sábado, 3 de dezembro de 2016

Vigiai, para que estejais preparados




DOMINGO II DO ADVENTO

ACOLHEI-VOS MUTUAMENTE
Deus vem, portador da salvação para todos. A mensagem que acompanha a sua vinda fala de paz e reconciliação. A reconciliação, que se faz na comunidade cristã, entre os que provêm do judaísmo e os do paganismo, está sempre sujeita à precariedade, ao equilíbrio instável; existe no presente e entrega-se à esperança quanto ao futuro. É, todavia, o sinal de um mundo reconciliado em Cristo, onde não se levam em conta os privilégios de raça (“somos filhos de Abraão”) e tudo o que separa; só o que une é levado em conta: a fé no único Senhor e Salvador.
Humanidade sem barreiras
Neste caso, a salvação significa romper todas as barreiras, sair de si para encontrar os outros, abrir-se para a revelação recíproca, perdoar-se e amar-se como pessoas humanas, como filhos de Deus. Assim fez connosco o Senhor Jesus, respeitando as demoras e as possibilidades de diálogo das pessoas: no passado, aproximando-se dos hebreus como realizador da “fidelidade” de Deus, e dos pagãos como portador de um amor gratuito; hoje e sempre, suscitando em cada pessoa, povo, geração, uma resposta original que depois se torne riqueza comum.
Não é, pois, uma utopia, esperar uma humanidade reconciliada, apesar das guerras e divisões actuais, dos desequilíbrios e discriminações; porque a salvação definitiva é obra do Senhor que vem e que virá, e pede aos seus amigos que colaborem para que o seu plano se torne cada vez mais uma realidade efectiva. Isto significa aceitar a mensagem do Baptista, que hoje é a da Igreja, do papa e dos homens mais lúcidos, que são os profetas do nosso tempo, e produzir frutos de penitência e conversão.
Com as nossas mãos preparamos o juízo que nos aguarda: o fogo inextinguível destruirá tudo o que não tem solidez por não estar fundamentado sobre o único Salvador.
Diálogo com os homens
Aceitar-nos reciprocamente é um convite que a Igreja nos dirige. A coexistência dos cristãos de origem judaica com os de origem pagã nem sempre foi fácil nas comunidades primitivas. Conhecemos a tentação de reserva que os primeiros tinham em relação aos outros e as divisões suscitadas. Mas as palavras de Paulo valem também para as nossas comunidades de hoje. O cristão, com muita frequência, considera a sua pertença ao povo de Deus como um privilégio que o separa dos demais, uma espécie de marca de qualidade, muitos cristãos pertencem a grupos sociológicos (burguesia, etnia branca, organizações cristãs, mundo ocidental) aos quais cabe fazer as maiores concessões a fim de que a coexistência dos homens, dos blocos ideológicos, das restantes etnias e classes sociais se tornem realidade.
A eucaristia proporciona aos cristãos a oportunidade de provar o seu universalismo e recusar uma separação entre “fracos” e “fortes”, uma vez que nesta mesa o Senhor se oferece por todos. É o “vinculo da união”: união com os irmãos, união com Deus em Cristo.
O anuncio da libertação trazida por Cristo suscita uma grande esperança. A nossa geração espera ansiosamente um futuro de liberdade, apesar da fuga de muitos para um passado de recordações, ou para um presente de alienações. O povo de Deus mantém viva no mundo esta esperança quando, com os olhos no futuro, vive no presente de modo a merecer confiança, isto é, com fé, caridade e firme esperança.
Diálogo com Deus
Nosso encontro com os outros deve ultrapassar os estreitos limites da pura cortesia e da convivência social; do contrário se esvaziará. A categoria social fundamental é a relação “eu-tu”. Ora, o “tu” do outro homem é o “tu” divino.
Cada “tu” humano é imagem do “tu” divino. Em consequência, o caminho para os outros e o caminho para Deus coincidem; trata-se de aceitar ou recusar. O relacionamento real (não só as “boas maneiras”) com o outro varia conforme o relacionamento com Deus. Somente na comunidade eclesial, a dos que estão voltados para Deus, é que se pode viver realmente o encontro com os outros, dentro de um mesmo amor.


LEITURA I – Is 11, 1-10

Julgará os infelizes com justiça

O Profeta anuncia o Enviado de Deus como Alguém que será ungido pelo Espírito Santo. É isto mesmo que significa a palavra Messias e o nome de Cristo, o Ungido. Um dia, Jesus aplicará a Si mesmo outra passagem do mesmo profeta que O apresenta igualmente como o Ungido de Deus. Jesus é realmente o Ungido, o Cristo de Deus e o Salvador dos homens. Pela sua acção salvadora, Ele vem reconduzir os homens ao novo paraíso, prefigurado nas imagens que, nesta leitura, recordam o paraíso perdido.

Leitura do Livro de Isaías
“Naquele dia, sairá um ramo do tronco de Jessé e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus. Animado assim do temor de Deus, não julgará segundo as aparências, nem decidirá pelo que ouvir dizer. Julgará os infelizes com justiça e com sentenças rectas os humildes do povo. Com o chicote da sua palavra atingirá o violento e com o sopro dos seus lábios exterminará o ímpio. A justiça será a faixa dos seus rins e a lealdade a cintura dos seus flancos. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora. Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos; as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Rom 15, 4-9

Cristo salva todos os homens

Jesus Cristo é o Salvador de todos os homens. Se nasceu entre os judeus, Ele nasceu para todos os povos. Se hoje é reconhecido apenas pelos cristãos, Ele veio chamar à mesma Aliança com o Pai todos os povos. As promessas feitas aos Patriarcas e Profetas no Antigo Testamento destinavam-se a todas as nações e foram então uma preparação, como ainda hoje nos preparam a nós para O reconhecermos e acolhermos, porque Ele continua a vir.

Leitura da Epístola de São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da paciência e da consolação vos conceda que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que, numa só alma e com uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus. Pois Eu vos digo que Cristo Se fez servidor dos judeus, para mostrar a fidelidade de Deus e confirmar as promessas feitas aos nossos antepassados. Por sua vez, os gentios dão glória a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: «Por isso eu Vos bendirei entre as nações e cantarei a glória do vosso nome».”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Mt 3, 1-12

Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus

João Baptista, que veio à frente do Senhor a preparar-Lhe o caminho, é a grande figura deste Domingo. Para nós ele é também, hoje, o Precursor. E o caminho que nos aponta para nos levar a Jesus, ao reino dos Céus, é logo de início, a conversão, a penitência, o arrependimento em relação aos nossos caminhos mal andados, para que nos lancemos pelos caminhos de Jesus, que levam ao Pai. Só por aí se pode ir ao encontro do Senhor que vem; é esse o caminho do Advento.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naqueles dias, apareceu João Baptista a pregar no deserto da Judeia, dizendo: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. Acorria a ele gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão; e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai acções que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu baptizo-vos com água, para vos levar ao arrependimento. Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu e não sou digno de levar as suas sandálias. Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão: há-de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro. Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga».”
Palavra da Salvação



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