sábado, 30 de junho de 2018

A FILHA DE JAIRO E A MULHER HEMORRÁGICA


Domingo XIII do Tempo Comum – ano B – 1JUL2018


 

















Bastará dizer: estamos aqui!


Jairo era chefe de uma sinagoga. Entre as suas atribuições estava a de presidir à assembleia, interpretar a lei, decidir sobre questões legais, administrar a justiça, abençoar os casamentos, decretar os divórcios, dirigir o culto na sinagoga, fazer a selecção daqueles que deveriam liderar a oração, ler as escrituras e pregar. Geralmente, apenas uma pessoa ocupava essa posição em cada sinagoga, tornando-se alguém influente na sua comunidade.
Jairo era um homem respeitado, culto, inteligente, com boa formação académica e religiosa. Mas, quando Jesus desceu do barco e a multidão festejava o seu retorno, o semblante de Jairo não era de alegria. Ele demonstrava um misto de tristeza e esperança. A sua filha de doze anos estava à beira da morte.
Aos doze anos, naquele tempo, as raparigas eram consideradas de maioridade. Os pais já não tinham quaisquer obrigações sobre elas. Ou as davam em casamento, ou livravam-se de responsabilidades directas, podendo explorar a filha sem limites legais – quase como escrava. Mas, Jairo amava a filha…
A multidão está reunida em torno de Jesus (5,21), e não na sinagoga. O próprio chefe da sinagoga, Jairo, vem também a Jesus, em busca de socorro para sua filha que estava à morte.
Perder um filho deve ser uma experiência tenebrosa. É uma situação que foge ao curso natural da vida.

Acompanhando Jairo, Jesus dá atenção a uma mulher excluída que o toca e fica curada. A dedicação ao chefe da sinagoga não distrai Jesus da atenção para com os pobres excluídos, as mulheres que, para Jesus têm o mesmo direito que os homens e até as prioriza.

Na casa do chefe da sinagoga aqueles que choravam zombam de Jesus. Tomando a menina pela mão, Jesus ordena que ela se levante. Assim acontece. Jesus pede que dêem de comer a menina, realçando sua recuperação.

Durante a sua vida, Jesus configurou um novo tipo de discípulos itinerantes. Mas a sua atitude mais inovadora e audaz foi a de ter admitido mulheres nesse grupo, que viajavam com ele, compartilhando essas instruções.
Na sua época, as mulheres não gozavam de tais liberdades. Não era bem visto que tivessem tratamento directo com homens que não fossem seus próprios familiares (Jn 4, 27). E, quando iam ao templo, no caso de uma festa religiosa, não podiam entrar no pátio onde estavam os homens, devendo permanecer num claustro exclusivo. Também quando iam rezar nas sinagogas, permaneciam separadas dos homens.
Afastadas dos problemas sociais, excluídas da vida pública, separadas dos debates religiosos, sem concorrência em questões políticas, eram as grandes perdedoras na sociedade judia dos tempos de Jesus. A sua função reduzia-se ao cuidado da casa e dos filhos. Por isso não deixa de surpreender a ousadia do Mestre de Nazaré.
Nas mãos de Jesus, no grupo de Jesus, na escola de Jesus, todos somos valiosos e importantes. Mais ainda, todos somos necessários.
Daquelas mulheres, que a sociedade da época não considerava, Jesus soube extrair enormes riquezas e descobrir um potencial impressionante. Porque o nosso valor como pessoas não depende da aceitação dos demais, nem de que os outros nos reconheçam ou aprovem. Depende do chamamento de Jesus para cada um. Isso é o que torna alguém extraordinariamente importante. E ele ainda continua a chamar-nos a fazer coisas grandiosas. Todos. Basta escutá-lo e perguntar-lhe: aonde nos quer levar? Com Jesus não se deve perguntar se é homem ou se é mulher. Bastará dizer: estamos aqui.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 46, 2
Louvai o Senhor, povos de toda a terra,
aclamai a Deus com brados de alegria.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que pela vossa graça nos tornastes filhos da luz,
não permitais que sejamos envolvidos pelas trevas do erro,
mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Sab 1, 13-15; 2, 23-24

«Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo»

O Evangelho fala-nos hoje da ressurreição. Desde esta primeira leitura, a palavra de Deus procura esclarecer-nos sobre o sentido da morte: ela não é, de maneira nenhuma, um objectivo na obra da criação. Deus tudo criou para a vida. A morte é um obstáculo interposto à vida, como o é o pecado, com que o homem se opõe à realização do plano de graça do Senhor. Mas, do pecado e da morte, Jesus Cristo nos salvou.

Leitura do Livro da Sabedoria
Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra, porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 29 (30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
Refrão: Eu Vos louvarei, Senhor, porque me salvastes. (Repete-se).

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem
os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer ao túmulo. (Refrão)

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria. (Refrão)

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente. (Refrão)


LEITURA II – 2 Cor 8, 7.9.13-15

«Aliviai com a vossa abundância a indigência dos irmãos pobres»

S. Paulo está procurando angariar fundos, na comunidade de Corinto, para socorrer a comunidade muito pobre de Jerusalém. Procura, para isso, fazer compreender aos cristãos que esta troca de bens materiais vem, por um lado, estabelecer a igualdade entre todos, e, por outro, proporcionar-lhes ocasião de se mostrarem generosos, eles que foram tão enriquecidos à custa da pobreza que o Senhor quis suportar por todos nós.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».
Palavra do Senhor


ALELUIA – 2 Tim 1, 10

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte
e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 5, 21-43

« Menina, Eu te ordeno: Levanta-te»

Dois milagres, em que Jesus Se manifesta o Senhor da vida. Mais de uma vez, Ele próprio Se definiu como sendo a Vida. É assim, porque é o Filho de Deus. Fazendo-Se homem, a sua humanidade é agora o instrumento, bem próximo de nós, da sua divindade, de sorte que aproximar-se d’Ele é aproximar-se da Vida, como o pôde experimentar a mulher doente e a filha de Jairo, que morrera. É pela fé que nos podemos aproximar de Jesus, fé que, nos sacramentos, nos leva a ver o prolongamento dos gestos do Senhor no meio dos homens.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?». Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que assegurais a eficácia dos vossos sacramentos, fazei que este serviço divino seja digno dos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 102, 1
A minha alma louva o Senhor,
todo o meu ser bendiz o seu nome santo.

Ou – Jo 17, 20-21

Pai santo, Eu rogo por aqueles
que hão-de acreditar em Mim,
para que sejam em Nós confirmados na unidade
e o mundo acredite que Tu Me enviaste.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor, que o Corpo e o Sangue do vosso Filho, oferecidos em sacrifício e recebidos em comunhão, nos dêem a verdadeira vida, para que, unidos convosco em amor eterno, dêmos frutos que permaneçam para sempre.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 23 de junho de 2018

O SEU NOME É JOÃO





Domingo XII do Tempo Comum – ano B – 24JUN2018



DEUS TEM PIEDADE

O nome de João (= Deus tem piedade) é o sinal que evidencia o projecto de Deus sobre a criança e a sua missão. Lucas, de maneira original, começa o seu evangelho com as narrativas de infância de João Batista e de Jesus. Estas narrativas iniciam-se com os anúncios dos nascimentos dos meninos feitos a Zacarias, esposo de Isabel, e a Maria. E terminam com as narrativas do nascimento dos dois, João Baptista e Jesus. Com tais narrativas Lucas acentua de maneira convincente a íntima relação entre as missões proféticas de João e de Jesus. O ministério de Jesus inicia-se a partir de seu encontro com João Batista, e o conteúdo do anúncio de Jesus assemelha-se ao do João Baptista. No Novo Testamento, depois do nome de Pedro, o nome de João Baptista é o que mais aparece nos textos, ultrapassando muito as demais ocorrências dos nomes dos próprios apóstolos. Zacarias era sacerdote do Templo de Jerusalém. João, filho único, deveria receber o nome do pai, bem como manter a sua linhagem sacerdotal hereditária. Contudo, conforme o anúncio do anjo, o nome que lhe dão é João. Um nome diferente que já prenuncia a ruptura com o sacerdócio e com o Templo de Jerusalém. João actuará como profeta nas regiões desérticas da Judeia, longe de Jerusalém. Chamado desde o seio materno para a sua missão profética, João foi associado ao servo do livro de Isaías (primeira leitura). Ele abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. João caracteriza-se pelo seu baptismo de conversão (segunda leitura). É a conversão à justiça, pela qual o pecado é superado. Jesus, assumindo em si todos os valores humanos, proclama a conversão à justiça como o ingresso no Reino de Deus, já presente entre nós. É o mundo novo, revestido de imortalidade e eternidade, no amor e na misericórdia. Com o nascimento de João Baptista, temos uma nova etapa na realização do projecto libertador e vivificante de Deus, já iniciado com as concepções de Isabel e Maria. A concepção de Isabel, em idade tardia e o nome comum “João” atribuído ao menino, sem semelhantes entre os parentes, ferindo a tradição sacerdotal, apontavam para uma vocação profética extraordinária do menino. Longe do Templo, nos desertos, João viverá, fortalecido pelo Espírito. João abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. Jesus, no seu ministério, consagra o anúncio do Reino da justiça e do perdão inaugurado por João.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Jo 1, 6-7; Lc 1, 17
Apareceu um homem enviado por Deus,
que tinha o nome de João.
Ele veio para dar testemunho da luz
e preparar o povo para a vinda do Senhor.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que enviastes São João Baptista a preparar o vosso povo para a vinda do Messias, concedei à vossa família o dom da alegria espiritual e guiai o coração dos fiéis no caminho da salvação e da paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 49, 1-6

«Farei de ti a luz das nações»


Leitura do Livro de Isaías
Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai atenção.
O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe. Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão.
Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava. E disse-me: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas forças».
Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no meu Deus. E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob e reconduzir os sobreviventes de Israel.
Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel.
Farei de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 138 (139), 1-3.13-14ab.14c-15 (R. 14a)
Refrão: Eu Vos dou graças, Senhor, porque maravilhosamente me criastes. (Repete-se).

Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser:
sabeis quando me sento e quando me levanto.
De longe penetrais o meu pensamento:
Vós me vedes quando caminho e quando descanso,
Vós observais todos os meus passos. (Refrão)

Vós formastes as entranhas do meu corpo
e me criastes no seio de minha mãe.
Eu Vos dou graças
por me terdes feito tão maravilhosamente:
admiráveis são as vossas obras. (Refrão)

Vós conhecíeis já a minha alma
e nada do meu ser Vos era oculto,
quando secretamente era formado,
modelado nas profundidades da terra. (Refrão)

LEITURA II – Actos 13, 22-26

«João tinha proclamado, antes da vinda de Cristo...»


Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo falou deste modo: «Deus concedeu aos filhos de Israel David como rei, de quem deu este testemunho: ‘Encontrei David, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará sempre a minha vontade’. Da sua descendência, como prometera, Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel. João tinha proclamado, antes da sua vinda, um baptismo de penitência a todo o povo de Israel. Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: ‘Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés’. Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus: a nós é que foi dirigida esta palavra de salvação».
Palavra do Senhor


ALELUIA – Lc 1, 76

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
irás à frente do Senhor a preparar os seus caminhos. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 1, 57-66.80

«O seu nome é João»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício e congratularam-se com ela. Oito dias depois, vieram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. Mas a mãe interveio e disse: «Não, Ele vai chamar-se João». Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que tenha esse nome». Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que o menino se chamasse. O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua e começou a falar, bendizendo a Deus. Todos os vizinhos se encheram de temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos. Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a ser este menino?». Na verdade, a mão do Senhor estava com ele. O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se. E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Trazemos ao altar, Senhor, os nossos dons para celebrarmos condignamente o nascimento de São João Baptista, que anunciou a vinda do Salvador do mundo e O mostrou já presente no meio dos homens.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Lc 1, 78
Graças ao coração misericordioso do nosso Deus,
das alturas nos visitou o Sol nascente.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes à mesa do Cordeiro celeste, concedei à vossa Igreja, que se alegra com o nascimento de São João Baptista, a graça de reconhecer o autor do seu renascimento espiritual n’Aquele cuja vinda ao mundo foi anunciada pelo Precursor.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 16 de junho de 2018

A MENOR DE TODAS AS SEMENTES TORNA-SE A MAIOR DE TODAS AS PLANTAS DA HORTA





Domingo XI do Tempo Comum - ano B - 17JUN2018



ENSINAR EM PARÁBOLAS

A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a acção de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. Diante das estruturas e acções desse mundo, a actividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente e, mesmo, ridícula. Mas ela crescerá até atingir o mundo inteiro. Jesus foi um Mestre paciente que soube adaptar os seus ensinamentos à capacidade de compreensão dos seus ouvintes. Este esforço pedagógico e didáctico resultou na escolha das parábolas como meio de transmitir as suas instruções. As parábolas não eram somente as comparações. Também os provérbios, ensinamentos, enigmas e outros recursos literários eram classificados como parábolas. Por isso, afirma-se que, sem parábolas, Jesus não lhes falava. Elas continham sempre um elemento para intrigar os ouvintes e levá-los a reflectir sobre a mensagem veiculada. Só quem estava muito sintonizado com Jesus era capaz de passar da parábola à sua mensagem e compreender o ensinamento do Mestre. Por isso, muita gente não sintonizada com Jesus ouvia suas palavras, sem entender nada. Até mesmo os discípulos, muitas vezes, não eram capazes de atinar com o que Jesus lhes ensinava através das parábolas. Era preciso que, em particular, o Mestre lhes explicasse tudo, iluminando-lhes as mentes para compreenderem como o Reino acontece na história humana. O discípulo esforça-se para entender as parábolas de Jesus, ou seja, para estar em sintonia total com o Mestre. Esta é a única maneira de captar os seus ensinamentos. Com estas duas parábolas com a imagem da semente, introduzidas com a expressão “Jesus dizia-lhes...”, Marcos encerra o bloco de parábolas por ele reunidas. A primeira destas duas é exclusiva de Marcos. A semente que germina e cresce por si mesma exprime a acção de Deus que comunica amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e a morte. A segunda parábola, da inexpressiva semente que se transforma numa árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz. A prática e o ensino de Jesus são caminho e luz.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 7.9
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica.
Vós sois o meu refúgio:
não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.

ORAÇÃO COLECTA
Deus misericordioso, fortaleza dos que esperam em Vós,
atendei propício as nossas súplicas;
e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana,
concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça,
para que as nossas vontades e acções Vos sejam agradáveis
no cumprimento fiel dos vossos mandamentos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Ez 17, 22-24

«Elevo a árvore modesta»

Foi talvez esta passagem do profeta que ofereceu a Jesus ocasião para anunciar as duas pequenas parábolas que vamos escutar no Evangelho. O profeta mostra-nos como de um pequeno ramo Deus pode fazer o começo de uma árvore frondosa. Assim foram os princípios e depois o desenvolvimento do reino de Deus, porque o vigor da vida de Deus aí estava.

Leitura da profecia de Ezequiel
Eis o que diz o Senhor Deus: «Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos, Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto. Na excelsa montanha de Israel o plantarei e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso. Nele farão ninho todas as aves, toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos. E todas as árvores do campo hão-de saber que Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16 (R. cf. 2a)
Refrão: É bom louvar-Vos, Senhor. (Repete-se).

É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade. (Refrão)

O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano;
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus. (Refrão)

Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. (Refrão)

LEITURA II – 2 Cor 5, 6-10

«Empenhamo-nos em agradar ao Senhor, quer continuemos a habitar neste corpo, quer tenhamos de sair dele»

O cristão vive neste mundo sempre numa grande tensão entre a experiência diária desta vida e a como que a saudade da vida futura, como exilado, mas cheio de esperança, sem nunca perder de vista o termo para onde caminha. Lá há-de encontrar toda a sua vida nas mãos de Deus, com o que nela tiver feito de bom ou de mau.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Nós estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele. Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido, enquanto esteve no corpo, quer o bem, quer o mal.
Palavra do Senhor


ALELUIA

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo:
quem O encontrar permanecerá para sempre. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 4, 26-34

«A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta»

A pregação de Jesus, ao apresentar o mistério do reino de Deus, e, depois, a pregação continuada na Igreja, é comparada a uma sementeira. O seu desenvolvimento é lento, mas constante e vigoroso, porque é forte a vitalidade da semente, que é a Palavra de Deus. É essa a vitalidade que a faz germinar, crescer, chegar à hora da colheita. A humildade dos começos não é obstáculo à grandeza que o reino de Deus há-de atingir na hora da ceifa.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que pelo pão e o vinho apresentados ao vosso altar dais ao homem o alimento que o sustenta e o sacramento que o renova, fazei que nunca falte este auxílio ao nosso corpo e à nossa alma.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 26, 4
Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.

Ou – Jo 17, 11

Pai santo, guarda no teu nome os que Me deste, para que sejam em nós confirmados na unidade, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que a sagrada comunhão nos vossos mistérios, sinal da nossa união convosco, realize a unidade na vossa Igreja.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 9 de junho de 2018

SATANÁS ESTÁ PERDIDO





Domingo X do Tempo Comum - ano B - 10JUN2018



A VERDADEIRA MISSÃO DE JESUS
O Evangelho relata, com muita simplicidade, que os familiares de Jesus o consideravam “louco”. O interesse suscitado pela pessoa do Mestre, que atraía multidões, deixava-os perturbados. É possível imaginar toda sorte de atitudes por parte dos que o procuravam. Quem necessitava da sua ajuda e era atendido deveria manifestar-se com exaltação, exageros, histerias, gritaria, barulho. Quem o via com suspeita, não devia poupar críticas, desprezo, maledicências. Por sua vez, os parentes não conseguiam entender o porquê de tudo isto. Nem tinham parâmetros para compreender as palavras de Jesus e captar-lhes o sentido profundo. Tampouco tinham como explicar o seu poder misterioso de fazer milagres e libertar os endemoniados. Por isso, pareceu-lhes prudente prendê-lo em casa, de modo a evitar o espectáculo deprimente de ver aquele seu familiar falando e fazendo desatinos. Na verdade, esses parentes já não eram os verdadeiros familiares de Jesus, que, agora, são outros: aqueles que ele chamou para serem os seus companheiros de missão. Estes, sim, pouco a pouco, foram-se tornando capazes de compreender a sabedoria escondida nos gestos e nas palavras do Mestre. Enganaram-se os que pensavam estar diante de um louco, pois ali encontrava-se a mais pura sabedoria manifestada por Deus à humanidade. A acusação que os escribas fizeram a Jesus é de extrema gravidade. Na avaliação deles, o Mestre estava possuído pelo demónio. E isto é considerado como uma blasfémia contra o Espírito Santo. Por quê? Toda a acção de Jesus desenrolava-se sob o impulso do Espírito Santo. O Mestre pregava e curava pelo poder do Espírito que recebera do Pai. A expulsão dos demónios resultava do mesmo poder. Jesus realizava actos poderosos porque o Espírito de Deus habitava nele. A blasfémia consistiu em confundir o Espírito Santo com Belzebu. Declarar Jesus possesso significava dizer que era habitado pelo mau espírito e, assim, negar totalmente a obra que Deus realizava através do seu Filho. A incapacidade de interpretar os factos de maneira correcta resultava não só da má vontade dos escribas relativamente a Jesus, mas também em relação a Deus. Por desconhecer a pedagogia da acção divina, recusavam-se a reconhecer o dedo do Pai na acção do seu Filho. Assim, punham-se a fazer considerações inconvenientes a respeito dele. Aos blasfemadores só restava um caminho para se tornarem objecto da misericórdia divina: reconhecer a presença de Deus na acção de Jesus e confessar que, no Filho, a libertação divina acontecia na história da humanidade oprimida. A presença da sua mãe e dos seus familiares, num momento de intensa actividade, permitiu a Jesus explicitar um aspecto importante do Reino instaurado por ele: o ponto de contacto entre ele e quem se tornou seu discípulo. Seria uma questão de amizade pessoal, ou tudo dependeria das preferências de Jesus? Os seus parentes teriam alguma precedência em relação aos demais? Nada disso tinha importância, já que o critério seria a submissão à vontade do Pai. Portanto, o ponto de contacto estaria ao nível interno, existencial. Por pautarem as suas vidas em idêntico projecto, cuja referência era o Pai, Jesus e os seus discípulos formariam uma grande família. Este critério de familiaridade com Jesus supera toda a limitação do espaço temporal. Entre nós e Jesus estabelecem-se estreitos laços de relacionamento, quando nos deixamos guiar pela mesma vontade divina. A identificação dar-se-á na semelhança de atitudes, uma vez que seremos levados a agir como ele. Por outro lado, o espírito de família impor-se-á entre nós, cristãos, quando nos encontrarmos unidos numa acção comum, fundada no amor e na justiça. Só então saberemos que somos irmãos e irmãs de Jesus. Este é o parentesco espiritual gerado pela opção pelo Reino, da qual nasce a verdadeira família de Jesus, que engloba todas as raças e culturas.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 1-2
O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei?
O Senhor é protector da minha vida: de quem hei-de ter medo?

ORAÇÃO COLECTA
Deus, fonte de todo o bem, ensinai-nos com a vossa inspiração a pensar o que é recto e ajudai-nos com a vossa providência a pô-lo em prática.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Gen 3, 9-15

«Estabelecerei inimizade entre a tua descendência e a descendência dela»

Perdida a amizade divina, pelo pecado, o homem e a mulher encontram-se reduzidos à sua condição de seres limitados e vêem crescer em si o orgulho e a fuga à responsabilidade.
O homem acusa a mulher. Esta desculpa-se com a serpente. Apesar disso, o Senhor promete o triunfo final do bem que há-de vencer a injustiça, o egoísmo. Jesus Cristo realizará a salvação de cada homem, e de toda a humanidade.

Leitura do Livro do Génesis
Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?». E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta há-de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no calcanhar».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 129 (130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)
Refrão: No Senhor está a misericórdia e abundante redenção. (Repete-se).
Ou:
No Senhor está a misericórdia, no Senhor está a plenitude da redenção. (Repete-se)

Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor,
Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos atentos
à voz da minha súplica. (Refrão)

Se tiverdes em conta os nossos pecados,
Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão
para Vos servirmos com reverência. (Refrão)

Eu confio no Senhor,
a minha alma confia na sua palavra.
A minha alma espera pelo Senhor
mais do que as sentinelas pela aurora. (Refrão)

Porque no Senhor está a misericórdia
e com Ele abundante redenção.
Ele há-de libertar Israel
de todas as suas faltas. (Refrão)


LEITURA II – 2 Cor 4, 13 – 5, 1

«Acreditamos; por isso falamos»

Os sofrimentos do dia a dia não preocupam o Apóstolo S. Paulo. Nem tão pouco o atormenta a condição de ser mortal, pois deposita toda a sua esperança no Senhor que lhe concederá uma morada eterna. Por isso, nos recomenda uma atenção especial para os bens do espírito, para aquilo que não se vê, mas é duradoiro.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei». Com este mesmo espírito de fé, também nós acreditamos, e por isso falamos, sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele. Tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais abundante multiplique as acções de graças de um maior número de cristãos para glória de Deus. Por isso, não desanimamos. Ainda que em nós o homem exterior se vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia. Porque a ligeira aflição dum momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória. Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Jo 12, 31b-32

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Chegou a hora em que vai ser expulso
o príncipe deste mundo, diz o Senhor;
e quando Eu for levantado da terra,
atrairei todos a Mim. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 3, 20-35

«Satanás está perdido»

Jesus é objecto de toda a espécie de calúnias. Os escribas vão ao ponto de O acusarem de pactuar com Belzebu o príncipe dos demónios. Nem por isso Jesus deixou de levar por diante a missão que o Pai lhe confiara – a implantação do Reino de Deus entre os homens. Muitos irmãos nossos lutam hoje contra o mal: contra o racismo, as torturas, as injustiças e a privação de liberdade. E também estes são acusados de estabelecerem a anarquia entre os homens. Colocamos nós a vontade de Deus acima de tudo?

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar. Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado para sempre». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, O mandaram chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?». E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para os dons que apresentamos ao vosso altar e fazei que esta oblação Vos seja agradável e aumente em nós a caridade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 17, 3
Sois o meu protector e o meu refúgio, Senhor;
sois o meu libertador; meu Deus, em Vós confio.

Ou – 1 Jo 4, 16
Deus é amor.
Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor, que a acção santificadora deste sacramento nos liberte das más inclinações e nos conduza a uma vida santa.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.