domingo, 27 de junho de 2021

MENINA, EU TE ORDENO: LEVANTA-TE

 


 

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM – ano B – 27JUN2021

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 46, 2

Louvai o Senhor, povos de toda a terra,

aclamai a Deus com brados de alegria.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, que pela vossa graça nos tornastes filhos da luz, não permitais que sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Sab 1, 13-15; 2, 23-24

«Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo»

 

O Evangelho fala-nos hoje da ressurreição. Desde esta primeira leitura, a palavra de Deus procura esclarecer-nos sobre o sentido da morte: ela não é, de maneira nenhuma, um objectivo na obra da criação. Deus tudo criou para a vida. A morte é um obstáculo interposto à vida, como o é o pecado, com que o homem se opõe à realização do plano de graça do Senhor. Mas, do pecado e da morte, Jesus Cristo nos salvou.

 

Leitura do Livro da Sabedoria

Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra, porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – almo 29 (30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)

 

Refrão: Eu Vos louvarei, Senhor, porque me salvastes. (Repete-se)

 

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes

e não deixastes que de mim se regozijassem

os inimigos.

Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,

vivificastes-me para não descer ao túmulo. (Refrão)

 

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,

e dai graças ao seu nome santo.

A sua ira dura apenas um momento

e a sua benevolência a vida inteira.

Ao cair da noite vêm as lágrimas

e ao amanhecer volta a alegria. (Refrão)

 

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,

Senhor, sede Vós o meu auxílio.

Vós convertestes em júbilo o meu pranto:

Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente. (Refrão)

 

LEITURA II – 2 Cor 8, 7.9.13-15

 

«Aliviai com a vossa abundância a indigência dos irmãos pobres»

 

S. Paulo está procurando angariar fundos, na comunidade de Corinto, para socorrer a comunidade muito pobre de Jerusalém. Procura, para isso, fazer compreender aos cristãos que esta troca de bens materiais vem, por um lado, estabelecer a igualdade entre todos, e, por outro, proporcionar-lhes ocasião de se mostrarem generosos, eles que foram tão enriquecidos à custa da pobreza que o Senhor quis suportar por todos nós.

 

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – 2 Tim 1, 10

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte

e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 5, 21-43

 

«Menina, Eu te ordeno: Levanta-te»

 

Dois milagres, em que Jesus Se manifesta o Senhor da vida. Mais de uma vez, Ele próprio Se definiu como sendo a Vida. É assim, porque é o Filho de Deus. Fazendo-Se homem, a sua humanidade é agora o instrumento, bem próximo de nós, da sua divindade, de sorte que aproximar-se d’Ele é aproximar-se da Vida, como o pôde experimentar a mulher doente e a filha de Jairo, que morrera. É pela fé que nos podemos aproximar de Jesus, fé que, nos sacramentos, nos leva a ver o prolongamento dos gestos do Senhor no meio dos homens.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?». Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

LEVANTA-TE!

 

Toda a mulher portadora de hemorragia, era considerada impura (Lv 15,19-25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. A fé em Jesus faz com que essa mulher viole a Lei e seja curada. A missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo. O duplo milagre de Jesus, beneficiando duas mulheres, ilustra o interesse dele por esta categoria social vítima da marginalização, na sociedade do seu tempo. A ordem dada à menina – “Levanta-te!” – foi prenúncio do que ele desejava ver acontecer com todas as mulheres: livrar-se da exclusão a que estavam relegadas. Tal exclusão não dependia da situação económica. A mulher, vítima de hemorragia havia doze anos, tinha posses. Por isso, pôde gastar uma fortuna com médicos, os quais foram incapazes de curá-la. Pelo contrário, faziam-na piorar ainda mais. Também a menina ressuscitada não era pobre. O seu pai, Jairo, era chefe da sinagoga local. Sem dúvida, gozava de prestígio na cidade. Portanto, as beneficiárias de Jesus não foram duas pobrezinhas. Não importa! As mulheres ricas também eram necessitadas da ajuda de Jesus. Ambas as mulheres fizeram o gesto físico de levantar-se. A hemorrágica, tendo-se lançado aos pés de Jesus, recebeu a ordem de ir em paz, uma vez livre da doença importuna. Quanto à menina, o Mestre tomou-a pela mão, ordenando-lhe que se levantasse. E ela pôs-se em pé e caminhou. Estes gestos exteriores apontavam para uma cura muito mais radical que estava a acontecer na vida delas: o Mestre conseguiu que recuperassem a sua dignidade de mulher. Com duas narrativas de curas, muito detalhadas e articuladas entre si, Marcos faz contraste entre um chefe religioso do judaísmo, Jairo, e uma mulher anónima, com fluxo de sangue, no meio da multidão. Primeiramente Jesus é solicitado por Jairo, que se prostra de modo solene diante dele. Contudo, Jesus interrompe o atendimento a Jairo para dar atenção à mulher que, humildemente, toca em seu manto e fica curada. A esta mulher excluída Jesus chama de “filha”. Na casa de Jairo, zombam de Jesus. Ao levantar a filha de Jairo, Jesus chama-a de “menina”. Enfim, Jesus vem comunicar a vida a todos os que o buscam.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Senhor nosso Deus, que assegurais a eficácia dos vossos sacramentos, fazei que este serviço divino seja digno dos mistérios que celebramos.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 102, 1

A minha alma louva o Senhor,

todo o meu ser bendiz o seu nome santo.

 

Ou – Jo 17, 20-21

 

Pai santo, Eu rogo por aqueles

que hão-de acreditar em Mim,

para que sejam em Nós confirmados na unidade

e o mundo acredite que Tu Me enviaste.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Concedei-nos, Senhor, que o Corpo e o Sangue do vosso Filho, oferecidos em sacrifício e recebidos em comunhão, nos dêem a verdadeira vida, para que, unidos convosco em amor eterno, dêmos frutos que permaneçam para sempre.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 20 de junho de 2021

QUEM É ESTE HOMEM, QUE ATÉ O VENTO E O MAR LHE OBEDECEM?

 

 

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM – ano B – 20JUN2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 27, 8-9

O Senhor é a força do seu povo,

o baluarte salvador do seu Ungido.

Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança,

sede o seu pastor e guia através dos tempos.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Job 38, 1.8-11

« Aqui se quebrará a altivez das tuas vagas»

 

As forças da natureza deslumbram, por vezes, o homem, e frequentemente o dominam e até o aterrorizam. Mas, se ele as contemplar com serenidade e humildade, pode reconhecer nelas o poder de Deus e a sua grandeza. Deus a isso nos convida, como um dia o fez a Job, convidando-o a reconhecer o Criador ao olhar para as suas criaturas, o mar em particular, que hoje no Evangelho vai deixar também maravilhados os discípulos de Jesus.

 

Leitura do Livro de Job

O Senhor respondeu a Job do meio da tempestade, dizendo: «Quem encerrou o mar entre dois batentes, quando ele irrompeu do seio do abismo, quando Eu o revesti de neblina e o envolvi com uma nuvem sombria, quando lhe fixei limites e lhe tranquei portas e ferrolhos? E disse-lhe: ‘Chegarás até aqui e não irás mais além, aqui se quebrará a altivez das tuas vagas’».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 106 (107), 23-24.25-26.28-29.30-31 (R. 1b)

 

Refrão: Dai graças ao Senhor,

porque é eterna a sua misericórdia. (Repete-se)

 

Os que se fizeram ao mar em seus navios,

a fim de labutar na imensidão das águas,

esses viram os prodígios do Senhor

e as suas maravilhas no alto mar. (Refrão)

 

À sua palavra, soprou um vento de tempestade,

que fez encapelar as ondas:

subiam até aos céus, desciam até ao abismo,

lutavam entre a vida e a morte. (Refrão)

 

Na sua angústia invocaram o Senhor

e Ele salvou-os da aflição.

Transformou o temporal em brisa suave

e as ondas do mar amainaram. (Refrão)

 

Alegraram-se ao vê-las acalmadas,

e Ele conduziu-os ao porto desejado.

Graças ao Senhor pela sua misericórdia,

pelos seus prodígios em favor dos homens. (Refrão)

 

LEITURA II – 2 Cor 5, 14-17

 

«Tudo foi renovado»

 

O mistério pascal de Cristo, a sua morte que O levou à glória da ressurreição, constitui o início de uma criação nova. É a fé neste mistério que exerce pressão sobre os cristãos e os há-de impelir a viverem dele e a proclamá-lo ao mundo inteiro, como já impeliu S. Paulo depois da sua conversão. A vida cristã é uma vida pascal, cada dia renovada.

 

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. Assim, daqui em diante, já não conhecemos ninguém segundo a carne. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos assim. Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram: tudo foi renovado.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Lc 7, 16

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Apareceu entre nós um grande profeta:

Deus visitou o seu povo. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 4, 35-41

 

«Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?»

 

Se a contemplação da obra da criação nos pode levar a reconhecer a presença de Deus junto dos homens, quanto mais a contemplação das obras realizadas por Jesus Cristo, o próprio Filho de Deus feito homem? E mais ainda do que acalmar a tempestade no lago da Galileia, o Senhor sempre presente na barca da Igreja, continua a trazer a paz e a bonança ao seu povo batido pelas vagas na travessia do mar desta vida a caminho do porto seguro da glória celeste.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

O PODER DE JESUS

 

Jesus atravessa com os discípulos para a terra dos pagãos. O mar agitado é o símbolo das nações pagãs que ameaçam destruir a comunidade cristã. Mas Jesus é o Senhor da história e dos povos. O medo dos discípulos é sinal da falta de fé: eles não conseguem ver que a acção de Jesus transforma situações. Temos neste texto de Marcos uma narrativa de milagre da natureza, cujo carácter simbólico pode ser percebido. No Antigo Testamento, principalmente nos salmos, são encontradas descrições de manifestações espantosas da natureza relacionadas com o poder de Deus. A comunidade de discípulos fica assustada e insegura diante das dificuldades que surgem. Para eles o “sono” de Jesus parece uma omissão. No fim, sentem-se confortados pela manifestação de poder de Jesus. Percebe-se na narrativa uma interpretação de Jesus como fonte de poder. Esta compreensão é característica dos discípulos das comunidades oriundas do judaísmo. Contudo, Jesus, no seu convívio com todos, homens e mulheres, sempre inspirou confiança, transmitiu segurança e comunicou vida, através de seu amor sem limites. A segurança em face do temor não é dada pelo poder, mas sim pelo amor. Jesus atravessa com os discípulos para a terra dos pagãos. O mar agitado é o símbolo das nações pagãs que ameaçam destruir a comunidade cristã. Mas Jesus é o Senhor da história e dos povos. O medo dos discípulos é sinal da falta de fé: eles não conseguem ver que a acção de Jesus transforma situações. Percebe-se na narrativa uma interpretação de Jesus como fonte de poder. Esta compreensão é característica dos discípulos das comunidades oriundas do judaísmo. Contudo, Jesus, no seu convívio com todos, homens e mulheres, sempre inspirou confiança, transmitiu segurança e comunicou vida, através do seu amor sem limites. A segurança em face do temor não é dada pelo poder, mas sim pelo amor.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 144, 15

Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor,

e a seu tempo lhes dais o alimento.

 

Ou Jo 10, 11.15

 

Eu sou o Bom Pastor

e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da redenção.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 13 de junho de 2021

A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta

 


 DOMINGO XI DO TEMPO COMUM – ano B – 13JUN2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 7.9

Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica.

Vós sois o meu refúgio:

não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus misericordioso, fortaleza dos que esperam em Vós, atendei propício as nossas súplicas; e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana, concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça, para que as nossas vontades e acções Vos sejam agradáveis no cumprimento fiel dos vossos mandamentos.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Ez 17, 22-24

«Elevo a árvore modesta»

 

Foi talvez esta passagem do profeta que ofereceu a Jesus ocasião para anunciar as duas pequenas parábolas que vamos escutar no Evangelho. O profeta mostra-nos como de um pequeno ramo Deus pode fazer o começo de uma árvore frondosa. Assim foram os princípios e depois o desenvolvimento do reino de Deus, porque o vigor da vida de Deus aí estava.

 

Leitura da profecia de Ezequiel

Eis o que diz o Senhor Deus: «Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos, Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto. Na excelsa montanha de Israel o plantarei e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso. Nele farão ninho todas as aves, toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos. E todas as árvores do campo hão-de saber que Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16 (R. cf. 2a)

 

Refrão: É bom louvar-Vos, Senhor. (Repete-se)

 

É bom louvar o Senhor

e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,

proclamar pela manhã a vossa bondade

e durante a noite a vossa fidelidade. (Refrão)

 

O justo florescerá como a palmeira,

crescerá como o cedro do Líbano;

plantado na casa do Senhor,

florescerá nos átrios do nosso Deus. (Refrão)

 

Mesmo na velhice dará o seu fruto,

cheio de seiva e de vigor,

para proclamar que o Senhor é justo:

n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. (Refrão)

 

LEITURA II – 2 Cor 5, 6-10

 

«Empenhamo-nos em agradar ao Senhor, quer continuemos a habitar neste corpo, quer tenhamos de sair dele»

 

O cristão vive neste mundo sempre numa grande tensão entre a experiência diária desta vida e a como que a saudade da vida futura, como exilado mas cheio de esperança, sem nunca perder de vista o termo para onde caminha. Lá há-de encontrar toda a sua vida nas mãos de Deus, com o que nela tiver feito de bom ou de mau.

 

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Nós estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele. Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido, enquanto esteve no corpo, quer o bem, quer o mal.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Jo 12, 31b-32

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo:

quem O encontrar permanecerá para sempre. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 4, 26-34

 

«A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta»

 

A pregação de Jesus, ao apresentar o mistério do reino de Deus, e, depois, a pregação continuada na Igreja, é comparada a uma sementeira. O seu desenvolvimento é lento, mas constante e vigoroso, porque é forte a vitalidade da semente, que é a Palavra de Deus. É essa a vitalidade que a faz germinar, crescer, chegar à hora da colheita. A humildade dos começos não é obstáculo à grandeza que o reino de Deus há-de atingir na hora da ceifa.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

ENSINANDO EM PARÁBOLAS

 

A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a acção de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. Diante das estruturas e acções desse mundo, a actividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. Jesus foi um Mestre paciente que soube adaptar os seus ensinamentos à capacidade de compreensão dos seus ouvintes. Este esforço pedagógico e didáctico resultou na escolha das parábolas como meio de transmitir as suas instruções. As parábolas não eram somente as comparações. Também os provérbios, ensinamentos, enigmas e outros recursos literários eram classificados como parábolas. Por isso, afirma-se que, sem parábolas, Jesus não lhes falava. Elas continham sempre um elemento para intrigar os ouvintes e levá-los a reflectir sobre a mensagem veiculada. Só quem estava muito sintonizado com Jesus era capaz de passar da parábola à sua mensagem, e compreender o ensinamento do Mestre. Por isso, muita gente não sintonizada com Jesus ouvia as suas palavras, sem entender nada. Até mesmo os discípulos, muitas vezes, não eram capazes de atinar para o que Jesus lhes ensinava com as parábolas. Era preciso que, em particular, o Mestre lhes explicasse tudo, iluminando-lhes as mentes para compreenderem como o Reino acontece na história humana. O discípulo esforça-se para entender as parábolas de Jesus, ou seja, para estar em sintonia total com o Mestre. Esta é a única maneira de captar seus ensinamentos. Com estas duas parábolas com a imagem da semente, introduzidas com a expressão “Jesus dizia-lhes...”, Marcos encerra o bloco de parábolas por ele reunidas. A primeira destas duas, é exclusiva de Marcos. A semente que germina e cresce por si mesma exprime a acção de Deus que comunica amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e a morte. A segunda parábola, da inexpressiva semente que se transforma numa árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz. A prática e o ensino de Jesus são caminho e luz.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Senhor nosso Deus, que pelo pão e o vinho apresentados ao vosso altar dais ao homem o alimento que o sustenta e o sacramento que o renova, fazei que nunca falte este auxílio ao nosso corpo e à nossa alma.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 26, 4

Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio:

habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.

 

Ou 1 Jo 17, 11

 

Pai santo, guarda no teu nome os que Me deste,

para que sejam em nós confirmados na unidade,

diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Fazei, Senhor, que a sagrada comunhão nos vossos mistérios, sinal da nossa união convosco, realize a unidade na vossa Igreja.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.