DOMINGO DE PÁSCOA
JESUS NÃO ESTÁ MORTO
A fé na ressurreição tem dois aspectos. O
primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual
se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou
prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está
vivo e o discípulo que o ama intui essa realidade. A vida de Jesus foi uma
doação de amor total aos que lhe estavam próximos e às multidões com as quais
se comunicava. Os discípulos que com ele conviveram, desde o baptismo de João
até a crucificação, tiveram uma experiência mais profunda deste amor. O próprio
Jesus afirmou a sua comunhão de amor e vida eterna com o Pai e revelou aos
discípulos o caminho para esta comunhão. Após a crucificação, com o
amadurecimento da experiência que tiveram com Jesus, estes discípulos o
reencontram “de pé” (anistemi ou egeiro, colocar-se de pé;
traduzido por ressuscitar), enviando-os em missão. Entre as primeiras
comunidades de discípulos circulavam duas tradições. Segundo uma delas, após a
crucifixão, tendo Jesus sido sepultado no penúltimo dia da semana, seu túmulo
foi encontrado vazio pelas mulheres que para aí se dirigiram ao amanhecer do
segundo dia que se seguiu. Era sinal de que ele se tinha “levantado” ou
ressuscitado. Conforme a outra tradição, após a sua morte e sepultura, Jesus apareceu
a alguns de seus discípulos. O texto de hoje, do evangelho de João, apresenta a
narrativa do encontro do túmulo vazio. Para o discípulo amado, a ausência do
corpo de Jesus não impediu que ele compreendesse que Jesus continuava presente
entre eles. Pela experiência do amor vivido, ele creu. Pedro e os demais ainda
não tinham compreendido o sentido da vida de Jesus. Seriam necessárias
aparições em que Jesus “se manifestasse, não a todo o povo, mas às testemunhas
designadas de antemão por Deus”. Acreditar na ressurreição é crer no dom da
vida eterna pela graça de Deus. Este dom é-nos concedido a partir da encarnação
do Filho de Deus, na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. Jesus, humano e
divino, na sua vida terrena já vive a dimensão de eternidade, e nós, como
ressuscitados, vivemos com ele. Não é no sepulcro ou no passado que se procura
Jesus. É hoje, com a sensibilidade que nos faz perceber a sua presença entre os
pobres e excluídos.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 139, 18.5-6
Ressuscitei e estou convosco para sempre; pusestes sobre mim a vossa
mão: é admirável a vossa sabedoria.
Ou - Lc 24, 34; cf. Ap
1, 5
O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Glória e
louvor a Cristo para sempre. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito,
vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que,
celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso
Espírito, ressuscitemos para a luz da vida.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Act.
10, 34a, 37-43
Diante de
pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia
chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia»,
garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles
dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:
– Jesus de
Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples
homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o
Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo
presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.
Pela
Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e
dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.
Leitura
dos Actos dos Apóstolos
Naqueles
dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a
Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu
com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e
curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele.
Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém;
e eles mataram-n'O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e
permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão
designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter
ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele
foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os
profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a
remissão dos pecados».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23
Refrão: Este é o dia que
o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. (Repete-se)
Ou: Aleluia (Repete-se)
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a Sua misericórdia. (Refrão)
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor. (Refrão)
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
e é admirável aos nossos olhos. (Refrão)
LEITURA II – Col.
3, 1-4
Pelo seu
Baptismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida
nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir
os homens e todas as coisas para o Pai.
Inserido nas
realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos
esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça
e paz.
Inserido nas
realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins
terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo.
Feito nova
criatura pela Ressurreição de Cristo, o cristão viverá a vida de cada dia, sem
perder de vista o fim superior, para que foi criado.
Leitura
da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Colossenses
Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se
encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da
terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis
de manifestar com Ele na glória.
Palavra do Senhor
SEQUÊNCIA PASCAL
À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo,
e a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.
ACLAMAÇÃO ANTES DO
EVANGELHO – Filip 2, 8-9
Refrão: Aleluia (Repete-se)
Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do
Senhor. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 20, 1-9
Pedro
e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio,
naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à
conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre
incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente
dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos
para a realidade.
No
seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição.
Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o
primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico,
descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus.
Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como
«rocha» inabalável.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No
primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao
sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão
Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor
do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e
foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo
antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao
sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto,
chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras
no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as
ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara
primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a
Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Exultando de alegria pascal, nós Vos oferecemos, Senhor, este
sacrifício, no qual tão admiravelmente renasce e se alimenta a vossa Igreja.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – 1 Cor 5, 7-8
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado: celebremos a festa com o pão
ázimo da pureza e da verdade. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, protegei sempre com paternal
bondade a vossa Igreja, para que, renovada pelos mistérios pascais, mereça
chegar à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.