Domingo I da Quaresma – 18 Fevereiro 2018
ENFRENTA
O MAL E, DEPOIS, COMEÇA A PREGAR
A tentação no deserto resume os conflitos que
Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das
forças do mal que escravizam os homens. Deus o sustentará nessa luta. São as
primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a
sua actividade. O cumprimento: em
Jesus, Deus entrega-se totalmente. Já não é o tempo de esperar. É hora de agir.
O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação
injusta que domina os homens. Está
próximo: o Reino é dinâmico e está sempre a crescer. A conversão: a acção de Jesus exige mudança radical da orientação da
vida. Acreditar na Boa Nova: é
aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. Dois traços marcaram o
ministério de Jesus desde os seus primórdios. Ele não foi um pregador
solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem partilhá-la com ninguém. Pelo
contrário, quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo sua
missão. Os escolhidos foram pessoas simples, pescadores do lago da Galileia,
cujas vidas se transformaram totalmente, a partir do encontro com o Senhor.
Eles foram convidados a deixar tudo e a seguir o Mestre, que lhes deu como
missão saírem pelo mundo, atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo
despontou para eles. O desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade.
Nada os impediu de romper com o mundo e seguir o Mestre. Outro traço do
ministério de Jesus: ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o
Senhor deu a entender que a sua obra deveria ser levada por diante e
expandir-se a partir da sementezinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada
do Reino e realizou sinais indicadores da sua presença. Durante a sua vida
terrena não se poupou para fazer o Reino acontecer. Agora, cabia aos discípulos
levar por diante o anúncio da Boa-Nova, para que o apelo do Reino atingisse a
todos, sem distinção. Jesus colocou diante deles um mar diferente, a humanidade
inteira, onde a função de pescadores haveria de continuar. Era hora de pescar
muitas pessoas para Deus. Depois da prisão de João Batista, Herodes, como os
chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que
fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão de João, Jesus
retorna à Galileia, que é um território predominantemente gentílico. Aí, Jesus
desenvolve o seu ministério com o mesmo anúncio de João Batista, da proximidade
do Reino e da conversão à justiça. Marcos, bem como Mateus e Lucas, narra o
chamamento dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galileia. O evangelho
de João narra este chamamento já na ocasião do baptismo de Jesus, quando alguns
discípulos de João Batista se dispõem a seguir Jesus. O chamamento, narrado em
estilo sumário, na realidade fez-se num clima de diálogo e num conhecimento
mútuo. Assim como Jesus abandonou a sua rotina de vida em Nazaré, também os seus
discípulos abandonam o seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo,
mas para iniciarem uma nova prática social alternativa, de justiça e de paz.
MISSA
|
ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 90, 15-16
Quando me invocar, hei-de atendê-lo; hei-de libertá-lo
e dar-lhe glória. Favorecê-lo-ei com longa vida
e lhe mostrarei a minha salvação.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, que, pela observância quaresmal, alcancemos
maior compreensão do mistério de Cristo e a nossa vida seja dele um digno
testemunho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
|
LEITURA I – Gen 9,
8-15
«A
aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio»
A primeira
leitura dos domingos da Quaresma não está em ligação com a do Evangelho, como
nos domingos do Tempo Comum. Refere-se à história da salvação, mostrando como
Deus encaminhou os passos da humanidade, desde os tempos mais antigos até à
realização da promessa da nova Aliança em Jesus Cristo. Este ano, começamos com
Noé. O dilúvio termina com uma aliança, que anuncia desde logo a aliança
estabelecida entre Deus e os homens na Morte e Ressurreição de Cristo. Por
outro lado, no próprio dilúvio Deus quis significar a regeneração espiritual do
baptismo, pois nele, como no dilúvio, a água se tornou, simbolicamente, “fim de
vícios e origem de virtudes” (liturgia baptismal).
Leitura
do Livro do Génesis
Deus
disse a Noé e a seus filhos: «Estabelecerei a minha aliança convosco, com a
vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham: as aves, os
animais domésticos, os animais selvagens que estão convosco, todos quantos
saíram da arca e agora vivem na terra. Estabelecerei convosco a minha aliança:
de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e
nunca mais um dilúvio devastará a terra». Deus disse ainda: «Este é o sinal da
aliança que estabeleço convosco e com todos os animais que vivem entre vós, por
todas as gerações futuras: farei aparecer o meu arco sobre as nuvens, que será
um sinal da aliança entre Mim e a terra. Sempre que Eu cobrir a terra de nuvens
e aparecer nas nuvens o arco, recordarei a minha aliança convosco e com todos
os seres vivos e nunca mais as águas formarão um dilúvio para destruir todas as
criaturas».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. cf. 10)
Refrão: Todos os vossos
caminhos, Senhor, são amor e verdade para os que são fiéis à vossa aliança. (Repete-se)
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. (Refrão)
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor. (Refrão)
O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. (Refrão)
LEITURA II – 1
Pedro 3, 18-22
«O Baptismo que agora vos salva»
S. Pedro faz
nesta leitura o comentário ao dilúvio, estabelecendo a comparação entre este e
o baptismo. O baptismo é hoje o verdadeiro dilúvio, que destrói o pecado e faz
nascer uma nova humanidade em Cristo. Assim, a história da salvação chega a
todas as gerações e todas elas são arrastadas na sua corrente de graça.
Leitura
da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos:
Cristo morreu uma só vez pelos pecados – o Justo pelos injustos – para vos
conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito. Foi
por este Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que estavam na prisão da
morte e tinham sido outrora rebeldes, quando, nos dias de Noé, Deus esperava
com paciência, enquanto se construía a arca, na qual poucas pessoas, oito
apenas, se salvaram através da água. Esta água é figura do Baptismo que agora
vos salva, que não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso
para com Deus de uma boa consciência; ele vos salva pela ressurreição de Jesus
Cristo, que subiu ao Céu e está à direita de Deus, tendo sob o seu domínio os
Anjos, as Dominações e as Potestades.
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO
EVANGELHO – Mt 4, 4b
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. (Repete-se)
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 1,
12-15
«Era tentado por Satanás e os Anjos
serviam-n’O»
“O
Senhor Jesus Cristo era tentado pelo demónio no deserto. Mas em Cristo também
tu eras tentado, porque Ele tomou sobre Si a tua condição humana, para te dar a
salvação; para Si tomou as tuas tentações, para te dar a sua vitória” (S.
Agostinho). A vitória de Jesus sobre Satanás proclamada neste primeiro Domingo
da Quaresma anuncia desde já o triunfo pascal da sua Morte e Ressurreição, e
oferece-nos, ao mesmo tempo, a participação nessa sua vitória sobre o pecado e
a morte.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto
quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os
Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia
e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o
reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Fazei que a nossa vida, Senhor, corresponda à oferta das nossas mãos, com
a qual damos início à celebração do tempo santo da Quaresma.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Mt 4, 4
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.
Ou – Salmo 90, 4
O Senhor te cobrirá com as suas penas,
debaixo das suas asas encontrarás abrigo.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Saciados com o pão do Céu, que alimenta a fé,
confirma a esperança e fortalece a caridade, nós Vos pedimos, Senhor: ensinai-nos
a ter fome de Cristo, o verdadeiro pão da vida, e a alimentar-nos de toda a
palavra que da vossa boca nos vem.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Sem comentários:
Enviar um comentário