sábado, 27 de janeiro de 2018

ENSINAVA-OS COMO QUEM TEM AUTORIDADE




Domingo IV do tempo comum – 28 Janeiro 2018


JESUS VENCE A ALIENAÇÃO

A acção demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas, etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma acção de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com a sua acção Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase “Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?” pode ser assim desdobrada: “Que existe em comum entre nós?”; “O que quer fazer connosco?”; “Qual a sua intenção a nosso respeito?”. Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro escravizava-o. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro afastava-as, sempre mais, do projecto do Pai, numa aberta afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau. À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido. Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. O discipulado cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que agem dentro de nós. A autoridade com que Jesus falava e realizava milagres chamava a atenção das pessoas. Embora houvesse muitos mestres e se tivesse notícia de indivíduos capazes de operar prodígios, ele distinguia-se de todos os demais. Não era um milagreiro qualquer, nem um rabi como tantos outros. Em que consistia a sua originalidade? As palavras e a acções de Jesus apontavam para algo que o superava. Não correspondiam àquilo que se podia esperar de um ser humano comum. Por exemplo, o modo como se defrontava com os espíritos imundos e os submetia destemidamente, tinha algo de insólito. O segredo de tudo isto é que Jesus era detentor de um poder, recebido de Deus. Era o Pai mesmo quem agia por meio do Filho. Por isso, o povo percebia existir algo de especial no que ele fazia. O próprio Jesus afirmava não agir por conta própria, e sim, por iniciativa divina. Jamais dissera estar nele a fonte de seu poder. Antes, buscava sempre levar seus ouvintes e espectadores a atribuir a Deus tudo o que viam e ouviam. As acções do Mestre eram verdadeira revelação do Pai. Ao constatar que Jesus ensinava, com autoridade, uma doutrina nova, as pessoas podiam reconhecer, logo, a acção de Deus no meio delas.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 105, 47
Salvai-nos, Senhor nosso Deus,
e reuni-nos de todas as nações,
para dar graças ao vosso santo nome e nos alegrarmos no vosso louvor.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei, Senhor nosso Deus,
que Vos adoremos de todo o coração
e amemos todos os homens com sincera caridade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Deut 18, 15-20

«Farei surgir um profeta e porei as minhas palavras na sua boca»

A leitura evangélica vai apresentar Jesus como Mestre a ensinar. É o que também significa a palavra do profeta, aquele que fala em nome de Deus. Profeta foi no Antigo Testamento Moisés. Mas é o próprio Moisés quem, nesta leitura, anuncia o aparecimento de outro profeta, que surgirá depois dele. Todo o povo do Antigo Testamento o esperou, embora não o tivesse sabido reconhecer na pessoa de Jesus de Nazaré. Admirável é que Deus fale aos homens por meio de outros homens; mas as palavras que eles hão-de dizer são as palavras de Deus. Como Deus tudo faz para que a sua palavra esteja perto de nós!

Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’»
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. (Repete-se)

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor. (Refrão)

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou;
pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. (Refrão)

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras». (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 7, 32-35

«A virgem preocupa-se com os interesses do Senhor, para ser santa»

O Apóstolo deseja que os cristãos vivam sem estarem prisioneiros de preocupações que os impeçam de servirem ao Senhor em liberdade de espírito. Por isso, vê no celibato consagrado ao Senhor, portanto por motivos de fé e de amor, uma forma superior de consagração de toda a pessoa, em corpo e espírito, ao serviço de Deus, mas que é sempre um dom seu.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 4, 16
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz;
para aqueles que habitavam
na sombria região da morte
uma luz se levantou. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 1, 21-28

«Ensinava-os como quem tem autoridade»

O ensino de Jesus reveste-se de autoridade única, porque Ele é o Filho, Enviado de Deus, e, por isso, as suas palavras são a própria Palavra de Deus. Ele é realmente o Profeta por excelência. Para os escribas, que ensinavam as Escrituras, a autoridade vinha-lhes das mesmas Escrituras e da tradição; para Jesus a autoridade vem-lhe de Ele ser o Filho de Deus e seu Messias. Para o manifestar, Jesus expulsa o demónio, mostrando assim que o poder demoníaco cessa diante do seu poder. Ele é “o mais forte”, como noutra passagem se diz.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Apresentamos, Senhor, ao vosso altar
os dons do vosso povo santo;
aceitai-os benignamente
e fazei deles o sacramento da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 17-18
Fazei brilhar sobre mim o vosso rosto,
salvai-me, Senhor, pela vossa bondade
e não serei confundido por Vos ter invocado.

OuMt 5, 3-4

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra prometida.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecidos pelo sacramento da nossa redenção, nós Vos suplicamos, Senhor, que, por este auxílio de salvação eterna, cresça sempre no mundo a verdadeira fé.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 20 de janeiro de 2018

ARREPENDEI-VOS E ACREDITAI




Domingo III do tempo comum – 21 Janeiro 2018


OS SEGUIDORES DE JESUS

João Batista foi preso por Herodes que, como os chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão, Jesus retorna à Galileia, que é um território predominantemente gentílico. Aí, Jesus desenvolve o seu ministério, com o mesmo anúncio de João Batista, da proximidade do Reino e da conversão à justiça. Marcos, bem como Mateus e Lucas, narram o chamamento dos primeiros discípulos nas margens do Mar da Galileia. O evangelho de João narra este chamamento já na ocasião do baptismo de Jesus, quando alguns discípulos de João Baptista se dispõem a seguir Jesus. O chamamento, narrado em estilo sumário, na realidade fez-se num clima de diálogo e conhecimento mútuo. Assim como Jesus abandonou a sua rotina de vida em Nazaré, também os seus discípulos abandonam o seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo, mas para iniciarem uma nova prática social alternativa, de justiça e paz. As primeiras palavras de Jesus apresentam a chave para interpretar toda a sua actividade. Cumprimento: em Jesus, Deus entrega-se totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir: o Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a acção de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. O chamamento dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma acção transformadora. Dois traços marcaram o ministério de Jesus desde os seus primórdios. Ele não foi um pregador solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem partilhá-la com ninguém. Pelo contrário, quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo sua missão. Os escolhidos foram pessoas simples, pescadores do lago da Galileia, cujas vidas se transformaram totalmente, a partir do encontro com o Senhor. Eles foram convidados a deixar tudo e seguir o Mestre, que lhes deu como missão saírem pelo mundo, atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo despontou para eles. O desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade. Nada os impediu de romper com o mundo e seguir o Mestre. Outro traço do ministério de Jesus: ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o Senhor deu a entender que a sua obra deveria ser levada adiante e expandir-se, a partir da sementinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada do Reino e realizou sinais indicadores da sua presença. Durante a sua vida terrena, não se poupou a fazer o Reino acontecer. Agora, cabia aos discípulos levar adiante o anúncio da Boa-Nova, para que o apelo do Reino atingisse a todos, sem distinção. Jesus colocou diante deles um mar diferente, a humanidade inteira, onde a função de pescadores haveria de continuar. Era hora de pescar muitas pessoas para Deus.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 95, 1.6
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Glória e poder na sua presença,
esplendor e majestade no seu templo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso e eterno,
dirigi a nossa vida segundo a vossa vontade,
para que mereçamos produzir abundantes frutos de boas obras,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Jonas 3, 1-5.10

«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»

O “Tempo Comum” retoma, em cada ano, a leitura de um dos Evangelhos chamados sinópticos: este ano, o de S. Marcos, a partir precisamente deste terceiro Domingo. Como é conhecido, no Tempo Comum a primeira leitura é normalmente escolhida em ligação com a do Evangelho. Ora, S. Marcos começa o seu Evangelho pelo grande convite de Jesus à penitência, isto é, à conversão. Daí que esta primeira leitura nos apresente igualmente a mensagem da penitência, tão claramente anunciada pelo profeta e tão exemplarmente escutada por aqueles a quem ele a dirigiu.

Leitura da Profecia de Jonas
A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar, dizendo: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25), 4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a)
Refrão: Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos. (Repete-se)

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. (Refrão)

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças, que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor. (Refrão)

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 7, 29-31

«O cenário deste mundo é passageiro»

Como já no Domingo anterior, a secção da carta apostólica que lemos como segunda leitura começa por se ocupar de casos concretos da comunidade a quem se dirige. Hoje, a propósito da atitude dos cristãos perante o casamento e o celibato consagrado, de que tratará no próximo Domingo, o Apóstolo começa por nos fazer reflectir sobre o sentido não definitivo da vida neste mundo.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mc 1, 15
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Está próximo o reino de Deus;
arrependei-vos e acreditai no Evangelho. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 1, 14-20

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho»

A Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo traz aos homens um ideal novo e nova luz para os seus caminhos. É por este caminho novo, que a palavra do Filho de Deus lhes aponta, que os homens hão-de sair da prisão escura em que o pecado os mantém e ser conduzidos ao mundo novo a que o Senhor os quer levar. Para isso, é necessário deixar para trás muita coisa e seguir o Senhor que chama, como logo fizeram os primeiros discípulos que Jesus chamou e que logo O seguiram.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente,
e santificai Senhor, os nossos dons,
a fim de que se tornem para nós fonte de salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 6
Voltai-vos para o Senhor e sereis iluminados,
o vosso rosto não será confundido.

OuJo 8, 12

Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor.
Quem Me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus omnipotente,
nós Vos pedimos
que, tendo sido vivificados pela vossa graça,
nos alegremos sempre nestes dons sagrados.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 13 de janeiro de 2018

VIRAM ONDE JESUS MORAVA E PERMANECERAM COM ELE




Domingo II do tempo comum – 14 Janeiro 2018


O ENCONTRO COM O MESSIAS

“O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta fá-la a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus e ele pergunta-nos sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece connosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Baptista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida os seus próprios discípulos a dirigirem-se a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus reconhece aqueles que o Pai coloca no seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: no sonho de Jacob, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra e o céu (Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. João repete a apresentação de Jesus: “Eis o cordeiro de Deus!”. Nessa expressão, que tem raízes na prática sacrifical do Antigo Testamento, podemos ver uma inversão de sentido: no regime da Lei e do Templo, o sacerdote sacrificava um cordeiro para reparação de pecados contra as observâncias da Lei. Agora, Jesus, que vem anunciar o perdão dos pecados e a libertação da opressão da Lei, será sacrificado pelos sacerdotes que procuram manter o seu poder e privilégios. A formação dos discípulos de Jesus tem início entre os discípulos de João Baptista. A partir do breve diálogo, dois discípulos vão onde Jesus morava e permanecem com ele. A adesão a Jesus dá-se a partir de relações pessoais, em um processo comunitário. Ir e ver; o estar com Jesus é fonte de experiência de Deus e move-nos para que comuniquemos com os irmãos, formando novas comunidades de vida. O encontro de Jesus com seus primeiros discípulos é apresentado sob uma luz messiânica. Dois discípulos de João Baptista, um dos quais era André, seguiram o novo Mestre, assim que foram informados tratar-se do “Cordeiro de Deus”. Encontrando-se com Simão Pedro, André, seu irmão, anuncia-lhe ter encontrado o Messias. O desejo de conhecer Jesus fez com que os dois primeiros discípulos o seguissem e ficassem com ele um dia inteiro. Foram movidos por um interesse que ia muito além de constatar as condições de vida do novo Mestre. Eles queriam averiguar em que sentido ele era o “Cordeiro de Deus”. O diálogo com Jesus serviu para esclarecer a sua condição de enviado, com a tarefa precisa de reconciliar a humanidade pecadora com o Pai, eliminando o pecado que impede o ser humano de ter acesso a Deus. A libertação do passado continuava a efectivar-se no presente, por meio do ministério de Jesus. A sua condição de “Cordeiro” era claro indício de que a salvação comportaria sacrifício e morte. Se quisessem tornar-se seus discípulos, André e João deveriam considerar, desde já, este aspecto do discipulado. Convivendo com o Mestre, entenderam tratar-se do Messias. Por isso é que André, plenamente convicto, foi até ao seu irmão Simão para lhe dar a notícia: “Nós encontramos o Messias”. Movido por esta certeza, Simão não hesitou em deixar o antigo mestre, João Baptista e começar um discipulado totalmente novo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 65, 4
Toda a terra Vos adore, Senhor,
e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que governais o céu e a terra, escutai misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – 1 Sam 3, 3b-10.19

«Falai, Senhor, que o vosso servo escuta»

A leitura do Evangelho continua ainda a fazer a “manifestação” ou “epifania” do Senhor. E apresenta-O hoje como Aquele que vem chamar os homens para os reunir em volta de Si. A palavra de Jesus é a voz do Pai chamando os homens à grande assembleia do seu povo. Mas antes de o Filho vir ao mundo, já a palavra de Deus se fizera ouvir e chamava os homens. E os que a ouviram e lhe responderam ficaram sendo o modelo dos verdadeiros discípulos do Senhor, como Samuel.

Leitura do Livro de Samuel
Naqueles dias, Samuel dormia no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39 (40), 2.4ab.7-8a.8b-9.10-11 (R. 8a.9a)
Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade. (Repete-se)

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus. (Refrão)

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou». (Refrão)

«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração». (Refrão)

«Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade». (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 6, 13c-15a.17-20

«Os vossos corpos são membros de Cristo»

A Primeira Epístola aos Coríntios, por ser bastante longa, é lida, repartida em três partes, no princípio do Tempo Comum de cada um dos três anos A, B, e C. Continuamos, por isso, este ano, a leitura começada no ano anterior. A passagem que hoje se lê fala-nos do respeito que havemos de ter pela pessoa humana total. A fé cristã não se afirma apenas no espírito, mas também no corpo, templo, como é, do Espírito de Deus, e destinado à glória futura que em nós se há-de manifestar.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito. Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo; mas o que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 1, 41.17b
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Encontramos o Messias, que é Jesus Cristo.
Por Ele nos veio a graça e a verdade. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 1, 35-42

«Foram ver onde morava e ficaram com Ele»

Jesus vem ao mundo. A sua vinda é dom gratuito, que quer ser aceite pelos homens. De facto, se muitos O não reconheceram, outros O procuraram e ficaram junto d’Ele. A alguns, o Senhor chama-os a segui-l’O, de mais perto, para o serviço em favor do seu reino e da salvação dos homens. Este chamamento exige, por vezes, transformação profunda na vida: a Simão até o nome lhe foi mudado.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor,
a graça de participar dignamente nestes mistérios, pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício realiza-se a obra da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 22, 5
Para mim preparais a mesa
e o meu cálice transborda.

Ou 1 Jo 4, 16

Nós conhecemos e acreditámos
no amor de Deus para connosco.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Infundi em nós, Senhor, o espírito da vossa caridade, para que vivam unidos num só coração e numa só alma aqueles que saciastes com o mesmo pão do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 6 de janeiro de 2018

EPIFANIA DO SENHOR




Domingo da oitava do Natal – 7 Janeiro 2018


JESUS, PERIGO OU SALVAÇÃO?

Com a festa da Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. A sua vinda, porém, desperta reacções diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e acolhem-no como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceite pelos pagãos. Nas narrativas da infância de Jesus, em Mateus, Jesus recém-nascido já aparece para o mundo representado pelos magos do Oriente. No Evangelho de Lucas (2,8-20), quem vai adorar o recém-nascido são os humildes pastores. A narrativa de Mateus, com a adoração dos magos, é feita no estilo do “midraxe” judaico. É uma reconstrução literária de episódios bíblicos antigos, retratados de acordo com o tempo do narrador. Mateus narra a visita dos magos no sentido de associar o nascimento de Jesus a uma profecia de Isaías (primeira leitura), em que as várias nações pagãs trarão tesouros, ouro e incenso, ao Templo de Jerusalém. Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a ele que os povos se dirigem em adoração, numa perspectiva universalista (segunda leitura). A menção da estrela que guia os magos é uma alusão à estrela de Jacob (Nm 24,17) que, depois, se transformou na estrela de David, com seis pontas e doze lados, associando Jesus ao messianismo davídico. Assim, também se dá com o nascimento em Belém, cidade tida como a terra de origem de David. Todos estes acentos messiânicos Mateus fazia-os para convencer a sua comunidade de cristãos originários do judaísmo que em Jesus se realizavam as expectativas messiânicas. Além do mais, a narrativa abre espaço para acentuar a crueldade do rei Herodes, com o episódio da matança das crianças de Belém. Do ponto de vista histórico, Jesus manifesta-se ao mundo a partir do início de seu ministério, o que se dá com o seu baptismo por João Baptista. Com o anúncio da chegada do Reino dos Céus, Jesus revela Deus como Deus do amor para todos os povos, sem exclusões. O encontro com Deus dá-se no desapego da riqueza e do poder, e em toda acção a favor da vida e da paz.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Mal 3, 1; 1 Cron 19, 12
Eis que vem o Senhor soberano.
A realeza, o poder e o império estão nas suas mãos.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 60, 1-6

«Brilha sobre ti a glória do Senhor»

Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.° 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.

Leitura do Livro de Isaías
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra. (Repete-se)

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. (Refrão)

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra. (Refrão)

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir. (Refrão)

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos. (Refrão)


LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6

«Os gentios recebem a mesma herança prometida»

O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 2, 2
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorar o Senhor. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 2, 1-12

«Viemos do Oriente adorar o Rei»

Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado, imolado e oferecido em alimento, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 2, 2
Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos com presentes adorar o Senhor.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Iluminai-nos, Senhor,
sempre e em toda a parte com a vossa luz celeste, para que possamos contemplar com olhar puro e receber de coração sincero o mistério em que por vossa graça participámos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.