sábado, 28 de outubro de 2017

AMARÁS O SENHOR TEU DEUS E O PRÓXIMO COMO A TI MESMO




30.º Domingo do tempo comum – 29 Outubro 2017


ENCONTRO DE DOIS AMORES

Será necessário afastar-se dos homens para encontrar ao Deus? E quem encontrou a Deus ainda poderá voltar aos homens e viver com eles? Interessar-se por eles, trabalhar com eles e para eles? Noutras palavras, são compatíveis o amor de Deus e o amor dos homens, ou, pelo contrário, um exclui o outro, de modo que seja absolutamente necessário fazer uma opção?

Amar o homem para amar a Deus
Nenhuma destas perguntas recebeu de Jesus uma resposta essencial: o primeiro mandamento é amar a Deus e o segundo, que lhe é semelhante, amar os homens. Não se pode, pois, pensar que a entrada de Deus numa consciência provoque a exclusão do homem (evangelho).
Ao contrário, os textos mais seguros da mensagem do Antigo Testamento e de Jesus levam-nos a crer com certeza que o encontro com Deus renova e aperfeiçoa a atenção e a solicitude para com os homens (1ª leitura).
“Quando Deus se revela pessoalmente, ele fá-lo servindo-se das categorias do homem. Assim revela-se Pai, Filho, Espírito de Amor: e revela-se supremamente na humanidade de Jesus Cristo. Por isto, não é demasiada ousadia afirmar que é preciso conhecer o homem para conhecer Deus; é preciso amar o homem para amar a Deus” (rdC 122,b).
Mas, convém aprofundar alguns problemas impostos pelos próprios textos evangélicos. Importa amar os homens, mas importa também acautelar-se em relação ao mundo, saber deixar o pai e a mãe... Como fazer um acordo entre proposições que, à primeira vista, parecem opor-se? Devendo absolutamente escolher entre o homem e Deus, que fazer? O amor dos homens não é uma ameaça ao amor de Deus?
Nunca a Escritura e a tradição cristã permitiram ao cristão desinteressar-se do homem, sob pretexto de interessar-se unicamente por Deus. Nunca deixaram de indicar no serviço do homem um modo de servir a Deus.

Teoria e práxis
A atenção a Deus e a atenção ao homem não são facilmente separáveis. Cultivar a “via interior” é um valor cristão, um valor permanente, como a necessidade de recolhimento. Mas a “vida interior”, quando se é cristão, não é monólogo nem é falar com Deus só. Encontrando Deus na oração, o cristão, mais cedo ou mais tarde, encontra inevitavelmente os homens que Deus cria e quer salvar. Ele não pode deixar de subscrever estas linha de Paulo Ricoerur: “A minha vida interior é a fonte das minhas relações exteriores. Contrariamente à sabedoria meditativa e contemplativa do fim do paganismo grego ou do Oriente, a pregação cristã jamais opôs o ser ao fazer, o interior ao exterior, a teoria à práxis, a oração à vida, a fé às obras. Deus, ao próximo. É sempre no momento em que a comunidade cristã se desfaz ou a fé decai, que se abandona o mundo e as suas responsabilidades, reconstruindo o mito da interioridade. Então, o Cristo já não é reconhecido na pessoa do pobre, do exilado, do prisioneiro”. Todo o teu espírito: eis o grande e primeiro mandamento. Era o texto do Deuteronómio que constituía a essência da oração que os Israelitas rezavam diariamente – o “Shemá” – e que na actual liturgia das horas nós rezamos na oração da noite de Domingo. Mas, Jesus acrescentou: “o segundo mandamento é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37-37). E disse ainda: “Desses dois mandamentos decorre toda a lei e os profetas (v 40)”.

Contemplação e acção
O cristão pode afastar-se momentaneamente dos homens, para orar, para pensar só em Deus. Pode fazer uma hora de meditação sem encontrar, expressamente na contemplação de um mistério divino, o pensamento das necessidades dos homens... Isto torna-se mesmo, em certos momentos, uma profunda necessidade. Na vida cristã, como na vida humana em geral, existem normalmente ritmos; passa-se da contemplação à acção e desta à contemplação. Mas, como acontece na nossa existência em que se sucedem tempos de retiro e tempos de intensa actividade, também na Igreja vemos contemplativos e activos. O mistério de Cristo, no seu todo, é vivido na Igreja, no conjunto dos seus membros e em todos os séculos. O contemplativo serve aos homens servindo a Deus; o activo serve a Deus servindo aos homens. Os dois exprimem, especializando-se na limitação do Cristo, um mesmo e único mistério: o da vida religiosa do Verbo encarnado. Assim aconteceu e acontece ainda na história da Igreja. O santo Cura D´Ars suspirava por um convento e pela solidão, enquanto se dedicava inteiramente aos homens; e os conventos deram à Igreja grandes papas, bispos, reformadores e missionários, que passaram da contemplação e da solidão à acção mais perseverante e ininterrupta.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade; e, para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Ex 22, 20-26

« Se fizerdes algum mal à viúva e ao órfão, inflamar-se-á a minha ira contra vós»

O amor de Deus concretiza-se logo no amor do próximo. Esta leitura assinala algumas situações particularmente exigentes, onde se há-de tornar concreto este amor do próximo. A primeira expressão do amor ao próximo é a justiça, sem a qual não há caridade. E não se perca de vista que este texto é do Antigo Testamento, ainda anterior ao próprio Evangelho.

Leitura do Livro do Êxodo
Eis o que diz o Senhor: «Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto. Não maltratarás a viúva nem o órfão. Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor; inflamar-se-á a minha indignação e matar-vos-ei ao fio da espada. As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos os vossos filhos. Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao pobre que vive junto de ti, não procederás com ele como um usurário, sobrecarregando-o com juros. Se receberes como penhor a capa do teu próximo, terás de lha devolver até ao pôr do sol, pois é tudo o que ele tem para se cobrir, é o vestuário com que cobre o seu corpo. Com que dormiria ele? Se ele Me invocar, escutá-lo-ei, porque sou misericordioso».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 17 (18), 2-3.7.47.51ab (R. 2)
Refrão: Eu Vos amo, Senhor: sois a minha força. (Repete-se)

Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador. (Refrão)

Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. (Refrão)

Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu Ungido. (Refrão)


LEITURA II – 1 Tes 1, 5c-10

« Convertestes-vos dos ídolos para servir a Deus e esperar o seu Filho»

Esta leitura é como que um certificado de vida cristã, passado pelo Apóstolo à sua querida comunidade de Tessalónica, e que poderá servir de modelo e estímulo a outras Igrejas. Assim ela sirva ainda hoje para a nossa comunidade.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem. Tornastes-vos imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo; e assim vos tornastes exemplo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia. Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou não só na Macedónia e na Acaia, mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus, de modo que não precisamos de falar sobre ela. De facto, são eles próprios que relatam o acolhimento que tivemos junto de vós e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro e esperar dos Céus o seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livrará da ira que há-de vir.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Se alguém Me ama, guardará a minha palavra,
diz o Senhor;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 22, 34-40

« Amarás o Senhor teu Deus e o próximo como a ti mesmo»

Uma pergunta frontal posta a Jesus, embora com má intenção, foi ocasião para o Senhor afirmar, de maneira solene e inequívoca, a verdadeira hierarquia dos valores à luz de Deus: o mandamento fundamental é o do amor a Deus e ao próximo. Ao ser interrogado sobre qual era o maior mandamento, Jesus acrescenta também qual é o segundo, não fosse julgar-se que, ao pretender amar-se a Deus, se poderia humilhar o próximo, como parece ter sido intenção daquele que O interrogou.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos e fazei que a celebração destes mistérios dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 19, 6
Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.

Ou Ef 5, 2

Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes santos mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 21 de outubro de 2017

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR…





29.º Domingo do tempo comum – 22 Outubro 2017


«…E A DEUS O QUE É DE DEUS»

Naquela época, os fariseus retiraram-se e chegaram a um acordo para envolver Jesus com uma pergunta. Eles enviaram-lhe discípulos com os adeptos de Herodes e disseram-lhe: “Mestre, sabemos que você é sincero e ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade, e que ninguém se preocupa consigo, porque você não vê o que as pessoas são. Então, o que acha: é lícito pagar impostos a César ou não?” Compreendendo a sua má vontade, Jesus disse-lhes: “Hipócritas, por que me tentam? Mostrem-me a moeda do imposto”. Eles apresentaram-lhe um denário. Ele perguntou-lhes: “De quem é a face e esta inscrição?” Eles responderam: “De César”. Então ele disse lhes: “Dai a César o que pertence a César e a Deus o que pertence a Deus”. (Mt 22: 15-21)
Esta é a questão que se levantam em Jerusalém no momento-chave de sua revelação messiânica. O sinal do fundo é o denário do tributo, que Jesus não carrega, não por acaso (como se estivesse esquecido de aceitar), mas, por princípio, ele pediu aos discípulos que anunciassem o Reino sem dinheiro ou roupas de reposição Mc 6, 6b-13).
É por isso que ele disse ao homem rico para vender o que ele tinha, para distribuir o que obtivesse pelos pobres, para iniciar uma forma pela qual casas, campos e compromissos familiares devessem ser compartilhados (ver Mc 10, 17-31). Neste contexto, a relação entre o movimento de Jesus e o império, com base na situação tensa da Palestina (Israel), que depois de alguns anos (67 dC) termina numa dura guerra contra Roma:
- Os defensores do Império pretendem justificar a economia e a política de Roma pagando impostos que são entendidos como uma forma de participar desse Império, em comunhão com outros povos dessa época. O denário do tributo é uma forma de contribuir para a ordem externa (mundana) de Deus.
- Os inimigos do Império, compreenderão o tributo como um ataque contra a sacralidade israelita. Possivelmente, identificam a família de Deus com o grupo nacional judeu e querem cunhar a sua própria moeda, marcada como Jerusalém. É por isso que eles rejeitam César e o seu imposto. Alguns ou outros, dizem que o que Jesus diz, e até podem acusá-lo: se ele afirma, chamá-lo-ão de colaboracionista; se negar, insubmisso, anti-romano…
Bem, Jesus não defende a oposição violenta (não paga guerra contra Roma), mas apoia a ordem de Roma porque sabe que ao tentá-lo, respondendo que se deve devolver o dinheiro a César, se e quando for de César. Em princípio, podemos assumir que ele se opôs ao pagamento do imposto, não só pelo que implicava em colaboração com o Império, mas também porque esse imposto estava ao serviço de uma economia baseada em dinheiro.
Nessa linha, a sua resposta (devolveria a César o que pertence a César e atribuiria a Deus o que é de Deus!) Não pode ser entendida como uma declaração de guerra contra Roma, nem como aceitação do seu tributo, mas obriga-nos a elevar o nível, convidando-nos a um tipo diferente de comunhão humana.
Jesus, portanto, coloca-se “fora da lei”, não contra ela, mas à margem, pois ele busca as “coisas de Deus” (Mc 8, 33) além do dinheiro e da espada, não num plano de ideais feitas para o espírito, mas de relações humanas (como o Sermão do Monte indica: Mt 5-7; Lc 6: 20-46). As “coisas” de Deus que definem a identidade de seu projecto messiânico estão situadas num espaço de gratuidade e pão compartilhado, não dinheiro e talião, como o Mt 5: 21-48 sabe: “vós já ouvistes falar do que foi dito; Eu, no entanto, digo...”.
- É legítimo pagar ou não? Os fariseus e os herodianos querem colocar Jesus, perante um dilema entre o sim e o não; e, num plano monetário, numa sociedade camponesa na qual o dinheiro quase não circula, para muitos, quase não há mais dinheiro do que o imposto. Mas Jesus superou esse dilema. Não se trata de pagar ou não pagar, mas de se colocar numa dimensão superior à da revelação de Deus, isto é, de humanidade, de solidariedade, acima de uma economia e política fundada na posse da moeda. Jesus não aceita o tributo ou rejeita-o, mas ultrapassa esse plano monetário (pagando ou não pagando), exigindo que o dinheiro de seus impostos seja devolvido a Roma, iniciando assim um curso diferente do evangelho.
- Jesus não tem dinheiro, e então pergunta a um de seus tentadores. Eles trazem-no (o denário), e ele olha-o, pedindo a inscrição e a imagem gravada sobre ele. Por um lado, ele quer superar o nível de economia em que parecem situar tudo. Por outro lado, ele sabe que a moeda tem valor legal (económico), mas não é profano, no sentido moderno do termo, onde se gravou uma imagem do César, que actua como autoridade religiosa nele, como sinal de divindade. Também a inscrição (que poderia ser “Tiberius César Augusto, filho do divino Augusto”) tinha carácter sagrado. De acordo com isso, o tributo do César colocou os homens diante de um “deus” que age por interesse do dinheiro (Mammon) e que Jesus não pode aceitá-lo, como já disse no Mt 6, 24.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 16, 6.8.9
Respondei-me, Senhor, quando Vos invoco,
ouvi a minha voz, escutai as minhas palavras.
Guardai-me dos meus inimigos, Senhor.
Protegei-me à sombra das vossas asas.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is 45, 1.4-6

«Tomei Ciro pela mão direita para subjugar diante dele as nações»

O Evangelho de hoje vai afirmar a relação entre o poder temporal e o poder espiritual. Mas Deus é Senhor de todos os homens, e nada nem ninguém é autónomo em relação a Ele. Deus realiza os seus desígnios, que são sempre de salvação, através dos homens e das instituições humanas, por vezes até de maneira muito clara, como se mostra nesta leitura: o rei da Pérsia, Ciro, um pagão, é instrumento de Deus para a libertação do seu povo.

Leitura do Livro de Isaías
Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: «Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias. Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, para que se saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 95 (96), 1.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7b)
Refrão:          Aclamai a glória e o poder do Senhor. (Repete-se)

Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas. (Refrão)

O Senhor é grande e digno de louvor,
mais temível que todos os deuses.
Os deuses dos gentios não passam de ídolos,
foi o Senhor quem fez os céus. (Refrão)

Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder.
Dai ao Senhor a glória do seu nome,
levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios. (Refrão)

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d’Ele a terra inteira.
Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,
governa os povos com equidade. (Refrão)


LEITURA II – 1 Tes 1, 1-5b

«Recordamos a vossa fé, caridade e esperança»

Começamos hoje a leitura da primeira epístola aos Tessalonicenses, a comunidade cristã existente na cidade de Tessalónica (ou Salónica), no norte da Grécia. Como de costume, S. Paulo começa com uma acção de graças, hoje, por verificar o progresso espiritual desses cristãos. Como podemos observar, os Apóstolos pregavam e escreviam como verdadeiros mestres e pastores, e não apenas como moralistas ou legisladores. E sempre será esta a verdadeira finalidade da pregação na Igreja: levar os seus filhos a crescerem nos caminhos do reino de Deus, o que é para ela fonte de alegria e de acção de graças.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz estejam convosco. Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações. Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai. Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a acção do Espírito Santo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Filip 2, 15d.16a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 22, 15-21

«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus»

Perante o poder temporal, aqui representado por César, o imperador de Roma – que ao tempo de Jesus imperava também na Terra Santa – a atitude de Jesus é de respeito pela sua autonomia, mas reivindica, ao mesmo tempo, as exigências primordiais do serviço de Deus, às quais nada se pode antepor. E, ao mesmo tempo, denuncia a falta de sinceridade dos que O interrogavam; sem ela, ninguém se poderá dirigir a Deus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que possamos servir ao vosso altar
com plena liberdade de espírito, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 32, 18-19
O Senhor vela sobre os seus fiéis,
sobre aqueles que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas,
para os alimentar no tempo da fome.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Senhor,
que a participação nos mistérios celestes nos faça progredir na santidade,
nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos bens eternos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 14 de outubro de 2017

CONVIDAI PARA AS BODAS TODOS OS QUE ENCONTRARDES





28.º Domingo do tempo comum – 15 Outubro 2017


«A VESTE NUPCIAL»

É em Jesus que Deus convoca os homens para uma nova aliança, simbolizada pela festa de casamento. Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam ao sistema religioso que defende os seus interesses e, por isso, não aceitam o chamamento de Jesus. Estes são julgados e destruídos juntamente com o sistema que defendem. O convite é dirigido então aos que não estão comprometidos com tal sistema, mas, pelo contrário, são até marginalizados por ele. Começa a história no novo povo de Deus, formado de pobres e oprimidos. Os versículos 11-14, porém, mostram que até mesmo estes últimos serão excluídos. Se não realizarem a prática da nova justiça (traje de festa). A pertença efectiva à comunidade cristã não é simples questão de ser incluído no número dos membros de determinada comunidade. Requer-se ao discípulo assumir um modo de proceder compatível com a sua condição. É a justiça do Reino, que distingue os discípulos de Jesus dos discípulos de outros mestres. A parábola do rei que expulsou da festa o convidado encontrado sem a veste nupcial chama a atenção para a importância de se ter um comportamento compatível com a condição de discípulo. O banquete para as bodas do filho estava pronto, mas os convidados recusaram-se a comparecer. Então, o rei enviou os seus servos a chamar quantos encontrassem pelo caminho e trazê-los para a festa. E a sala encheu-se de convidados. Um deles, porém, foi expulso por não trajar a veste nupcial. Era um intruso e mereceu ser posto para fora. Algo parecido aconteceu com o Reino. Os convidados especiais eram os judeus. Eles, porém, recusaram-se terminantemente a alegrar-se com a presença do Reino, na pessoa de Jesus. As portas do Reino foram, então, abertas a todos, sem distinção. A única condição que se lhes impunha era a de pautarem as suas vidas pelo projecto do Pai, proclamado por Jesus. Caso contrário, seriam merecedores de castigo, como os que rejeitaram formalmente o Reino. Temos aqui uma narrativa parabólica na qual se pode perceber o estilo e a criação literária de Mateus. A presença da violência e da crueldade está também em algumas outras parábolas de Mateus, o que não acontece na narrativa de Lucas, paralela a esta. A cidade incendiada pelas tropas do rei parece referir-se a Jerusalém incendiada pelos romanos no ano setenta, que Mateus interpreta como castigo pela morte de Jesus. A parábola é dirigida aos chefes dos judeus, que se julgavam o povo eleito, e que, rejeitando Jesus, perderam o seu espaço para os gentios que creram e aderiram a Jesus.




MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 129, 3-4
Se tiverdes em conta as nossas faltas, Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão, Senhor Deus de Israel.

ORAÇÃO COLECTA
Nós Vos pedimos, Senhor, que a vossa graça preceda e acompanhe sempre as nossas acções e nos torne cada vez mais atentos à prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is 25, 6-10a

«O Senhor preparará um banquete e enxugará as lágrimas de todas as faces»

O banquete é, com frequência, na Sagrada Escritura, figura da reunião dos homens no reino de Deus. Assim como também hoje se lê em Isaías, aí o banquete é o lugar de encontro de todos os povos, todos eles chamados à comunhão na montanha onde o Senhor habita, o Monte Sião, figura da Igreja de Cristo.

Leitura do Livro de Isaías
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 6cd)
Refrão: Habitarei para sempre na casa do Senhor.. (Repete-se)

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma. (Refrão)

Ele me guia por sendas direitas
por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança. (Refrão)

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda. (Refrão)

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre. (Refrão)


LEITURA II – Filip 4, 12-14.19-20

«Tudo posso n’Aquele que me conforta»

A experiência da prisão serviu a São Paulo para ele sentir mais profundamente que Cristo era tudo na vida; e por isso, ao mesmo tempo que agradece aos destinatários da sua carta o que eles lhe tinham enviado, afirma que em Cristo encontra toda a sua força e confiança.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus. Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Ámen.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ef 1, 17-18
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 22, 1-14

«Convidai para as bodas todos os que encontrardes»

Uma vez mais, a parábola do banquete serve para simbolizar o reino de Deus. Jesus anuncia aos seus ouvintes que o Evangelho, por eles rejeitado, vai ser anunciado a outros, e, destes, muitos o hão-de aceitar. Não é já a raça de Abraão segundo a carne que há-de encher a sala do banquete, mas todos aqueles que, pela fé, se hão-de tornar filhos de Abraão. A todos os povos se abrem as portas do reino dos Céus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na ver­dade, muitos são os chamados, mas poucos os esco­lhidos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as orações e as ofertas dos vossos fiéis e fazei que esta celebração sagrada nos encaminhe para a glória do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 11
Os ricos empobrecem e passam fome;
mas nada falta aos que procuram o Senhor.

Ou1 Jo 3, 2
Quando o Senhor Se manifestar,
seremos semelhantes a Ele,
porque O veremos na sua glória.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade, que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, tornai-nos também participantes da sua natureza divina.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 7 de outubro de 2017

A PEDRA QUE OS CONSTRUTORES REJEITARAM TORNOU-SE A PEDRA ANGULAR


27.º Domingo do tempo comum – 08 Outubro 2017



«ARRENDARÁ A VINHA A OUTROS VINHATEIROS»

A alegoria da vinha inaugura o tema das núpcias de Javé em Israel, tema que voltará frequentemente na literatura bíblica. Às vezes, Israel é designada como vinha (Jr 2, 21; Ez 15, 1-8; 17, 3-10; 19, 10-14; Sl 79, 9-17), outras vezes, como a esposa acariciada e depois repudiada (Ex 16; Mt 22, 2-14; 25, 1-13). Neste cântico de Isaías, as duas linhas misturam-se perfeitamente, através de uma como que superposição de imagens. A intervenção do profeta lembra o papel do amigo do Esposo.

A imagem da vinha
As atenções de que a vinha é cercada (v. 2; ver também evangelho) são as que Deus prodigaliza à sua esposa (Ex. 16, 1-14; Ef 5, 25-33). O julgamento que Deus faz sobre a vinha efectua-se em público, como exigia a Lei em caso de adultério. Enfim, a condenação da vinha à esterilidade é a maldição prometida à esposa infiel (Ez 16, 35-43; Os 2, 4-15).
A figura da vinha, como aliás a da esposa, torna-se como que um exemplo da história da salvação, do modo de agir de Deus perante o seu povo e o mundo inteiro.
O amor de Deus pelos homens revela-se de modo dramático, mas, por fim é sempre o amor que triunfa sobre a recusa e a infidelidade do homem. Vemos assim, imediatamente, a diferença entre a primeira leitura e o evangelho. Enquanto, segundo o profeta, Deus abandona a vinha que não produz frutos, na parábola ela é confiada a outros “vinhateiros que lhe darão os frutos a seu tempo”. Desse modo é indicada a tarefa da Igreja depois da morte de Jesus. A Igreja é o novo povo que tem a missão de “dar frutos”. Por isso, tornou o lugar de Israel e o tomou por ocasião da Páscoa, quando “a pedra que os construtores haviam rejeitado se tornou pedra angular”. Esta pedra é Jesus, que, rejeitado e crucificado, agora ressuscitou e se torna o fundameno estável sobre o qual deverá apoiar-se toda construção futura.
O ensinamento é o da parábola precedente (vide 26º domingo), mas aqui a perspectiva amplia-se na dimensão cristológica. Compreendem-se melhor as obras requeridas: obras que exigem a morte, que passam através da aceitação do mistério de Cristo morto e ressuscitado.

Eleição e reprovação
O velho Simeão tinha previsto que Jesus seria um “sinal de contradição” e que fora posto “para a queda e o soerguimento de muitos” (Lc 2, 34). A parábola de hoje é uma interpretação desta profecia e um anúncio da páscoa de Jesus. O povo “eleito” rejeita Jesus como messias, continuando a tradição de rejeitar os profetas, porque a mensagem deles não coincide com as suas expectativas e os seus interesses de poder. Israel rejeita Jesus, Deus repudia o seu povo, mas a história da salvação continua de um modo novo.
A imagem da história de Israel e o seu misterioso destino evocam-nos também, hoje, o mistério de uma eleição que se transforma na reprovação, enquanto surgem e se põem à frente novos eleitos, novos predestinados. Nenhum de nós, cristãos, se sente excluído deste tremendo e insondável mistério, porque as vicissitudes do povo eleito podem repetir-se na história e na consciência de cada um de nós, enquanto a eleição da parte de Deus exige sempre uma resposta pessoal.

As Igrejas mortas no futuro
Nós temos, certamente, a promessa de que o “novo povo” não será reprovado, e de que as potências do mal não prevalecerão contra a Igreja, mas é sempre impressionante pensar como várias das comunidades muito florescente, dos primeiros séculos (as Igrejas da África e da Ásia Menor) foram abolidas da face da terra, não permanecendo delas senão o nome e a lembrança. Que sucederá com as comunidades cristãs do Ocidente, dentro de alguns séculos? Serão Igrejas florescente, comunidades fervorosas e vivas, ou o facho da fé e da eleição passará para as mãos das novas Igrejas? Falar-se-á das nossas Igrejas do Ocidente como agora falamos da Igreja de Pérgamo, de Filadélfia ou de Hipona? Isto é, como de Igrejas do passado, cuja lembrança só sobrevive na memória e nos monumentos?
O processo de secularização e de secularismo, que, em muitos casos, já reduziu a Igreja a estado de diáspora e de presença pouco significativa, abolirá das nossas regiões todo vestígio de tradição e de cultura cristã, ou será ocasião para a redescoberta de um modo de ser cristão e de viver o evangelho?


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Est 13, 9.10-11
Senhor, Deus omnipotente, tudo está sujeito ao vosso poder e ninguém pode resistir à vossa vontade.
Vós criastes o céu e a terra e todas as maravilhas que estão sob o firmamento.
Vós sois o Senhor do universo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, no vosso amor infinito, cumulais de bens os que Vos imploram muito além dos seus méritos e desejos, pela vossa misericórdia, libertai a nossa consciência de toda a inquietação e dai-nos o que nem sequer ousamos pedir.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is 5, 1-7

«A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel»

Esta primeira leitura ajuda-nos a compreender depois a do Evangelho, que nos vai falar dos vinhateiros homicidas. A vinha de que uma e outra leitura nos fala é a casa de Israel, o povo de Deus. O Senhor cuida deste povo como o bom agricultor cuida das suas vinhas. Mas este povo nem sempre correspondeu ao carinho que o Senhor teve para com ele.

Leitura do Livro de Isaías
Vou cantar, em nome do meu amigo, um cântico de amor à sua vinha. O meu amigo possuía uma vinha numa fértil colina. Lavrou-a e limpou-a das pedras, plantou-a de cepas escolhidas. No meio dela ergueu uma torre e escavou um lagar. Esperava que viesse a dar uvas, mas ela só produziu agraços. E agora, habitantes de Jerusalém, e vós, homens de Judá, sede juízes entre mim e a minha vinha: Que mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito? Quando eu esperava que viesse a dar uvas, porque é que apenas produziu agraços? Agora vos direi o que vou fazer à minha vinha: vou tirar-lhe a vedação e será devastada; vou demolir-lhe o muro e será espezinhada. Farei dela um terreno deserto: não voltará a ser podada nem cavada, e nela crescerão silvas e espinheiros; e hei-de mandar às nuvens que sobre ela não deixem cair chuva. A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel e os homens de Judá são a plantação escolhida. Ele esperava rectidão e só há sangue derramado; esperava justiça e só há gritos de horror.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 79 (80), 9.12.13-14.15-16.19-20 (R. Is 5, 7a)
Refrão: A vinha do Senhor é a casa de Israel. (Repete-se)

Arrancastes uma videira do Egipto,
expulsastes as nações para a transplantar.
Estendia até ao mar as suas vergônteas
e até ao rio os seus rebentos. (Refrão)

Porque lhe destruístes a vedação,
de modo que a vindime
quem quer que passe pelo caminho?
Devastou-a o javali da selva
e serviu de pasto aos animais do campo. (Refrão)

Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha.
Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós. (Refrão)

Não mais nos apartaremos de Vós:
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.
Senhor Deus dos Exércitos, fazei-nos voltar,
iluminai o vosso rosto e seremos salvos. (Refrão)


LEITURA II – Filip 4, 6-9

« Ponde isto em prática e o Deus da paz estará convosco»

No meio de todos os valores deste mundo, que realmente o sejam, os cristãos não devem ter medo de os apreciar e deles se servirem. Tudo são dons do Deus da paz, Criador e Senhor de todos eles. Assim respondia o Apóstolo aos primeiros cristãos que viviam no meio dos pagãos e não sabiam, por vezes, como haviam de proceder em relação aos valores que encontravam na civilização deles.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Não vos inquieteis com coisa alguma. Mas, em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e acções de graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o que é amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor é o que deveis ter no pensamento. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim é o que deveis praticar. E o Deus da paz estará convosco.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 15, 16
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 21, 33-43

«Arrendará a vinha a outros vinhateiros»

Usando a mesma comparação que já encontrámos na primeira leitura, Jesus como que faz o julgamento do seu povo, que, no fim de ter sido, já tantas vezes, infiel a Deus ao longo do Antigo Testamento, agora O rejeita a Ele, o próprio Filho que Deus lhe enviou. O resultado será que outros virão a aproveitar do dom que eles rejeitaram. Foi assim que os pagãos, estranhos até então ao povo de Deus, vieram a entrar no seu povo, a Igreja de Cristo, a que hoje pertencemos.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles responderam: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, o sacrifício que Vós mesmo nos mandastes oferecer e, por estes sagrados mistérios que celebramos, confirmai em nós a obra da redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Lam 3, 25
O Senhor é bom para quem n’Ele confia, para a alma que O procura.

Ou – 1 Cor 10, 17
Porque há um só pão, todos somos um só corpo, nós que participamos do mesmo cálice e do mesmo pão.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso,
que neste sacramento saciais a nossa fome e a nossa sede, fazei que, ao comungarmos o Corpo e o Sangue do vosso Filho, nos transformemos n’Aquele que recebemos.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.