sábado, 29 de setembro de 2018

CORTAR O QUE PREJUDICA





DOMINGO XXVI DO TEMPO COMUM – ano B – 30SET2018



O QUE A IGREJA DEVERIA CORTAR PARA EVITAR SER UM ESCÂNDALO?

Vivemos numa sociedade de escândalo..., que usa e destrói os pequenos.... Há um escândalo de gastos militares, de mentiras políticas generalizadas, de riqueza ostensiva que atrai e destrói os mais pequenos... O escândalo de uma sociedade espectáculo, feita para escandalizar..., com o resultado de barcos perdidos nos mares com gente necessitada a bordo, de fronteiras fechadas, de milhares de mortos.
Vivemos numa igreja de poder social e religioso de escândalo, que é definido a partir de cima, em linha hierárquica e “patriarcal”, onde aqueles que se acham dotados de poder “legítimo” (superiores) utilizam os mais pequenos (os que estão abaixo) na linha económica, emocional, afectiva e religiosa, e, acima de tudo, de “consciência”, aparecendo às vezes actuando como “terroristas mentais”, contando aos outros o que eles são e devem ser, usando um tipo de “poder de consciência”.
Neste contexto o Evangelho coloca o grande pecado que consiste em “escandalizar” (utilizar, derrubar, perverter) num plano social e sexual, económico e religioso os mais pequenos, como num “império estabelecido pela força…” Neste contexto introduz Jesus a referência simbólica à mão, ao pé ou ao olho que ofende ou destroi o outro, acrescentando que o bom crente deve ser capaz de cortar a mão ou pé ou olho a fim de se conservar “inteiro” para o Reino (de não destruir os outros). Nesta linha podemos situar o "pecado da pedofilia", que não é apenas sexual, mas também afectivo e do domínio de vidas e consciências.
Há, sem dúvida, um escândalo individual, típico do “cristão” auto-suficiente, que se justifica e se exalta a si próprio, mas destrói os outros. Esse Cristão deve, sem dúvida, cortar simbolicamente a mão, o pé ou o olho que escandaliza os outros (e que o destrói a si mesmo), para, dessa maneira, seguir a Jesus e promover o bem das crianças.
Certamente, é duro qualquer tipo de escândalo sexual (mesmo que aparentemente pequeno), com crianças, com menores ... Mas o escândalo ao qual Jesus alude é também social e eclesial. Toda a Igreja deve olhar e ver como escandaliza (faz cair, destrói) os pequenos, não só dentro dela, mas também fora (no seu ambiente social), pois, para ser verdadeira, ela deve estar preparada para “arrancar” muitas das coisas que parecem muito valiosas:


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Dan 3, 31.29.30.43.42
Vós sois justo, Senhor, em tudo o que fizestes.
Pecámos contra Vós, não observámos
os vossos mandamentos.
Mas para glória do vosso nome,
mostrai-nos a vossa infinita misericórdia.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que, correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Num 11, 25-29
«Estás com ciúmes por causa de mim?
Quem dera que todo o povo fosse profeta!»

Uma das grandes fraquezas humanas é o espírito de inveja e de partidarismo; e essa atitude de espírito é um dos maiores impedimentos à unidade e à colaboração. Tal atitude aparece até dentro da comunidade do povo de Deus, como se pode ver já nesta passagem do Antigo Testamento. Mas um espírito recto e humilde, como o de Moisés, saberá antes agradecer ao Senhor os dons que reconhecer nos outros, e não lhos invejar. É preciso antes compreender que o povo de Deus é todo ele animado pelo Espírito de Deus, o qual assiste a cada um em ordem à função que lhe cabe no meio desse povo.

Leitura do Livro dos Números
Naqueles dias, o Senhor desceu na nuvem e falou com Moisés. Tirou uma parte do Espírito que estava nele e fê-lo poisar sobre setenta anciãos do povo. Logo que o Espírito poisou sobre eles, começaram a profetizar; mas não continuaram a fazê-lo. Tinham ficado no acampamento dois homens: um deles chamava-se Eldad e o outro Medad. O Espírito poisou também sobre eles, pois contavam-se entre os inscritos, embora não tivessem comparecido na tenda; e começaram a profetizar no acampamento. Um jovem correu a dizê-lo a Moisés: «Eldad e Medad estão a profetizar no acampamento». Então Josué, filho de Nun, que estava ao serviço de Moisés desde a juventude, tomou a palavra e disse: «Moisés, meu senhor, proíbe-os». Moisés, porém, respondeu-lhe: «Estás com ciúmes por causa de mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles!».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 18 (19), 8.10.12-13.14 (R. 9a)
Refrão: Os preceitos do Senhor alegram o coração. (Repete-se).

A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes,
dão a sabedoria aos simples. (Refrão)

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos. (Refrão)

Embora o vosso servo se deixe guiar por eles
e os observe com cuidado,
quem pode, entretanto, reconhecer os seus erros?
Purificai-me dos que me são ocultos. (Refrão)

Preservai também do orgulho o vosso servo,
para que não tenha poder algum sobre mim:
então serei irrepreensível
e imune de culpa grave. (Refrão)


LEITURA II – Tg 5, 1-6

«As vossas riquezas estão apodrecidas»

O Apóstolo que escreveu o texto que hoje nos é proclamado pertenceu à primeira geração cristã. Por ele se vê como a fé, que inspirou, na Sagrada Escritura, páginas da mais alta mística, inspirou igualmente orientações muito práticas para a vida social, no que diz respeito ao uso dos bens temporais e à justiça para com o próximo, como estas que vamos escutar.

Leitura da Epístola de São Tiago
Agora, vós, ó ricos, chorai e lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. As vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se, e a sua ferrugem vai dar testemunho contra vós e devorar a vossa carne como fogo. Acumulastes tesouros no fim dos tempos. Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. Condenastes e matastes o justo e ele não vos resiste.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Jo 17, 17b.a

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

A vossa palavra, Senhor, é a verdade;
santificai-nos na verdade. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 9, 38-43.45.47-48

«Quem não é contra nós é por nós.
Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a»

O Espírito de Deus, que encheu a terra inteira, quer atingir, pela sua acção, todos os homens. Onde quer que a sua acção se manifeste, aí está a sua presença. E os filhos da Igreja devem alegrar-se com isso, procurando sempre, à luz do Espírito, discernir o que é ou não fruto desse mesmo Espírito. É à luz do Espírito de Deus que cada qual procurará ajuizar das suas próprias atitudes, deixando para trás tudo o que for obstáculo ao reino de Deus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação e fazei que por ela se abra para nós a fonte de todas as bênçãos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 118, 9-5
Senhor, lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.
A consolação da minha amargura
é a esperança na vossa promessa.

Ou – Jo 3, 16
Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;
também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que este sacramento celeste renove a nossa alma e o nosso corpo, para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte, possamos tomar parte na sua herança gloriosa.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 22 de setembro de 2018

QUEM É O MAIOR?





DOMINGO XXV DO TEMPO COMUM – ano B – 23SET2018



O Filho do homem vai ser entregue...

“Partindo dali”, isto é, da região de Cesareia de Filipe, Jesus e seus discípulos atravessam a Galileia a caminho de Jerusalém, para ali fazer o seu anúncio libertador, mesmo sabendo que estava ameaçado de morte pelos chefes de Israel: “entregue às mãos dos homens e eles o matarão”. No caminho, Jesus prepara os discípulos para suportarem o possível desfecho trágico. Eles persistiam com a compreensão messiânica de que Jesus seria um novo David que restauraria o reino de Israel. Daí a discussão deles, entre si, a caminho, sobre quem era o maior. Jesus, contudo, inverte os critérios de competição: a aspiração a ser o maior deve dar lugar ao empenho em servir a todos. O modelo é a criança, com a qual Jesus se identifica na humildade, simplicidade e acolhida do novo. Os discípulos de Jesus deixaram-se contaminar pela busca de grandeza. Por isso, discutiam para saber quem, de entre eles, seria o maior. Mas o ponto de partida deste debate revelava um equívoco. Pensavam na grandeza do Reino que Jesus inauguraria e na possibilidade de ocupar posições de destaque junto ao monarca. De antemão, esses discípulos faziam a partilha dos futuros cargos disponíveis. Jesus, porém, mandou parar estas considerações indignas de quem quer ser seu discípulo. O ensinamento de Jesus centra-se no tema do serviço, bem característico do Reino. A grandeza do discípulo está na sua capacidade de se colocar a serviço do próximo. Ocupa o primeiro lugar quem se predispõe a servir a todos, sem distinção, vivendo a condição de servo, de maneira plena. A quem é reticente no servir e não prima pela generosidade, estão reservados os últimos lugares no Reino. Portanto, se os discípulos quisessem realmente disputar os primeiros lugares, que o fizessem motivados por um ideal elevado e não por ambições mesquinhas, sem sentido para quem vive a dinâmica do Reino. Os discípulos tinham em Jesus um exemplo consumado do servidor do Reino. A sua vida definia-se como serviço generoso e gratuito às multidões oprimidas e atribuladas de tantas maneiras. Bastava que se espelhassem no Mestre. Os discípulos não compreendem as consequências que a acção de Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA
Eu sou a salvação do meu povo, diz o Senhor.
Quando chamar por Mim nas suas tribulações,
Eu o atenderei e serei o seu Deus para sempre.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para alcançarmos a vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Sab 2, 12.17-20
«Condenemo-lo à morte infamante»

Esta leitura descreve, em primeiro lugar, a atitude dos judeus influenciados pelas civilizações dos outros povos que lhes iam fazendo perder a fé na lei de Deus, transmitida pelos seus antepassados. Esses pagãos experimentam-nos, perseguindo-os e maltratando-os. O mistério da Cruz virá demonstrar que os sofrimentos dos homens, assumidos por Jesus, não serão uma derrota que põe fim a tudo, mas caminho de libertação e glória, porque Deus está com o justo. O justo por excelência é Jesus Cristo.

Leitura do Livro da Sabedoria
Disseram os ímpios: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação. Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a sua morte. Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas, para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 53 (54), 3-4.5.6.8 (R. 6b)
Refrão: O Senhor sustenta a minha vida. (Repete-se).

Senhor, salvai-me pelo vosso nome,
pelo vosso poder fazei-me justiça.
Senhor, ouvi a minha oração,
atendei às palavras da minha boca. (Refrão)

Levantaram-se contra mim os arrogantes
e os violentos atentaram contra a minha vida.
Não têm a Deus na sua presença. (Refrão)

Deus vem em meu auxílio,
o Senhor sustenta a minha vida.
De bom grado oferecerei sacrifícios,
cantarei a glória do vosso nome, Senhor. (Refrão)


LEITURA II – Tg 3, 16 – 4, 3

« O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz»

A má convivência entre os homens procede sempre da atitude interior, egoísta, menos recta, viciada, própria de uma natureza deixada a si mesma, onde a sabedoria de Deus não lançou a sua luz e a sua paz. Porque a natureza não pode dar esta sabedoria, é necessário pedi-la a Deus, que a dará abundantemente a quem Lha pedir.

Leitura da Epístola de São Tiago
Caríssimos: Onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más acções. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz. De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam nos vossos membros? Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.
Palavra do Senhor


ALELUIA – 2 Tes 2, 14

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Deus chamou-nos por meio do Evangelho,
para alcançarmos a glória
de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 9, 30-37

«O Filho do homem vai ser entregue...
Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos»

A leitura da hoje continua a do domingo anterior: Jesus quer fazer compreender aos seus o sentido da sua Paixão e o sentido da vida cristã em geral, que não é a procura de grandezas, mas o serviço de Deus e dos homens segundo os caminhos de Deus: os da humildade e simplicidade.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons da vossa Igreja, para que receba nestes santos mistérios os bens em que pela fé acredita.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 118, 4-5
Promulgastes, Senhor, os vossos preceitos para se cumprirem fielmente.
Fazei que os meus passos sejam firmes na observância dos vossos mandamentos.

Ou – Jo 10, 14
Eu sou o Bom Pastor, diz o Senhor;
conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Sustentai, Senhor, com o auxílio da vossa graça aqueles que alimentais nos sagrados mistérios, para que os frutos de salvação que recebemos neste sacramento se manifestem em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 15 de setembro de 2018

TU ÉS O MESSIAS... O FILHO DO HOMEM TEM DE SOFRER MUITO





DOMINGO XXIV DO TEMPO COMUM – ano B – 16SET2018



Quem dizem os homens que eu sou?

A Liturgia deste Domingo, fala-nos do Messias Sofredor, um tema que explica mais claramente a necessidade de o Salvador passar pelo sofrimento e pela morte para realizar o seu desígnio de salvação. A libertação do pecado flui, naturalmente, do arrependimento, a que se segue o perdão. Só perdoando, o homem é perdoado. Perdão e amor são as máximas que Jesus nos deixou e Ele entregou-Se em holocausto por aqueles que O odiaram e perseguiram até à morte.
A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías, diz que o “Servo do Senhor” é desprezado e perseguido por todos.
-         “Apresentei as costas àqueles que me batiam e as faces aos que me arrancavam a barba, e não furtei o rosto aos insultos e aos escarros”. (1ª Leitura).
No cumprimento da sua missão, ele sujeita-se às humilhações e ao sofrimento, mantendo sempre uma firmeza inabalável e uma serena e alegre confiança em Deus. Esta misteriosa figura, que aparece com muita frequência no Livro de Isaías, anuncia Cristo na Sua Paixão abandonado pelos discípulos, mas sempre fiel à Sua missão redentora, consciente como estava de que a salvação passa pela Cruz. E assim caminha segundo a vontade de Deus como canta o Salmo Responsorial:
-         “Andarei na presença de Deus, junto a ele, na terra dos vivos.”.
Na 2.ª Leitura, S. Tiago lembra-nos que ter fé, ou seja, crer, não é só, nem principalmente, admitir um determinado credo. É essencialmente, estar em atitude de acolhimento à inspiração e à graça de Deus.
-         “que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática?” (2ª Leitura).
É que uma fé de palavras é muito fácil, mas aceitar as duras exigências da fé que se apregoa é muito mais difícil e, por isso, muito mais meritório, porque custa, porque exige sofrimento. Aceitar o compromisso vital da fé é corresponder ao amor de Deus, realizado no amor ao próximo.
-         “Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!”. (2ª Leitura).
O Evangelho é de São Marcos e diz-nos que Jesus se apresenta pela primeira vez aos seus discípulos como o Mestre-sofredor, que vai morrer pela libertação total do povo. Esta concepção do Messias-sofredor não é conhecida deles. Não era isso que eles esperavam. Depois de perguntar o que diziam d’Ele e depois da confissão de Pedro, Jesus começou a anunciar o seu sofrimento e a sua morte, com a incompreensão dos seus discípulos a quem disse, por fim:
-         “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”. (Evangelho).
Não era bem isto que os discípulos e todo o povo esperavam, mas sim a libertação do poder romano. A palavra Messias é uma forma grega da palavra aramaica que significa “O Ungido”.
Aparece seis vezes no Novo Testamento:
-         “Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na Sua glória?" (Lc 24,26)
-         “Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia?”... (Lc 24,46)
-         “Ele confessou e não negou: ‘Eu não sou o Messias’. Quem és então?" (Jo 1,20)
-         “Porque é então que baptizas se não és o Messias, nem Elias nem o Profeta...” (Jo 1,25).
-         “Sei que o Messias (que se chama Cristo), está para vir, e que, quando vier tudo nos dará a conhecer” ... (Jo 4,25).
-         “Vinde ver um homem que me disse tudo quanto fiz. Não será Ele o Messias?” (Jo 4,29).
Para entender Cristo como Messias, é preciso observar cuidadosamente o Antigo Testamento para saber o que é que os Israelitas esperavam e depois examinar, então, atentamente, o Novo Testamento para confirmar como é que Cristo, de muitas maneiras cumpriu as promessas que Lhe diziam respeito. A primeira profecia em que o Messianismo como tal mostra que a expectativa era de uma “Dinastia Real” está na história de Israel:
-         “Suscitarei depois de ti um filho teu, que nascerá de ti e consolidará o seu reino. Ele me construirá um templo, e afirmarei para sempre o seu régio trono”. (2 Sm 7,12-13).
-         “Eu o estabelecerei na Minha casa e no Meu reino para sempre, e o seu trono será firme por todos os séculos”.
O futuro rei, tal como os Israelitas o viram em expectativa, deveria cumprir o ideal universal do seu futuro e o Messias Real deveria continuar presente na antiga Aliança. (O Salmo 2 diz que Deus é o seu Ungido, e o Salmo 72 fala da Oração pelo Rei ideal).
“Porque Ele fez comigo uma Aliança eterna, Aliança firme e imutável...” (2 Sm 23,5).
O sinal de um rei deificado deveria aparecer como uma “estrela”:
-         “Uma estrela sai de Jacob e um ceptro flamejante surge no seio de Israel”. (Nm 24,17).
Cristo, tal como foi profetizado no Antigo Testamento deveria ser inteiramente diferente de um rei.
·        Seria um Messias sofredor, muito diferente do Messias apresentado no Livro do Eclesiástico, deveria nascer de uma Virgem e o seu nome seria Emanuel, isto é, Deus connosco: – “Eis que uma virgem concebeu e dará à luz um filho e o chama Emanuel”. (Os 7,14).
·        Seria o sucessor ideal de David, um Príncipe de Paz: – ‘O Seu império será grande e a Sua paz não terá fim sobre o trono de David e sobre o seu reino. Ele estabelecê-lo-á e mantê-lo-á pelo direito da justiça, desde agora e para sempre”. (Is.9,7).
·        Deveria nascer em Belém: – “Mas tu, Belém de Efrata, tão pequena para seres contada entre as famílias de Judá. É de ti que Me há-de sair Aquele que governará em Israel”. (Mq 5,1).
·        Seria um sacerdote eterno: – “Tu és sacerdote para sempre segundo a Ordem de Melquisedech”. (Sl 110,4).
O Novo Testamento proclama o cumprimento das Profecias do Antigo Testamento pelo próprio Cristo aos Apóstolos no caminho de Emaús: – "Ó homens sem inteligência e lentos de espírito em crer em tudo quanto os profetas anunciaram...” (Lc. 24,25).
Cristo quereria exercer o Seu Messianismo, enviando o Espírito Santo e ser glorificado por Seu Pai:

-         “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, do que nós somos testemunhas. Tendo sido elevado pela direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vedes e ouvis”. (At 2,32)
-         “Quando o Filho do Homem vier na Sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos, sentar-Se-á, então, no Seu trono de glória”. (Mt 25,31).
A libertação pela Cruz tem outra dimensão, que supõe uma entrega total à custa do sofrimento e da morte, para o cumprimento do plano da História da Salvação.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sir 36, 18
Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam
e confirmai a verdade dos vossos profetas.
Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, lançai sobre nós o vosso olhar; e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor, dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 50, 5-9a
«Apresentei as costas àqueles que me batiam»

Esta leitura do Antigo Testamento fala-nos de uma personagem a que a Sagrada Escritura dá o nome de “Servo do Senhor”. Apresenta-se como alguém obediente a Deus, sujeito a muitas humilhações, mas sempre confiante no Senhor, e que, por fim, Deus exaltará na glória. É a figura típica de Jesus na sua Paixão, obediente até à morte na Cruz, exaltado na glória da Ressurreição, como o Evangelho O vai apresentar.

Leitura do Livro de Isaías
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido. O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 114 (116), 1-2.3-4.5-6.8-9 (R. 9)
Refrão: Andarei na presença do Senhor sobre a terra dos vivos. (Repete-se).
Ou: Caminharei na terra dos vivos na presença do Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. (Repete-se).

Amo o Senhor,
porque ouviu a voz da minha súplica.
Ele me atendeu,
no dia em que O invoquei. (Refrão)

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. (Refrão)

Justo e compassivo é o Senhor,
o nosso Deus é misericordioso.
O Senhor guarda os simples:
estava sem forças e o Senhor salvou-me. (Refrão)

Livrou da morte a minha alma,
das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés.
Andarei na presença do Senhor,
sobre a terra dos vivos. (Refrão)


LEITURA II – Tg 2, 14-18

«A fé sem obras está morta»

A pregação de S. Tiago é muito concreta. A fé vive-se na prática da vida de cada dia, sobretudo nas relações com o próximo, que hão-de ter sempre a caridade como fundamento. A fé supõe a aceitação total da palavra de Deus, no pensar, no querer, no agir. Acreditar não é apenas admitir com a inteligência a verdade que a Igreja ensina, mas viver, em toda a vida, dessa mesma verdade. Doutro modo, a fé estaria morta, e a fé é um princípio de vida.

Leitura da Epístola de São Tiago
Irmãos: De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Poderá essa fé obter-lhe a salvação? Se um irmão ou uma irmã não tiverem que vestir e lhes faltar o alimento de cada dia, e um de vós lhes disser: «Ide em paz. Aquecei-vos bem e saciai-vos», sem lhes dar o necessário para o corpo, de que lhes servem as vossas palavras? Assim também a fé sem obras está completamente morta. Mas dirá alguém: «Tu tens a fé e eu tenho as obras». Mostra-me a tua fé sem obras, que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Gal 6, 14

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Toda a minha glória está na cruz do Senhor,
por quem o mundo está crucificado para mim
e eu para o mundo. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 8, 27-35

«Tu és o Messias... O Filho do homem tem de sofrer muito»

Jesus anuncia, pela primeira vez, a sua Paixão, depois de Pedro ter feito um acto de fé na sua missão de Messias. Ao ouvir falar da Paixão Pedro escandaliza-se. Não consegue ligar as ideias de Messias com a do sofrimento, muito menos com a da Morte. Não tinha ainda compreendido as palavras sobre o “Servo de Deus” sofredor de que fala a primeira leitura.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens». E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas e recebei estas ofertas dos vossos fiéis, para que os dons oferecidos por cada um de nós para glória do vosso nome sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 35, 8
Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!
À sombra das vossas asas se refugiam os homens.

Ou – 1 Cor 10, 16
O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;
e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, concedei que este sacramento celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo, para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 8 de setembro de 2018

QUE OS SURDOS OIÇAM E OS MUDOS FALEM





DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM – ano B – 9SET2018



Ele fez tudo bem

A missão de Jesus inicia a nova criação. Para isso ele abre os ouvidos e a boca dos homens, para que sejam capazes de ouvir e falar, isto é, discernir a realidade e dizer a palavra que a transforma. Jesus “fazia bem todas as coisas”. Isto revela o empenho que colocava no exercício da sua missão. Ele não fazia as coisas pela metade, não concedia benefícios fragmentados e condicionados, nem se contentava com acções mal feitas. Pelo contrário, os seus gestos poderosos traziam a marca da plenitude. No caso do surdo-mudo, a plenitude do gesto de Jesus deve ser entendida para além da cura física. O facto de lhe abrir os ouvidos, possibilitando-o ouvir perfeitamente e da libertação da mudez, de modo a poder falar sem dificuldade, já é, por si só, formidável. Contudo, isto ainda seria insuficiente para que a acção de Jesus fosse declarada bem-feita. Era necessário possibilitar ao surdo-mudo um “abrir-se” ainda mais radical: desfazer-lhe as outras prisões e, num nível tal, de profundidade, de forma a colocá-lo em plena sintonia com Deus e com os seus semelhantes. Sem esta passagem da cura física à cura espiritual, a primeira não teria muita importância. Vale a pena alguém ser curado da surdez e da mudez para levar uma vida egoísta, sem se solidarizar com os necessitados? Tem sentido ser privilegiado com um gesto de misericórdia de Jesus e recusar-se a ser misericordioso com o próximo? Só uma cura radical possibilitaria àquele homem ser misericordioso com os demais. E era isto que interessava a Jesus. Jesus estivera em contacto com as populações da região de Tiro e Sidónia, tradicionalmente repudiada pelo judaísmo. Agora atravessa a região da Decápole, em contacto com a sua população gentílica, com a presença de gregos e romanos. Jesus, no seu ministério, suprime a distinção entre povos impuros – os gentios – e povos puros, os judeus. Aí, Jesus cura um homem surdo que mal podia falar. Marcos detalha os gestos bem concretos de Jesus: dedos nos ouvidos, cuspir e tocar a língua com a saliva e o suspiro ao falar “Efatá”. Na tradição profética a surdez simboliza a indiferença diante do chamamento de Deus. Jesus, contudo, consegue ser acolhido por aquele gentio que começa a ouvir e a falar. Todos os presentes passam a anunciar na sua região tudo de bom que encontraram em Jesus.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 118, 137.124
Vós sois justo, Senhor, e são rectos os vossos julgamentos.
Tratai o vosso servo segundo a vossa bondade.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador e nos fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com paternal bondade as nossas súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 35, 4-7a

«Então se desimpedirão os ouvidos dos surdos e a língua do mudo cantará de alegria»

O profeta anuncia a hora da libertação depois do exílio de Babilónia com imagens de curas cheias de alegria. Jesus há-de realizar à letra estas e outras imagens, mostrando assim que chegara com Ele a hora da salvação, desde longe anunciada.

Leitura do Livro de Isaías
Dizei aos corações perturbados: «Tende coragem, não temais. Aí está o vosso Deus; vem para fazer justiça e dar a recompensa; Ele próprio vem salvar-nos». Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. As águas brotarão no deserto e as torrentes na aridez da planície; a terra seca transformar-se-á em lago e a terra árida em nascentes de água.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10 (R. 1)
Refrão: Ó minha alma, louva o Senhor. (Repete-se).
Ou: Aleluia. (Repete-se).

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos. (Refrão)

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. (Refrão)

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores. (Refrão)

O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações. (Refrão)


LEITURA II – Tg 2, 1-5

«Não escolheu Deus os pobres para serem herdeiros do reino?»

Deus não faz acepção de pessoas. Assim também o cristão não a há-de fazer; pelo contrário, o amor de Deus, mostra-se mais benevolente para com os mais pobres e os mais desprezados. O cristão há-de dar maior atenção aos que dela mais precisarem.

Leitura da Epístola de São Tiago
Irmãos: A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas. Pode acontecer que na vossa assembleia entre um homem bem vestido e com anéis de ouro e entre também um pobre e mal vestido; talvez olheis para o homem bem vestido e lhe digais: «Tu, senta-te aqui em bom lugar», e ao pobre: «Tu, fica aí de pé», ou então: «Senta-te aí, abaixo do estrado dos meus pés». Não estareis a estabelecer distinções entre vós e a tornar-vos juízes com maus critérios? Escutai, meus caríssimos irmãos: Não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que Ele prometeu àqueles que O amam?
Palavra do Senhor


ALELUIA – Mt 4, 23

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus pregava o Evangelho do reino
e curava todas as enfermidades entre o povo. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 7, 31-37

«Faz que os surdos oiçam e que os mudos falem»

Aquilo que os Profetas anunciaram, veio Jesus realizá-lo, mostrando assim que, com Ele, tinham chegado os tempos tão esperados do reino de Deus, que os surdos podiam agora escutar a palavra de Deus, que os mudos podiam proclamar o louvor do Senhor, que todos os homens podiam reconhecer n’Ele o Enviado de Deus e o seu Salvador.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Efatá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar correctamente. Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, fonte da verdadeira devoção e da paz, fazei que esta oblação Vos glorifique dignamente e que a nossa participação nos sagrados mistérios reforce os laços da nossa unidade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 41, 2-3
Como suspira o veado pela corrente das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
A minha alma tem sede do Deus vivo.

Ou – Jo 8, 12
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor;
quem Me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais e fortaleceis à mesa da palavra e do pão da vida, fazei que recebamos de tal modo estes dons do vosso Filho que mereçamos participar da sua vida imortal.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.