Domingo XIII do Tempo Comum – ano B – 1JUL2018
Bastará dizer: estamos aqui!
Jairo era chefe de uma sinagoga. Entre as suas atribuições
estava a de presidir à assembleia, interpretar a lei, decidir sobre questões
legais, administrar a justiça, abençoar os casamentos, decretar os divórcios, dirigir
o culto na sinagoga, fazer a selecção daqueles que deveriam liderar a oração,
ler as escrituras e pregar. Geralmente, apenas uma pessoa ocupava essa posição
em cada sinagoga, tornando-se alguém influente na sua comunidade.
Jairo era um homem respeitado, culto, inteligente, com boa
formação académica e religiosa. Mas, quando Jesus desceu do barco e a multidão
festejava o seu retorno, o semblante de Jairo não era de alegria. Ele
demonstrava um misto de tristeza e esperança. A sua filha de doze anos estava à
beira da morte.
Aos doze anos, naquele tempo, as raparigas eram consideradas
de maioridade. Os pais já não tinham quaisquer obrigações sobre elas. Ou as
davam em casamento, ou livravam-se de responsabilidades directas, podendo
explorar a filha sem limites legais – quase como escrava. Mas, Jairo amava a
filha…
A multidão está reunida em torno de Jesus (5,21), e não na
sinagoga. O próprio chefe da sinagoga, Jairo, vem também a Jesus, em busca de
socorro para sua filha que estava à morte.
Perder um filho deve ser uma experiência tenebrosa. É uma
situação que foge ao curso natural da vida.
Acompanhando Jairo, Jesus dá atenção a uma mulher excluída que
o toca e fica curada. A dedicação ao chefe da sinagoga não distrai Jesus da
atenção para com os pobres excluídos, as mulheres que, para Jesus têm o mesmo
direito que os homens e até as prioriza.
Na casa do chefe da sinagoga aqueles que choravam zombam de
Jesus. Tomando a menina pela mão, Jesus ordena que ela se levante. Assim
acontece. Jesus pede que dêem de comer a menina, realçando sua recuperação.
Durante a sua vida, Jesus configurou um novo tipo de
discípulos itinerantes. Mas a sua atitude mais inovadora e audaz foi a de ter
admitido mulheres nesse grupo, que viajavam com ele, compartilhando essas
instruções.
Na sua época, as mulheres não gozavam de tais liberdades.
Não era bem visto que tivessem tratamento directo com homens que não fossem
seus próprios familiares (Jn 4, 27). E, quando iam ao templo, no caso de uma
festa religiosa, não podiam entrar no pátio onde estavam os homens, devendo
permanecer num claustro exclusivo. Também quando iam rezar nas sinagogas,
permaneciam separadas dos homens.
Afastadas dos problemas sociais, excluídas da vida pública,
separadas dos debates religiosos, sem concorrência em questões políticas, eram
as grandes perdedoras na sociedade judia dos tempos de Jesus. A sua função
reduzia-se ao cuidado da casa e dos filhos. Por isso não deixa de surpreender a
ousadia do Mestre de Nazaré.
Nas mãos de Jesus, no grupo de Jesus, na escola de Jesus,
todos somos valiosos e importantes. Mais ainda, todos somos necessários.
Daquelas mulheres, que a sociedade da época não considerava,
Jesus soube extrair enormes riquezas e descobrir um potencial impressionante.
Porque o nosso valor como pessoas não depende da aceitação dos demais, nem de
que os outros nos reconheçam ou aprovem. Depende do chamamento de Jesus para
cada um. Isso é o que torna alguém extraordinariamente importante. E ele ainda
continua a chamar-nos a fazer coisas grandiosas. Todos. Basta escutá-lo e
perguntar-lhe: aonde nos quer levar? Com Jesus não se deve perguntar se é homem
ou se é mulher. Bastará dizer: estamos aqui.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 46, 2
Louvai o Senhor, povos de toda a terra,
aclamai a Deus com brados de alegria.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que pela vossa graça nos tornastes filhos
da luz,
não permitais que sejamos envolvidos pelas trevas
do erro,
mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Sab 1,
13-15; 2, 23-24
«Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo»
O Evangelho
fala-nos hoje da ressurreição. Desde esta primeira leitura, a palavra de Deus
procura esclarecer-nos sobre o sentido da morte: ela não é, de maneira nenhuma,
um objectivo na obra da criação. Deus tudo criou para a vida. A morte é um
obstáculo interposto à vida, como o é o pecado, com que o homem se opõe à
realização do plano de graça do Senhor. Mas, do pecado e da morte, Jesus Cristo
nos salvou.
Leitura
do Livro da Sabedoria
Não
foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela
criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem.
Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra,
porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à
imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no
mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 29 (30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
Refrão: Eu Vos louvarei,
Senhor, porque me salvastes. (Repete-se).
Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem
os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer ao túmulo. (Refrão)
Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria. (Refrão)
Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente. (Refrão)
LEITURA II – 2 Cor
8, 7.9.13-15
«Aliviai com a
vossa abundância a indigência dos irmãos pobres»
S. Paulo está
procurando angariar fundos, na comunidade de Corinto, para socorrer a
comunidade muito pobre de Jerusalém. Procura, para isso, fazer compreender aos
cristãos que esta troca de bens materiais vem, por um lado, estabelecer a
igualdade entre todos, e, por outro, proporcionar-lhes ocasião de se mostrarem
generosos, eles que foram tão enriquecidos à custa da pobreza que o Senhor quis
suportar por todos nós.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie
de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta
obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo:
Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua
pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de
procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa
abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com
a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha
colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».
Palavra do Senhor
ALELUIA – 2 Tim 1, 10
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte
e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 5,
21-43
« Menina, Eu te ordeno: Levanta-te»
Dois
milagres, em que Jesus Se manifesta o Senhor da vida. Mais de uma vez, Ele
próprio Se definiu como sendo a Vida. É assim, porque é o Filho de Deus.
Fazendo-Se homem, a sua humanidade é agora o instrumento, bem próximo de nós,
da sua divindade, de sorte que aproximar-se d’Ele é aproximar-se da Vida, como
o pôde experimentar a mulher doente e a filha de Jairo, que morrera. É pela fé
que nos podemos aproximar de Jesus, fé que, nos sacramentos, nos leva a ver o
prolongamento dos gestos do Senhor no meio dos homens.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago,
reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou
então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e
suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as
mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande
multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um
fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e
gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava
cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe
por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes,
ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu
corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si
mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?».
Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem
Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher,
assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se
diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua
fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da
sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas
Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta
que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago
e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou
grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes:
«Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a
dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando
consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde
jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina,
Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois
já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes
insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Senhor nosso Deus, que assegurais a eficácia dos vossos sacramentos, fazei
que este serviço divino seja digno dos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 102, 1
A minha alma louva o Senhor,
todo o meu ser bendiz o seu nome santo.
Ou – Jo 17, 20-21
Pai santo, Eu rogo por aqueles
que hão-de acreditar em Mim,
para que sejam em Nós confirmados na unidade
e o mundo acredite que Tu Me enviaste.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor, que o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
oferecidos em sacrifício e recebidos em comunhão, nos dêem a verdadeira vida, para
que, unidos convosco em amor eterno, dêmos frutos que permaneçam para sempre.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.