sábado, 30 de novembro de 2019

FIQUEM VIGIANDO




PREPARAÇÃO DO DOMINGO I DO ADVENTO – ano A – 1DEZ2019


VIGIAI, PARA QUE ESTEJAIS PREPARADOS

Neste primeiro domingo do Advento inicia-se o novo ano litúrgico (A), que terá nas leituras dominicais do Tempo Comum o evangelho de Mateus. No encerramento do ano litúrgico, cujo último dia foi ontem, são lidos textos escatológicos, com a exortação à vigilância. Hoje, ao iniciar-se um novo ano, é retomado este tema escatológico, seleccionando-se o anúncio da parúsia, a vinda do Filho do Homem, também com a exortação à vigilância. O Advento é um tempo de encontro com Jesus. A memória do seu nascimento aponta para a realidade da sua presença eterna entre nós. A recapitulação da vida de Jesus, com as leituras sequenciais dos evangelhos ao longo do ano litúrgico, ajuda-nos, cada vez mais, a reconhecer, hoje, a sua presença no mundo, na comunidade e entre os pobres e excluídos. Jesus, Filho do Homem, é o Jesus Filho de Deus, Pai e Mãe, nascido de Maria, que viveu com seus pais em Nazaré e que, depois do baptismo de João, envolveu-se no ministério da libertação dos oprimidos, comunicando a sua vida divina e eterna a todos os que nele crêem e a todos os que amam, respeitam e promovem a vida. Estar vigilantes, despertos do sono, é estar atentos e zelosos pela promoção da vida onde ela é ameaçada, fiéis à vontade do Pai que quer vida plena para todos. O Jesus humano não é um rei poderoso e guerreiro violento da estirpe davídica. Ele é o homem manso e humilde de coração, que inaugura um mundo novo, no qual se deve “fundir as suas espadas, para fazer bicos de arado, fundir as lanças, para delas fazer foices”. É o mundo novo no qual as fabulosas e escandalosamente imensas riquezas que são gastas com as mais sofisticadas armas de destruição, pontual ou de massa, usadas pelo império norte-americano e seus adeptos, agentes da morte lenta pela miséria ou violenta pela guerra, serão aplicadas para acabar com a fome, com a ignorância, com o desemprego, com a morte prematura, seja a infantil, seja a por falta de atendimento clínico. É o desabrochar da vida, na comunhão do amor, na justiça, na fraternidade e na partilha, com a participação na vida eterna de Deus. Jesus agora responde à pergunta feita pelos discípulos (v. 3). Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num acto único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem descompõe-se a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. O título “filho de David” indicava a origem e o projecto do Messias: o descendente iria refazer a família real e a glória do reino de David. Mas, Jesus critica essa concepção do Messias. Ele está acima de David e não veio instaurar uma monarquia. A parábola dos vv. 45-51 ressalta a missão dos responsáveis pela comunidade cristã. Enquanto esperam por Jesus, eles devem continuar fiéis no serviço à comunidade, sem cair na tentação de afrouxar a prática da justiça, diante da demora do Senhor.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 24, 1-3
Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.
Meu Deus, em Vós confio.
Não seja confundido nem de mim escarneçam os inimigos.
Não serão confundidos os que esperam em Vós.

ORAÇÃO COLECTA
Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para ir ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos Céus.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 2, 1-5

«O Senhor chama todos os povos à paz eterna do reino de Deus»

Isaías é o profeta do Advento. Desde este primeiro dia, ele aponta para o monte elevado, no cimo do qual aparece o Templo do Senhor, lugar simbólico do encontro de Deus com o seu povo no reino de Deus, onde reina a paz perpétua. Anunciam-se, assim, desde já, a última vinda do Senhor e as próximas solenidades da manifestação do Filho de Deus no meio dos homens, para onde nos encaminhamos. Qualquer dessas vindas do Senhor há-de congregar os homens na paz.

Leitura do Livro de Isaías
Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que hão-de vir, que o monte do templo do Senhor se há-de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há-de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão-de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122), 1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1)

Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor. (Repete-se)

Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém. (Refrão)

Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo o costume de Israel,
para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David. (Refrão)

Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios». (Refrão)

Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens. (Refrão)


LEITURA II – Rom 13, 11-14

«Está perto a salvação»

É preciso conservar sempre a consciência de que o Senhor vem, de que a sua vinda está agora mais perto ainda do que no momento em que, pelo baptismo, entramos na comunidade do povo de Deus. Cada ano nos leva mais ao encontro do Senhor que vem. Foram as palavras da segunda parte desta leitura que decidiram S. Agostinho a dar o passo decisivo da sua conversão (Confiss. 8,12).

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Salmo 84, 8

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 24, 37-44

«Vigiai, para que estejais preparados»

Com o Advento, começa a organização do ciclo anual das leituras e, de maneira geral, de toda a liturgia. O evangelista donde são tiradas, ao domingo, as leituras, ao longo deste ano, não havendo razões especiais em contrário, é S. Mateus. Sublinha ele de modo muito especial, que Jesus é o Messias, Aquele que realiza em Si tudo o que estava predito a seu respeito no Antigo Testamento. Assim, ele nos aponta hoje aquela atitude fundamental do cristão, sobretudo no Advento, que tanto faltou a muitos dos homens de antes de Cristo: a vigilância, própria de quem está à espera para dar acolhimento.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai, Senhor, estes dons que recebemos da vossa bondade e fazei que os sagrados mistérios que celebramos no tempo presente sejam para nós penhor de salvação eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 84, 13

O Senhor nos dará todos os bens
e a nossa terra produzirá o seu fruto.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei frutificar em nós, Senhor, os mistérios que celebramos, pelos quais, durante a nossa vida na terra, nos ensinais a amar os bens do Céu e a viver para os valores eternos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 23 de novembro de 2019

REI DE RECONCILIAÇÃO E DO PERDÃO




PREPARAÇÃO DO DOMINGO XXXIV DO TEMPO COMUM – ano C – 22NOV2019

CRISTO, REI DE RECONCILIAÇÃO, VEIO PARA SERVIR

Cristo é chamado a dirigir o povo de Deus, a ser o seu condutor; a sua realeza é de origem divina e tem o primado sobre tudo, porque nele o Pai pôs a plenitude de todas as coisas. O evangelho de Lucas apresenta a realeza de Jesus narrando a paródia da sua investidura como Rei dos Judeus na cruz, que lembra a outra paródia que se deu no pretório de Pilatos e narrada pelos outros evangelistas. A investidura real de Jesus desenrola-se em torno da cruz, trono improvisado do novo Messias. Para tornar mais evidente essa aproximação, Lucas recorda a inscrição que encabeça a cruz (v. 38), mas sem dizer que se trata de um motivo de condenação (cf Mt 27,37). Assim, a inscrição tem o lugar da palavra de investidura, como a do Pai que investe seu Filho no baptismo (Lc 3,22). Além disso, Lucas introduz aqui um episódio que se refere a outro lugar (v. 36a; cf Mt 27,48) e acrescenta-lhe uma frase (v. 37b) com a qual a multidão espera que Jesus se manifeste como rei; mas ele não quer que a sua realeza lhe advenha da fuga à sua sorte, e sim da sua fidelidade a ela!
Como em todas as coisas importantes na lei mosaica, é necessário que a entronização seja reconhecida por duas testemunhas. Mas, enquanto as testemunhas da investidura real da transfiguração são dois entre as principais personagens do Antigo Testamento (Lc 9,28-36) e as testemunhas da ressurreição são também misteriosas (Lc 24,4), as duas testemunhas da entronização no Gólgota são apenas dois vulgares bandidos. Investidura ridícula daquele que só será rei assumindo até ao fim o escárnio!
Lucas coloca a seguir deste trecho o episódio dos dois ladrões, como que a indicar que, para Cristo, o modo de exercer a sua realeza sobre todos os homens, inclusive sobre os seus inimigos, é oferecendo-lhes o perdão (vv. 34a.39-43). Lucas é muito sensível a esta ideia em toda a narrativa da paixão, mas aqui ela chega ao máximo. Com esse perdão, Cristo apresenta-se como o novo Adão, aquele que pode ajudar a humanidade a reintegrar o paraíso perdido pelo primeiro homem (cf Lc 3,38). É preciso ainda que essa humanidade nova aceite o perdão de Deus e não se volte orgulhosamente sobre si mesma. Cristo chega ao momento da sua vida em que poderá inaugurar uma nova humanidade, libertada das alienações do pecado; oferece ao bom ladrão participar dela, porque a sua vontade de perdoar é sem limites. O reino de Cristo manifesta-se sobre convertidos.

Cristo, rei de perdão
Os termos Rei e Messias ressoam em torno da cruz em fases zombeteiras e provocantes. Nesta situação, Jesus tem um gesto verdadeiramente régio e assegura ao malfeitor arrependido a entrada no reino do Pai. Também diante dos adversários mais encarniçados, Jesus dirá palavras de perdão: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Jesus exerce, pois, e manifesta a sua realeza não nas afirmações de um poder despótico, mas no serviço de um perdão que busca a reconciliação.
Ele é o primogénito de toda a criatura, e como todas as coisas foram criadas nele, “foi do agrado de Deus reconciliar consigo todas as coisas, por meio dele, estabelecendo a paz no sangue da sua cruz”. Cristo é rei porque, perdoando e morrendo para a remissão dos pecados, cria uma nova unidade entre os homens. Quebrando a corrente do ódio, oferece a possibilidade de um novo futuro.

Um rei que veio para servir
Reconhecendo que Jesus é rei, cremos que com ele Deus manifestou plenamente que a realização do homem só se pode dar pela obediência à sua vontade. Não há acção do homem que não esteja sob o juízo de Deus. Não pode haver lugar na historia sem relação com Deus por meio de Jesus.
A doutrina do senhorio de Cristo nos ensina ainda que a vida a que somos chamados é a mesma que viveu Jesus Cristo: vida de serviço aos irmãos. Vivendo-a, confessamos seu senhorio e nos tornamos, como ele, homens de paz e de reconciliação.
Na Igreja de Cristo, como em toda comunidade, o ministério (= serviço) da autoridade é dado não para a afirmação pessoal, mas em função da unidade e da caridade. Cristo, bom pastor, veio não para ser servido, mas para servir (Mt 20,28; Mc 10,45) e dar a vida pelas ovelhas (Jo 10,11).
Essas afirmações ajudam a evitar as ambiguidades inerentes ao conceito de realeza quando não compreendido no sentido da realeza de Cristo.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Ap 5, 12; 1, 6
O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder
e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor.
Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.

ORAÇÃO COLECTA
S Deus eterno e omnipotente, que no vosso amado Filho, Rei do universo, quisestes instaurar todas as coisas, concedei propício que todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam a vossa majestade e Vos glorifiquem eternamente.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 2 Sam 5, 1-3

«Ungiram David como rei de Israel»

O rei David, antepassado de Jesus, é uma figura de Cristo, Pastor e Rei. A leitura refere-se à unção de David como rei de Israel. David fez a união de todas as tribos do povo do Antigo Testamento, e recebeu a promessa de que da sua descendência nasceria o Messias, o enviado de Deus. De facto, Jesus, descendente de David, é o verdadeiro Ungido de Deus, como indica o nome de “Cristo”, e é Ele o verdadeiro unificador e pastor, não só das tribos de Israel, mas de todos os homens, por quem Ele deu o Sangue na Cruz, “para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos”. (Jo 11, 5-2).

Leitura do Segundo Livro de Samuel
Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel’». Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122), 1-2.4-5 (R. cf. 1)

Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor. (Repete-se)

Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém. (Refrão)

Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor. (Refrão)

Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David. (Refrão)


LEITURA II – Col 1, 12-20

«Transferiu-nos para o reino do seu Filho muito amado»

Esta leitura é um verdadeiro hino, possivelmente um cântico da Igreja primitiva, incluído por S. Paulo nesta carta, em honra de Jesus Cristo, conforme a fé com que o povo de Deus sempre O soube contemplar: o “Primogénito de toda a criatura” e o “Primogénito de entre os mortos”, “Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo”, vértice e plenitude de todo o Universo.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mc 11, 9.10

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Bendito O que vem em nome do Senhor!
Bendito o reino do nosso pai David! (Refrão)


EVANGELHO – Lc 23, 35-43

«Lembra-Te de mim, Senhor, quando vieres com a tua realeza»

A fé na realeza de Jesus é a que nós confessamos quando chamamos a Jesus Cristo, nosso “Senhor”. Esta “Senhoria” ou realeza de Jesus, reconheceu-a o bom ladrão no meio dos sofrimentos da Cruz, revelou-se claramente na glória da Ressurreição, e esperamo-la nós quando ela se manifestar a todos os homens na última vinda do Senhor, que este Domingo simbolicamente antecipa para alimento da nossa fé e da nossa esperança.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai, Senhor, este sacrifício da reconciliação humana e, pelos méritos de Cristo vosso Filho, concedei a todos os povos o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 28, 10-11

O Senhor está sentado como Rei eterno;
O Senhor abençoará o seu povo na paz.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da imortalidade, fazei que, obedecendo com santa alegria aos mandamentos de Cristo, Rei do universo, mereçamos viver para sempre com Ele no reino celeste.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.




sábado, 16 de novembro de 2019

JESUS VIU O TEMPLO COMO UM SINAL DE PATOLOGIA RELIGIOSA


 Templo de salomão



PREPARAÇÃO DO DOMINGO XXXIII DO TEMPO COMUM – ano C – 17NOV2019


Jesus condenou o culto do templo porque o entendia como a religião dos malfeitores-sacerdotes

Poemas e canções, sacrifícios de animais e negócios em dinheiro surgiram ali, ao serviço da ordem sagrada e dos seus poderes opressores, de modo que o mesmo templo apareceu como uma “caverna de bandidos” (Mc 11, 27), arte a serviço da escravidão dos devotos.
Portanto, assumindo a inspiração profética dos grandes crentes antigos (Amós, Isaías, Jeremias), Jesus proclamou a sua palavra de julgamento e condenação contra o templo, num gesto que inspira toda a estética e ética cristã, que deve ser entendida como experiência de beleza e amor, ao serviço dos pobres (cf. Mc 11, 12-26). Desta forma, ele rejeitou o templo porque não era um sinal e presença do amor de Deus por todos os homens.
Jesus condenou o culto do templo porque o entendia como a religião dos malfeitores-sacerdotes, que usou Deus e o seu culto para oprimir os pobres, não para amá-los. Ele não o condenou em nome de um tipo de barbárie regressiva ou ressentimento contra a autoridade oficial, mas pelo contrário: da mais alta beleza do amor do Reino, que é expresso pelos pobres. Logicamente, por manter a “arte opressiva” do seu templo e a estrutura do seu império, os sacerdotes de Jerusalém e os soldados de Roma condenaram Jesus. Para defender a sua experiência de liberdade e abrir para os homens um diálogo “face a face” com Deus, dos pobres (face a face com os pobres), no amor simples, Jesus teve que morrer.
O amor de Deus “explode num tipo de templo”, para que o homem (ser humano, humanidade concreta) possa ser o templo de Deus:
- O templo cai porque o amor de Deus rompe os muros da Palavra oficial, tanto os que o pronunciam como os que aspiram a competi-lo, mudando apenas a envolvência do discurso.
- O templo deve ser o presidente dos direitos humanos... uma instituição ao serviço da humanidade e, especialmente, dos pobres, na linha das bem-aventuranças de Jesus. Nessa linha, bem entendida, a queda de um tipo de templo é um princípio de esperança e uma nova tarefa “divina” para os homens, porque eles mesmos são “templo” (revelação) de Deus ...
- É ruim que o templo funcione como um banco financeiro e, pior ainda, que sirva para enriquecer um tipo de “clero”, religioso ou não, que justifique o seu poder e dinheiro com proclamações religiosas de tradição ou auto-liberdade (à custa de outros).
- E depois do templo? Depois do templo, a humanidade de Deus deve chegar a uma era de justiça e harmonia entre os homens. Os construtores do Novo Templo queriam ser os “pedreiros” de uma nova humanidade, dentro ou fora da Igreja..., mas muitos deles (quase sempre) acabaram construindo o seu próprio templo em outras estâncias (para perpetuar e sacralizar seu poder político, social ou religioso).
- Um caminho de “igreja”, isto é, “humanidade de Deus”. De acordo com o exposto, Jesus tem sido o grande “destruidor”, destruidor do “edificar” dos expulsos do sistema, com mancos, cegos, etc., o templo da nova humanidade. Construtores desse templo da humanidade e obrigado, na abertura a todos, dos mais pobres, que queremos ser cristãos.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Jer 29, 11.12.14
Os meus pensamentos são de paz e não de desgraça, diz o Senhor.
Invocar-Me-eis e atenderei o vosso clamor, e farei regressar os vossos cativos de todos os lugares da terra.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de encontrar sempre a alegria no vosso serviço, porque é uma felicidade duradoira e profunda ser fiel ao autor de todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Mal 3, 19-20a

«Para vós nascerá o sol de justiça»

O profeta anuncia o “Dia do Senhor”, expressão que na Bíblia significa uma intervenção especial de Deus, por vezes de castigo, mas sempre em ordem à salvação. Nesta leitura, o Dia do Senhor apresenta-se como dia de castigo, “ardente como uma fornalha”, para os ímpios; mas para os justos, para os que temem o nome do Senhor, esse dia verá brilhar o “Sol da Justiça”, que traz “a salvação nos seus raios”. O “Sol da Justiça” é finalmente Jesus Cristo.

Leitura da Profecia de Malaquias
Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98), 5-9 (R. cf. 9)

Refrão: O Senhor julgará o mundo com justiça. (Repete-se)

antai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei. (Refrão)

Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,
a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios
e as montanhas exultem de alegria. (Refrão)

Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra;
julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade. (Refrão)


LEITURA II – 2 Tes 3, 7-12

«Quem não quer trabalhar, também não deve comer»

A consciência que os cristãos têm do fim dos tempos e da vida futura em nada os deve afastar de olharem para esta vida com interesse, entregando-se ao trabalho de cada dia, porque continua a ser verdade que cada um há-de comer o pão com o suor do seu rosto. Os Tessalonicenses, julgando próxima a vinda do Senhor, não estavam a entender isto muito bem.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Lc 21, 28

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Erguei-vos e levantai a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 21, 5-19

«Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas»

Jesus anuncia a ruína de Jerusalém, e previne os seus discípulos contra os falsos profetas, os falsos rebates com que muitos os pretendiam arrastar. Anuncia-lhes que eles terão certamente muito a sofrer, mas promete-lhes a sua assistência até ao fim e será no fim que se encontrará a plenitude da salvação.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Concedei-nos, Senhor, que os dons oferecidos para glória do vosso nome nos obtenham a graça de Vos servirmos fielmente e nos alcancem a posse da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 72, 28

A minha alegria é estar junto de Deus,
buscar no Senhor o meu refúgio.

Ou Mc 11, 23.24
Tudo o que pedirdes na oração
vos será concedido, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Depois de recebermos estes dons sagrados, humildemente Vos pedimos, Senhor: o sacramento que o vosso Filho nos mandou celebrar em sua memória aumente sempre a nossa caridade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 9 de novembro de 2019

HAVIA UMA MULHER AO SERVIÇO DE SETE MARIDOS






DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM – ano C – 10NOV2019

PROBLEMA FUNDAMENTAL

Os saduceus não acreditavam na ressurreição e pretendiam ridicularizar o ensinamento de Jesus sobre isto. Trazem para Jesus uma questão tão artificial à beira o cinismo.

1.   Num sentido, o texto anuncia o futuro de homens e mulheres após a morte, mas, noutro, mais profundo, lida com as condições e os modos de vida deste mundo, onde existe uma “lei” que separa e divide homens e mulheres. Mulheres, colocando-as ao serviço da reprodução e da riqueza (herança) dos homens “donos”. Elas não se possuem a si mesmas, nem possuem o seu dinheiro, nem o seu corpo, mas “rodam” ao serviço dos homens. Bem, é isso que coloca esse julgamento em julgamento, é o que ele supera.
2.   Com a chegada do Reino (simbolizado pela ressurreição), a lei muda, o decreto que coloca as mulheres ao serviço de homens e crianças, da riqueza e, finalmente, a mesma religião (que ratifica o poder dos homens) cessa. Essa é a experiência e a novidade do texto, como uma bomba que explode sob a linha de “flutuação” de um tipo de sociedade machista. De acordo com o caminho e a mensagem de Jesus, elas, mulheres, não são para homens (sujeitos a suas propriedades e religião), mas valem/são, em si mesmas, como anjos (filhos de Deus) e somente da autonomia e liberdade podem Colaborar na igualdade com os homens.
3.   Nesse contexto, ser “filho de Deus, ser como anjos” não significa ser assexuado (que as mulheres são anjos falsamente espirituais!), mas são pessoas autónomas e independentes (presença de Deus). No caminho de Jesus (que é o caminho do reino – ressurreição), surge a “dignidade” angélica (isto é, divina) de homens e mulheres, para que as mulheres não sejam servas de homens (por prazer, procriação e cuidado da casa), mas pessoas autónomas, em todos os sentidos. Isso significa ser “como anjos”, ou seja, filhos de Deus (= presença de Deus).
4.   Consequência judaica e cristã. Nesse sentido, um “casamento levirato (como o de mulheres judias sujeitas a homens) ou uma instituição levítica como um tipo de Igreja Católica em que as mulheres são sujeitas “hierarquicamente” a homens, não faz sentido. Certamente, um tipo de ortodoxia ou mais tarde o catolicismo aceitou esse texto de Jesus, mas encurralou-o (como se fosse uma passagem do puro folclore), instituindo alguns ministérios leviratos de homens que acreditam que são superiores a Deus e continuam a dominar as mulheres. Uma boa prova disso são as razões “antievangélicas” que uma certa hierarquia continua a aduzir para não “ordenar” as mulheres.
5.   Somente nesse sentido podemos falar numa ressurreição que começa aqui, nesta vida e que se aplica igualmente às mulheres que invadam o espaço do sexo masculino. A prova de Jesus é dada pelo texto principal de Ex 3, 6 (e outras passagens do AT), onde Deus se apresenta como “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, isto é, ao mesmo tempo (pois Jesus é igual a homens e mulheres) como “Deus de Sara e Hagar, Rebeca, Raquel e Léa...”.Este é o Deus que está presente e se revela (ele vive em homens e mulheres, que continuam a viver na sua memória e na vida da história sobre a morte).


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 87, 3
Chegue até Vós, Senhor, a minha oração,
inclinai o ouvido ao meu clamor.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa vontade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 2 Mac 7, 1-2.9-14

«O Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna»

A fé na ressurreição é o tema central da terceira e da primeira leitura. Se a consciência da ressurreição levou tempo a nascer no povo do Antigo Testamento, ela é claramente professada, e não só por palavras, mas no testemunho do martírio, pelos sete jovens irmãos e sua mãe, martirizados cerca do ano 68 antes de Cristo pelo rei pagão.

Leitura do Segundo Livro dos Macabeus
Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, e o rei da Síria quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer carne de porco proibida pela Lei judaica. Um deles tomou a palavra em nome de todos e falou assim ao rei: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Prestes a soltar o último suspiro, o segundo irmão disse: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». Depois deste começaram a torturar o terceiro. Intimado a pôr fora a língua, apresentou-a sem demora e estendeu as mãos resolutamente, dizendo com nobre coragem: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo». O próprio rei e quantos o acompanhavam estavam admirados com a força de ânimo do jovem, que não fazia nenhum caso das torturas. Depois de executado este último, sujeitaram o quarto ao mesmo suplício. Quando estava para morrer, falou assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 16 (17), 1.5-6.8b.15 (R. cf. 15b)

Refrão: Senhor, ficarei saciado, quando surgir a vossa glória. (Repete-se)

Ouvi, Senhor, uma causa justa,
atendei a minha súplica.
Escutai a minha oração,
feita com sinceridade. (Refrão)

Firmai os meus passos nas vossas veredas,
para que não vacilem os meus pés.
Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me,
ouvi e escutai as minhas palavras. (Refrão)

Protegei-me à sombra das vossas asas,
longe dos ímpios que me fazem violência.
Senhor, mereça eu contemplar a vossa face
e ao despertar saciar-me com a vossa imagem. (Refrão)


LEITURA II – 2 Tes 2, 16 – 3, 5

«O Senhor vos torne firmes em toda a espécie de boas obras e palavras»

S. Paulo fez também a experiência do que é sentir-se acabrunhado pelos seus inimigos; mas foi então que ele mais soube apelar para a confiança em Cristo, tanto para si como para os outros.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras. Entretanto, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ap 1, 5a.6b

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus Cristo é o Primogénito dos mortos.
A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 20, 27-38

«Não é um Deus de mortos, mas de vivos»

Jesus afirma claramente o mistério da ressurreição dos mortos, contra certa maneira de pensar em contrário de alguns daqueles com quem falava. A “ressurreição da carne” é, por isso, um dos pontos do Símbolo da fé cristã, o “Credo”.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Olhai, Senhor, com benevolência
para o sacrifício que Vos apresentamos,
a fim de participarmos com sincera piedade
no memorial da paixão do vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 22, 1-2

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados.
Conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ou Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram
o Senhor Jesus ao partir o pão.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos damos graças, Senhor, pelo alimento celeste que recebemos e imploramos da vossa misericórdia que, pela acção do Espírito Santo, perseverem na vossa graça os que receberam a força do alto.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.