sábado, 18 de agosto de 2018

A MINHA CARNE É VERDADEIRA COMIDA E O MEU SANGUE É VERDADEIRA BEBIDA






Domingo XX do Tempo Comum – ano B – 19AGO2018



A PLENITUDE DE VIDA DO HOMEM

No capítulo 6 de João é possível distinguir uma dupla perspectiva: a dos ouvintes directos de Jesus, para os quais o discurso fala sobretudo da fé e do acolhimento de Jesus, verdadeiro pão do céu, e a dos contemporâneos do evangelista, para quem o discurso de Jesus tem um evidente significado eucarístico. João escreve depois de ter vivido a primeira experiência das comunidades cristãs; depois, portanto, que já se estabelecera entre os primeiros fiéis o hábito de se reunirem para celebrar a ceia eucarística. A sua perspectiva já é, pois, reflexo de uma prática sacramental em uso; é claro então que as palavras e os acontecimentos da vida de Jesus são lidos com uma plenitude e riqueza de perspectivas que não eram possíveis no dia em que os apóstolos ouviram falar pela primeira vez de pão da vida.
O versículo 35: “Eu sou o pão da vida” faz-nos pensar imediatamente na eucaristia. Além disso “o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo”, com a sua profunda semelhança com Lc 22,19 (“isto é o meu corpo que é dado por vós”) tem toda a aparência de ser a forma da instituição eucarística própria de João. No relato de João, a fé em Jesus está sempre em primeiro plano, mas ela é agora vista em relação com os sinais através dos quais se torna visível. Fé e sacramentos da fé são, de agora em diante, inseparáveis. A fé exige o sacramento e o sacramento é incompreensível independentemente da fé.
No centro está o tema da “vida”, isto é, o tema da realização plena do homem. Cristo veio realizar esta vida: é a própria vida do seu Pai, vida plena do Pai, vida eterna, sem fim. O homem procura-a, mas não consegue encontrá-la, só a encontra “provisoriamente”, e só sacia a sua fome por momentos. Só Cristo pode saciar “totalmente”, porque “este é o pão que desceu do céu”. Quem dele come não morre.

Um pão que é carne
O pão eucarístico segue as leis do pão doméstico, oferecido pelo pai de família aos seus. O pão adquire sentido porque alguém o fabricou, alguém o comprou, alguém o comerá. Os pais ganham o pão, o alimento, a roupa, com o próprio trabalho. Eles são pão de vida para os seus filhos, não só porque lhes deram a vida, mas porque, de certo modo, os filhos continuamente “alimentam-se” dos pais. Dando o pão, fruto de seu trabalho, o pai e a mãe podem, de certo modo, dizer: “Este pão é a minha carne dada pelos meus filhos”, enquanto os comensais que participam deste pão, participam, de certa maneira, da própria vida de quem lho dá.
Se pais e filhos podem dar ao pão um significado tão profundo, porque Jesus não poderia dar ao pão um significado e uma realidade totalmente nova, proporcional à profundidade de todo o seu ser e, dele, fazer, assim, a participação da sua vida com o Pai e o sinal eficaz da sua íntima presença e comunhão com os que nele crêem?
A experiência serena da refeição familiar e a descoberta dos profundos significados humanos ocultos nas expressões e nos gestos quotidianos que a família faz, quando se senta à mesa, são o caminho mais simples, e catequeticamente mais válido, para introduzir uma compreensão rica e autêntica da eucaristia.
“No ápice desta acção educativa está a preocupação de dispor os fiéis a fazer do mistério eucarístico a fonte e o cume de toda a vida cristã. Todo o bem espiritual da Igreja está encerrado na eucaristia, onde Cristo, nossa Páscoa, está presente e dá vida aos homens, convidando-os e induzindo-os a oferecerem-se com ele e em sua memória, para a salvação do mundo”.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 83, 10-11
Senhor Deus, nosso protector,
ponde os olhos no rosto do vosso Ungido.
Um dia em vossos átrios vale mais de mil longe de Vós.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita,
que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-Vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas, que excedem todo o desejo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Prov 9, 1-6

«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei»

Personificada numa dona de casa, a Sabedoria de Deus convida os homens a participarem do seu banquete. No Antigo Testamento, a Palavra de Deus é frequentemente comparada a um banquete oferecido aos homens. O pão e o vinho são tidos como símbolo do alimento que dá a vida em plenitude. A imagem do banquete assume maior expressão na Eucaristia que nos é dado celebrar.

Leitura do Primeiro Livro dos Provérbios
A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas. Abateu os seus animais, preparou o vinho e pôs a mesa. Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade: «Quem é inexperiente venha por aqui». E aos insensatos ela diz: «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei. Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34), 2-3.10-11.12-13.14-15 (R.9a)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom. (Repete-se).

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)

Temei o Senhor, vós os seus fiéis,
porque nada falta aos que O temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor
não faltará riqueza alguma. (Refrão)

Vinde, filhos, escutai-me,
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
Qual é o homem que ama a vida,
que deseja longos dias de felicidade? (Refrão)

Guarda do mal a tua língua
e da mentira os teus lábios.
Evita o mal e faz o bem,
procura a paz e segue os seus passos. (Refrão)

LEITURA II – Ef 5, 15-20

«Procurai compreender qual é a vontade de Deus»

Deus criou o homem livre e não quer sobrepor-se a essa liberdade. Deixa a cada um a possibilidade de fazer as suas opções. Porém, uma escolha consciente só é possível, tendo presente determinada hierarquia de valores que ajudará a decidir, não apenas acerca do acto, como também do tempo próprio para o realizar.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Vede bem como procedeis. Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes. Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus. Por isso não sejais irreflectidos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor. Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria, mas enchei-vos do Espírito Santo, recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando em vossos corações, dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Jo 6, 56

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em mim e Eu nele, diz o Senhor. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 6, 51-58

«A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida»

A ceia pascal judaica estava intimamente ligada à libertação dos hebreus da escravatura egípcia. Ao comerem a Páscoa, os judeus tinham consciência de serem o povo libertado por Deus. Cristo associa também os discípulos à Sua morte redentora. Os participantes na celebração eucarística, ao comerem o pão e beberem o sangue derramado na cruz pela multidão dos homens, reconhecem-se no povo redimido por Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, o que trazemos ao vosso altar, nesta admirável permuta de dons, de modo que, oferecendo-Vos o que nos destes, mereçamos receber-Vos a Vós mesmo.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 129, 7
No Senhor está a misericórdia,
no Senhor está a plenitude da redenção.

Ou – 6, 51-52
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que neste sacramento nos fizestes participar mais intimamente no mistério de Cristo, transformai-nos à sua imagem na terra para merecermos ser associados à sua glória no Céu.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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