sábado, 2 de setembro de 2017

SE ALGUÉM ME QUISER SEGUIR…




22. º Domingo do tempo comum – 03 Setembro 2017


A FELIZ RECOMPENSA

A pergunta de Jesus força os discípulos a fazerem uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A acção messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está a organizar e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é o messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. A morte na cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a tornar-se marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz). Jesus vinha exercendo o seu ministério na Galileia, onde se misturavam gentios e colónias judaicas, e nas regiões gentílicas vizinhas. Agora, tendo chegado bem ao norte, em Cesareia de Filipe, como que dando por encerrado o seu ministério nestas regiões, Jesus toma a decisão de voltar ao sul e, atravessando a Galileia, seguir o caminho de Jerusalém. Nesta nova etapa do seu ministério, Jesus decide fazer o seu anúncio libertador e vivificante directamente entre as multidões de fieis do judaísmo que acorriam a Jerusalém, para atenderem ao preceito religioso de cumprir o dever de celebrar a Páscoa. Esta era a principal festa religiosa da tradição de Israel, e era a ocasião de todos os fieis, particularmente os que moravam em regiões mais distantes, trouxessem as suas ofertas e dízimos anuais ao Templo. Jesus tinha consciência de que os chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém tinham a intenção de, em algum momento oportuno, matá-lo. A pregação e a prática libertadora de Jesus suscitaram o ódio destes chefes, que tinham garantidos a sua autoridade e o seu poder a partir da Lei opressora, elaborada ao longo da tradição de Israel. Agora, a ida a Jerusalém poderia ser fatal. Contudo Jesus não renuncia ao propósito de anunciar ao mundo, sem restrições, o projecto do Pai de libertar o mundo de toda opressão e promover a vida plena para todos. Jesus, então, fala aos discípulos sobre as provações que o aguardam em Jerusalém. É o chamado “anúncio da Paixão”. Este “anúncio” pode ter dois sentidos. Na perspectiva messiânica é o sofrimento necessário redentor, de acordo com a tradição do Antigo Testamento. Porém, pode significar a comum prática repressora dos poderosos deste mundo que não toleram e procuram destruir todo aquele que promove a libertação do povo oprimido, tal como foi Jesus em toda sua vida. Mateus, em seu evangelho, faz um contraste. Pedro, ao identificar Jesus com o Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado como pedra da Igreja, a as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela. Agora, ao rejeitar o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das coisas de Deus, é pedra de tropeço e satanás. Jesus convida os discípulos a consagrarem a sua vida à causa da justiça e da vida. Seduzidos pelo chamamento de Jesus, empenham-se em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo que é bom, justo, e agradável a Deus.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 3.5
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para aqueles que Vos invocam.

ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em nossos corações o amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai vida ao que em nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Jer 20, 7-9

A palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião de insultos...

Apesar de falar em nome de Deus ao povo de Israel, o profeta só deste recebe insultos, ameaças e perseguição. Sentiu então a tentação de abandonar essa sua missão profética, apesar de sentir o coração abrasado do zelo do Senhor. Nesta luta interior, o amor foi mais forte que o desânimo, porque mais forte que os insultos dos homens é a palavra de Deus.

Leitura do Livro de Jeremias
“Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me do­minastes e vencestes. Em todo o tempo sou objecto de escárnio, toda a gente se ri de mim; porque sempre que falo é para gritar e proclamar: «Violência e ruína!». E a palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63), 2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. (Repete-se)

Senhor, sois o meu Deus:
desde a aurora Vos procuro. (Refrão)

A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água. (Refrão)

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. (Refrão)

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares,
e com vozes de júbilo Vos louvarei. (Refrão)

Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo. (Refrão)


LEITURA II – Rom 12, 1-2

Oferecei-vos como vítima viva

O culto verdadeiramente cristão nasce da fé e atinge toda a vida do homem renascido em Cristo. Como Cristo, o cristão é homem novo, vive, por isso, uma vida nova; não se conforma já com este mundo, mas vive do Espírito de Deus e faz de toda a sua vida uma oferta viva, agradável a Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ef 1, 17-18
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 16, 21-27

Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo

À vista da Paixão, anunciada por Jesus aos seus discípulos, Pedro como que tenta Jesus, dissuadindo-O de aceitar a Cruz. Jesus rejeita energicamente a sua proposta, e, pelo contrário, apresenta aos discípulos, como programa para eles, o mistério da sua própria Cruz. Quem quiser ser seu discípulo, terá, como o Mestre, de renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-l’O. Assim ganhará a vida; doutro modo, perdê-la-ia, ainda que tivesse ganho todo o mundo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há-de acontecer!». Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens». Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida? O Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, a oferta que Vos apresentamos e realizai em nós, com o poder da vossa graça, a redenção que celebramos nestes mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 20
Como é grande, Senhor,
a vossa bondade para aqueles que Vos servem!

Ou Mt 5, 9-10
Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por amor da justiça,
porque deles é o reino dos céus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da mesa celeste, fazei que esta fonte de caridade fortaleça os nossos corações e nos leve a servir-Vos nos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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