto quiseram

A multiplicação dos pães situa-se próximo da Páscoa. Hoje lemos o facto; nos dias seguintes ouviremos o comentário, a catequese que o próprio Senhor Jesus fará deste facto. Mas a multiplicação dos pães e dos peixes é apresentada nos termos da celebração eucarística. Depois da catequese sobre o Baptismo na fala com Nicodemos, depois da referência constante ao Espírito Santo, começamos hoje a catequese sobre a Eucaristia. Estamos no ambiente da iniciação cristã.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.”
Palavra da salvação.



sábado, 18 de julho de 2015

ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM




(Domingo, 19 de Julho de 2015)

ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR


LEITURA I – Jer 23, 1-6

Reunirei o resto das minhas ovelhas e dar-lhes-ei pastores

No Evangelho, Jesus vai revelar-Se cheio de compaixão pela multidão, que é como um rebanho sem pastor. Mas já desde o Antigo Testamento Deus Se tinha revelado como bom Pastor do seu povo. Os cuidados do pastor pelo seu rebanho são uma boa comparação que nos pode fazer compreender o amor com que Deus Se preocupa com os homens e deseja que eles encontrem os verdadeiros caminhos da vida e o verdadeiro alimento que os há-de sustentar nesses caminhos. E logo se anuncia um “rebento justo”, um “verdadeiro rei”, o Messias futuro que Se há-de um dia apresentar como o “Bom Pastor”, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Leitura do Livro de Jeremias
“Diz o Senhor: «Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho!». Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: «Dispersastes as minhas ovelhas e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas. Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos, pedir-vos contas das vossas más acções – oráculo do Senhor. Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as terras onde se dispersaram e as farei voltar às suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. Dar-lhes-ei pastores que as apascentem e não mais terão medo nem sobressalto; nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor. Dias virão, diz o Senhor, em que farei surgir para David um rebento justo. Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria; há-de exercer no país o direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».”
Palavra do Senhor.

LEITURA II – Ef 2, 13-18

Ele é a nossa paz, que fez de uns e outros um só povo

Continuando a expor o plano de Deus sobre o mundo, S. Paulo mostra como Jesus fez a união de todos os homens por meio da sua Cruz, em particular, a união entre o povo de Deus do Antigo Testamento e o do Novo Testamento. Nem são rigorosamente dois povos, mas dois momentos do mesmo povo em que se manifesta a continuação e o desenvolvimento do mesmo e único plano divino de levar todos os homens, de todos os tempos, à unidade do Corpo que tem Cristo por cabeça e pastor.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
“Irmãos: Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo. Cristo é, de facto, a nossa paz. Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo e derrubou o muro da inimizade que os separava, anulando, pela imolação do seu corpo, a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos. E assim, de uns e outros, Ele fez em Si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz reconciliou com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo, levando em Si próprio a morte à inimizade. Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.”
Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Mc 6, 30-34

Eram como ovelhas sem pastor

Sem a palavra de Deus os homens não encontram a união, são como ovelhas tresmalhadas de um rebanho a que falta o pastor. Jesus, ao contemplar a multidão que O seguia, mas que não era ainda a sua Igreja, sente por ela grande compaixão e vai-lhes dando o pão da palavra de Deus: “começou a ensinar-lhes muitas coisas”.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
“Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.”
Palavra da salvação.



terça-feira, 14 de julho de 2015

PARTIU O HOMEM QUE SEMPRE ESPERAVA O ADVENTO DE DEUS




Leonardo Boff (colunista do JB online)

14/07/2015

Ele fez de tudo na vida. Na juventude foi ateu e marxista. Mas de repente se converteu. Ordenou-se padre durante a guerra. Logo entrou na Resistência contra os nazistas. Em 1949 fizeram-no Assistente da Juventude da Acção Católica. Mas seus métodos libertários não agradaram o do status quo eclesiástico e o mandaram acompanhar emigrantes italianos que vinham de navio à Argentina. Na viagem encontrou um Irmãozinho de Jesus, seguidor de Charles de Foucault cujo carisma é viver no mundo entre os mais pobres. Iniciou-se na Argélia junto ao deserto e entrou na luta de libertação contra a dominação francesa. Depois foi enviado à Argentina. Por anos trabalhou como operário com madeireiros. Foi ao Chile de Pinochet. Mas logo seu nome estava na lista: “quem encontrar um desses, pode eliminar”. Esteve por um tempo na Venezuela. Mas acabou por instalar-se no Brasil em Foz do Iguaçu onde criou várias iniciativas para os pobres, com ervas medicinais, fazenda didáctica para jovens desamparados e outras organizações populares que ainda persistem hoje.

Teve muitos reconhecimentos que quase sempre rejeitava. Mas o mais importante foi em 29 de Novembro de 1999 em Brasília quando embaixador israelita lhe conferiu a maior comenda a não judeus: “justo entre as nações”. Durante a guerra criou com outros uma rede clandestina que salvou 800 judeus.

Fez-se monge sem sair do mundo mas sempre dentro do mundo dos lascados e humilhados. Todo o tempo livre dedicava-o à oração e à meditação. Durante o dia recitava mantras e jaculatórias. Foi uma das figuras mais impressionantes que passaram por minha vida, com uma retórica de ressuscitar mortos. Éramos amigos-irmãos.

Estranhamente tinha um jeito próprio de rezar. Foi ele que me contou. Pensava: se Deus se fez gente em Jesus, então foi como nós: fez chichi, cocô, choramingava pedindo peito, fazia biquinho com o que o incomodava como a fralda molhada.

No começo, pensava ele, Jesus teria gostado mais de Maria, depois mais de José, coisas que Freud e Winnicott explicam. E foi crescendo como nossas crianças, brincando com as formigas, correndo atrás dos cachorrinhos e, maroto, roubava frutas do quintal do vizinho.

Esse estranho místico, rezava à Nossa Senhora imaginando como ninava Jesus, como lavava no tanque as fraldinhas sujas e como cozinhava o mingau para o Menino e as as comidas fortes para o seu marido carpinteiro, o bom José.

E se alegrava interiormente com tais matutações porque assim devia ser pensada a encarnação do Filho de Deus, na linha do Papa Francisco, não como doutrina fria, mas como facto concreto. Sentia e vivia tais coisas na forma de comoção do coração. E chorava com frequência de alegria espiritual.

Por onde chegava, criava sempre ao seu redor uma pequena comunidade na pior favela da cidade. Tinha poucos discípulos. Apenas três que acabavam indo todos embora. Achavam dura demais aquela vida e ainda deviam meditar durante o dia, no trabalho, na rua, na visita aos casebres mais decaídos.

Só, agregou-se então a uma paróquia que fazia trabalho popular. Trabalhava com os sem-terra e com os sem-tecto. Corajoso, organizava manifestações públicas em frente à prefeitura e puxava ocupações de terrenos baldios. E quando os sem-terra e sem-tecto conseguiam se estabelecer, fazia belas “místicas” ecuménicas com o faz sempre o MST.

Mas todos os dias, por volta das 10 da noite, se enfurnava na igreja escura. Apenas a lamparina lançava lampejos titubeantes de luz, transformando as estátuas mortas em fantasmas vivos e as colunas erectas, em estranhas bruxas. E lá se quedava até às 23 horas. Todas as noites. Impassível, olhos fixos no tabernáculo.

Um dia fui procurá-lo na igreja. Perguntei-lhe de chofre: “meu irmão Arturo, você sente Deus, quando depois dos trabalhos, se mete a rezar aqui na igreja? Ele te diz alguma coisa”?

Com toda a tranquilidade, como quem acorda de um sono profundo, apenas disse: “Eu não sinto nada. Há muito tempo que não escuto sua voz. Já senti um dia. Era fascinante. Enchia meus dias de música e de luz. Hoje não escuto mais nada. Sofro com a escuridão. Talvez Deus não me queira falar nunca mais.”

E então, retruqui eu, “por que continua, todas as noites, aí na escuridão sagrada da igreja”? “Eu continuo”, respondeu, “porque quero estar sempre disponível. Se Ele quiser se manifestar, sair de Seu silêncio e falar, eu estou aqui para escutar. E se Ele, de facto, quiser falar e eu não estiver aqui? Pois, cada vez, ele vem somente uma única vez. Como outrora”.

Saí maravilhado e meditativo por tanta disponibilidade. É por causa dessas pessoas, místicas anónimas, que a Casa Comum, no dizer do Papa Francisco, não é destruída e Deus continua com sua misericórdia sobre a humana perversidade.

Elas vigiam e esperam, contra toda a esperança, o advento de Deus que talvez nunca acontecerá. Mas são os pára-raios divinos que recolhem a graça que, silenciosamente, se difunde pelo universo e faz que Deus continue a nos dar o sol e todas as estrelas e penetre fundo no coração de todos os vivem na Casa Comum. E se Deus aparecer haverá gente disponível para ouvi-lo. E chorarão de alegria.

Seu nome é Arturo Paoli que com 102 anos foi finalmente ver e escutar Deus que lhe falará por toda a eternidade, no dia 13 de Julho de 2015 onde vivia em San Martino in Vignale nas colinas de Lucca, Itália.



sábado, 11 de julho de 2015

COMEÇOU A ENVIÁ-LOS DOIS A DOIS

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XV DO TEMPO COMUM





(Domingo, 12 de Julho de 2015)

COMEÇOU A ENVIÁ-LOS DOIS A DOIS


LEITURA I – Amós 7, 12-15

Vai, profeta, ao meu povo

O Evangelho vai apresentar-nos hoje Jesus a chamar e a enviar os doze Apóstolos. Por seu lado esta primeira leitura quer fazer-nos compreender, desde já, que o Senhor chama e envia como Lhe apraz, quem Ele quer; esse será o seu enviado, o seu mensageiro, que é preciso acolher e escutar como tal. Por ele, é Deus quem falará. E nenhum mal-entendido ou incompreensão podem ser obstáculo à presença e à palavra do enviado de Deus.

Leitura da Profecia de Amós
“Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».”
Palavra do Senhor.

LEITURA II – Ef 1, 3-14

Ele nos escolheu, em Cristo, antes da criação do mundo

A epístola aos Efésios, talvez a mais bela de S. Paulo, revela-nos o plano de Deus sobre o mundo. A contemplação deste plano deslumbrava o Apóstolo, e esse deslumbramento, canta-o ele num verdadeiro hino, que constitui a leitura de hoje. Esse plano de Deus consiste em fazer dos homens seus filhos por Jesus Cristo, e constituir Cristo cabeça e centro da unidade de todo o universo.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
“Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo. Foi n’Ele que vós também, depois de ouvirdes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, abraçastes a fé e fostes marcados pelo Espírito Santo. E o Espírito Santo prometido é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória.”
Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Mc 6, 7-13

Começou a enviá-los

A missão dos Apóstolos é puro dom do Senhor; Ele escolhe os que quer, e envia-os a anunciar uma mensagem de salvação que vem d’Ele, o Salvador. E de tal maneira eles anunciam uma mensagem que não é sua, mas de Jesus, que não deverão ir apoiados em seguranças humanas, mas somente no dom do Senhor que os envia.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
“Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.”
Palavra da salvação.



sexta-feira, 10 de julho de 2015

QUE MUDANÇAS O PAPA PODE INTRODUZIR NA IGREJA?




07/07/2015 Leonardo Boff

Há poucas semanas dei uma entrevista por e-mail à jornalista Aline Rodrigues Imécio da Revista Epoca. Por razões alheias a ela, a revista não foi publicada. Como são muitos que me fazem perguntas semelhantes aquelas que ela me fez, publico-a aqui. Talvez possa interessar a alguns já que o Papa está nestas semanas intencionalmente peregrinando pelos países mais pobres da América Latina: o Equador, a Bolívia e o Paraguai.


1-) A partir da posse do Papa Francisco assistimos a algumas mudanças no comportamento tradicional de um Papa. Francisco escolheu dormir em um aposento simples na Casa de Santa Marta, utiliza um crucifixo de latão, recusou o carro oficial do Vaticano dentre outros privilégios. O senhor considera que o Papa Francisco pode ser capaz de mudar a imagem da Igreja católica ou pelo menos a imagem que temos do Papa tradicional?

R/ Cabe lembrar que o Papa vem de fora, não vem da velha cristandade europeia, agónica e sem futuro pela frente. O modelo de Igreja europeia é ter um Papa como uma espécie de faraó ou imperador romano, com todos os hábitos, paramentos e títulos que herdou dos imperadores romanos, desde a “mozzeta” (capinha sobre os ombros), símbolo do absoluto poder imperial até a vida nos palácios e os hábitos que os palácios impõem. O bispo de Roma, assim que ele gosta de se chamar que é o título mais antigo, despaganizou a figura do Papado. Não vive no palácio mas numa casa de hóspedes, Santa Marta. Renunciou a todos os símbolos do poder. A famosa “mozzeta” ele a  deu de presente ao secretário para que a levasse para sua casa. Isso decepcionou os europeus em geral e irritou os conservadores, como se o Papa tivesse perdido a dignidade do cargo. O que orienta o Papa é a Tradição de Jesus que é anterior aos evangelhos (estes começaram  ser  escritos 40 anos após execução de Cristo na cruz, chegando até os anos 90 com o evangelho de São João). A Tradição de Jesus que se encontra nas entrelinhas dos quatro evangelhos é o Jesus histórico que suscitou uma grande esperança no povo, pregando o Reino de Deus (crime de lesa majestade porque o único Reino é o de César em Roma), contando estórias cheias de lições, privilegiando os pobres e os considerados pecadores públicos, libertando as pessoas dos formalismos para torná-las livres e disponíveis para o amor incondicional e a inclusão de todos com uma abertura total a Deus, chamado de “Paizinho” (Abba). Pois esses são os parâmetros que regem a conduta do Papa. Ele certamente inaugurará uma nova dinastia de Papas que virão do Terceiro Mundo, onde vivem quase 80% dos cristãos. O Cristianismo hoje é uma religião do Terceiro Mundo, embora a sua origem foi do Primeiro Mundo. Essa Igreja do Terceiro Mundo era considerada periférica, mas é a única que demonstra vitalidade, cresce e apresenta-se como uma força moral e política na definição dos destinos da humanidade.


2-) Outra característica bastante presente em Francisco, e que se mostrou ausente em Bento XVI, é a questão do carisma com o público. Ratzinger, por ter um comportamento mais tradicionalista- embora tenha surpreendido com sua renúncia- e fechado não se mostrou um Papa muito próximo aos fiéis, enquanto Francisco faz esforços para que a todo momento esteja perto dos católicos e tentando compreender o que eles esperam da doutrina católica, prova disso foi a proximidade com os brasileiros na última Jornada Mundial, no Rio de Janeiro.  Diante disso, minha pergunta é: o senhor acredita que o fato deste Papa ser mais mediático, estar mais perto do povo, pode fazer com que o catolicismo ganhe mais adeptos ao longo do tempo?

R/ O Papa Francisco deixou claro que não quer saber de proselitismo. Ele quer conquistar as pessoas pela sedução da beleza, da compaixão e do amor sem distinções que se derivam da mensagem de Jesus. Seu primeiro escrito leva esse título: "A alegria do Evangelho”. Em razão disso faz duras críticas à visão doutrinária e dogmática da Igreja que apenas afasta os fiéis e esconde o que há de melhor na prática de Jeus e de sua mensagem: uma mensagem de alegria para todo o povo, como diz o evangelista Lucas. Evangelho em grego significa “boa notícia”. Para muitos o evangelho e a Igreja se tornaram um pesadelo, tudo menos uma alegria. Ele quer recuperar esse dado originário. Como Cardeal em Buenos Aires já vivia o que mostra hoje: habitava  num pequeno apartamento e não no palácio, fazia sua comida, renunciou ao carro oficial, andava de ônibus ou de metrô e subia as favelas sozinho para se entreter com o povo, entrando nas casas e comendo o que lhe ofereciam. Era a simplicidade completa. Desde jovem, no Colégio Maior havia feito o voto de pobreza, no sentido de dar centralidade aos pobres e viver com os pobres. Por isso escolheu o nome de Francisco para remeter-se a São Francisco de Assis, o poverello efratello, simples e irmão de todas as criaturas até do lobo de Gubbio.


3-) Existem algumas doutrinas da Igreja Católica que estão bastante ligadas às tradições e que são alvo de muitas críticas. A não aceitação da relação entre homossexuais, o divórcio e o celibato são algumas delas. Porém, o Papa Francisco, desde que assumiu seu pontificado, têm tocado nessas questões. Disse por exemplo, que o celibato pode mudar por não ser um dogma de fé, vem discutindo uma melhor integração dos divorciados na Igreja Católica e já disse que  os homossexuais não podem ser julgados ou marginalizados. O senhor acredita que, essas declarações podem sinalizar um tipo de mudança à essas visões mais tradicionalistas da Igreja Católica? Se sim, de que maneira ele poderia fazer isso?

R/ O Papa Francisco recupera na Igreja o bom senso, perdido em grande parte pelo doutrinalismo e tradicionalismo. Essa visão doutrinalesca comete verdadeiros escândalos como se fez na Afria quando o Vaticano exigia que os bispos proibissem a camisinha, em países onde a população está até diminuindo por causa da AIDS. Esta atitude coloca os princípios acima da vida, o que é um erro teológico e uma desumanidade. Este Papa coloca o ser humano no centro, com seus problemas, buscas, desvios e esperanças. A Igreja deve acompanhar a cada grupo. Nas suas palavras “nao deve ter um guarda de alfândega que deixa passar a uns e impede a outros”. A Igreja não deve ser um castelo fechado, mas “uma casa aberta para todos, que permite entrar  a todos, pouco importa seu estado moral ou doutrinal”. Mais ainda: “ela é como um hospital de campanha” que tenta salvar os feridos, pouco importa se não ateus, muçulmanos ou cristãos. Ele se apresenta como um homem plenamente humano, solidário com todos os demais humanos, para além de sua ideologia e religião. Se são humanos, logo são meus irmãos e irmãs, especialmente, os pobres e os feitos invisíveis na sociedade. Isso pertence à Tradição de Jesus que é antes um modo de viver, mais uma espiritualidade que um conjunto de verdades, espiritualidade feita de valores humanitários de solidariedade, cuidado e amor. Essa é a grande revolução na Igreja e da igreja: deslocar o centro: da Igreja para o mundo e do mundo para os pobres. Isso custa muito aos cardeais e bispos que, vaidosos, se consideram ilegitimamente “príncipes da Igreja”. Estes resistem pois o poder é sempre tentador pelas vantagens pessoais que confere. O Papa sabe bem distinguir o que é mera disciplina que pode mudar como o celibato, ou a relação com os homoacfetivos dos quais disse que “eles trazem qualidades e virtudes que enriquecem a Igreja”. Quando e onde se ouviu isso antes? Está aberto a dar a comunhão aos divorciados porque eles são os que mais precisam e dar uma bênção a sua união, pois o amor deles, conta diante de Deus. Como não deve contar para  a Igreja que prega que o nome verdadeiro de Deus é “amor”?


4-) Com as tendências à Reforma da Igreja, o Papa Francisco tem despertado antipatia de alguns membros da Cúria Romana, dizem que a pressão pode ser tamanha, que o ex-porta voz de Bergoglio na Argentina, Guilhermo Marcó, disse que não seria uma novidade que Francisco, assim como Bento XVI, renunciasse. O senhor acredita que às pressões da Cúria Romana a Francisco possam ser tamanhas ao ponto de ele sentir o desejo de renunciar?

R/ Essas pessoas não conhecem quem é Bergoglio ou o Papa Francisco. Ele é terno e fraterno como São Francisco de Assis para todos especialmente com os mais discriminados. Mas é um jesuíta. E como tal é um homem de exímia formação, de estratégia e de sabedoria no manejo do poder. Não sem razão mandou directamente para a prisão o núncio apostólico em Santo Domingo quando se comprovou inequivocamente que era um pedófilo obstinado. Foi chamado a Roma e o Papa logo o encarcerou. O mesmo fez com aquele alto funcionário (arcebispo creio) do Banco Vaticano que veio da Suíça com um aviãozinho com cerca de 30 milhões de euros, dinheiro de lavagem dos mafiosos e de alguns cardeais. Do aeroporto foi directo para a prisão. Esse Papa não é de se intimidar. Sofre ameaças de morte, o que já lhe foi comunicado. Ele sorridentemente respondeu: eu não pedi a Deus que me fizesse Papa. Então que Ele me proteja. E se me matarem, é sinal que Deus me chamou e vou contente para cair em seus braços de Pai amoroso. Aqui se nota a fé profunda, como total despojamento e a determinação deste Papa que conheceu o que foi a bárbara repressão dos militares argentinos.


5-) Dentre as reformas que Francisco pode fazer, o senhor acredita que ele possa dar mais espaço para as mulheres na cúpula da Igreja?

R/ Ele disse várias vezes: não é possível não dar mais espaço às mulheres. Elas são mais da metade da Igreja e têm direito de participar nas decisões sobre o caminho que a Igreja deve tomar. Aventa-se a ideia até de que possa fazer cardeais a algumas mulheres notáveis por seu engajamento  na Igreja. Cardeal é um título e não precisa a ordenação sacerdotal prévia, como era o Cardeal Richilieu ou o Cardeal Mazarino na França que eram grandes políticos e leigos. E eu acrescentaria um argumento em favor das mulheres. Elas são mais da metade da humanidade e da Igreja. E são as mães e as irmãs da outra metade feita dos homens. Logo a importância delas é fundamental. Finalmente elas nunca traíram Jesus, enquanto os Apóstolos fugiram e Pedro o negou. Foram as primeiras testemunhas do fato maior da fé cristã que é a ressurreição de Jesus. Foram apóstolas dos apóstolos.


6-) No ano passado, o Papa Francisco manifestou interesse em ler o livro do senhor “Igreja: Carisma e Poder”, em que a discussão hierárquica da Igreja é discutida.  Que tipo de mudança o senhor acredita que isto possa representar?

R/ Aquilo que o Papa vem dizendo sobre a Igreja, seus equívocos, as críticas que faz aos conservadores, chamando-os de gente de “quarta-feira de cinzas”, gente “azeda como os vinagre”, tristes como se fossem ao próprio enterro, é muito mais grave do que eu escrevi no livro “Igreja: carisma e poder” em 1982 e ajuizado pela Ex Inquisição em 1984 em Roma. Eu tentei aplicar os princípios da Teologia da Libertação para as relações internas da Igreja. E ai me dei conta como ela, enquanto instituição, é absolutista, autoritária, não respeita os direitos humanos para defender sempre a “santidade da instituição” (veja a ocultação dos pedófilos enquanto pode até ter que reconhecer que os haviam não somente entre padres, mas também entre bispos e até entre dois cardeais). Se ele tivesse dito naquele tempo seria condenado muito mais que eu. Agora vivemos em tempos de verdade e de liberdade. Esse Papa ama a transparência, renunciou a excepcionalidade da Igreja como se somente ela é a portadora legítima da mensagem de Jesus. Em ecumenismo já definiu a linha: caminhemos juntos com nossas diferenças mas todos a serviço do povo e do mundo. Esse recíproco reconhecimento e a missão comum como serviço aos demais é o passo que faltava dar e ele, com bom senso apenas, deu.


7-) Por fim, o que o senhor espera do Papa Francisco e da Igreja Católica para os próximos anos?

R/ Se não o liquidarem (cuidado com os mafiosos que foram na Calábria todos excomungados pelo Papa e eles são vingativos e se associam à gente da Cúria Romana) eu creio que virá uma grande retomada da significação ética, religiosa e política do Cristianismo que é maior que a Igreja. Já lhe foi sugerido e eu o fiz por carta que convocasse uma Assembleia de todas as Igrejas cristãs para ver como podem enfrentar a globalização que é perversa para os pobres e ao mesmo tempo abre um espaço novo para o encontro dos povos e a possibilidade de entrarem em contacto com a mensagem cristã. Ele nos respondeu que quer fazer isso, mas somente depois de colocar a Igreja internamente em ordem, com a reforma da Cúria, quer dizer, com as instâncias de poder e de condução da Igreja. Isso não é fácil, pois os católicos são uma inteira China, um bilhão e duzentos milhões de fiéis. Como coordenar essa imensa mole de fiéis? Somente com a decentralização, com um pequeno corpo de peritos em poder religioso que supervisionam as comunidades para manter um mínimo de unidade na diversidade. Para isso a Igreja deve se desclericalizar (fazer o celibato optativo), dar mais espaço às mulheres (quem sabe até o acesso ao sacerdócio como fizeram várias igrejas cristãs muito próxima como é a anglicana), se despatriarcalizar no sentido de só homens terem acesso ao poder religioso e incluir mais os leigos e leigas não na simples participação, coisa que já fazem, mas nas decisões concretas sobre que caminhos tomar neste mundo globalizado. Depois disso viria um encontro com todas as religiões e caminhos espirituais para que juntos mantenham a chama sagrada que arde dentro de cada pessoa que as impulsiona para fazer o bem, amar a verdade e superar todas as divisões e exclusões. Isso seria a glória. E no fundo é isso que todos esperam dos cristãos e das pessoas religiosas e creio que corresponde ao que Jesus, no fundo, queria quando andou entre nós.


(Versão original em português do Brasil)


sábado, 4 de julho de 2015

UM PROFETA SÓ É DESPREZADO NA SUA TERRA



LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM





(Domingo, 5 de Julho de 2015)

UM PROFETA SÓ É DESPREZADO NA SUA TERRA


LEITURA I – Ez 2, 2-5

São uma casa de rebeldes, mas saberão que há um profeta no meio deles

De muitos modos Deus tem falado ao seu povo. Os profetas foram, no Antigo Testamento, um dos meios pelos quais Deus lhe falou. Mas nem sempre é fácil, porque nem sempre é cómodo, escutar os profetas de Deus. A palavra de Deus que eles transmitem pede atenção, escuta, obediência, fidelidade, atitudes que nem sempre foram fáceis ao povo de Deus. Mas, a vingança (!) de Deus foi enviar-lhe, por fim, o Profeta, que foi o seu próprio Filho.

Leitura da Profecia de Ezequiel
“Naqueles dias, o Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’. Podem escutar-te ou não – porque são uma casa de rebeldes –, mas saberão que há um profeta no meio deles».”
Palavra do Senhor.

LEITURA II – 2 Cor 12, 7-10

Gloriar-me-ei nas minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo

S. Paulo é exemplo do homem verdadeiramente humilde, aquele que sabe reconhecer os dons de Deus, sobretudo quando eles triunfam das suas fraquezas. Forte só Deus, e o homem que n’Ele se apoia, n’Ele confia, a Ele atribui todo o bem e d’Ele espera tudo o que lhe falta. Tanto mais se enaltece a graça de Deus, quanto maior é a fraqueza de que ela triunfa.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne, – um anjo de Satanás que me esbofeteia – para que não me orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte.”
Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Mc 6, 1-6

Um profeta só é desprezado na sua terra

O último dos Profetas foi o próprio Filho de Deus, Jesus. Mais do que Profeta, porque Ele, não só anunciou a palavra de Deus, mas Ele próprio é a Palavra do Pai, e veio a este mundo precisamente para ser a Palavra de Deus no meio dos homens. Apesar disso, os seus próprios compatriotas desprezaram-n’O. Era para eles apenas um vizinho, todos Lhe conheciam a história, e facilmente desprezamos o que só conhecemos por fora. Outros, ao longe, hão-de acreditar n’Ele, e, por Ele, chegar ao Pai.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
“Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.”
Palavra da salvação.