DOMINGO I do ADVENTO – ano B – 29NOV2020
MISSA |
ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 24, 1-3
Para Vós, Senhor,
elevo a minha alma.
Meu Deus, em Vós
confio.
Não seja
confundido nem de mim escarneçam os inimigos.
Não serão
confundidos os que esperam em Vós.
ORAÇÃO COLECTA
Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a
vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para ir ao
encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita,mereçam alcançar
o reino dos Céus.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra |
LEITURA I – Ez 34,
11-12.15-17
«Oh se
rasgásseis os céus e descêsseis»
O Advento começa com um
profundo suspiro de fé e de esperança dirigido ao Senhor, “nosso Pai”, “nosso
Redentor”, semelhante aos que subiam da boca e do coração dos nossos
antepassados na fé, os santos do Antigo Testamento, que viveram antes da vinda
do Filho de Deus. Não vamos agora imaginar-nos nos tempos antes de Cristo; mas
vamos criar em nós desejos profundos de que Ele, que já veio ao mundo e está no
meio de nós, seja por nós reconhecido e acolhido como nosso Salvador, Ele que,
de novo, há-de vir e por quem suspiramos.
Leitura
do Livro de Isaías
Vós,
Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome. Porque
nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração,
para que não Vos tema? Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa
herança. Oh se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam
os montes! Mas vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes.
Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós,
fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que
praticam a justiça e recordam os vossos caminhos. Estais indignado contra nós,
porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos
como um ser impuro, as nossas acções justas eram todas como veste imunda. Todos
nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento.
Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós,
porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas
faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro;
somos todos obra das vossas mãos.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– 79 (80), 2ac e 3b. 15-16.18-19 (R. 4)
Refrão: Senhor nosso
Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. (Repete-se)
Pastor de Israel,
escutai,
Vós que estais
sentado sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso
poder
e vinde em nosso
auxílio. (Refrão)
Deus dos
Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e
vede, visitai esta vinha.
Protegei a cepa
que a vossa mão direita plantou,
o rebento que
fortalecestes para Vós. (Refrão)
Estendei a mão
sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do
homem que para Vós criastes;
e não mais nos
apartaremos de Vós:
fazei-nos viver e
invocaremos o vosso nome. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 1, 3-9
«Esperamos a
manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo»
O Advento começa por ser o
tempo litúrgico especialmente voltado para a última vinda do Senhor. É o tempo
da expectativa, vivido na esperança, aguardando a aparição gloriosa do Senhor,
que virá coroar o tempo da Igreja com a glória da sua ressurreição. É,
portanto, para esta Igreja tempo de vigilância, para que o Dia do Senhor a
encontre irrepreensível.
Leitura
da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
rmãos:
A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo. Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina
que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a
palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o
testemunho de Cristo. De facto, já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que
esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes
até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus
Cristo, Nosso Senhor.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Salmo 84
(85), 8
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Mostrai-nos, Senhor, a vossa
misericórdia
e dai-nos a vossa salvação. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 13, 33-37
«Vigiai, porque
não sabeis quando virá o dono da casa»
A vigilância,
já apontada na leitura anterior, é agora inculcada, com todo o rigor, pelo
próprio Senhor Jesus. Esta vida é como longa vigília, com os seus tempos
sucessivos (as quatro vigílias da noite referidas no texto) aguardando o sol
nascente – Cristo – que vem do alto, como todas as manhãs recordamos na Hora de
Laudes. A solenidade do Natal, a que o Advento nos conduzirá, vem, em cada ano,
antecipar simbolicamente aquela vinda gloriosa do Senhor no último dia, o dia
que nos introduz na “vida do mundo que há-de vir”.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não
sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao
deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a
sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não
sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do
galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos
encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
Palavra da
salvação.
MEDITAÇÃO
DEUS VEM COMO
REDENTOR
Um Deus salvador e redentor vem-nos espontaneamente
ao pensamento quando as coisas vão mal e uma situação é humanamente insolúvel.
Mas, estará certa essa concepção de Deus e da sua manifestação no meio de nós?
Será justo pedir à sua omnipotência que resolva nossos problemas? Não seria
mais digno o homem aceitar a sua derrota e desafiar um destino adverso com as
próprias forças, em lugar de recorrer à força de Deus? Certamente, impõe-se uma
purificação da imagem que temos de Deus; mas a afirmação de sua transcendência
não leva a concluir que ele não se interesse por nós de modo concreto e
imprevisível como o amor. Ele é um “Deus dos homens”, não o Deus cósmico
distante e perfeito no seu ser divino. Fez-nos à sua imagem, e por isso a nossa
identidade não pode prescindir de sua fisionomia; ele, que nos deu a vida, faz
parte da nossa história, e por isso nosso futuro só se cumprirá mediante a
realização do seu plano; ele nos criou livres e por isso não força as nossas
decisões, mas intervém suavemente e espera com paciência que aceitemos dialogar
com ele como pessoas.”
Abrirá
os céus e fará prodígios
Se Deus é “pai”, se é “redentor”, por que
permite circunstâncias tão dolorosas e tolera filhos tão desobedientes? (v.
17). É a eterna pergunta da liberdade humana sobre a origem do mal, que o
profeta não resolve; ele anuncia a intervenção de um Deus que abrirá os céus e
fará na terra prodígios e maravilhas que recolocarão todas as coisas nos seus
lugares, castigando os inimigos. É necessário, pois, confiar em Deus para sair
da infelicidade.
Muitas vezes o nosso crescimento se faz
sem uma referência explícita a ele, cuja presença discreta e cheia de amor nos
envolve completamente; é de lamentar que sejam sobretudo as situações de
fracasso, angústias e remorso que nos levem a dirigir-nos a ele, reconhecendo-o
como criador, pai e redentor. Na pessoa de Cristo, Deus manifestou-se a nós
como aquele que se interessou de tal modo pelos homens que quis participar
intimamente do nosso destino, e assim tornar-se o Deus próximo e familiar (com
o risco de não ser reconhecido pelos seus), para revelar-nos a nossa dignidade.
O homem-Deus “Cristo Jesus” resgata-nos aceitando ser totalmente disponível ao
plano de Deus, não contar consigo, viver desprendido de toda segurança para se
deixar invadir pelo mistério de Deus e estar em plena comunhão com ele.
Virá
salvar-nos por meio do Filho
“O mundo apresenta-se, hoje, ao mesmo
tempo poderoso e fraco, capaz de fazer o melhor e o pior, enquanto diante dele
se abre o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou do regresso,
da fraternidade ou do ódio”. O cérebro electrónico oculta talvez nos seus
lóbulos mecânicos a solução de todos os problemas que angustiam o homem da
nossa civilização: as relações trabalho/lazer, produção/consumo, riqueza/pobreza,
fecundidade/mortalidade, progresso técnico/progresso social, autoridade/liberdade...
serão talvez resolvidas por um cartão perfurado. Nasce aos nossos olhos um novo
mundo ordenado e esterilizado, criado por um homem em plena posse dos seus
meios intelectuais e técnicos. Que necessidade há então de um Redentor? Para
remir-nos de quê?
Essa ideia é o resultado de um ingénuo optimismo;
cada dia o homem percebe estar renovando a construção da torre de Babel: um
trabalho frenético sobre as areias movediças da divisão, do pecado, da morte. O
cristão reconhece Deus como Pai e Redentor, e afirma que não é possível a
libertação do pecado e do mal sem a intervenção de Deus. Mas desde que o Pai
enviou o seu Filho ao mundo, o cristão já não espera os prodígios de um Deus
que restabelece a ordem permanecendo de fora. Sabe que Deus age através do
Filho; sabe que o “Redentor” colabora com o homem e dá à sua inserção no mundo
um significado de salvação. Porque, como afirma Paulo (2ª leitura), “nele
(Jesus Cristo) fostes cumulados de todas as riquezas, todas as da palavra e
todas as do conhecimento”.
Vigilantes,
à espera da sua vinda
Se é assim que Deus vem, então torna-se
evidente qual deve ser a nossa atitude: abandonar-nos a Deus, dispor nossa vida
na linha do serviço e da colaboração ao seu plano; não nos prender ao que é
antigo e ultrapassado; estar prontos para a perene novidade de Deus; não
dormir, mas vigiar com amor para reconhecê-lo na sua continua vinda
(evangelho). Na sua vinda definitiva, quando tiver terminado a nossa aventura
de “pobres”, ser-nos-á revelada a sua verdadeira face e ser-nos-á dada a plena
comunhão de vida com o nosso Deus, o Pai do Senhor Jesus Cristo.
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, estes dons que recebemos da vossa bondade e fazei que
os sagrados mistérios que celebramos no tempo presente sejam para nós penhor de
salvação eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 84, 13
O Senhor nos dará
todos os bens
e a nossa terra
produzirá o seu fruto.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Fazei frutificar em
nós, Senhor, os mistérios que celebramos, pelos quais, durante a nossa vida na
terra, nos ensinais a amar os bens do Céu e a viver para os valores eternos.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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