23. º Domingo do tempo comum – 10
Setembro 2017
“CORRECÇÃO FRATERNA”
Quando um irmão peca, prejudicando o bem comum, a comunidade
age com prudência e justiça, procurando corrigir o irmão. Reunida em nome e no
espírito de Jesus, a comunidade tem o poder de incluir ou excluir pessoas do
seu meio, isto é, incluir ou excluir pessoas. A missão dela, porém, não termina
com a exclusão do pecador: ela deve procurá-lo, como o pastor que sai em busca
da ovelha perdida. Ninguém está isento do pecado. Mas, se alguém erra, não pode
ser punido impiedosamente e ser excluído da comunidade, sem a devida
ponderação. Havia, nas primeiras comunidades cristãs, uma tendência a resolver,
com uma certa dose de leviandade, os casos de desvio da fé. Os pequeninos eram
as primeiras vítimas desta intransigência. Deve-se percorrer um longo caminho,
antes de se tomar a decisão de afastar da comunidade alguém que errou. O
primeiro passo consiste em ser advertido, a sós, por quem se sente ofendido.
Isto pode ser suficiente para que a pessoa refaça sua conduta. Pode, entretanto,
acontecer de a pessoa não se deixar tocar e persistir no erro. O passo seguinte
consistirá em convocar as testemunhas previstas pela Lei mosaica e, diante
delas, admoestar quem pecou, tentando demovê-lo da sua má conduta. Talvez, ele
se deixe convencer e se converta. Também esta iniciativa pode resultar inútil.
Só então a comunidade toda, neste caso, deve ser convocada para discernir, com
muita responsabilidade, se a melhor decisão consiste em afastar o pecador do
seu meio. Jesus, porém, cuida para que a reunião da comunidade não se
transforme numa espécie de tribunal. Antes, que busque descobrir o desígnio do
Pai a este respeito. A certeza da presença do Filho de Deus visa garantir a
justiça num assunto tão fundamental. A vida comunitária, reunindo pessoas de
temperamentos, valores e costumes diversos comporta sempre desencontros e
conflitos, que ameaçam a sua unidade. A busca de superação dos conflitos na
comunidade não é exclusiva dos cristãos. Mesmo entre comunidades gregas e
romanas havia normas e regras de procedimento com vista a esta superação. No
caso de uma ofensa pessoal, entre dois membros da comunidade, Mateus apresenta
uma regra em três etapas: primeiro uma correcção fraterna do ofendido ao
ofensor; caso este não a aceite, recorrer ao testemunho de duas ou três pessoas
e, se ainda o ofensor resistir à correcção, recorre-se à igreja, ou seja, à
comunidade. A última providência, caso o ofensor persista na sua posição, é a
exclusão, sendo “tratado como se fosse um pagão ou um publicano”. Esta etapa
final, na regra de Mateus, causa certa estranheza, uma vez que Jesus sempre
esteve próximo dos gentios e publicanos, procurando integrá-los no seu convívio
comunitário. O reconhecimento do conflito e da ofensa faz-se, acima de tudo, em
vista a sensibilizar o ofensor e, em plena misericórdia, procurar a sua mudança
de atitudes, garantindo a sua inserção na comunidade. Lucas, no seu evangelho
(17,1-2), apresenta a correcção de maneira simples: “Se o teu irmão pecar,
repreende-o e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, caso ele peque contra ti
sete vezes por dia, sete vezes retornar, dizendo “Estou arrependido”, tu perdoar-lhe-ás”.
No seguimento do texto de Mateus, temos a prática mais característica das
comunidades de discípulos de Jesus: a oração em comum ao Pai dos céus. A
presença de Jesus, filho de Deus, entre os discípulos tem um sentido especial
no momento em que não mais existe o Templo (destruído pelos romanos no ano 70)
onde se pretendia ter a presença de Deus. E as próprias sinagogas estão
dispensadas no momento em que os discípulos se “reúnem” em torno de Jesus,
palavra viva de Deus. A presença de Deus dá-se na comunidade misericordiosa e
inclusiva, comprometida com o acolhimento, a reconciliação e o perdão, mantendo
a sua comunhão com o próprio Jesus presente em seu meio. “O amor é o
cumprimento perfeito da Lei”.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 118, 137.124
Vós sois
justo, Senhor, e são rectos os vossos julgamentos.
Tratai o
vosso servo segundo a vossa bondade.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador e nos
fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com paternal bondade as nossas
súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos a verdadeira
liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Ez 33, 7-9
“Se não falares ao ímpio,
pedir-te-ei contas do seu sangue”
A palavra de Deus,
anunciada, acreditada, posta em prática, faz nascer o povo de Deus, a Igreja de
Deus. E cada membro deste povo é, por sua vez, anunciador, profeta, desta
palavra de Deus. Por isso, há-de anunciá-la com as suas palavras, se o puder
fazer, mas sempre com a sua vida. Deste modo, cada filho da Igreja é, ao mesmo
tempo, construtor da Igreja.
Leitura da Profecia de Ezequiel
“Eis o que diz o Senhor: «Filho
do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a
palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao
ímpio: ‘Ímpio, hás-de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu
caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas
da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu
caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a
tua vida».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95),
1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. (Repete-se)
Vinde, exultemos de
alegria no Senhor,
aclamemos a Deus,
nosso Salvador.
Vamos à sua
presença e dêmos graças,
ao som de cânticos
aclamemos o Senhor. (Refrão)
Vinde,
prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor
que nos criou.
Pois Ele é o nosso
Deus
e nós o seu povo,
as ovelhas do seu rebanho. (Refrão)
Quem dera ouvísseis
hoje a sua voz:
«Não endureçais os
vossos corações,
como em Meriba, no
dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me
tentaram e provocaram,
apesar de terem
visto as minhas obras». (Refrão)
LEITURA II – Rom 13, 8-10
“A
caridade é o pleno cumprimento da lei”
Toda a lei moral
cristã, toda a Lei de Deus, se resume na caridade, que é o amor segundo Deus.
Todos e cada um dos preceitos cristãos são aplicações concretas desta lei da
caridade, que os envolve e os anima a todos.
Leitura da Epístola do apóstolo
São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Não devais a ninguém
coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o
próximo, cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás
adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros
mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A
caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – 2 Cor 5, 19
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Em Cristo, Deus
reconcilia o mundo consigo
e confiou-nos a
palavra da reconciliação. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 16, 21-27
“Se
te escutar, terás ganho o teu irmão”
Esta passagem do Evangelho tem em vista a vida em
Cristo dos membros da comunidade cristã entre si. Desde o início a Igreja
sentiu, no meio de si, dificuldades na vida de comunidade. Onde houver homens,
haverá dificuldades de convivência. Mas, por isso mesmo, essas dificuldades
hão-de ser resolvidas humanamente, e sempre à luz de Deus, que é como quem diz,
à luz da caridade de Cristo, sempre em ordem à unidade, e à construção no amor,
nunca à destruição. É então, na unidade, que a comunidade se tornará a morada
do Senhor, onde os homens O poderão encontrar.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a
sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo
mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra
de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à
Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um
publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no
Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu. Digo-vos ainda:
Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á
concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três
reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, fonte da verdadeira devoção e da paz, fazei
que esta oblação Vos glorifique dignamente e que a nossa participação nos
sagrados mistérios reforce os laços da nossa unidade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 41, 2-3
Como
suspira o veado pela corrente das águas,
assim
minha alma suspira por Vós, Senhor.
A minha
alma tem sede do Deus vivo.
Ou Jo 8, 12
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor;
quem Me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais e fortaleceis à mesa da palavra e
do pão da vida, fazei que recebamos de tal modo estes dons do vosso Filho que mereçamos
participar da sua vida imortal.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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