Domingo IX do Tempo Comum
NÃO MEREÇO QUE
ENTRES EM MINHA CASA…
Todos os homens são chamados a entrar no Reino.
Anunciado primeiro aos filhos de Israel, este Reino messiânico é destinado a
acolher os homens de todas as nações. Para lhe ter acesso, é preciso acolher a
Palavra de Jesus:
«A Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao
campo: aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de
Cristo, já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e
cresce até ao tempo da messe».
O
Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um coração
humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18).
Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5, 3).
Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios
e inteligentes. Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz:
sabe o que é sofrer a fome, a sede e a indigência. Mais ainda: identifica-se
com os pobres de toda a espécie, e faz do amor activo para com eles a condição
da entrada no seu Reino.
Jesus
convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17).
Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras
e actos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a
imensa «alegria que haverá no céu, por
um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste
amor será o sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26,
28).
A Igreja,
sacramento universal de salvação
A
palavra grega mysterion foi traduzida em latim por dois termos: mysterium
e sacramentum. Na interpretação ulterior, o termo sacramentum exprime
prevalentemente o sinal visível da realidade oculta da salvação, indicada pelo
termo mysterium. Neste sentido, o próprio Cristo é o mistério da
salvação: «Nem há outro mistério senão Cristo. A obra salvífica da sua
humanidade santa e santificadora é o sacramento da salvação, que se manifesta e
actua nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do Oriente chamam também «os
santos mistérios»). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos
quais o Espírito Santo derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja que
é o seu Corpo. A Igreja possui, pois, e comunica a graça invisível que
significa; e é neste sentido analógico que é chamada «sacramento».
LEITURA I – 1 Reis 8, 41-43
“Quando
um estrangeiro vier a este templo, escutai-o”
Esta
leitura é tirada da célebre oração de Salomão, feita no dia da dedicação do
Templo. Esta passagem põe em relevo o acolhimento que o Templo de Deus oferece
mesmo aos de fora, aos que eram estranhos ao povo de Deus. No Antigo Testamento
esta perspectiva era ainda difícil de admitir; no entanto, ela manifesta já
que, se o Templo estava em Jerusalém, a cidade do povo de Deus, ele era sinal
de que, desse povo, o conhecimento de Deus devia irradiar para o resto do
mundo.
Leitura do
Primeiro Livro dos Reis
“Naqueles
dias, Salomão fez no templo a seguinte oração: «Quando um estrangeiro, embora
não pertença ao vosso povo, Israel, vier aqui dum país distante por causa do
vosso nome – pois ouvirão falar do vosso grande nome, da vossa mão poderosa e
do vosso braço estendido –, quando vier orar neste templo, escutai-o do alto do
Céu, onde habitais, e atendei os seus pedidos, a fim de que todos os povos da
terra conheçam o vosso nome e Vos temam como o vosso povo, Israel, e saibam que
o vosso nome é invocado neste templo que eu edifiquei».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Gal 1, 1-2.6-10
“Se
eu pretendesse agradar aos homens, não seria servo de Cristo”
O
Apóstolo previne a comunidade cristã contra desvios e infiltrações de falsos
pregadores, que pretendiam espalhar erros e afastar aquela comunidade do
Evangelho. A norma da fé não é o pregador, mas a palavra de Deus que ele há-de
pregar. Nem interesses humanos, muito menos o espírito de inveja ou intriga
podem perturbar a paz que é fruto da palavra do Senhor.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
“Irmãos:
Paulo, apóstolo, não da parte dos homens, nem por intermédio de um homem, mas
por mandato de Jesus Cristo e de Deus Pai que O ressuscitou dos mortos, e todos
os irmãos que estão comigo, às Igrejas da Galácia: Surpreende-me que tão
depressa tenhais abandonado Aquele que vos chamou pela graça de Cristo, para
passar a outro evangelho. Não que haja outro evangelho; mas há pessoas que vos
perturbam e pretendem mudar o Evangelho de Cristo. Mas se alguém – ainda que
fosse eu próprio ou um Anjo do Céu – vos anunciar um evangelho diferente
daquele que nós vos anunciamos, seja anátema. Como já vo-lo dissemos, volto a
dizê-lo: Se alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que recebestes,
seja anátema. Estarei eu agora a captar o favor dos homens ou o de Deus? Acaso
procuro agradar aos homens? Se eu ainda pretendesse agradar aos homens, não
seria servo de Cristo.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 7, 1-10
“Nem em Israel encontrei tão grande fé”
Aquela
ideia de universalidade que aparecia já na oração de Salomão, na primeira
leitura, encontra agora, nesta do Evangelho, a sua concretização mais completa:
Jesus declara maior do que a fé de Israel a fé do centurião, um estrangeiro
pagão. Mas a atenção que ele, a seu modo e na medida em que lhe era possível,
prestara à palavra de Deus, fizera-o digno da admiração e do elogio de Jesus.
Não há fronteiras para o reino de Deus, a não ser aquelas que a falta de fé
possam levantar.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, quando Jesus acabou de falar ao povo, entrou em Cafarnaum. Um centurião
tinha um servo a quem estimava muito e que estava doente, quase a morrer. Tendo
ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus para Lhe pedir que
fosse salvar aquele servo. Quando chegaram à presença de Jesus, os anciãos
suplicaram-Lhe insistentemente: «Ele é digno de que lho concedas, pois estima a
nossa gente e foi ele que nos construiu a sinagoga». Jesus acompanhou-os. Já
não estava longe da casa, quando o centurião Lhe mandou dizer por uns amigos:
«Não Te incomodes, Senhor, pois não mereço que entres em minha casa, nem me
julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma palavra e o meu servo será curado.
Porque também eu, que sou um subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens.
Digo a um: ‘Vai’ e ele vai, e a outro: ‘Vem’ e ele vem, e ao meu servo: ‘Faz
isto’ e ele faz». Ao ouvir estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e,
voltando-se para a multidão que O seguia, exclamou: «Digo-vos que nem mesmo em
Israel encontrei tão grande fé». Ao regressarem a casa, os enviados encontraram
o servo de perfeita saúde.”
Palavra da Salvação