sexta-feira, 21 de novembro de 2014

LITURGIA DA PALAVRA – DOMINGO XXXIV do Tempo Comum


(Domingo, 23 de Novembro de 2014)




Vinde, benditos de meu Pai

LEITURA I – Ez 34, 11-12.15-17

Hei-de fazer justiça entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e cabritos

A figura do Bom Pastor, que se desenha neste oráculo dirigido contra os reis israelitas, maus pastores, nos tempos que antecederam o Exílio, corresponde a um título real. Cristo aplicou a Si mesmo este título de Bom Pastor. Ele veio ao encontro do seu Povo, para cuidar dele e o conduzir à felicidade. Dizer de Cristo que Ele é Rei é outra maneira de O designar como o Pastor do povo de Deus.

Leitura da Profecia de Ezequiel
“Eis o que diz o Senhor Deus: «Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei-de encontrá-las. Como o pastor vigia o seu rebanho, quando estiver no meio das ovelhas que andavam tresmalhadas, assim Eu guardarei as minhas ovelhas, para as tirar de todos os sítios em que se desgarraram num dia de nevoeiro e de trevas. Eu apascentarei as minhas ovelhas, Eu as levarei a repousar, diz o Senhor Deus[1]. Hei-de procurar a que anda perdida e reconduzir a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida e velarei pela gorda e vigorosa. Hei-de apascentá-las com justiça. Quanto a vós, meu rebanho, assim fala o Senhor Deus: Hei-de fazer justiça entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes[2]»”.

LEITURA II – 1 Cor 15, 20-26.28

Entregará o reino a Deus Pai, para que seja tudo em todos

Ressuscitado de entre os mortos, o primeiro entre todos, Cristo, no final dos tempos, tendo submetido a Si todas as coisas criadas, entregará o seu reino ao Pai. E nós, que pertencemos a Cristo, ressuscitados com Ele, também tomaremos parte no seu triunfo total e no seu reino de glória.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai, depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte. Quando todas as coisas Lhe forem submetidas, então também o próprio Filho Se há-de submeter Àquele que Lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos[3].”

EVANGELHO – Mt 25, 31-46

Sentar-Se-á no seu trono glorioso e separará uns dos outros

Jesus retoma nesta leitura a mesma imagem atribuída a Deus na primeira leitura, a imagem do pastor. O julgamento que se propõe fazer será a libertação final de todos os que foram salvos pelo seu Sangue derramado na Cruz, para com Ele se sentarem no seu trono glorioso, se, neste mundo, tiverem seguido os passos do seu Pastor. Esta leitura é assim um anúncio e um convite.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso[4]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’[5]. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão-de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’. E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna».”





[1] Deus é o bom pastor de Israel; é Ele quem conduzirá o povo do Exílio, a fim de habitar novamente na sua pátria (Sl 23; 95,7). Na teocracia judaica que se seguirá ao Exílio - pois a monarquia desaparecerá - Deus é quem irá presidir. Ver v.1-2 nota; v.2-3 nota; v.5-6 nota.
[2] Aqui, fala-se já das ovelhas e não dos pastores. Há dois grupos de ovelhas: as fracas e as fortes. As últimas prejudicam as primeiras, isto é, os ricos e os poderosos oprimem os fracos e desprotegidos do povo.
[3] Há uma ordem, tanto categorial como cronológica, na ressurreição (1 Ts 4,15-16). Trata-se dos eventos finais, quando da sua vinda gloriosa ("parusia"; 1 Ts 2,19; 3,13; 4,13-18.15; 5,23), em que Cristo reunirá todos os eleitos e vencerá todo o principado, toda a dominação e poder, isto é, todas as forças inimigas de Deus (Ef 1,20-21; 3,10; 6,12; Cl 1,16; 2,13-15). Obterá assim o domínio universal, quando forem postos todos os inimigos debaixo dos seus pés (Sl 110,1) e for destruída a própria morte, aqui personificada (Rm 5,12), realizando o desígnio do Pai, que tudo submeteu debaixo dos pés dele (Sl 8,7).
[4] Esta perícopa é uma descrição profética do juízo final. Identificando-se com todos os necessitados como seus irmãos (v.40), Jesus coroa o ensinamento do cap. 24 e daqueles em que falava só dos seus discípulos (10,40; 18,5). Os actos louvados por Jesus correspondem às obras de piedade características do AT e do NT, das quais não eram separáveis as virtudes da justiça e da caridade, em relação aos irmãos mais pequeninos.
[5] Em 10,42, o ensinamento análogo diz respeito só aos discípulos, chamados pequeninos, enquanto aqui se refere a todos os necessitados: os meus irmãos, os mais pequeninos.

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