UMA
PALAVRA DE ESPERANÇA
O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque
a sua acção faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da
alienação e dos males que afligem os homens. Os versículos 20-26 proclamam o
cerne de toda a actividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna,
aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e
famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso,
porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e
despojando-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem o libertar
da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico
para libertá-lo da riqueza. As palavras de Jesus dirigem-se aos pobres que têm
diante de si. Servindo-se da segunda pessoa do plural “vós”, o seu discurso
destina-se aos que são carentes de bens materiais, vindo até mesmo a passar
fome; aos que choram, talvez porque tiveram os seus direitos negados e a sua
dignidade aviltada; aos que são vítimas de calúnia, ódio e perseguição, devendo
levar uma vida difícil de privação dos bens necessários para viver dignamente.
Portanto, um grupo de pessoas carentes de palavras de esperança. As
bem-aventuranças visam infundir ânimo e coragem a quem se encontra nesta
situação de penúria. Sobretudo os pobres devem ter a certeza de que Deus está
do lado deles e que o Reino lhes pertence. Deus mesmo haverá de saciá-los,
consolá-los e ser para eles motivo de alegria. A outra face da moeda é
representada pelos ricos, pelos fartos, pelos folgazões e pelos que estão
preocupados com a fama, a qualquer preço. Estes também se encontram diante de
Jesus e são o alvo das invectivas que lhe são lançadas com tanta veemência. É
provável que fossem eles a causa da situação de carência dos demais, sem se
darem conta. Por isso, são declarados malditos. Falta-lhes sensibilidade, pois
em seus corações não há lugar para a misericórdia. Isto justifica a severidade
com que serão tratados, se não se converterem urgentemente, fazendo-se atentos
aos apelos dos necessitados. Tanto Lucas como Mateus, apresentam a proclamação
das bem-aventuranças por Jesus, porém cada um mantém o seu estilo e sua
intenção teológica próprios. Em Mateus temos oito bem-aventuranças, proclamadas
na montanha, pelo que Jesus é associado a Moisés com seu decálogo. Em Lucas são
quatro bem-aventuranças, na planície, isto é, no meio da grande multidão. As
quatro bem-aventuranças de Lucas exprimem situações objectivas de exclusão:
pobreza, fome, lágrimas e perseguições. Elas estão mais próximas das fontes da
tradição. Os pobres são os destinatários das bem-aventuranças. Eles são as
vítimas da sociedade exploradora e excludente. Seguem quatro “ais” dirigidos
aos ricos, que são os beneficiários de tal tipo de sociedade. Uma das
características do evangelho de Lucas é a denuncia da divisão socioeconómica entre
pobreza e riqueza.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 30, 3-4
Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,
e a fortaleza da minha salvação.
Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que prometestes estar presente nos corações rectos e
sinceros, ajudai-nos com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser
vossa morada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Jer
17, 5-8
«Maldito quem
confia no homem; bendito quem confia no Senhor»
A vida do crente
em Deus, e mais ainda do crente em Jesus Cristo, é orientada por uma sabedoria
mais do que humana. Já desde o Antigo Testamento que esta sabedoria orientou os
membros do povo da Aliança. Guiado, por ela, o homem pode distinguir sempre
diante de si dois caminhos: o que lhe é apontado pela luz que vem de Deus e que
a Deus conduz, e o que é iluminado só pelas luzes que vêm dos homens e que, por
isso, não pode levar mais longe do que o horizonte do mesmo homem. O que segue
por este último caminho será maldito, enquanto que o que envereda pelo primeiro
será feliz e abençoado.
Leitura
do Livro de Jeremias
Eis
o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua
esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será como o cardo na estepe, que
nem percebe quando chega a felicidade: habitará na aridez do deserto, terra
salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a
sua esperança. É como a árvore plantada à beira da água, que estende as suas
raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem
mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de
produzir os seus frutos».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 1, 1-2.3.4.6 (R. Salmo 39, 5a)
Refrão: Feliz o homem
que pôs a sua esperança no Senhor. (Repete-se).
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite Refrão
É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo
e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido. (Refrão)
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 15, 12.16-20
«Se Cristo
não ressuscitou, é vã a vossa fé»
A ressurreição é
um artigo da fé cristã, expressamente proclamado no Credo. A ressurreição dos
homens é consequência imediata da ressurreição do Senhor. Se Ele ressuscitou,
os que n’Ele crêem e esperam, os que, por isso, estão em Cristo, também com Ele
ressuscitarão. A Eucaristia, como aliás todos os sacramentos, celebra, em
última análise, o mistério da Morte do Senhor, que, por ela, passou à vida do
Ressuscitado. É este afinal o mistério da Páscoa cristã.
Leitura
da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de
vós que não há ressurreição dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, também
Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda
estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo pereceram também.
Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos
os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como
primícias dos que morreram.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Lc 6, 23ab
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Alegrai-vos e exultai, diz o Senhor,
porque é grande no Céu a vossa recompensa. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 6,
17.20-26
«Bem-aventurados
os pobres. Ai de vós, os ricos»
A
perspectiva dos dois caminhos, já apontada no Antigo Testamento, é retomada, e
com muito mais clareza, por Jesus. São as célebres “Bem-aventuranças”, que S.
Lucas resume em quatro, contrapondo-lhes, em compensação, outras tantas
“maldições”. É este um jeito literário, frequente também nos salmos, de expor
uma ideia, primeiro afirmativamente, depois negando o ponto de visa oposto.
Aqui a ideia resulta clara: o ideal do Reino dos céus não se rege por critérios
terrenos. É preciso aceitar os critérios de Deus.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio
plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém
e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos,
disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.
Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados
sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e
proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos
e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que
os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já
recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque
haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos
e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os
seus antepassados tratavam os falsos profetas.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei, Senhor, que estes dons sagrados nos purifiquem e renovem, para
que, obedecendo sempre à vossa vontade, alcancemos a recompensa eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 77, 24.29
O Senhor deu-lhes o pão do Céu:
comeram e ficaram saciados.
Ou Jo 3, 16
Deus amou tanto o mundo que lhe deu
o seu Filho Unigénito.
Quem acredita n’Ele tem a vida eterna.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão do Céu, concedei-nos
a graça de buscarmos sempre aquelas realidades que nos dão a verdadeira vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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