sábado, 24 de junho de 2017

NÃO TEMAIS OS QUE MATAM O CORPO





12.º Domingo do tempo comum – 25 Junho 2017


A quem temer?

Os discípulos não devem ter medo, porque a missão baseia-se na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus terá Jesus a seu favor diante de Deus. A dura realidade da missão encheria de temor o coração dos apóstolos. A proclamação da Boa Nova do Reino em cima dos tectos teria como efeito atrair o ódio mortal dos inimigos. Como consequência do temor, ficariam bloqueados diante dos perseguidores, e pôr-se-iam em fuga. Esta situação colocava os apóstolos num verdadeiro dilema: a quem temer? A Deus, Senhor do Reino, a cujo serviço se tinham posto, a partir do mandato recebido de Jesus, ou aos adversários, que intentavam tirar-lhes a vida? Que fazer: seguirem em frente, sem se deixarem intimidar, sofrendo as consequências deste gesto de coragem e procurando ser fiel a Deus ou fugir da missão e acomodarem-se, pressionados pela violência dos inimigos? A resposta de Jesus é bem pragmática. O máximo que os perseguidores podem fazer é tirar a vida física dos apóstolos. Mas, perigo maior, seria perder a vida eterna. Isto pode acontecer a quem se mostra infiel a Deus. A acção dos adversários atinge um nível superficial – o corpo –, ao passo que a acção de Deus toca no mais profundo da existência humana – a alma. Logo, o discípulo deve discernir bem a quem deverá temer. Jesus encorajou os apóstolos a confiarem na Providência divina. As suas vidas estavam nas mãos do Pai, que cuida de cada um, com todo o carinho. Não precisam ter medo de enfrentar os adversários. Temer, só a Deus! Após advertir os apóstolos enviados em missão sobre os perigos e sofrimentos que advirão por causa da repressão dos poderosos, Jesus estimula-os a perseverarem no anúncio missionário. Os discípulos enfrentarão as mesmas provações que Jesus. Contudo, devem anunciar e denunciar sem nenhum temor, pois o Pai que está sempre presente zela por eles e garante-lhes a vida. Não se trata de disputar o poder com o opressor, mas de nunca deixar de proclamar a mensagem libertadora dos oprimidos, sem ódio e sem medo da própria morte. Dar o testemunho de Jesus é unir-se a ele e, por ele, ao Pai.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 27, 8-9
O Senhor é a força do seu povo,
o baluarte salvador do seu Ungido.
Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança,
sede o seu pastor e guia através dos tempos.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Jer 20, 10-13

Salvou a vida dos pobres das mãos dos perversos

O profeta ouve a voz maldosa dos seus adversários que espreitam a ocasião de o verem cair, e assim se vingarem dele. Mas ele apela para o Senhor, para a sua justiça e a sua protecção. Deus lê no coração do homem e compreende as suas intenções mais profundas. É com esta fé que ele continuará firme e fiel ao serviço da palavra de Deus; então como hoje, e sempre.

Leitura do Livro do profeta Jeremias
“Disse Jeremias: «Eu ouvia as invectivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’. Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 68 (69), 8-10.14.17. 33-35 (R. 14c)
Refrão: Pela vossa grande misericórdia, atendei-me, Senhor. (Repete-se)

Por Vós tenho suportado afrontas,
cobrindo-se meu rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para a minha família.
Devorou-me o zelo pela vossa casa
e recaíram sobre mim os insultos contra Vós. (Refrão)

A Vós, Senhor, elevo a minha súplica,
no momento propício, meu Deus.
Pela vossa grande bondade, respondei-me,
em prova da vossa salvação.
Tirai-me do lamaçal, para que não me afunde,
livrai-me dos que me odeiam e do abismo das águas. (Refrão)

Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.
Louvem-n’O o céu e a terra,
os mares e quanto neles se move. (Refrão)

LEITURA II – Rom 5, 12-15

O dom gratuito não é como a falta

O Apóstolo estabelece o confronto entre Adão, o primeiro homem, e Cristo, o novo Adão, entre a situação dos homens que viviam sob a lei de Moisés e os que vivem agora pela graça de Jesus Cristo. Por esta graça, somos a humanidade nova, que pelo dom gratuito do Senhor Jesus, novo Adão, triunfamos da própria morte, porque participamos do seu triunfo pascal. A graça do Senhor é vitória sobre o pecado e a morte.

Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
“Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir. Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 15, 26b.27a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

O Espírito da verdade dará testemunho de Mim,
diz o Senhor,
e vós também dareis testemunho de Mim. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 10, 26-33

Não temais os que matam o corpo

O Senhor, ao enviar os seus discípulos a anunciar a Boa Nova, previne-os de que irão encontrar oposições e contradições, mas também de que não devem, por isso, perder a confiança. Ele próprio será o seu apoio junto do Pai, pois que a obra de que são ministros junto dos homens é a mesma obra que Ele, o Enviado do Pai, veio realizar e continua a realizar através deles, seus ministros, continuadores da sua obra.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens, também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 144, 15
Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor,
e a seu tempo lhes dais o alimento.

Ou – Jo 10, 11.15
Eu sou o Bom Pastor
e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 17 de junho de 2017

CHAMOU OS DOZE DISCÍPULOS E ENVIOU-OS




11º Domingo do tempo comum – 18 Junho


A compaixão de Jesus

Mateus apresenta um resumo da actividade de Jesus, mostrando a raiz da acção dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: não alienar os homens (expulsar demónios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e acção de Jesus. A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela realiza-se mediante o anúncio do Reino e pela acção que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão desenvolve-se em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. A vinda de Jesus ao mundo decorre da compaixão de Deus pela humanidade. A sua missão consiste em manifestar esta misericórdia, por meio de gestos concretos. A expulsão dos espíritos imundos e a cura de todas as doenças e enfermidades manifestam esta preocupação. As multidões foram objecto da atenção de Jesus. Elas revelavam cansaço e abatimento, por falta de líderes para conduzi-las, e pela opressão que sofriam. Que fazer? Jesus passou da constatação à providência concreta. A sua iniciativa consistiu em escolher doze discípulos e enviá-los com a sua própria missão: proclamar a chegada do Reino dos Céus e realizar gestos indicadores desta presença. Assim, eles teriam a missão de difundir a misericórdia divina “às ovelhas desgarradas da casa de Israel”. Como acontecia com Jesus, também os apóstolos sentiriam esse mesmo amor compassivo. Tanto na acção de Jesus quanto na dos discípulos, antecipava-se a chegada do Reino esperado. O Reino que haveria de manifestar-se em todo o seu esplendor, na segunda vinda do Messias, já estava a dar sinais da sua presença e revelando seu carácter particular de mediação da bondade de Deus. Aliás, tudo quanto diz respeito ao Messias Jesus traz o selo da compaixão. Eis por que a sua vinda deve ser motivo de alegria. O contacto com as multidões enche Jesus de compaixão. É o tempo da “colheita” escatológica. É necessário orar ao Senhor para que envie mais trabalhadores. Há uma outorga de “poder” aos doze discípulos. O “poder” de Jesus não é uma força que violenta, mas o amor que transforma a vida. A prioridade “às ovelhas perdidas da casa de Israel” é uma interpretação judaizante da missão de Jesus. Curas, ressuscitamentos, purificações e expulsões de demónios significam o “levantar-se” e integrar-se no convívio social. Jesus vem para o resgate das massas excluídas pelo sistema opressor.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 7.9
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica.
Vós sois o meu refúgio:
não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.

ORAÇÃO COLECTA
Deus misericordioso, fortaleza dos que esperam em Vós, atendei propício as nossas súplicas; e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana, concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça, para que as nossas vontades e acções Vos sejam agradáveis no cumprimento fiel dos vossos mandamentos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Ex 19, 2-6a

Sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa

Moisés é enviado, como, mais tarde, Jesus enviará os Apóstolos, a anunciar ao povo a esperança que Deus lhe reserva. Esta esperança é a que já começou a ser uma realidade desde que o Senhor o libertou da terra da escravidão, fazendo dele um povo a Si consagrado, povo sacerdotal, povo real, nação santa, como o Novo Testamento o há-de novamente proclamar, agora à luz de Cristo ressuscitado.

Leitura do Livro do Êxodo
“Naqueles dias, os filhos de Israel partiram de Refidim e chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam, em frente da montanha. Moisés subiu à presença de Deus. O Senhor chamou-o da montanha e disse-lhe: «Assim falarás à casa de Jacob, isto dirás aos filhos de Israel: ‘Vistes o que Eu fiz ao Egipto, como vos transportei sobre asas de águia e vos trouxe até Mim. Agora, se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos. Porque toda a terra Me pertence; mas vós sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa’».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 99 (100), 2.3.5 (R. 3c)
Refrão: Nós somos o povo de Deus, as ovelhas do seu rebanho. (Repete-se)

Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo. (Refrão)

Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. (Refrão)

Porque o Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração. (Refrão)

LEITURA II – Rom 5, 6-11

Se fomos reconciliados pela morte do Filho, com muito mais razão seremos salvos pela sua vida

A morte de Jesus é o testemunho maior do amor de Deus por nós, e isto ainda antes de termos sido reconciliados com Ele. Quanto mais agora, depois de termos sido reconciliados com Deus pela oblação da vida de seu Filho, não havemos de ser salvos pela vida d’Ele que ressuscitou para nossa justificação?

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
“Irmãos: Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. E agora, que fomos justificados pelo seu sangue, com muito mais razão seremos por Ele salvos da ira divina. Se, na verdade, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, depois de reconci­liados, seremos salvos pela sua vida. Mais ainda: também nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem alcançámos agora a reconciliação.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mc 1, 15
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Está próximo o reino de Deus.
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 9, 36 – 10, 8

Chamou os doze discípulos e enviou-os

Jesus não é apenas alguém que veio da parte de Deus revelar aos homens o reino. Ele lançou os fundamentos da futura assembleia dos crentes, e, para isso, escolheu os Doze, a que chamou Apóstolos, e enviou-os, como o Pai O tinha enviado a Ele. Mas eles hão-de ter sempre presente que o seu ministério não é uma iniciativa sua, nem o seu trabalho uma simples ocupação ditada pelo seu gosto natural. A sua escolha é um chamamento divino, e a sua obra é a realização da própria obra de salvação, que, por meio deles, o Senhor Jesus continua a realizar no meio dos homens. É uma graça que vem de Deus e, por eles, há-de chegar até aos outros seus irmãos.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».   ”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus,
que pelo pão e o vinho apresentados ao vosso altar
dais ao homem o alimento que o sustenta
e o sacramento que o renova,
fazei que nunca falte este auxílio
ao nosso corpo e à nossa alma.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 26, 4
Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.

Ou – Jo 17, 11
Pai santo, guarda no teu nome os que Me deste,
para que sejam em nós confirmados na unidade,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que a sagrada comunhão nos vossos mistérios, sinal da nossa união convosco, realize a unidade na vossa Igreja.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



quarta-feira, 14 de junho de 2017

O ALIMENTO DA VIDA




Corpo de Deus




Corpo e Sangue de Cristo

A Liturgia da Palavra da Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus, lembra-nos que Cristo permanece connosco no Sinal da Sua Páscoa. A vida do homem é povoada de presenças: presenças visíveis e próximas como a de uma mãe que cuida de seu filho que brinca ou que dorme; presenças invisíveis como a de duas pessoas que se amam, pensam uma na outra e se encontram, superando a distância e a separação corporal e física; presenças que proporcionam paz, satisfação e segurança; presenças tempestuosas e perturbadoras que são como uma ameaça... No plano da vivência humana mais profunda, o homem faz a experiência singular de uma presença maravilhosa mais real, que é a revelação e tomada de consciência da presença criadora de Deus que nos faz existir e “em que vivemos, movemo-nos e somos” (At 17,28). D’Ele fazemos memória litúrgica e sacramental que, através dos sinais do pão e do vinho, comidos e partilhados pela comunidade, torna presente o Cristo na sua realidade e no mistério da Eucaristia, que é Presença Real



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA - Salmo 80, 17
O Senhor alimentou o seu povo com a flor da farinha
e saciou-o com o mel do rochedo.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Jesus Cristo, que neste admirável sacramento nos deixastes o memorial da vossa paixão, concedei-nos a graça de venerar de tal modo os mistérios do vosso Corpo e Sangue que sintamos continuamente os frutos da vossa redenção.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Deut 8, 2-3.14b-16a

Deu-te o alimento, que nem tu nem os teus pais tinham conhecido

Numa época de grande prosperidade económica, em que o povo de Israel corria o risco de se esquecer de Deus e de se fechar no seu egoísmo, o autor sagrado lembra-lhe a experiência do deserto. Durante essa longa caminhada, em que sentiu ao vivo a sua fraqueza, os bens necessários à vida (a alimento, a água, a libertação da escravidão, a protecção no meio dos perigos) não foram dádivas do amor de Deus? Esquecer agora, na abundância, esse amor paternal de Deus, seria uma ingratidão.
Mas seria também uma loucura. O homem, com efeito, não pode viver só de pão. Satisfeita toda a fome que sente (fome de justiça, de liberdade, de paz) ele pode sentir-se ainda infeliz. O alimento espiritual, «a palavra, que sai da boca de Deus» (Mt. 4, 4), é-lhe indispensável para viver sobre a terra.

Leitura do Livro do Deuteronómio
“Moisés falou ao povo, dizendo: «Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova, a fim de conhecer o íntimo do teu coração e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos. Atribulou-te e fez-te passar fome, mas deu-te a comer o maná que não conhecias nem teus pais haviam conhecido, para te fazer compreender que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão, e te conduziu através do imenso e temível deserto, entre serpentes venenosas e escorpiões, terreno árido e sem águas. Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 147, 12-13.14-15.19-20
Refrão: Jerusalém, louva o teu Senhor. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Glorifica, Jerusalém, o Senhor,
louva, Sião, o teu Deus.
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos. (Refrão)

Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras
e saciou-te com a flor da farinha.
Envia à terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem. (Refrão)

Revelou a sua palavra a Jacob,
suas leis e preceitos a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
a nenhum outro manifestou os seus juízos. (Refrão)

LEITURA II – 1 Cor 10, 16-17

Há um só pão, formamos um só corpo

Pão vivo descido do Céu, verdadeiro maná, na caminhada da vida, a Eucaristia realiza a nossa incorporação em Cristo morto e ressuscitado e, por Ele, na Igreja, que é também Corpo de Cristo. O Pão Eucarístico é assim não apenas sinal, mas alimento de unidade entre os cristãos e destes com Deus.
Comungar o Corpo e o Sangue de Cristo é, pois, comungar o amor que Jesus tem pelo Pai e pelos homens. Cada Comunhão devia ser para nós um compromisso de unidade. Unidade que não deve manifestar-se apenas na assembleia litúrgica, mas deve abranger toda a vida.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Não é o cálice de bênção que abençoamos a comunhão com o Sangue de Cristo? Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só pão, nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo, porque participamos do mesmo pão.”
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA

Terra, exulta de alegria,
Louva o teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.

Quanto possas tanto ouses,
Em louvá-l’O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.

Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.

Este pão – que o mundo creia –
Por Jesus na santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu.

Eis o pão que os Anjos comem
Transformado em pão do homem;
Só os filhos o consomem:
Não será lançado aos cães.

Em sinais prefigurado,
Por Abraão imolado,
No cordeiro aos pais foi dado,
No deserto foi maná.

Bom pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.

Aos mortais dando comida,
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu.

ALELUIA -    Jo 6, 51
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 6, 51-58

A minha carne é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida

A Eucaristia é tão desconcertante para os homens do nosso tempo, como os sinais realizados por Jesus o foram para os seus contemporâneos. Contudo, aqueles que foram testemunhas da Ressurreição, como João, e aqueles que, hoje, têm fé em Jesus, sabem muito bem que o Filho de Deus feito Homem, vindo para trazer a vida ao mundo, não Se limitou a dar-nos as Suas palavras ou o Seu exemplo. Deu-nos também, na Eucaristia, a Sua Carne e o Seu Sangue, isto é, a Sua Pessoa.
Aqueles que, na pobreza da fé, souberem acolher a Cristo, sob o sinal sacramental, unir-se-ão à Sua Morte e Ressurreição, entrarão no Seu mistério, receberão a Vida.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente».”
Palavra da Salvação

Diz-se o Credo.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, à vossa Igreja o dom da unidade e da paz, que estas oferendas misticamente simbolizam.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 6, 57
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor Jesus Cristo, a participação eterna da vossa divindade, que é prefigurada nesta comunhão do vosso precioso Corpo e Sangue.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.



sábado, 10 de junho de 2017

Deus enviou o seu Filho ao mundo, para que o mundo seja salvo por Ele




10.º Domingo do tempo comum – Santíssima Trindade


Deus é comunidade de amor

Quando o homem olha para dentro de si, a fim de analisar sua experiência religiosa, tem a sensação de um abismo sem fundo, uma profundeza infinita. A essa profundeza inatingível do nosso ser refere-se a palavra “Deus”. Deus significa isto: a profundeza última da nossa vida, a fonte do nosso ser, a meta de todos os nossos esforços. Esse fundo íntimo do nosso ser manifesta-se na abertura do nosso “eu para um ‘tu’”, e na seriedade dessa inclinação. Vemos assim impressa em nosso ser a realidade profunda e grandiosa do Deus cristão, a Trindade. Isto é, o mistério de um Deus que é comunidade e comunhão de vida. Um Deus que é Pai, Filho, Espírito Santo.

A comunhão com Deus, fim do homem
O próprio Deus vem ao homem, manifesta-se a ele como “Senhor”, mas cheio de bondade e misericórdia, rico em graça e fidelidade. Na exuberância do seu amor pelo mundo, manifestado no dom de seu Filho único para salvá-lo, o Deus do amor e da paz derrama sobre os homens a sua graça em Cristo, e chama-os à comunhão com ele no Espírito Santo.
A Comunidade Trinitária é verdadeiramente o valor último e supremo, o único verdadeiro fim último do homem, uma vez que Deus, e somente Deus, é a plenitude de toda a perfeição.
A Comunidade Trinitária é verdadeiramente mistério, realidade que supera absolutamente toda compreensão humana. Deus jamais deixará de causar a admiração do homem, e nunca homem algum penetrará na terra de Deus se não estiver disposto a se desarraigar, como Abraão (Gn 12,1), das fronteiras das suas limitações e da estreiteza das suas seguranças. A oração não deve reduzir Deus aos limites do homem; mas, deve dilatar o homem aos horizontes de Deus. O silêncio, que o Pai parece opor em muitos casos aos pedidos humanos, nasce da autenticidade da sua paternidade, da sua firmeza em não condescender com a mesquinhez dos planos humanos, para poder substitui-los por planos bem maiores, nascidos do seu amor.
A Comunidade Trinitária é o verdadeiro futuro do homem, só ela pode assegurar ao homem um plano de vida sem limites, porque é capaz de superar até a morte. Diz eficazmente santo Agostinho: “Deus é tão inexaurível que quando encontrado ainda falta tudo para encontrá-lo”. Isso significa que o dinamismo e a criatividade humana encontram nele um horizonte sem limites; portanto, um futuro total.

Um só Deus em três pessoas
Esta revelação não vem simplesmente satisfazer a nossa necessidade de conhecer Deus; concerne directamente ao destino do homem e da criação. De facto, a salvação, como comunhão de amor entre Deus e o homem, reflecte as características dos dois interlocutores que a constituem: Deus e o homem. Ora, o homem só pode ser compreendido a partir de Deus: feito à imagem de Deus, é plasmado conforme o Cristo, que é a imagem perfeita de Deus (Cl 1,15). Portanto, as perguntas e respostas sobre Deus são de uma importância fundamental para compreender o homem. Concretamente, a vida humana, de um ponto de vista religioso, desenvolve-se e expande-se proporcionalmente ao “conhecimento” do mistério de Deus (Jo 17,3). Se o homem é destinado à comunhão com Deus Pai, é claro que a sua vida tem tanto mais valor quanto mais ele consegue seguir o movimento de “subida aos céus” inaugurado pela ascensão de Jesus (Jo 12,32), até se sentar à direita do Pai para vê-lo face a face. O Padre Faber escreveu que “todo aprofundamento da ideia sobre Deus equivale a um novo nascimento”. O mistério do amor Trinitário revela algo do mistério mais profundo do homem; por sermos como somos, criaturas capazes de conhecer, amar, gerar, só podemos exprimir-nos em termos humanos, mas chegamos com a mais profunda admiração ao último porquê: como pôde ter nascido a ideia de “conhecer”, “amar”, “gerar”? Não nasceu. Ela é. Porque Deus é amor. O mistério de Deus não é um mistério de solidão, mas de convivência, criatividade, conhecimento, amor, de dar e receber; e por isso, somos como somos.

Buscar Deus
Na nossa vida quotidiana, às vezes sombria, às vezes trágica ou muito complicada, em que devemos cuidar de mil coisas que nos pressionam de toda parte, a luz de Deus é o amor. Devemos voltar-nos para esta luz se não nos quisermos desviar do verdadeiro fim de nossa existência. Gostaríamos de poder dizer: “Aqui está Deus; Deus é assim…”. Mas, não é possível. O próprio Deus sai dos quadros e das imagens e oculta-se naqueles que precisam de nós, e diz: “Aqui estou!” Esconde-se nos pequeninos da terra e diz: “Buscai-me aqui!” Quem quer viver com Deus não se encontra diante de uma conclusão, mas sempre diante de um início novo como cada novo dia.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA
Bendito seja Deus Pai,
bendito o Filho Unigénito,
bendito o Espírito Santo,
pela sua infinita misericórdia.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Deus Pai,
que revelastes aos homens o vosso admirável mistério,
enviando ao mundo a Palavra da verdade
e o Espírito da santidade,
concedei-nos que, na profissão da verdadeira fé,
reconheçamos a glória da eterna Trindade
e adoremos a Unidade na sua omnipotência.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Ex 34, 4b-6.8-9

O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo

Deus manifesta-Se a Moisés como um Deus cheio de amor e de ternura para com o Seu povo. Sem deixar de ser justo, antes de tudo e acima de tudo, Ele é o Deus que ama e perdoa.
Compenetrado desta verdade, Moisés não tem receio de interceder pelo Povo, que fora infiel à Aliança, voltando as costas, ao Deus vivo, para se entregar aos ídolos. E Moisés não vê frustrada a sua esperança. Deus continuará no meio do Seu povo, porque Ele é, na verdade, Aquele que salva.

Leitura do Livro do Êxodo
“Naqueles dias, Moisés levantou-se muito cedo e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe ordenara, levando nas mãos as tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem, ficou junto de Moisés, que invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante de Moisés e proclamou: «O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade». Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração. Depois disse: «Se encontrei, Senhor, aceitação a vossos olhos, digne-Se o Senhor caminhar no meio de nós. É certo que se trata de um povo de dura cerviz, mas Vós perdoareis os nossos pecados e iniquidades e fareis de nós a vossa herança».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Dan 3, 52.53.54.55.56 (R. 52b)
Refrão: Digno é o Senhor de louvor e de glória para sempre. (Repete-se)

Ou: Louvor e glória ao Senhor para sempre. (Repete-se)

Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito o vosso nome glorioso e santo:
digno de louvor e de glória para sempre. (Refrão)

Bendito sejais no templo santo da vossa glória:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no trono da vossa realeza:
digno de louvor e de glória para sempre. (Refrão)

Bendito sejais, Vós que sondais os abismos
e estais sentado sobre os Querubins:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no firmamento do céu:
digno de louvor e de glória para sempre. (Refrão)

LEITURA II – 2 Cor 13, 11-13

A graça de Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo

Ao iniciarmos as nossas assembleias litúrgicas com o voto de S. Paulo, no final da carta aos Coríntios nós professamos a nossa fé no mistério de um Deus em três Pessoas distintas. Nós reconhecemos que a presença da Trindade é o que constitui a comunidade cristã. Na verdade, é pelo dom gratuito de Jesus Cristo, pelo amor universal do Pai e pela força unitiva do Espírito de caridade que somos congregados em assembleia, para celebrarmos a glória de Deus.
Reunida pela acção da Santíssima Trindade, a comunidade cristã deve empenhar-se em se assemelhar à comunidade trinitária vivendo na busca da perfeição, na alegria e no amor mútuo que se exprime pelo ósculo da paz.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Sede alegres, trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos sentimentos, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.”
Palavra do Senhor

ALELUIA - Ap 1, 8
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
ao Deus que é, que era e que há-de vir. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 3, 16-18

Deus enviou o seu Filho ao mundo, para que o mundo seja salvo por Ele

O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de amor: amor de um Deus que se revela aos homens e, num gesto de infinita bondade, lhes dá o Seu Filho, o Qual, encarnando e entregando-Se, totalmente, aos homens até à morte de Cruz (Filip. 2, 8), veio não para julgá-los, mas para salvá-los.
Perante este amor de Deus, o homem só pode ter uma atitude: aceitar Jesus Cristo como seu Salvador deixar-se penetrar pelo Seu amor e iluminar pela Sua verdade, que é o Seu Evangelho de amor. Recusar Jesus Cristo é recusar a salvação. Deus não condena ninguém. Cada um de nós, com a sua aceitação ou recusa de Cristo, é que decide acerca do seu juízo final.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita n'Ele já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».”
Palavra da Salvação

Diz-se o Credo.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, os dons
sobre os quais invocamos o vosso santo nome
e, por este divino sacramento,
fazei de nós mesmos uma oblação eterna para vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Gal 4, 6
Porque somos filhos de Deus,
Ele enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho,
que clama: Abba, Pai.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ao professarmos a nossa fé na Trindade Santíssima e na sua indivisível Unidade, concedei-nos, Senhor nosso Deus, que a participação neste divino sacramento nos alcance a saúde do corpo e da alma.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 3 de junho de 2017

A PAZ ESTEJA CONVOSCO




Domingo de Pentecostes


Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós:
Recebei o Espírito Santo

O medo impede o anúncio e o testemunho. Jesus liberta do medo, mostrando que o amor doado até à morte é sinal de vitória e alegria. Depois, convoca os seus seguidores para a missão no meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objectivo da missão: continuar a actividade dele, provocando o julgamento. De facto, a aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério do discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação. João delimita bem o primeiro dia da ressurreição. A narrativa começa com a ida de Maria Madalena, “no primeiro dia da semana... de madrugada... quando ainda estava escuro...”. Agora, “ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”, Jesus manifesta-se aos discípulos reunidos. É um dia completo, que começa com a insegurança do túmulo vazio e termina, em plenitude, com a presença de Jesus ressuscitado, com sua paz e o dom do Espírito Santo. Com este dia inaugura-se a plenitude dos tempos. Nesta narrativa de João, o dom do Espírito Santo dá-se com o sopro de Jesus sobre os discípulos. A palavra “espírito” tem origem no Primeiro Testamento, com o significado do “sopro vital”. É por esse “sopro vital” de Deus que surge a criação na narrativa de Génesis. Nesse momento, Jesus comunica o seu sopro vital, divino e santo, o seu Espírito, aos discípulos. Lucas não o menciona na passagem paralela a esta, no seu evangelho. Ele opta por dar, em Actos dos Apóstolos, um grande destaque à tal comunicação do Espírito Santo, com uma impressiva narrativa, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). E é este Espírito que anima as novas comunidades na sua pluralidade de dons; porém, formando um só corpo no seguimento e união com Jesus (segunda leitura). A ressurreição, com as aparições sucessivas, é a confirmação de uma realidade que a antecede. É a comprovação da condição humana e divina de Jesus de Nazaré. Toda a sua vida foi dom de amor a todos que conviveram com ele, em particular os discípulos ao longo dos três anos do seu ministério. Agora, os discípulos percebem-no claramente. Jesus de Nazaré, o filho de Maria, o filho de Deus, é portador e comunicador da vida divina e eterna. Na continuidade, Jesus envia os discípulos. É o envio universal em missão. Os discípulos são enviados assim como Jesus o foi pelo Pai. A missão de Jesus foi comunicar o amor do Pai ao mundo. A seguir, soprando sobre os discípulos, Jesus comunica-lhes o Espírito Santo, o qual, além de ser o portador da Paz, conduzirá os discípulos na missão de divulgar ao mundo o amor vivificante de Deus. Assim como Jesus não veio ao mundo para condená-lo, não cabe à comunidade a condenação. É à palavra anunciada que cabe o julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da prática da justiça, a qual tira o pecado do mundo e instaura o amor.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sab 1, 7
O Espírito do Senhor encheu a terra inteira;
Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra. Aleluia.

Ou Rom 5, 5; 8, 11
O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo,
que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja
dispersa entre todos os povos e nações,
derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo,
de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis
os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Actos 2, 1-11

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar

De harmonia com a promessa de Jesus, o Espírito Santo, manifestando a Sua presença sob os sinais sensíveis do vento e do fogo, desce sobre os Apóstolos, transforma-os totalmente e consagra-os para a missão, que Jesus lhes confiara.
Com este Baptismo no Espírito Santo, nascia assim, oficialmente, a Igreja. Nesse dia, homens separados por línguas, culturas, raças e nações, começavam a reunir-se no grande Povo de Deus num movimento que só terminará com a Vinda final de Jesus.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34 (R. 30)
Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra. (Repete-se)

Ou: Mandai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a terra. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas. (Refrão)

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. (Refrão)

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor. Refrão (Refrão)

LEITURA II – 1 Cor 12, 3b-7.12-13

Todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo

O Espírito Santo é «a alma da Igreja». É Ele que dá aos Apóstolos a perfeita compreensão do Mistério Pascal e os leva a anunciar a Ressurreição a todos os homens, sem excepção. É por Ele que nós acreditamos que Jesus é Deus e essa nossa fé se mantém. É Ele que enriquece o Corpo Místico com dons e carismas, numa grande variedade de vocações, ministérios e actividades. É Ele que, ao mesmo tempo que nos distingue, dando-nos uma personalidade própria dentro da Igreja, nos põe em comunhão uns com os outros, de tal modo que a diversidade não destrói a unidade.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.”
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

ALELUIA
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 20, 19-23

Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós: Recebei o Espírito Santo

Com a Páscoa, inicia-se a nova Criação. E, como na primeira, também agora o Espírito Santo está presente, a insuflar aos homens, mortos pelo pecado, a vida nova do Ressuscitado. Jorrando do Corpo glorificado de Cristo, em que se mantêm as cicatrizes da Paixão, o Sopro purificador e recriador do mesmo Deus, comunica-se aos Apóstolos. Apodera-se deles, a fim de que possam prolongar a obra da nova Criação, e assim a humanidade, reconciliada com Deus, conserve sempre a paz alcançada em Jesus Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».”
Palavra da Salvação

Diz-se o Credo.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, que o Espírito Santo, segundo a promessa do vosso Filho, nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Actos 2, 4.11
Todos ficaram cheios do Espírito Santo
e proclamavam as maravilhas de Deus. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, que concedeis com abundância à vossa Igreja os dons sagrados, conservai nela a graça que lhe destes, para que floresça sempre em nós o dom do Espírito Santo, e o alimento espiritual que recebemos nos faça progredir no caminho da salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.