22. º Domingo do tempo comum – 03
Setembro 2017
“A FELIZ RECOMPENSA”
A pergunta de Jesus força os discípulos a fazerem uma revisão de tudo o
que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os
discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem
agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A acção messiânica de Jesus
consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido
entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta,
onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa
sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam
um messias glorioso e triunfante. Pedro é estabelecido como o fundamento da
comunidade que Jesus está a organizar e que deverá continuar no futuro. Jesus
concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de
ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer
tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é o messias
triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das
autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser
Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios
que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se
baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. A morte na cruz era reservada a
criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a tornar-se marginalizado
por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de
Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz). Jesus vinha exercendo o seu
ministério na Galileia, onde se misturavam gentios e colónias judaicas, e nas
regiões gentílicas vizinhas. Agora, tendo chegado bem ao norte, em Cesareia de
Filipe, como que dando por encerrado o seu ministério nestas regiões, Jesus
toma a decisão de voltar ao sul e, atravessando a Galileia, seguir o caminho de
Jerusalém. Nesta nova etapa do seu ministério, Jesus decide fazer o seu anúncio
libertador e vivificante directamente entre as multidões de fieis do judaísmo
que acorriam a Jerusalém, para atenderem ao preceito religioso de cumprir o
dever de celebrar a Páscoa. Esta era a principal festa religiosa da tradição de
Israel, e era a ocasião de todos os fieis, particularmente os que moravam em
regiões mais distantes, trouxessem as suas ofertas e dízimos anuais ao Templo.
Jesus tinha consciência de que os chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém
tinham a intenção de, em algum momento oportuno, matá-lo. A pregação e a
prática libertadora de Jesus suscitaram o ódio destes chefes, que tinham
garantidos a sua autoridade e o seu poder a partir da Lei opressora, elaborada
ao longo da tradição de Israel. Agora, a ida a Jerusalém poderia ser fatal.
Contudo Jesus não renuncia ao propósito de anunciar ao mundo, sem restrições, o
projecto do Pai de libertar o mundo de toda opressão e promover a vida plena
para todos. Jesus, então, fala aos discípulos sobre as provações que o aguardam
em Jerusalém. É o chamado “anúncio da Paixão”. Este “anúncio” pode ter dois
sentidos. Na perspectiva messiânica é o sofrimento necessário redentor, de
acordo com a tradição do Antigo Testamento. Porém, pode significar a comum
prática repressora dos poderosos deste mundo que não toleram e procuram
destruir todo aquele que promove a libertação do povo oprimido, tal como foi
Jesus em toda sua vida. Mateus, em seu evangelho, faz um contraste. Pedro, ao
identificar Jesus com o Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado
como pedra da Igreja, a as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela.
Agora, ao rejeitar o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das
coisas de Deus, é pedra de tropeço e satanás. Jesus convida os discípulos a
consagrarem a sua vida à causa da justiça e da vida. Seduzidos pelo chamamento
de Jesus, empenham-se em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo
que é bom, justo, e agradável a Deus.
MISSA
|
ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 3.5
Tende
compaixão de mim, Senhor,
que a Vós
clamo o dia inteiro.
Vós,
Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de
misericórdia para aqueles que Vos invocam.
ORAÇÃO COLECTA
Deus do
universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em nossos corações o
amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai vida ao que em
nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I – Jer 20, 7-9
“A palavra do Senhor
tornou-se para mim ocasião de insultos...”
Apesar de falar em nome de Deus
ao povo de Israel, o profeta só deste recebe insultos, ameaças e perseguição.
Sentiu então a tentação de abandonar essa sua missão profética, apesar de
sentir o coração abrasado do zelo do Senhor. Nesta luta interior, o amor foi
mais forte que o desânimo, porque mais forte que os insultos dos homens é a
palavra de Deus.
Leitura do Livro de Jeremias
“Vós me seduzistes, Senhor, e
eu deixei-me seduzir; Vós me dominastes e vencestes. Em todo o tempo sou
objecto de escárnio, toda a gente se ri de mim; porque sempre que falo é para
gritar e proclamar: «Violência e ruína!». E a palavra do Senhor tornou-se para
mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a
falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo
ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia.”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63),
2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. (Repete-se)
Senhor, sois o meu
Deus:
desde a aurora Vos
procuro. (Refrão)
A minha alma tem
sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida,
sequiosa, sem água. (Refrão)
Quero
contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso
poder e a vossa glória.
A vossa graça vale
mais do que a vida;
por isso, os meus
lábios hão-de cantar-Vos louvores. (Refrão)
Assim Vos bendirei
toda a minha vida
e em vosso louvor
levantarei as mãos.
Serei saciado com
saborosos manjares,
e com vozes de
júbilo Vos louvarei. (Refrão)
Porque Vos
tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das
vossas asas.
Unido a Vós estou,
Senhor,
a vossa mão me
serve de amparo. (Refrão)
LEITURA II – Rom 12, 1-2
“Oferecei-vos
como vítima viva”
O culto verdadeiramente cristão
nasce da fé e atinge toda a vida do homem renascido em Cristo. Como Cristo, o
cristão é homem novo, vive, por isso, uma vida nova; não se conforma já com
este mundo, mas vive do Espírito de Deus e faz de toda a sua vida uma oferta
viva, agradável a Deus.
Leitura da Epístola do apóstolo
São Paulo aos Romanos
“Peço-vos, irmãos, pela
misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo,
santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para
saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é
agradável, o que é perfeito.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Ef 1, 17-18
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Deus, Pai de Nosso
Senhor Jesus Cristo,
ilumine os olhos do
nosso coração,
para sabermos a que
esperança fomos chamados. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 16, 21-27
“Se
alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo”
À vista da Paixão, anunciada por
Jesus aos seus discípulos, Pedro como que tenta Jesus, dissuadindo-O de aceitar
a Cruz. Jesus rejeita energicamente a sua proposta, e, pelo contrário,
apresenta aos discípulos, como programa para eles, o mistério da sua própria
Cruz. Quem quiser ser seu discípulo, terá, como o Mestre, de renunciar a si
mesmo, tomar a sua cruz e segui-l’O. Assim ganhará a vida; doutro modo, perdê-la-ia,
ainda que tivesse ganho todo o mundo.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus começou a
explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito da
parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de
ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a
contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há-de
acontecer!». Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu
és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus,
mas dos homens». Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser
seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser
salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de
encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se
perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida? O Filho do
homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um
segundo as suas obras».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, a oferta que Vos
apresentamos e realizai em nós, com o poder da vossa graça, a redenção que
celebramos nestes mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 20
Como é
grande, Senhor,
a vossa
bondade para aqueles que Vos servem!
Ou Mt 5, 9-10
Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por amor da
justiça,
porque deles é o reino dos céus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que nos alimentastes com o pão da mesa celeste, fazei que esta fonte de
caridade fortaleça os nossos corações e nos leve a servir-Vos nos nossos
irmãos.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
Sem comentários:
Enviar um comentário