sábado, 29 de abril de 2017

CONHECERAM-N’O AO PARTIR O PÃO




3.º Domingo da Páscoa

Jesus ressuscitado manifesta-se na Eucaristia

“Eles reconheceram o Senhor ao partir o pão”. Esta observação, de carácter litúrgico, ritualiza para nós a experiência da primeira comunidade cristã, das refeições fraternas nas casas dos cristãos, lembrando o Senhor Jesus, as suas palavras e os seus gestos de salvação, o seu sacrifício supremo. Só pode reconhecer o Senhor quem percorreu o caminho dos problemas do homem, deles participando plenamente: o fracasso, a solidão, a busca de justiça e verdade, a coerência em direcção a um mundo melhor, a solidariedade. Então o Cristo, anónimo e misterioso companheiro, testemunha e interlocutor das hesitações e dúvidas, revela-se não como aquele que tem solução para todas as questões, mas como alguém que, tendo aceitado entrar no plano de Deus, tornou-se o primogénito de uma nova humanidade.

Em memória de mim
Reconhecemos o Senhor por meio de um rito, que é memorial da sua morte-ressurreição. Nesse rito, os acontecimentos históricos da vida de Jesus e os da sua Igreja hoje, como os de toda a humanidade, se revelam como pertencendo ao mesmo plano de Deus; e a Igreja, que celebra a Páscoa do Senhor, confirma-se na esperança de um igual cumprimento do seu destino. “Não devia o Cristo sofrer tais coisas para entrar na sua glória?”. Assim como a catequese primitiva (cf evangelho e 1ª leitura) se apoiava no testemunho da Escritura (a Lei, os Profetas, os Salmos) para interpretar o Cristo, também a nossa comunidade lê a Palavra de Deus para compreender a sua vida de hoje, para antecipar, na esperança, a sua glória com Cristo.
Por isso, “as duas partes que constituem a missa, isto é, a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística, são tão estreitamente unidas entre si que formam um só acto de culto” (SC 56). Só quem partilha a mesma história pode partilhar o mesmo pão que é memorial, presença, profecia do Senhor ressuscitado.

Partilhar a eucaristia, partilhar o pão
A eucaristia, diz-nos o Concílio, e “ápice e fonte de toda a vida cristã”. A comunidade cristã não é um grupo reunido em torno de um interesse humanitário, um ideal filantrópico, um código moral, mas em torno de uma pessoa. Cristo ressuscitado presente na eucaristia, força unificadora da comunidade, força propulsora de seu desenvolvimento.
Como os discípulos de Emaús, desanimados e desiludidos, cépticos e desconfiados, o mundo de hoje reconhece Cristo quando os cristãos sabem verdadeiramente “partir o pão”.
A eucaristia não tem um sentido e um valor individualista; tem um alcance profundamente social. Como cristãos, partilhar o pão eucarístico implica um compromisso a partilhar o outro pão, um compromisso de justiça, de solidariedade, de defesa daqueles cujo pão é roubado pelas injustiças dos homens e dos sistemas sociais errados. Se faltarmos a esse compromisso, a participação do pão eucarístico não só perderá todo seu sentido revolucionário, mas tornar-se-á num fenómeno alienante para a nossa consciência.
A participação do pão eucarístico obriga-nos, por coerência, a uma distribuição mais equânime dos bens terrestres, a lutar contra toda a desigualdade económica, para que a ninguém falte o “pão quotidiano”. E isso em nível de classes, de nações, de continentes. Se não soubermos repartir nosso pão com as populações e regiões de subnutridos, nossa credibilidade cristã estará comprometida e o mundo do subdesenvolvimento procurará outros caminhos para obter justiça, impelido pela “ira dos pobres”.

O meu e vosso sacrifício
“De que serve ornar de vasos de ouro a mesa do Cristo, se ele mesmo morre de fome? Começa por alimentá-lo quando está faminto, e então poderás decorar a sua mesa com o supérfluo. Diz-me: se, vendo alguém privado do sustento indispensável, o deixasses em jejum e fosses enfeitar a sua mesa com vasos de ouro, achas que ele te ficaria agradecido? Ou não ficaria indignado? Ou ainda, se, vendo-o vestido de andrajos e trémulo de frio, o deixasses sem roupa para erigir-lhe monumentos de ouro, pretendendo assim honrá-lo, não diria ele que estarias zombando dele com a mais refinada ironia? Confessa a ti mesmo que ages assim com o Cristo, quando ele é peregrino, estrangeiro e está sem abrigo, e tu, em lugar de recebê-lo, decoras os pavimentos, as paredes e os capitéis das colunas. Suspendes candelabros com correntes de prata, e quando ele está acorrentado, não vais consolá-lo. Não digo isto para reprovar esses ornamentos, mas afirmo que é necessário fazer uma coisa sem omitir a outra; ou melhor, que se deve começar por esta, isto é, por socorrer o pobre” (S. João Crisóstomo).


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 65, 1-2
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores. Aleluia.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Actos 2, 14.22-33

Não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte

Esta leitura é uma passagem da primeira pregação de S. Pedro. Na longa citação do salmo 15 o Apóstolo entrevê o anúncio da Ressurreição do Senhor. De facto, é à luz da Ressurreição que toda a palavra da Sagrada Escritura encontra a sua completa significação, particularmente a do Antigo Testamento. A palavra dos Salmos foi directamente referida pelo Senhor, no próprio dia da Ressurreição, ao aparecer aos discípulos no Cenáculo, como estando escrita a seu respeito (Lc 24, 44).

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém, compreendei o que está a acontecer e ouvi as minhas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes-me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nós. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11
Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida. (Repete-se)

Ou: Aleluia (Repete-se)

Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino. (Refrão)

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. (Refrão)

Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção. (Refrão)

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 1, 17-21

Fostes resgatados pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem mancha

O que S. Pedro pregou logo no dia de Pentecostes foi o mesmo que ele escreveu depois às Igrejas. Nós somos hoje essas Igrejas de Cristo, espalhadas por todo o mundo, mas todas radicadas na mesma fé em Cristo Jesus, o nosso Cordeiro pascal. A nós, pois, se dirige hoje a pregação do Apóstolo.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
“Caríssimos: Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – cf. Lc 24, 32
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração. (Refrão)

EVANGELHO – Lc 24, 13-35

Conheceram-n’O ao partir o pão

Tal como na aparição aos discípulos de Emaús, em cada celebração eucarística Jesus está connosco, explica-nos as Escrituras e faz-nos ver o que nelas se refere a Ele, preside à fracção do pão, que é a Eucaristia, e nela Se nos dá a conhecer e nos enche de alegria pascal. Na verdade, a viagem de Jesus com os dois discípulos, estrada abaixo a caminho de Emaús, é como uma verdadeira Missa ambulante, modelo de todas as celebrações eucarísticas.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa.
Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – cf. Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus
ao partir o pão. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar
à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 22 de abril de 2017

OITO DIAS DEPOIS, JESUS ENTROU




2.º Domingo da Páscoa – Divina Misericórdia

Os poderes do Ressuscitado

No primeiro dia depois do sábado, Jesus ressuscitado aparece aos Apóstolos e lhes transmite os seus poderes, fruto da sua vitória pascal sobre a morte e o pecado. Os seus discípulos reconhecem nele o Senhor, o Kynos, Dominus. O dia da ressurreição, dia do Senhor, assume a característica do “dia do Senhor”, dia do juízo escatológico, com a reunião dos seus fieis, a vitória sobre os inimigos e a instauração do seu Reino.

O Primeiro e o Último, o Vivente
Muito sobriamente, em confronto com as descrições proféticas (conservando apenas alguns elementos da teofania divina, como o terramoto), os relatos evangélicos mostram a nova situação do Ressuscitado, liberto das limitações espácio-temporais, mas presente no meio dos seus, reunidos em assembleia. Jesus é apresentado, na óptica de João, com os atributos sacerdotais (túnica longa) e reais (cinto de ouro), como o sentido da história (o primeiro e o último), no seu poder sobre a morte e os infernos. É verdadeiramente o Senhor, Deus como o Pai, aquele que é o vivente para sempre, aquele que comunica a vida de Deus aos seus!
O grupo dos apóstolos (1ª leitura) é investido deste poder de libertação das enfermidades, dos “espíritos impuros”, sinal da libertação do pecado. E se, no decorrer dos séculos, este poder não se manifesta mais de modo tão extraordinário, a Igreja sabe, entretanto, que leva ao mundo a libertação do pecado com a força dos sacramentos, nos quais Cristo opera com o seu Espírito.

Sinais de salvação do Ressuscitado
A Igreja faz ressurgir uma criatura nova e transfere-a do reino de Satanás ao reino do amor de Deus (baptismo); além disso, confirma-a na missão (confirmação); torna-a partícipe, no memorial-profecia da sua morte e ressurreição, do mesmo dinamismo pascal (eucaristia); liberta-a ainda, no abraço do perdão, dos laços com o pecado (penitência); torna-a semelhante a si na situação do pobre e do sofredor que espera a restauração do corpo mortal (unção dos enfermos); exprime, através da continuidade do serviço à comunidade, a sua missão de serviço (ordem); apresenta no mistério das núpcias o seu amor de esposo pela Igreja (matrimónio). Os poderes do Ressuscitado pertencem à comunidade dos que crêem que devem fazer dele participar todos os homens.

O pecado, câncer que corrói
“Libertação” é um dos termos que mais polarizam e fascinam os jovens, na sua procura de um mundo desvinculado das inúmeras cadeias que ainda o oprimem.
Mas de quem nos vem esta libertação? Bastará o esforço do homem, sua luta apaixonada por maior liberdade, dignidade, justiça? E em que nível é preciso agir?
São as estruturas que moldam o homem, dizem alguns. Mudemos as estruturas e mudará o homem. Lutemos por fazer com que caiam as estruturas injustas e anacrónicas da nossa sociedade.
É certo que as estruturas têm sua importância no modelar o homem, torná-lo livre ou escravo. Mas o cristão sabe que a raiz profunda do drama deve ser procurada no mais íntimo do homem, lá onde estão em jogo as suas opções fundamentais entre o egoísmo e a doação. A primeira e mais radical libertação, pela qual são condicionadas todas as outras, é a libertação do pecado, deste cancro que corrói o homem no seu íntimo, que ataca a contextura da vida social, que envenena as relações e rompe a comunhão.
Cristo ressuscitado veio garantir-nos esta libertação, raiz e base de qualquer outra libertação. Libertação do pecado significa libertação da mais radical alienação que seduz o homem. Onde não há esta libertação, vê-se que a destruição das estruturas injustas deu lugar muito frequentemente a outras estruturas que não souberam respeitar o homem.
O homem “novo” é só o homem pascal, que recebeu de Cristo, num esforço de colaboração fecunda, a sua libertação. E as comunidades dos que crêem, a Igreja, são chamadas hoje a prolongar a obra do Cristo libertador. Uma libertação que não pode permanecer simplesmente interior; se for autêntica, se difunde e engloba todos os sectores, todo o homem, superando toda visão “espiritualista” que terminaria por trair a libertação, dom do Ressuscitado.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – 1 Pedro 2, 2
Como crianças recém-nascidas, desejai o leite espiritual,
que vos fará crescer
e progredir no caminho da salvação. Aleluia.

Ou – 4 Esd 2, 36-37
Exultai de alegria, cantai hinos de glória.
Dai graças a Deus, que vos chamou ao reino eterno. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de eterna misericórdia, que reanimais a fé do vosso povo na celebração anual das festas pascais, aumentai em nós os dons da vossa graça, para compreendermos melhor as riquezas inesgotáveis do Baptismo com que fomos purificados, do Espírito em que fomos renovados e do Sangue com que fomos redimidos. Por Nosso Senhor.

LEITURA I – Actos 2, 42-47

Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum

No Tempo Pascal a primeira leitura é sempre tirada dos Actos dos Apóstolos, o livro da história dos primeiros dias da Igreja. A passagem que hoje se lê conta precisamente o ambiente em que vivia a primeira comunidade cristã de Jerusalém. Essa comunidade ficará para sempre o tipo exemplar de todas as comunidades cristãs, mesmo que as circunstâncias venham a ser muito diferentes: eles eram unidos na fé, na vida de caridade até à comunhão de bens e nas celebrações, em que, ao lado da Palavra, tinha lugar a “fracção do pão”, isto é, a Eucaristia.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118), 2-4.13-15.22-24 (R. 1)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. (Repete-se)

Ou:

Aclamai o Senhor, porque Ele é bom: o seu amor é para sempre. (Repete-se)

Ou: Aleluia (Repete-se)

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia. (Refrão)

Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.
Empurraram-me para cair,
mas o Senhor me amparou. (Refrão)

O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória,
foi Ele o meu Salvador.
Gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos:
a mão do Senhor fez prodígios. (Refrão)

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 1, 3-9

Fez-nos renascer para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos

A vida que outrora foi vivida pela comunidade de Jerusalém é vivida pelas nossas comunidades de hoje: anima-as a mesma fé e a mesma esperança, e estas fazem-nas viver na mesma alegria e na mesma paz, apesar das provações que sempre as hão-de acompanhar. Como aconteceu com o Senhor, também para nós da morte surgirá a vida.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
“Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 20, 29
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto (Refrão)

EVANGELHO – Jo 20, 19-31

Oito dias depois, veio Jesus...

É de novo Domingo. Jesus volta a aparecer no meio dos seus. Como na aparição de que hoje fala o Evangelho, em cada Missa de domingo Jesus está no meio dos seus discípulos e leva-os à fé n’Ele, ressuscitado. Para isto, mostra-lhes as mãos, os pés e o lado. São os sinais da sua Paixão, e agora da Ressurreição. E tudo isto se passa “oito dias depois”, como para nós acontece em cada oitavo dia, na assembleia de cada domingo. Por isso, o Domingo é o Dia da Ressurreição, primeiro e oitavo ao mesmo tempo, princípio dos dias e já o dia que está para além do tempo, o dia que nos faz participar na vida da eternidade.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, as ofertas do vosso povo
[e dos vossos novos filhos], de modo que, renovados pela profissão da fé e pelo Baptismo, mereçamos alcançar
a bem-aventurança eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – cf. Jo 20, 27
Disse Jesus a Tomé:
Com a tua mão reconhece o lugar dos cravos.
Não sejas incrédulo, mas fiel. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Deus todo-poderoso, que a força do sacramento pascal que recebemos permaneça sempre em nossas almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 15 de abril de 2017

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR




Domingo de Páscoa

NOVA CRIAÇÃO E NOVO ÊXODO

Hoje ressoa na Igreja o anúncio pascal: Cristo ressuscitou; ele vive para além da morte; é o Senhor dos vivos e dos mortos. Na noite mais clara que o dia, a palavra omnipotente de Deus que criou os céus e a terra e formou o homem à sua imagem e semelhança chama a uma vida imortal o homem novo, Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho de Maria.

Realiza-se a grande e secreta esperança da humanidade
Nele, a semente da vida divina, depositada inicialmente na criatura, atinge uma maturação pessoal única, porque nele habita a plenitude da divindade, a do Filho Unigénito. A humanidade vê realizada, por dom de Deus, a grande e secreta esperança: uma terra e céus “novos”, um mundo sem luto e sem lágrimas, paz e justiça, alegria e vida sem sombra e sem fim. Tudo isto, porém, não é visível; só aos olhos de quem crê é dado discernir os traços da nova criatura que se está a formar na obscuridade e no trabalho da existência terrena. A morte é vencida pela morte livremente aceite por Jesus; mas ela continua a agir até que tudo seja cumprido. O pecado é vencido pelo sacrifício do inocente; mas o “mistério da iniquidade acompanha a existência humana até o último dia. No Senhor ressuscitado, a morte e o pecado encontram um sentido aceitável, inserem-se num desígnio cheio de sabedoria e de amor, não mais causam medo, porque pertencem ao velho mundo de que fomos libertados.”

Um povo de homens livres caminha para a vida
Ao contrário da vida natural, que nos é dada sem nosso consentimento, na nova existência só se pode entrar com uma adesão consciente e livre à proposta de renascer através da conversão e do baptismo. (Isto é evidente no caso dos adultos; quanto às crianças, baptizadas na fé dos pais e da comunidade, o caso é análogo ao primeiro dom da vida, em que a resposta pessoal amadurece graças à educação). Assim, para cada um dos que crêem, a Páscoa é a passagem de um modo de viver para outro; é a saída do Egipto e imersão no mar Vermelho e caminho pelo deserto até a terra da promessa. Numa palavra, é o êxodo “deste mundo ao Pai” (cf Jo 13,1; Lc 9,31), em seguimento do Cristo, cabeça do novo povo, animado pelo sopro vital do seu Espírito. Baptizados na sua morte e ressurreição, devemos começar a “caminhar em novidade de vida” de filhos de Deus. O nosso “êxodo” coincide com a duração da vida, até a maturidade, até à última “passagem” da morte; o nosso crescimento dá-se conforme a correspondência à lei da vida divina em nós, isto é, do amor. Aqui está toda a moral “pascal”; não numa série de preceitos, mas num só mandamento, formulado para cada pessoa e para cada comunidade na variedade das situações de um diálogo incessante entre o Pai e os filhos; encontrando a nossa alegria, como Cristo, na sintonia com os seus planos de salvação; abandonando para trás, como Cristo, as formas caducas da religiosidade natural, para viver na fé, oferecendo toda a nossa pessoa como sacrifício espiritual; como Cristo, fiéis ao Pai e fiéis ao homem.

O homem novo, segundo o plano de Deus
Porque “o homem novo é o homem verdadeiro, assim como Deus o concebeu desde toda a eternidade, é o homem fiel à vocação de homem. O homem novo não é ‘outro’ homem, alienado da condição terrestre para ser posto num paraíso qualquer. A oposição acha-se entre o pecado e a graça; o homem velho vive na ilusão de poder realizar seu destino incorrendo unicamente nos seus recursos; o homem novo realiza perfeitamente a vontade de Deus, único que pode admiti-lo à condição ‘filial’; sabe que o conteúdo da sua fidelidade à vocação recebida reside na obediência à condição terrena até a morte; sabe que este ‘sim’ de criatura constitui o suporte necessário do ‘sim’ do filho adoptivo de Deus” (J. Frisque). Esta é a “novidade” de que os cristãos são “testemunhas” no mundo.

Mas por que a Páscoa nunca calha no mesmo dia todos os anos?
O dia da Páscoa é o primeiro Domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 Março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Concílio de Niceia, em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária – conhecida como a “lua eclesiástica”).




MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA - Salmo 139, 18,5-6
Ressuscitei e estou convosco para sempre; pusestes sobre mim a vossa mão: é admirável a vossa sabedoria.

Ou Lc 24, 34; cf. Ap 1, 5
O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Glória e louvor a Cristo para sempre. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por Nosso Senhor.

LEITURA I – Act. 10, 34a, 37-43

Diante de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia», garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:
– Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.
Pela Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n'O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. (Repete-se)
Ou: Aleluia. Repete-se (Repete-se)

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a Sua misericórdia. (Refrão)

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor. (Refrão)

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
e é admirável aos nossos olhos. (Refrão)

LEITURA II – Col. 3, 1-4

Pelo seu Baptismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.
Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça e paz.
Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo.
Feito nova criatura pela Ressurreição de Cristo, o cristão viverá a vida de cada dia, sem perder de vista o fim superior, para que foi criado.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
“Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.”
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA PASCAL
À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo,
e a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – I Cor 5, 7b-8a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado:
celebremos a festa do Senhor. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 20, 1-9

Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo

Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade.
No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico, descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Exultando de alegria pascal, nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício, no qual tão admiravelmente renasce e se alimenta a vossa Igreja. Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO - 1 Cor 5, 7-8
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado: celebremos a festa com o pão ázimo da pureza e da verdade. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, protegei sempre com paternal bondade a vossa Igreja, para que, renovada pelos mistérios pascais, mereça chegar à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor.



sexta-feira, 14 de abril de 2017

TER, COM QUEM NOS MATA, LEALDADE.




Para aquela gente da Judeia, um crime apontado pela mais alta hierarquia da religião era passível da pior das punições – a crucificação. Se, no entanto, esta punição era, não só solicitada pelo poder civil daquele povo, como o imputavam à responsabilidade de o fazer condenar à entidade representante do Império, invocando um crime de subversão contra a autoridade do imperador, transformava o crime praticado pelo inocente Jesus no mais alto crime de que alguém poderia ser acusado e, posteriormente, punido.

Cristo foi condenado à morte na cruz, pelo maior crime que se poderia acusar alguém, apesar de inocente.

Jesus foi condenado e morreu pela partilha da sua natureza humana com os demais e pela partilha da sua natureza divina consigo próprio e com o Pai, em obediência a ambos, por amor.

É esse amor o cerne da questão, como o transmitiu, ratificando os dois maiores mandamentos: o primeiro é amar a Deus sobre todas as coisas e, o segundo, amar o próximo como a nós próprios.

E, mais tarde, criou, ainda, um novo mandamento: “dou-vos um mandamento novo: amai-vos, uns aos outros, como eu vos amei”.

Poder-se-á argumentar que Jesus, sendo Deus, sabia que iria ressuscitar. É verdade! Mas, enquanto homem, não poderia invalidar e evitar o sofrimento. E, porque as suas duas naturezas – divina e humana – não são indissociáveis, abriu à humanidade as portas da ressurreição, sofrendo, morrendo e ressuscitando… tudo isto por amor.

Todavia, como dizia o poeta, “Amor é ter, com quem nos mata, lealdade”.

Jesus é leal e cumpre.


sábado, 8 de abril de 2017

PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO MATEUS




Domingo de Ramos

PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

A celebração da Páscoa marcava a noite em que o povo de Deus foi libertado da escravidão do Egipto. Jesus vai ser morto como o novo cordeiro pascal: a sua vida e morte são o início de novo modo de vida, no qual haverá mais escravidão do dinheiro e do poder.
A ceia pascal de Jesus com os discípulos recorda a multiplicação dos pães. Ela substitui as cerimónias do Templo e torna-se o centro vital da comunidade formada pelos que seguem a Jesus. O gesto e as palavras de Jesus não são apenas afirmação da sua presença sacramental no pão e no vinho. Manifestam também o sentido profundo da sua vida e morte, isto é: Jesus viveu e morreu como dom gratuito, como entrega de si mesmos aos outros, opondo-se a uma sociedade em que as pessoas vivem para si mesmas e para seus próprios interesses. Na ausência de Jesus, os discípulos são convidados a fazer o mesmo (“tomem”): partilhar o pão com os pobres e viver para os outros.
Jesus sabe que vai ser traído por um discípulo e abandonado pelos outros. Mostra assim a plena gratuidade do seu dom, sendo fiel aos discípulos até o fim: marca um novo encontro na Galileia (cf. 16,7). Aí Jesus reunirá novamente os discípulos para continuar a sua acção.
O que se passa no íntimo de Jesus? Uma luta dramática, em que se confrontam a companhia e a solidão, o medo e a serenidade, a coragem de continuar o projecto até o fim e a vontade de desistir e fugir. A oração é a fonte que reanima o projecto de vida segundo a vontade do Pai; a vigilância impede que o homem se torne inconsciente diante das situações.
Um dos discípulos alia-se ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Um dos presentes tenta defender Jesus com as mesmas armas dos opressores. Por fim, todos fogem e Jesus fica sozinho e preso. Aquele que realiza o projecto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso. Mas, eles não têm coragem de prendê-lo à luz do dia.
Para as autoridades, Jesus é réu, e elas já tinham decretado a morte dele. Agora, montam um processo teatral e falso para justificar o tal decreto. Jesus não se defende, porque as acusações realmente não o culpam de nada. No projecto de Deus, as coisas invertem-se: este homem, condenado por uma sociedade injusta, é o Messias, o Filho de Deus, que inaugura a sociedade justa do Reino de Deus. Por isso, de réu ele passa a ser juiz (O Filho do Homem: cf; Dn 7,13), que condena o sistema causador de sua morte. As duas forças que se chocam são inconciliáveis, e o rompimento é inevitável (rasgar as vestes).
Enquanto Jesus fala corajosamente diante das autoridades, Pedro não é capaz de vigiar e cai na tentação de abandonar o seguimento de Jesus, negando-o cobardemente diante de pessoas simples.
O quadro é sombrio. Judas enche-se de remorso e proclama a inocência de Jesus diante da indiferença das autoridades. As trinta moedas mostram que Jesus foi traído pelo preço de um escravo.
Sob a dominação romana, o Sinédrio podia condenar à morte, mas não podia executar a sentença. Por isso, Jesus é entregue ao governador romano, sob a falsa acusação de ser um subversivo político que pretende retomar o reino judaico contra a dominação romana. O processo diante de Pilatos é também uma grande farsa dominada pelos interesses de ambas as autoridades. Jesus ou Barrabás? Pilatos prefere Jesus, porque não o vê como perigo para a autoridade romana; além disso, desconhece o alcance do projecto de Jesus. As autoridades dos judeus sabem muito bem que Jesus é mais perigoso para a estrutura interna do país do que Barrabás. A multidão fica do lado das autoridades, porque depende delas e porque agora estão enfrentando a autoridade estrangeira. Pressionado, Pilatos defende o seu próprio prestígio e entrega Jesus à multidão. Barrabás torna-se uma peça do jogo de interesses entre as autoridades; Jesus não participa da farsa e é condenado. Se ele fosse solto estaria negando todo o seu projecto.
A mulher de Pilatos, pagã, reconhece que Jesus é justo (v.19). Enquanto isso, o povo, enganado pelas autoridades, pede a morte de Jesus, acreditando estar fazendo o bem.
Revestido com todos os sinais de poder (púrpura, coroa, ceptro e adoração), Jesus é motivo de zombaria. Mas, despojado desse poder, ao retornar as próprias vestes, ele se revela como o verdadeiro Rei: aquele que entrega a sua vida para salvar o seu povo.
Jesus está completamente só. Seu corpo poderoso é reduzido à fraqueza extrema. Contudo, ele até ao fim permanece consciente da sua entrega e recusa a bebida entorpecente. A inscrição, com o motivo da sentença, inaugura na história o tempo da realeza que não oprime, mas que dá a própria vida. As chacotas revelam a verdadeira identidade de Jesus: ele é o novo Templo e o Messias-Rei que não age em função dos seus próprios interesses.
No meio do aparente fracasso, a fé descobre todo o significado da morte de Jesus. Com ela chega o dia do julgamento e começa a era da ressurreição: todo o sistema que gera a morte é desmascarado e a vida manifesta-se em plenitude. A salvação está aberta para todos aqueles que confessam que Jesus é o Filho de Deus.
Jesus morre, e seu corpo é encerrado num túmulo. Aparentemente, a história acabou. Todavia, as mulheres estão aí à espera: alguma coisa vai acontecer. O próprio sistema que condenou Jesus não está tranquilo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA
Seis dias antes da Páscoa,
o Senhor entrou em Jerusalém
e as crianças vieram ao seu encontro,
com ramos de palmeira, cantando com alegria:

* Hossana nas alturas.
Bendito sejais, Senhor,
que vindes trazer ao mundo a misericórdia de Deus.

Levantai, ó portas, os vossos umbrais, Salmo 23, 9-10
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.

* Hossana nas alturas.
Bendito sejais, Senhor,
que vindes ao mundo trazer a misericórdia de Deus.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is. 50, 4-7

Não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo do Senhor”. Este Servo revela-se plenamente em Jesus, na sua Paixão: Ele escuta a palavra do Pai e responde-lhe cheio de confiança, oferecendo-Se, em obediência total, pela salvação dos homens.

Leitura do Livro de Isaías
“O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)
Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? (Repete-se)

Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo». (Refrão)

Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. (Refrão)

Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. (Refrão)

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. (Refrão)

LEITURA II – Filip 2, 6-11

Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou

Esta leitura é também um cântico, mas agora do Novo Testamento, muito provavelmente em uso nas primitivas comunidades cristãs. Nele é celebrado o Mistério Pascal: Cristo fez-Se um de nós, obedeceu aos desígnios do Pai e humilhou-Se até à morte, e foi, por isso, exaltado até à glória de “Senhor”, que é a própria glória de Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”
Palavra do Senhor

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)

Cristo obedeceu até à morte
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 26, 14 – 27, 66 (forma longa)

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Todos os evangelistas apresentam a história da Paixão do Senhor. São Mateus escreve tendo em vista sobretudo os cristãos que vêm do meio dos judeus. Estes conhecem muito bem o Antigo Testamento e, por isso, ele faz referências frequentes a passagens deste Testamento nas quais manifesta que o que nelas estava anunciado se realizou na Paixão de Jesus. O Senhor é, de facto, o ponto de chegada de tudo o que antes tinha sido profetizado.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo,
um dos doze, chamado Judas Iscariotes,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:
R         «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
N         Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então,
Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos,
os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
R         «Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?».
N         Ele respondeu:
J          «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe:
‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo.
É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa
com os meus discípulos’».
N         Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou:
J          «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me».
N         Profundamente entristecidos,
começou cada um a perguntar-Lhe:
R         «Serei eu, Senhor?».
N         Jesus respondeu:
J          «Aquele que meteu comigo a mão no prato
é que há-de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito acerca d’Ele.
Mas ai daquele por quem o Filho do homem
vai ser entregue!
Melhor seria para esse homem não ter nascido».
N         Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
R         «Serei eu, Mestre?».
N         Respondeu Jesus:
J          «Tu o disseste».
N         Enquanto comiam,
Jesus tomou o pão, recitou a bênção,
partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
J          «Tomai e comei: Isto é o meu Corpo».
N         Tomou em seguida um cálice,
deu graças e entregou-lho, dizendo:
J          «Bebei dele todos,
porque este é o meu Sangue, o Sangue da aliança,
derramado pela multidão,
para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira,
até ao dia em que beberei convosco
o vinho novo no reino de meu Pai».
N         Cantaram os salmos
e seguiram para o monte das Oliveiras.
N         Então, Jesus disse-lhes:
J          «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis
por minha causa,
como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’.
Mas, depois de ressuscitar,
preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
N         Pedro interveio, dizendo:
R         «Ainda que todos se escandalizem por tua causa,
eu não me escandalizarei».
N         Jesus respondeu-lhe:
J          «Em verdade te digo:
Esta mesma noite, antes de o galo cantar,
Me negarás três vezes».
N         Pedro disse-lhe:
R         «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N         E o mesmo disseram todos os discípulos.
Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade,
chamada Getsémani,
e disse aos discípulos:
J          «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
N         E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.
Disse-lhes então:
J          «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai comigo».
N         E adiantando-Se um pouco mais,
caiu com o rosto por terra,
enquanto orava e dizia:
J          «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.
Todavia, não se faça como Eu quero,
mas como Tu queres».
N         Depois, foi ter com os discípulos,
encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
J          «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N         De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:
J          «Meu Pai,
se este cálice não pode passar sem que Eu o beba,
faça-se a tua vontade».
N         Voltou novamente e encontrou-os a dormir,
pois os seus olhos estavam pesados de sono.
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez,
repetindo as mesmas palavras.
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
J          «Dormi agora e descansai.
Chegou a hora em que o Filho do homem
vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos.
Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
N         Ainda Jesus estava a falar,
quando chegou Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
R         «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».
N         Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:
R         «Salve, Mestre!».
N         E beijou-O.
Jesus respondeu- lhe:
J          «Amigo, a que vieste?».
N         Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus
e prenderam-n’O.
Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha.
Jesus disse-lhe:
J          «Mete a tua espada na bainha,
pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada.
Pensas que não posso rogar a meu Pai
que ponha já ao meu dispor
mais de doze legiões de Anjos?
Mas como se cumpririam as Escrituras,
segundo as quais assim tem de acontecer?».
N         Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse:
J          «Viestes com espadas e varapaus para Me prender
como se fosse um salteador!
Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar
e não Me prendestes...
Mas, tudo isto aconteceu
para se cumprirem as Escrituras dos profetas».
N         Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
N         Os que tinham prendido Jesus
levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás,
onde os escribas e os anciãos se tinham reunido.
Pedro foi-O seguindo de longe,
até ao palácio do sumo sacerdote.
Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas,
para ver como acabaria tudo aquilo.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho falso contra Jesus
para O condenarem à morte,
mas não o encontravam,
embora se tivessem apresentado
muitas testemunhas falsas.
Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
R         «Este homem afirmou:
‘Posso destruir o templo de Deus
e reconstruí-lo em três dias’».
N         Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus:
R         «Não respondes nada?
Que dizes ao que depõem contra Ti?».
N         Mas Jesus continuava calado.
Disse-Lhe o sumo sacerdote:
R         «Eu Te conjuro pelo Deus vivo,
que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
N         Jesus respondeu-lhe:
J          «Tu o disseste.
E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso,
vindo sobre as nuvens do céu».
N         Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
R         «Blasfemou.
Que necessidade temos de mais testemunhas?
Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
N         Eles responderam:
R         «É réu de morte».
N         Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas.
Outros esbofeteavam-n’O, dizendo:
R         «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
N         Entretanto, Pedro estava sentado no pátio.
Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
R         «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
N         Mas ele negou diante de todos, dizendo:
R         «Não sei o que dizes».
N         Dirigindo-se para a porta,
foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
R         «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
N         E, de novo, ele negou com juramento:
R         «Não conheço tal homem».
N         Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam
e disseram a Pedro:
R         «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
N         Começou então a dizer imprecações e a jurar:
R         «Não conheço tal homem».
N         E, imediatamente, um galo cantou.
Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera:
«Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.
Ao romper da manhã,
todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo
se reuniram em conselho contra Jesus,
para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos,
levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.
Então Judas, que entregara Jesus,
vendo que Ele tinha sido condenado,
tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata
aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
R         «Pequei, entregando sangue inocente».
N         Mas eles replicaram:
R         «Que nos importa? É lá contigo».
N         Então arremessou as moedas para o santuário,
saiu dali e foi-se enforcar.
Mas os príncipes dos sacerdotes
apanharam as moedas e disseram:
R         «Não se podem lançar no tesouro,
porque são preço de sangue».
N         E, depois de terem deliberado,
compraram com elas o Campo do Oleiro,
que servia para a sepultura dos estrangeiros.
Por este motivo se tem chamado àquele campo,
até ao dia de hoje, «Campo de Sangue».
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta:
«Tomaram trinta moedas de prata,
preço em que foi avaliado
Aquele que os filhos de Israel avaliaram
e deram-nas pelo Campo do Oleiro,
como o Senhor me tinha ordenado».
N         Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador,
que lhe perguntou:
R         «Tu és o Rei dos judeus?».
N         Jesus respondeu:
J          «É como dizes».
N         Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
R         «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N         Mas Jesus não respondeu coisa alguma,
a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa,
o governador costumava soltar um preso,
à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R         «Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N         Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
R         «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N         Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R         «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N         Eles responderam:
R         «Barrabás».
N         Disse-lhes Pilatos:
R         «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N         Responderam todos:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos insistiu:
R         «Que mal fez Ele?».
N         Mas eles gritavam cada vez mais:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos, vendo que não conseguia nada
e aumentava o tumulto,
mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R         «Estou inocente do sangue deste homem.
Isso é lá convosco».
N         E todo o povo respondeu:
R         «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N         Soltou-lhes então Barrabás.
E, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador
levaram Jesus para o pretório
e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.
Tiraram-Lhe a roupa
e envolveram-n’O num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça
e colocaram uma cana na sua mão direita.
Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R         «Salve, Rei dos judeus!».

N         Depois, cuspiam-Lhe no rosto
e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas
e levaram-n’O para ser crucificado.
N         Ao saírem,
encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,
e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.
Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado,
repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,
indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R         «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz».
N         Os príncipes dos sacerdotes,
juntamente com os escribas e os anciãos,
também troçavam d’Ele, dizendo:
R         «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
Confiou em Deus:
Ele que O livre agora, se O ama,
porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N         Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J          «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N         que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R         «Está a chamar por Elias».
N         Um deles correu a tomar uma esponja,
embebeu-a em vinagre,
pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
R         «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N         E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N         Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo;
a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
ficaram aterrados e disseram:
R         «Este era verdadeiramente Filho de Deus».
N         Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres
que tinham seguido Jesus desde a Galileia,
para O servirem.
Entre elas encontrava-se Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José,
e a mãe dos filhos de Zebedeu.
Ao cair da tarde,
veio um homem rico de Arimateia, chamado José,
que também se tinha tornado discípulo de Jesus.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E Pilatos ordenou que lho entregassem.
José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
e depositou-o no seu sepulcro novo,
que tinha mandado escavar na rocha.
Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro
e retirou-se.
Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria,
sentadas em frente do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação,
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
foram ter com Pilatos e disseram-lhe:
R         «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse
quando ainda era vivo:
‘Depois de três dias ressuscitarei’.
Por isso, manda que o sepulcro
seja mantido em segurança
até ao terceiro dia,
para que não venham os discípulos roubá-lo
e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’.
E a última impostura seria pior do que a primeira».
N         Pilatos respondeu:
R         «Tendes à vossa disposição a guarda:
ide e guardai-o como entenderdes».
N         Eles foram e guardaram o sepulcro,
selando a pedra e pondo a guarda.
Palavra da salvação.


EVANGELHO – Forma breve       Mt 27, 11-54
N         Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi levado à presença do governador Pilatos,
que lhe perguntou:
R         «Tu és o Rei dos judeus?».
N         Jesus respondeu:
J          «É como dizes».
N         Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
R         «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N         Mas Jesus não respondeu coisa alguma,
a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa,
o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R         «Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N         Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
R         «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N         Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R         «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N         Eles responderam:
R         «Barrabás».
N         Disse-lhes Pilatos:
R         «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N         Responderam todos:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos insistiu:
R         «Que mal fez Ele?».
N         Mas eles gritavam cada vez mais:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos, vendo que não conseguia nada
e aumentava o tumulto,
mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R         «Estou inocente do sangue deste homem.
Isso é lá convosco».
N         E todo o povo respondeu:
R         «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N         Soltou-lhes então Barrabás.
E, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador
levaram Jesus para o pretório
e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.
Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O
num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça
e colocaram uma cana na sua mão direita.
Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R         «Salve, Rei dos judeus!».
N         Depois, cuspiam-Lhe no rosto
e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas
e levaram-n’O para ser crucificado.
N         Ao saírem,
encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,
e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.
Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado,
repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,
indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R         «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz».
N         Os príncipes dos sacerdotes,
juntamente com os escribas e os anciãos,
também troçavam d’Ele, dizendo:
R         «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
Confiou em Deus:
Ele que O livre agora, se O ama,
porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N         Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde,
Jesus clamou com voz forte:
J          «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N         que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R         «Está a chamar por Elias».
N         Um deles correu a tomar uma esponja,
embebeu-a em vinagre,
pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
R         «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N         E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N         Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo;
a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
ficaram aterrados e disseram:
R         «Este era verdadeiramente Filho de Deus».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Pela paixão do vosso Filho Unigénito, apressai, Senhor, a hora da nossa reconciliação: concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a misericórdia que nossos pecados não merecem. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO - Mt 25, 42
Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-Se a tua vontade.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com estes dons sagrados, nós Vos pedimos, Senhor: assim como, pela morte do vosso Filho, nos fizestes esperar o que a nossa fé nos promete, fazei-nos também chegar, pela sua ressurreição, às alegrias do reino que esperamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.