sábado, 31 de dezembro de 2016

DOMINGO: OITAVA DO NATAL



SANTA MARIA, MÃE DE DEUS


MARIA DÁ AO MUNDO CRISTO, NOSSA PAZ

Na oitava do Natal celebra-se a festa de “Maria, Mãe de Deus”. Na verdade, as leituras bíblicas põem a tónica no “filho de Maria” e no “Nome do Senhor”, mais do que em Maria.
De facto, a antiga “bênção sacerdotal” é ritmada pelo nome do Senhor, repetido no início de cada versículo (1ª leitura); o texto de são Paulo acentua a obra de libertação e salvação realizada por Cristo, na qual é engastada a figura de Maria, graças à qual o Filho de Deus pôde vir ao mundo como verdadeiro homem (2ª leitura); o evangelho termina com a imposição do nome de Jesus, enquanto Maria participa em silêncio do mistério deste filho nascido de Deus.
Essa atenção preponderante sobre o “Filho” não reduz o papel da Mãe; Maria é totalmente Mãe porque esteve em total relação com Cristo; por isso, honrando-a, o Filho é mais glorificado.
Quanto ao titulo de Mãe de Deus, exprime a missão de Maria na história da salvação, que está na base do culto e da devoção do povo cristão, uma vez que Maria não recebeu o dom de Deus só para si, mas para levá-lo ao mundo.

Mãe de Deus – Mãe do homem
O significado etimológico do nome Jesus, “Deus salva”, introduz-nos em cheio no mistério do Cristo: da encarnação ao nascimento, à circuncisão, até à realização pascal da morte-ressurreição, Jesus é em todo o seu ser a perfeita bênção de Deus, dom de salvação e de paz para todos os homens; em seu nome somos salvos (cf At 2,21; Rm 10,13). Ora, essa oferta de salvação vem por Maria e ela apresenta-a ao povo de Deus, como outrora aos pastores. Maria, que deu a vida ao Filho de Deus, continua a apresentar aos homens a vida divina. É, por isso, considerada mãe de cada homem que nasce para a vida de Deus, e mãe de todos. Com os orientais, também nós honramos “Maria sempre Virgem, solenemente proclamada santíssima Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo fosse reconhecido, em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do homem”.

Mensageiro da paz evangélica
É em nome de Maria, mãe de Deus e mãe dos homens, que hoje se celebra no mundo inteiro o “dia da paz”; aquela paz que Maria, uma de nós, encontrou no abraço infinito do amor divino; aquela paz que Jesus veio trazer aos homens que creram no amor. Em sentido bíblico, a paz é o dom messiânico por excelência, é a salvação trazida por Jesus, é a nossa reconciliação e pacificação com Deus. É também um valor humano a ser realizado no plano social e político, mas lança suas raízes no mistério de Cristo.
A fé em Cristo, paz entre Deus e os homens e paz entre os homens mutuamente, mostra-se claramente na parte que toma o cristão nos esforços da humanidade pela paz do mundo. A paz de Cristo não é diferente da paz do homem; é simplesmente “a paz”, e merece que se dedique a vida para buscá-la e obtê-la.
O Magistério da Igreja sempre procurou atrair a atenção para a premente necessidade de fazer da paz uma dimensão efectiva da realidade. Tem pregado verdadeiramente “sobre os telhados” o anúncio da sua paz, baseada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade que são “os quatro pilares da casa da paz” aberta a todos (João XXIII, 11-4-1963). Não se pode esquecer a suave e ao mesmo tempo fortíssima voz de Paulo VI que testemunhava aos representantes de todas as nações da terra a mensagem da paz de Cristo, profundamente terrena e divina.

Nunca mais uns contra os outros
“E agora a nossa mensagem atinge o seu vértice; o vértice negativo. Esperais de nós esta palavra, que não pode deixar de se revestir de gravidade e solenidade: nunca mais uns contra os outros, nunca, nunca mais! Foi principalmente com este objectivo que surgiu a Organização das Nações Unidas; contra a guerra e pela paz! Ouvi as claras palavras de uma grande personagem desaparecida John Kennedy, que há alguns anos proclamava: ‘A humanidade deve pôr fim à guerra, ou a guerra porá fim à humanidade’. Não são necessárias muitas palavras para proclamar isto como finalidade máxima desta instituição. Basta lembrar que o sangue de milhões de homens, e inúmeros e inauditos sofrimentos, inúteis e formidáveis ruínas confirmam o pacto que vos une, com um juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! A paz, a paz deve guiar o destino dos povos e da humanidade toda! Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas de vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas em punho” (Paulo VI, Discurso à ONU, 4-10-1965).


LEITURA I – Num 6, 22-27

Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei

Recitada sobre o povo, que se havia reunido para o sacrifício da manhã, esta bênção sacerdotal é um augúrio de paz para os filhos de Israel. Esta «paz», que em si concentra todos os bens, é um dom de Deus. Invadiu o mundo com o Nascimento de Jesus, pois o Salvador, realizando em Si as promessas divinas de salvação, reconciliou-nos com o Pai e estabeleceu relações fraternais entre os homens. Mas esta Paz, que se fundamenta na Paternidade divina, é também uma conquista do homem. Na verdade, a paz, antes de ser uma realidade externa, é uma disposição interior. «Se antes não se travassem guerras em milhões de corações, também se não travariam no campo de batalha». Cada um de nós deve ser, pois, construtor da paz verdadeira.

Leitura do Livro dos Números
“O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Gal 4, 4-7

Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher

O Mistério da Incarnação realiza-se na plenitude dos tempos, no termo duma longa expectativa da humanidade, numa maravilhosa manifestação da benevolência divina. Em Cristo, com efeito, Deus cumula os homens de todas as bênçãos, concedendo-lhes a filiação divina e libertando-os da escravidão da lei mosaica.
Para produzir, porém, este duplo efeito, a Encarnação realiza-se pela via normal dos homens e da lei. Cristo aceita um nascimento humano e a submissão à lei. A lei situa-O na História da Salvação, na História do Seu Povo; Maria situa-O entre os homens, Seus irmãos, que vem libertar e salvar, tornando-os, à Sua semelhança, filhos do Pai.
Maria assume assim um papel insubstituível nesta revelação da Paternidade divina. É a Mãe de Deus, que concebe Seu Filho por obra e graça do Espírito Santo. É a Mãe da Igreja, Corpo de Cristo na terra.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
“Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Lc 2, 16-21

Encontraram Maria, José e o Menino

E, depois de oito dias, deram-Lhe o nome de Jesus
De todos aqueles que virão a ser adoptados em Cristo como filhos de Deus, os pastores são os primeiros a receberem a Boa Notícia da Salvação. É, porém, junto de Maria, Sua Mãe, a primeira crente, a totalmente disponível a Deus, que encontram o Salvador e, n’Ele, se encontram com Deus. A intervenção discreta de Maria ajudou-os, na verdade, a descobrir o verdadeiro rosto de Seu Filho.
«A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a Encarnação do Verbo, por disposição da divina providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor – Cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça» (LG., 61).

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.”
Palavra da Salvação



sábado, 24 de dezembro de 2016

«NASCEU-VOS HOJE UM SALVADOR»




DOMINGO de NATAL

PORQUE SE CELEBRA O NATAL

Porque se celebra o Natal a 25 de Dezembro
DIA: 25. MÊS: no sexto mês a contar da concepção de seu primo João, isto é, Dezembro. ANO: provavelmente entre os anos 7-6 a.C. que corresponde ao ano 753 da Fundação de Roma.
Por que se celebra o Natal a 25 de Dezembro? Os historiadores demonstraram que a festa tem a sua origem numa brilhante operação pastoral realizada pela Igreja de Roma na primeira metade do quarto século. Nessa época, os povos da Europa Ocidental, sob a influência cultural latina, comemoravam o “solstício de Inverno”. É quando o sol, tendo chegado aos trópicos, parece estacionário durante alguns dias. Isto acontece aos 25 de Dezembro. Os dias, a partir daqui, alongam-se, eliminando o temor da invasão das trevas. O “Sol invicto” era tido como símbolo de vida.
A igreja fez uma transferência de significado, indicando, na pessoa de Jesus, o verdadeiro Sol de justiça, autêntica luz da verdade e transformando o dia do nascimento do Sol em dia do Nascimento de Jesus Cristo.

RECUPERAÇÃO DO PAGANISMO (?)
Os ídolos foram derrubados, mas não destruídos. Hoje, parece que renascem das cinzas. Herodes ameaça de extinção o menino Jesus. Luzes em profusão caracterizam o período natalício nas ruas e nas vitrinas, trocam-se presentes e cartões de boas festas, árvores decoradas, os pais Natal de todos os tamanhos acabam por tomar conta do quadro da celebração do Natal.
Este torna-se mera ocasião de festa, é aparato exterior, fábula, coreografia, anúncio publicitário. Natal passa a ser festa natalícia sem aniversariantes. Embora a comercialização e o consumo materialista esvaziem a festa do seu significado, nem por isso deixam de chamar a atenção para o acontecimento. Torna-se necessário recuperar o valor cristão do Natal.

O DIA DO NASCIMENTO
Os Evangelhos não pretendem apresentar a biografia histórica de Jesus, nem estavam em condições disso. Assim, só se pode ter uma cronologia da vida de Jesus em linhas gerais:
Mt 2 situa o nascimento de Jesus antes da morte de Herodes, em 4 a.C.
Lc 3,1-2 situa o início de sua vida pública no 15º ano do reinado de Tibério, data que pode significar o ano 26 ou o 28.
Jo 2,20 situa a purificação do Templo no 46º ano da sua construção, que foi iniciada no 18º ano de Herodes, ou seja, segundo a cronologia de Josefo, no ano 20 a.C.
Não se pode calcular com segurança a data do nascimento de Jesus, nem a data da sua morte. A sua vida deve ter-se desenvolvido quase completamente entre a morte de Herodes (4 a.C.) e o ano 30 d.C., data que deve estar próxima da data real da morte de Jesus.
Os três Evangelhos sinópticos apresentam um roteiro comum da vida pública de Jesus: o baptismo de João, a tentação, a pregação na Galileia, a viagem a Jerusalém, um breve ministério em Jerusalém, a sua Paixão e Morte.

O PROVÁVEL ANO DO NASCIMENTO DE JESUS
Jesus nasceu provavelmente entre os anos 7-6 a.C., que corresponde ao ano 753 da Fundação de Roma. A era cristã estabelecida por Dioníso, o pequeno, (século VI) resulta de um cálculo erróneo. São Lucas estabelece um sincronismo entre a história profana e história da salvação.
Tibério sucedeu a Augusto (Lc 2,1) aos dezanove de Agosto do ano 14 d.C. O ano 15 vai, pois, de 19 de Agosto, de 28, a 18 de Agosto, de 29, ou segundo o modo de calcular os anos do reinado em uso na Síria, de 28 de Outubro a 27 de Setembro.
Jesus tem, portanto, no mínimo 33 anos, provavelmente até mesmo 35 a 36 anos. A indicação do capítulo 2, 23 é aproximada.
Apenas se sublinha que Jesus tinha a idade requerida para exercer missão pública considerada pelos judeus (30 ou mais anos). A “Era Cristã” fixada por Dionísio, o pequeno, no século VI resulta de se ter tomado estritamente o número de trinta anos: os 29 anos completos de Jesus, descontados do ano 782 de Roma (XV ano de Tibério), indicaram 753 para início de nossa era.


LEITURA I – Is 9, 2-7 (1-6)

Um Filho nos foi dado

O Profeta anuncia o aparecimento de uma criança de raça real, que será o Emanuel, Deus connosco, o Messias, Jesus Cristo, esperança e salvação do seu povo, “Príncipe da paz”.

Leitura do Livro de Isaías
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor. Todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz». O seu poder será engrandecido numa paz sem fim, sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e consolidar por meio do direito e da justiça, agora e para sempre. Assim o fará o Senhor do Universo.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Tito 2, 11-14

Manifestou-se a graça de Deus para todos os homens

O Filho de Deus nasceu para que, uma vez feito homem, pudesse oferecer a vida em sacrifício ao Pai por nós, Ele, o Sacerdote e a Vítima, que nos vem conduzir ao Pai.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo a Tito
“Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo pre¬sente, com temperança, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade e preparar para Si mesmo um povo purificado, zeloso das boas obras.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Lc 2, 1-14

Nasceu-vos hoje um Salvador

A manifestação do Filho de Deus entre os homens, feito homem em tudo igual a eles, excepto no pecado, é fonte de alegria e de paz. Deus entra nos caminhos dos homens, sem mesmo eles terem disso consciência, e por esses caminhos leva a salvação a todo o mundo. Foi assim que até o imperador romano se tornou instrumento de Deus para que Maria e José venham de Nazaré a Belém e o Menino aí venha a nascer.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».”
Palavra da Salvação



sábado, 17 de dezembro de 2016

EIS QUE UMA VIRGEM CONCEBERÁ


DOMINGO IV DO ADVENTO


ANÚNCIO A JOSÉ

Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está connosco. Ele inicia a nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). O relato mostra com toda a clareza que a maternidade de Maria não é obra de José, mas do Espírito Santo, facto que é afirmado duas vezes no breve relato. José, interpelado enfaticamente como “Filho de David”, garante a linhagem dinástica de Jesus, que receberá esse título. Celebraram-se, segundo o costume, os esponsais, não o casamento, e não há coabitação precedendo o nascimento. Aqui se diz que José era “honrado”. O termo poderia significar que era “inocente” no assunto que começava a manifestar-se, mas que não queria repudiá-la. “Privadamente” com o mínimo de testemunhas, sem processo ou acção pública. A visão em sonhos recorda os sonhos de outro José e supera-os. O menino será realmente “filho” de Maria. Se José impõe o nome é porque age como pai legal. O nome do menino (o mesmo que Josué é parecido com Oseias) enuncia e anuncia o destino: se um rei deve “salvar” o seu povo, também o descendente de David nasce para salvar o seu povo dos pecados. Salvação teológica, não política. Mateus emprega o sonho como meio de revelação fidedigna. São José legou a Jesus a descendência de David. Jesus pôde, portanto, reivindicar este título messiânico prenunciado pela Eucaristia. Esta função de José é posta em particular relevo pela dupla genealogia de Jesus, que os evangelistas nos deixaram (Mt 1,1-17; Lc 3,23-38). Além disso, José, o patriarca que realiza o tema bíblico dos “sonhos” (Mt 1,20-24; 2,13-19), com os quais Deus frequentemente comunicou aos homens as suas intenções. Como João Baptista é o último dos profetas, porque aponta (Jo 1,29) aquele que as profecias anunciaram, José é o último patriarca bíblico, que recebeu o dom dos “sonhos” (Gn 28,10-20; 37,6-11). Essa semelhança com os antigos patriarcas manifesta-se, ainda mais claramente, no relato da fuga para o Egipto, com a qual José refaz a viagem do antigo José, a fim de que se cumpra nele e em Jesus, o seu filho, o novo êxodo (Mt 2,13-23; Os 11,1; Gn 37; 50,22-26).


LEITURA I – Is 7, 10-14

A virgem conceberá

As leituras deste Quarto Domingo do Advento orientam-se, de maneira directa, para o Nascimento do Senhor. Nele tem lugar central Maria, a Mãe de Jesus. A figura da virgem que há-de dar à luz, anunciada pelo profeta, virá a encontrar a sua realização perfeita na Virgem Maria. A graça que os homens não ousariam sequer imaginar, nem muito menos pedir, como também o rei não quis pedir a Deus um sinal, Deus lha oferece generosamente como porta por onde virá a salvação.

Leitura do Livro de Isaías
“Naqueles dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem: «Pede um sinal ao Senhor teu Deus, quer nas profundezas do abismo, quer lá em cima nas alturas». Acaz respondeu: «Não pedirei, não porei o Senhor à prova». Então Isaías disse: «Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a molestar os homens para quererdes também molestar o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Rom 1, 1-7

Jesus Cristo, nascido da descendência de David, segundo a carne

Jesus Cristo é o Messias anunciado desde longas eras, verdadeiro homem, descendente de David, mas igualmente Filho de Deus, como Ele Se manifestou na ressurreição de entre os mortos. Aí Deus Pai O elevou e Lhe deu o poder supremo e O coroou de glória, da qual torna participantes os que n’Ele crêem.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por chamamento divino, escolhido para o Evangelho que Deus tinha de antemão prometido pelos profetas nas Sagradas Escrituras, acerca de seu Filho, nascido, segundo a carne, da descendência de David, mas, segundo o Espírito que santifica, constituído Filho de Deus em todo o seu poder pela sua ressurreição de entre os mortos: Ele é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por Ele recebemos a graça e a missão de apóstolo, a fim de levarmos todos os gentios a obedecerem à fé, para honra do seu nome, dos quais fazeis parte também vós, chamados por Jesus Cristo. A todos os que habitam em Roma, amados por Deus e chamados a serem santos, a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 1, 18-24

Jesus nascerá de Maria, noiva de José, filho de David

No Evangelho proclamamos que o anúncio profético da primeira leitura se realizou, à letra, quando a Virgem Santa Maria Se tornou Mãe de Jesus. O desígnio de Deus é um só, e vai-se realizando, através das gerações, apesar da infidelidade dos homens, até atingir o ponto culminante em Jesus Cristo, O qual encarnou pelo poder do Espírito Santo, na Virgem Maria, esposa de José, filho de David.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.”
Palavra da Salvação



sábado, 10 de dezembro de 2016

És tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro?




DOMINGO III DO ADVENTO

A LIBERTAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA
Será que Jesus é verdadeiramente o Messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples ideia ou teoria. É uma actividade concreta que realiza ou que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos. Nenhum homem do Antigo Testamento é maior do que João Baptista. Entretanto, João pertence ao Antigo Testamento, onde as profecias são anunciadas; não ao Novo Testamento, onde elas já se realizaram. O v. 12 é de difícil interpretação. Provavelmente, o evangelista quer mostrar que o Reino é vítima de violência, porque a velha estrutura injusta resiste para não ser destruída e reage violentamente. Essa violência dos que se opõem à vontade de Deus será experimentada pelo próprio Jesus na sua missão. Nas regiões periféricas da Judeia, João Baptista, com seu baptismo e anúncio da conversão à justiça, atraíra a si multidões tanto da Judeia como das suas vizinhanças. Tido como ameaça ao poder, tanto dos chefes religiosos do Templo de Jerusalém como dos prepostos do império romano, foi preso por Herodes. Como os antigos profetas, João sofre maus tratos. Agora, na prisão, ouvindo falar das obras de Jesus, que se fizera seu discípulo, questiona-se sobre a identidade dele. Seria Jesus o tradicional messias nacionalista, no estilo davídico, que, com poder, recuperaria a nação judaica colocando-a acima dos demais povos? Aos discípulos enviados por João, Jesus responde com os sinais dados por uma antiga profecia de Isaías. Com a menção aos cegos, paralíticos, leprosos e surdos, que são curados, e aos mortos que ressuscitam, Jesus ressalta que sua missão é resgatar a vida sobre a terra, libertando e restaurando a dignidade dos excluídos e oprimidos. Além dos sinais da vida que é recuperada, apresenta o sinal maior do anúncio da Boa-Nova libertadora. A resposta de Jesus visa abrir os olhos dos discípulos para entenderem a sua missão de amor e libertação. A exaltação de João Baptista, feita por Jesus, revela que João era realmente um grande profeta, dando um autêntico testemunho que atraiu a si o povo. João não é um oportunista (caniço ao vento), nem um acomodado ao sistema (roupas finas), mas um profeta que anuncia a justiça e denuncia os opressores prepotentes. Contudo, o menor no Reino dos Céus é maior do que João Baptista. Esta afirmação não significa uma competição, mas sim a novidade do Reino em relação à antiga religião. Com Jesus passam a vigorar a alegria de viver, a liberdade, a comunicação, a partilha, o amor fraterno sem discriminações, construindo a felicidade e a paz, em comunhão com Deus.


LEITURA I – Is 35, 1-6a.10

Deus vem salvar-nos

O texto desta leitura refere-se, em primeiro lugar, ao regresso do exílio do povo de Deus e descreve a atitude espiritual desses momentos numa explosão de alegria. As imagens que aparecem ao longo do texto são comparações; mas Jesus realizou algumas delas à letra e, a terceira leitura de hoje refere-as expressamente, mostrando assim que o verdadeiro regresso do exílio à pátria é Ele quem o realiza, em nosso favor, ao levar-nos consigo e em Si ao Pai.

Leitura do Livro de Isaías
“Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria. Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Saron. Verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos fatigadas e robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos corações perturbados: «Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-vos». Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. Voltarão os que o Senhor libertar, hão-de chegar a Sião com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Tg 5, 7-10

Fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima

Dentro de toda a história da salvação, a vida de cada um de nós é uma gota de água no oceano ou um instante no meio de todo esse tempo. A hora da última vinda do Senhor, a pôr o ponto final nessa história e a consumá-la para todos os homens e para cada um deles, há-de ser aguardada na paciência e na fidelidade de cada momento, porque o Senhor virá.

Leitura da Epístola de São Tiago
“Irmãos: Esperai com paciência a vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e a tardia. Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis uns dos outros, a fim de não serdes julgados. Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 11, 2-11

És tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro?

O sonho de Isaías, descrito na primeira leitura, aparece nesta leitura realizado por Jesus. É Ele que, finalmente, vem anunciar a Boa Nova do seu mistério pascal, em que todos somos chamados a participar. Assim, o fim dos tempos e a sua última vinda já está, em certo modo, a realizar-se. Mas é preciso aguardar, na fidelidade e na vigilância, que ela se realize completamente.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».”
Palavra da Salvação



sábado, 3 de dezembro de 2016

Vigiai, para que estejais preparados




DOMINGO II DO ADVENTO

ACOLHEI-VOS MUTUAMENTE
Deus vem, portador da salvação para todos. A mensagem que acompanha a sua vinda fala de paz e reconciliação. A reconciliação, que se faz na comunidade cristã, entre os que provêm do judaísmo e os do paganismo, está sempre sujeita à precariedade, ao equilíbrio instável; existe no presente e entrega-se à esperança quanto ao futuro. É, todavia, o sinal de um mundo reconciliado em Cristo, onde não se levam em conta os privilégios de raça (“somos filhos de Abraão”) e tudo o que separa; só o que une é levado em conta: a fé no único Senhor e Salvador.
Humanidade sem barreiras
Neste caso, a salvação significa romper todas as barreiras, sair de si para encontrar os outros, abrir-se para a revelação recíproca, perdoar-se e amar-se como pessoas humanas, como filhos de Deus. Assim fez connosco o Senhor Jesus, respeitando as demoras e as possibilidades de diálogo das pessoas: no passado, aproximando-se dos hebreus como realizador da “fidelidade” de Deus, e dos pagãos como portador de um amor gratuito; hoje e sempre, suscitando em cada pessoa, povo, geração, uma resposta original que depois se torne riqueza comum.
Não é, pois, uma utopia, esperar uma humanidade reconciliada, apesar das guerras e divisões actuais, dos desequilíbrios e discriminações; porque a salvação definitiva é obra do Senhor que vem e que virá, e pede aos seus amigos que colaborem para que o seu plano se torne cada vez mais uma realidade efectiva. Isto significa aceitar a mensagem do Baptista, que hoje é a da Igreja, do papa e dos homens mais lúcidos, que são os profetas do nosso tempo, e produzir frutos de penitência e conversão.
Com as nossas mãos preparamos o juízo que nos aguarda: o fogo inextinguível destruirá tudo o que não tem solidez por não estar fundamentado sobre o único Salvador.
Diálogo com os homens
Aceitar-nos reciprocamente é um convite que a Igreja nos dirige. A coexistência dos cristãos de origem judaica com os de origem pagã nem sempre foi fácil nas comunidades primitivas. Conhecemos a tentação de reserva que os primeiros tinham em relação aos outros e as divisões suscitadas. Mas as palavras de Paulo valem também para as nossas comunidades de hoje. O cristão, com muita frequência, considera a sua pertença ao povo de Deus como um privilégio que o separa dos demais, uma espécie de marca de qualidade, muitos cristãos pertencem a grupos sociológicos (burguesia, etnia branca, organizações cristãs, mundo ocidental) aos quais cabe fazer as maiores concessões a fim de que a coexistência dos homens, dos blocos ideológicos, das restantes etnias e classes sociais se tornem realidade.
A eucaristia proporciona aos cristãos a oportunidade de provar o seu universalismo e recusar uma separação entre “fracos” e “fortes”, uma vez que nesta mesa o Senhor se oferece por todos. É o “vinculo da união”: união com os irmãos, união com Deus em Cristo.
O anuncio da libertação trazida por Cristo suscita uma grande esperança. A nossa geração espera ansiosamente um futuro de liberdade, apesar da fuga de muitos para um passado de recordações, ou para um presente de alienações. O povo de Deus mantém viva no mundo esta esperança quando, com os olhos no futuro, vive no presente de modo a merecer confiança, isto é, com fé, caridade e firme esperança.
Diálogo com Deus
Nosso encontro com os outros deve ultrapassar os estreitos limites da pura cortesia e da convivência social; do contrário se esvaziará. A categoria social fundamental é a relação “eu-tu”. Ora, o “tu” do outro homem é o “tu” divino.
Cada “tu” humano é imagem do “tu” divino. Em consequência, o caminho para os outros e o caminho para Deus coincidem; trata-se de aceitar ou recusar. O relacionamento real (não só as “boas maneiras”) com o outro varia conforme o relacionamento com Deus. Somente na comunidade eclesial, a dos que estão voltados para Deus, é que se pode viver realmente o encontro com os outros, dentro de um mesmo amor.


LEITURA I – Is 11, 1-10

Julgará os infelizes com justiça

O Profeta anuncia o Enviado de Deus como Alguém que será ungido pelo Espírito Santo. É isto mesmo que significa a palavra Messias e o nome de Cristo, o Ungido. Um dia, Jesus aplicará a Si mesmo outra passagem do mesmo profeta que O apresenta igualmente como o Ungido de Deus. Jesus é realmente o Ungido, o Cristo de Deus e o Salvador dos homens. Pela sua acção salvadora, Ele vem reconduzir os homens ao novo paraíso, prefigurado nas imagens que, nesta leitura, recordam o paraíso perdido.

Leitura do Livro de Isaías
“Naquele dia, sairá um ramo do tronco de Jessé e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus. Animado assim do temor de Deus, não julgará segundo as aparências, nem decidirá pelo que ouvir dizer. Julgará os infelizes com justiça e com sentenças rectas os humildes do povo. Com o chicote da sua palavra atingirá o violento e com o sopro dos seus lábios exterminará o ímpio. A justiça será a faixa dos seus rins e a lealdade a cintura dos seus flancos. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora. Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos; as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Rom 15, 4-9

Cristo salva todos os homens

Jesus Cristo é o Salvador de todos os homens. Se nasceu entre os judeus, Ele nasceu para todos os povos. Se hoje é reconhecido apenas pelos cristãos, Ele veio chamar à mesma Aliança com o Pai todos os povos. As promessas feitas aos Patriarcas e Profetas no Antigo Testamento destinavam-se a todas as nações e foram então uma preparação, como ainda hoje nos preparam a nós para O reconhecermos e acolhermos, porque Ele continua a vir.

Leitura da Epístola de São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da paciência e da consolação vos conceda que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que, numa só alma e com uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus. Pois Eu vos digo que Cristo Se fez servidor dos judeus, para mostrar a fidelidade de Deus e confirmar as promessas feitas aos nossos antepassados. Por sua vez, os gentios dão glória a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: «Por isso eu Vos bendirei entre as nações e cantarei a glória do vosso nome».”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 3, 1-12

Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus

João Baptista, que veio à frente do Senhor a preparar-Lhe o caminho, é a grande figura deste Domingo. Para nós ele é também, hoje, o Precursor. E o caminho que nos aponta para nos levar a Jesus, ao reino dos Céus, é logo de início, a conversão, a penitência, o arrependimento em relação aos nossos caminhos mal andados, para que nos lancemos pelos caminhos de Jesus, que levam ao Pai. Só por aí se pode ir ao encontro do Senhor que vem; é esse o caminho do Advento.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naqueles dias, apareceu João Baptista a pregar no deserto da Judeia, dizendo: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. Acorria a ele gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão; e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai acções que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu baptizo-vos com água, para vos levar ao arrependimento. Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu e não sou digno de levar as suas sandálias. Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão: há-de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro. Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga».”
Palavra da Salvação