sexta-feira, 14 de novembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXXIII do Tempo Comum




(Domingo, 16 de Novembro de 2014)


Foste fiel em coisas pequenas: vem tomar parte na alegria do teu Senhor

LEITURA I – Prov 31, 10-13.19-20.30-31

Põe mãos ao trabalho alegremente

Esta leitura é um poema em louvor da mulher valorosa. Com o exemplo da mulher forte, a “mulher de valor”, a liturgia de hoje quer apresentar-nos uma lição de fidelidade ao longo de toda a vida. A Igreja é esta mulher de valor, fiel e laboriosa, à espera do seu Senhor; e, na Igreja, cada um de nós, os seus filhos, o há-de ser também.

Leitura do Livro dos Provérbios
“Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas da cidade.”

LEITURA II – 1 Tes 5, 1-6

Para que o dia do Senhor não vos surpreenda como um ladrão

A palavra de Deus exige dos cristãos a mesma fidelidade de que já falava a leitura anterior ao querer preparar-nos para o dia da vinda do Senhor, dia que virá como o ladrão, sem se fazer anunciar. Mas a certeza da sua vinda não nos pode deixar adormecidos na escuridão da nossa noite. Somos filhos da luz e do dia; havemos de viver despertos e vigilantes, “enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador”

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
“Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão nocturno[1]. E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas[2]. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.”

EVANGELHO – Mt 25, 14-30

Foste fiel em coisas pequenas: vem tomar parte na alegria do teu Senhor

A leitura contínua do Evangelho de S. Mateus ao longo de todo o ano vai deixar-nos hoje em frente do Senhor que regressa para coroar os servos que O esperaram na fidelidade, fazendo render os dons que Ele lhes confiou para que os administrassem como fiéis servidores. São dons que, de uma maneira ou outra, vêm sempre de Deus, mas que são dados aos homens para que eles os utilizem para bem dos próprios homens. Assim Deus será glorificado e o seu reino transformará o mundo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado[3]. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».”




[1] O Dia do Senhor, tema unificador deste texto, é um conceito herdado da profecia e da apocalíptica do AT. Trata-se de uma intervenção omnipotente de Deus, que é juízo e condenação dos que se opõem aos seus planos, e de triunfo e salvação dos que lhe são fiéis. Terror e esperança são sentimentos antitéticos que esse Dia suscita.
Tempos e momentos são uma hendíadis, duas palavras para expressar uma única ideia. A primeira traduz o tempo cronológico, quantitativo (chronoi), e a segunda, o tempo da decisão, qualitativo (kairoi). Indica-se, assim, a soberania de Deus nas suas intervenções históricas (Mt 24,36; Mc 13,32; Act 1,7).

[2] O texto move-se em antíteses: noite/dia, trevas/luz, dormir/vigiar, embriagar-se/ser sóbrio, ira/salvação. A força argumentativa destas antíteses pretende conduzir os destinatários a situar-se de uma forma justa face ao Dia do Senhor e a mostrar-lhes que esse Dia é para eles de salvação e não de condenação.
[3] Jesus recorre a um provérbio (ver 13,12; Mc 4,25; Lc 8,18; 19,26) para justificar a decisão do v.28. Por um lado, mostra a ilimitada generosidade de Deus e, por outro, o rigor do seu juízo.

Sem comentários:

Enviar um comentário