sábado, 28 de novembro de 2020

VIGIAI, PORQUE NÃO SABEIS QUANDO VIRÁ O DONO DA CASA


 


DOMINGO I do ADVENTO – ano B – 29NOV2020

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 24, 1-3

Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.

Meu Deus, em Vós confio.

Não seja confundido nem de mim escarneçam os inimigos.

Não serão confundidos os que esperam em Vós.

 

ORAÇÃO COLECTA

Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para ir ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita,mereçam alcançar o reino dos Céus.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Ez 34, 11-12.15-17

 

«Oh se rasgásseis os céus e descêsseis»

 

O Advento começa com um profundo suspiro de fé e de esperança dirigido ao Senhor, “nosso Pai”, “nosso Redentor”, semelhante aos que subiam da boca e do coração dos nossos antepassados na fé, os santos do Antigo Testamento, que viveram antes da vinda do Filho de Deus. Não vamos agora imaginar-nos nos tempos antes de Cristo; mas vamos criar em nós desejos profundos de que Ele, que já veio ao mundo e está no meio de nós, seja por nós reconhecido e acolhido como nosso Salvador, Ele que, de novo, há-de vir e por quem suspiramos.

 

Leitura do Livro de Isaías

Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome. Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema? Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa herança. Oh se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes! Mas vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos. Estais indignado contra nós, porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos como um ser impuro, as nossas acções justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – 79 (80), 2ac e 3b. 15-16.18-19 (R. 4)

 

Refrão: Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. (Repete-se)

 

Pastor de Israel, escutai,

Vós que estais sentado sobre os Querubins, aparecei.

Despertai o vosso poder

e vinde em nosso auxílio. (Refrão)

 

Deus dos Exércitos, vinde de novo,

olhai dos céus e vede, visitai esta vinha.

Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,

o rebento que fortalecestes para Vós. (Refrão)

 

Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,

sobre o filho do homem que para Vós criastes;

e não mais nos apartaremos de Vós:

fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome. (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Cor 1, 3-9

 

«Esperamos a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo»

 

O Advento começa por ser o tempo litúrgico especialmente voltado para a última vinda do Senhor. É o tempo da expectativa, vivido na esperança, aguardando a aparição gloriosa do Senhor, que virá coroar o tempo da Igreja com a glória da sua ressurreição. É, portanto, para esta Igreja tempo de vigilância, para que o Dia do Senhor a encontre irrepreensível.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

rmãos: A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo. De facto, já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Salmo 84 (85), 8

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia

e dai-nos a vossa salvação. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 13, 33-37

 

«Vigiai, porque não sabeis quando virá o dono da casa»

 

A vigilância, já apontada na leitura anterior, é agora inculcada, com todo o rigor, pelo próprio Senhor Jesus. Esta vida é como longa vigília, com os seus tempos sucessivos (as quatro vigílias da noite referidas no texto) aguardando o sol nascente – Cristo – que vem do alto, como todas as manhãs recordamos na Hora de Laudes. A solenidade do Natal, a que o Advento nos conduzirá, vem, em cada ano, antecipar simbolicamente aquela vinda gloriosa do Senhor no último dia, o dia que nos introduz na “vida do mundo que há-de vir”.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

DEUS VEM COMO REDENTOR

 

Um Deus salvador e redentor vem-nos espontaneamente ao pensamento quando as coisas vão mal e uma situação é humanamente insolúvel. Mas, estará certa essa concepção de Deus e da sua manifestação no meio de nós? Será justo pedir à sua omnipotência que resolva nossos problemas? Não seria mais digno o homem aceitar a sua derrota e desafiar um destino adverso com as próprias forças, em lugar de recorrer à força de Deus? Certamente, impõe-se uma purificação da imagem que temos de Deus; mas a afirmação de sua transcendência não leva a concluir que ele não se interesse por nós de modo concreto e imprevisível como o amor. Ele é um “Deus dos homens”, não o Deus cósmico distante e perfeito no seu ser divino. Fez-nos à sua imagem, e por isso a nossa identidade não pode prescindir de sua fisionomia; ele, que nos deu a vida, faz parte da nossa história, e por isso nosso futuro só se cumprirá mediante a realização do seu plano; ele nos criou livres e por isso não força as nossas decisões, mas intervém suavemente e espera com paciência que aceitemos dialogar com ele como pessoas.”

 

Abrirá os céus e fará prodígios

Se Deus é “pai”, se é “redentor”, por que permite circunstâncias tão dolorosas e tolera filhos tão desobedientes? (v. 17). É a eterna pergunta da liberdade humana sobre a origem do mal, que o profeta não resolve; ele anuncia a intervenção de um Deus que abrirá os céus e fará na terra prodígios e maravilhas que recolocarão todas as coisas nos seus lugares, castigando os inimigos. É necessário, pois, confiar em Deus para sair da infelicidade.

Muitas vezes o nosso crescimento se faz sem uma referência explícita a ele, cuja presença discreta e cheia de amor nos envolve completamente; é de lamentar que sejam sobretudo as situações de fracasso, angústias e remorso que nos levem a dirigir-nos a ele, reconhecendo-o como criador, pai e redentor. Na pessoa de Cristo, Deus manifestou-se a nós como aquele que se interessou de tal modo pelos homens que quis participar intimamente do nosso destino, e assim tornar-se o Deus próximo e familiar (com o risco de não ser reconhecido pelos seus), para revelar-nos a nossa dignidade. O homem-Deus “Cristo Jesus” resgata-nos aceitando ser totalmente disponível ao plano de Deus, não contar consigo, viver desprendido de toda segurança para se deixar invadir pelo mistério de Deus e estar em plena comunhão com ele.

 

Virá salvar-nos por meio do Filho

“O mundo apresenta-se, hoje, ao mesmo tempo poderoso e fraco, capaz de fazer o melhor e o pior, enquanto diante dele se abre o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou do regresso, da fraternidade ou do ódio”. O cérebro electrónico oculta talvez nos seus lóbulos mecânicos a solução de todos os problemas que angustiam o homem da nossa civilização: as relações trabalho/lazer, produção/consumo, riqueza/pobreza, fecundidade/mortalidade, progresso técnico/progresso social, autoridade/liberdade... serão talvez resolvidas por um cartão perfurado. Nasce aos nossos olhos um novo mundo ordenado e esterilizado, criado por um homem em plena posse dos seus meios intelectuais e técnicos. Que necessidade há então de um Redentor? Para remir-nos de quê?

Essa ideia é o resultado de um ingénuo optimismo; cada dia o homem percebe estar renovando a construção da torre de Babel: um trabalho frenético sobre as areias movediças da divisão, do pecado, da morte. O cristão reconhece Deus como Pai e Redentor, e afirma que não é possível a libertação do pecado e do mal sem a intervenção de Deus. Mas desde que o Pai enviou o seu Filho ao mundo, o cristão já não espera os prodígios de um Deus que restabelece a ordem permanecendo de fora. Sabe que Deus age através do Filho; sabe que o “Redentor” colabora com o homem e dá à sua inserção no mundo um significado de salvação. Porque, como afirma Paulo (2ª leitura), “nele (Jesus Cristo) fostes cumulados de todas as riquezas, todas as da palavra e todas as do conhecimento”.

 

Vigilantes, à espera da sua vinda

Se é assim que Deus vem, então torna-se evidente qual deve ser a nossa atitude: abandonar-nos a Deus, dispor nossa vida na linha do serviço e da colaboração ao seu plano; não nos prender ao que é antigo e ultrapassado; estar prontos para a perene novidade de Deus; não dormir, mas vigiar com amor para reconhecê-lo na sua continua vinda (evangelho). Na sua vinda definitiva, quando tiver terminado a nossa aventura de “pobres”, ser-nos-á revelada a sua verdadeira face e ser-nos-á dada a plena comunhão de vida com o nosso Deus, o Pai do Senhor Jesus Cristo.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Aceitai, Senhor, estes dons que recebemos da vossa bondade e fazei que os sagrados mistérios que celebramos no tempo presente sejam para nós penhor de salvação eterna.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 84, 13

 

O Senhor nos dará todos os bens

e a nossa terra produzirá o seu fruto.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Fazei frutificar em nós, Senhor, os mistérios que celebramos, pelos quais, durante a nossa vida na terra, nos ensinais a amar os bens do Céu e a viver para os valores eternos.

Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

  

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