sábado, 30 de março de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO IV DA QUARESMA – ano C – 31MAR2019





ACOLHENDO O PECADOR

O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (Boa Nova). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra uma parábola. Antes, mostra a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. Tem, como objectivo, dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai. O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido económica e moralmente. O acolhimento do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com essa parábola Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida. A consciência do pecado vem acompanhada do sentimento de vergonha em relação a Deus. A revolta contra o seu amor misericordioso parece não se justificar. Junto com a vergonha vem o sentimento de ingratidão. E o pecador reconhece ser uma loucura o ter-se afastado do Pai. A sua reacção costumeira: duvidar de que possa ser perdoado. Noutros termos, duvidar que Deus esteja disposto a perdoar, devido à magnitude do pecado cometido. O Evangelho aconselha, firmemente, o pecador a voltar para o Pai, cujo rosto, revelado por Jesus, é um incentivo a essa volta confiante. Deus quer ter junto de si todos os seus filhos. E está sempre disposto a esquecer o passado, pois confia que, no futuro, tudo será melhor. Não coloca limites para o perdão, nem faz distinção entre faltas perdoáveis e faltas imperdoáveis. Tudo pode ser perdoado, quando o pecador se predispõe a voltar. Alegra-se, de sobremaneira, com a volta de um filho pecador, pois é como se este tivesse ressuscitado, depois de experimentar a morte. Não considera o pecador como pessoa de segunda categoria, só porque se desviou do bom caminho. Vale a pena confiar no amor misericordioso de Deus Pai. Lucas, revela que o Deus de Jesus é o Deus do perdão e da misericórdia, que a todos acolhe, sem exclusões. O núcleo da parábola não é a “conversão” do filho mais novo. É o amor misericordioso do pai, tanto diante do filho mais novo como diante do mais velho. O pai acolhe o filho arrependido e, ternamente, procura abrir o coração do filho mais velho. Jesus acolhe os publicanos e pecadores que vêm a ele (filho mais novo) e procura tocar os corações dos fariseus e escribas (filho mais velho, o “justo”).

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Is 66, 10-11
Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos.
Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto
e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho, realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas solenidades pascais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Jos 5, 9a.10-12

«Tendo entrado na terra prometida, o povo de Deus celebra a Páscoa»

Mais um passo na história da salvação nos é apresentado na primeira leitura deste Quarto Domingo: depois da travessia do deserto, guiado por Moisés (domingo anterior), o povo de Deus entra na Terra Prometida e celebra a Páscoa. É também esta a perspectiva do tempo litúrgico em que nós entrámos: depois dos 40 dias do deserto quaresmal, celebraremos o mistério da Páscoa, na Terra Santa da Igreja de Cristo. O maná, a comida do deserto, cessou de cair, quando o povo de Deus chegou à Terra Prometida, e lá pôde, finalmente, alimentar-se dos frutos daquela nova Terra. Também a Igreja, depois do jejum da Quaresma, comerá da Ceia do Senhor, na Eucaristia da Páscoa. Não se trata apenas de uma comparação, mas de um mistério que todos os anos se renova no meio de nós.

Leitura do Livro de Josué
Naqueles dias, disse o Senhor a Josué: «Hoje tirei de vós o opróbrio do Egipto». Os filhos de Israel acamparam em Gálgala e celebraram a Páscoa, no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos frutos da terra: pães ázimos e espigas assadas nesse mesmo dia. Quando começaram a comer dos frutos da terra, no dia seguinte à Páscoa, cessou o maná. Os filhos de Israel não voltaram a ter o maná, mas, naquele ano, já se alimentaram dos frutos da terra de Canaã.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7 (R. 9a)

Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom. (Repete-se).

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)

Enaltecei comigo ao Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade. (Refrão)

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias. (Refrão)


LEITURA II – 2 Cor 5, 17-21

«Por Cristo, Deus reconciliou-nos consigo»

A Páscoa celebra o mistério da aliança que Deus fez com os homens, e, porque o homem é pecador, esse mistério é também de reconciliação. Pelo sacrifício de Jesus Cristo, todos os homens são tornados nova criação, uma vez que são reconciliados com Deus, que é o Criador de todas as coisas. Este mistério de reconciliação, realizado, de uma vez para sempre, por Cristo, é-nos agora acessível através da Igreja. A nós pertence, pois, aceitá-lo e deixar-nos reconciliar, cada um de nós, com Deus, por Cristo, por meio da Igreja. O Sacramento da Penitência é o sinal sagrado desta reconciliação. Por meio dele seremos, na Páscoa, novas criaturas.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram; tudo foi renovado. Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Na verdade, é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação. Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, Deus identificou-O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Lc 15, 18

Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. (Repete-se)

Vou partir, vou ter com meu pai e dizer-lhe:
Pai, pequei contra o Céu e contra ti (Refrão)


EVANGELHO – Lc 15, 1-3.11-32

«Este teu irmão estava morto e voltou à vida»

Na parábola do filho pródigo está expresso todo o itinerário do pecador, que, pela penitência, regressa à comunhão com Deus. Da morte à vida; é precisamente este o movimento de todo o Mistério Pascal. A parábola põe em relevo sobretudo o amor, paciente e sempre acolhedor, do Pai, de Deus nosso Pai. Por isso, a esta parábola melhor se poderia chamar a parábola do Pai misericordioso.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ao apresentarmos com alegria estes dons de vida eterna, humildemente Vos pedimos, Senhor, a graça de os celebrar com verdadeira fé e de os oferecer dignamente pela salvação do mundo.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 121, 3-4
Jerusalém, cidade de Deus,
para ti sobem as tribos do Senhor,
para celebrar o seu santo nome.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, luz de todo o homem que vem a este mundo, iluminai os nossos corações com o esplendor da vossa graça, para que pensemos sempre no que Vos é agradável e Vos amemos de todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 23 de março de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO III DA QUARESMA – ano C – 24MAR2019




DEUS NÃO NOS SALVA SEM NÓS PARTICIPARMOS

A notícia de dois factos (algumas mortes numa revolta contra os romanos e o desmoronamento de uma torre que sepulta algumas pessoas) dão a Cristo ocasião de falar que o juízo de Deus virá repentinamente. Não só será imprevisto, mas cairá sobre quem menos o espera.
Às vezes admiramo-nos do lugar que a morte ocupa no anúncio do Reino; muitos ateus, e até mesmo cristãos, censuram a Igreja por essa espécie de complacência ao servir-se do pavor da morte para levar os homens à conversão.
No entanto, a morte não deveria ser causa de pavor; é, antes, um “sinal” que todo homem deve forçosamente interpretar. O convite do Cristão a fazer penitência não é um convite a preparar-se à pressa para entrar na outra vida. A penitência consiste exactamente consentir em morrer, e isto é, para todos os homens, a prova mais decisiva da sua condição de criatura.

A conversão, acto livre do homem
A urgência da conversão por causa da proximidade do juízo de Deus, que os sinais dos tempos continuamente nos evocam, é a nossa resposta à experiência do Deus que vem fazer-nos sair do Egipto, que vem ajudar-nos a encontrar a nossa identidade de homens. Ele ouve o clamor do seu povo e manda Moisés “libertá-lo das mãos dos egípcios e fazê-lo sair daquele país para uma terra boa e espaçosa” (1.ª leitura). Um povo libertado é um povo em conversão. Uma conversão contínua. Assim como não foi suficiente ao povo de Israel, para ser fiel a Deus, passar o mar Vermelho, alimentar-se do maná e matar a sede com a água do rochedo (de facto, insurgiram-se contra Deus e foram castigados), também a nós, novo povo de Deus, não basta sermos baptizados e termos participado da mesa do corpo e sangue de Cristo, para entrarmos no reino da promessa (2.ª leitura). A vida do povo no deserto, no tempo de Moisés, admoesta Paulo, foi escrita para nossa correcção. A palavra de Deus quer, portanto, provocar-nos à conversão, e a urgência desse apelo assume em Cristo uma tonalidade particular: Ele é a misericórdia do Pai; é mais uma ocasião oferecida ao homem para fazer penitência. O tempo de Cristo é o tempo da paciência do Pai. Deus não impõe prazo fixo. Um longo passado de esterilidade não impede, pois, a Deus, de dar mais uma oportunidade à figueira. Não se trata de fraqueza, mas de amor.

A conversão, acto comprometedor
O risco é de subestimar as exigências desse acto e limitá-lo a gestos que só nos atingem superficialmente, deixando intacto o nosso íntimo. Conversão é um exame profundo de si mesmo e da direcção que tem tomado a própria vida. Implica numa “mudança de direcção". É uma passagem da fé aceite passivamente, fé herdada, a uma fé activamente conquistada, como resposta ao dom de Deus e à intervenção do Espírito na nossa vida. É ruptura com uma mentalidade voltada para o pecado, para valores puramente humanos, para a auto-suficiência e o orgulho, a fim de aderir aos sinais de penitência não apenas rituais. Conversão é, sobretudo, adesão ao Reino que vem e compromisso com ele; é atitude de pobre, de pequenino, de servo, de filho; é autenticidade de comportamento contra qualquer desacordo entre fé e vida. Deus espera-nos nesse instante decisivo. Espera da nossa fé um acto forte, a plena e consciente aceitação do nosso destino: pede-nos que o assumamos livremente. Ninguém pode fazê-lo em nosso lugar, nem mesmo Deus.

A conversão, acto que custa
O caminho da conversão pode levar a opções dilacerantes e que transtornam. Há situações em que não é fácil agir ou é impossível voltar atrás. Há opções, como a de quem se divorciou, ou de quem rompeu com a Igreja ou com a vida religiosa, que não podem ser facilmente modificadas; um concubinato com filhos, que não se pode solucionar com o matrimónio; uma inesperada e não desejada maternidade; o não estar psicologicamente preparado para aceitar um filho; um viciado em drogas; uma grande injustiça sofrida; um comportamento habitual de desconfiança entre marido e mulher, entre país e filhos; o conflito entre famílias, uma vingança levada além das próprias intenções. No entanto, sempre e em todos os casos, é válido o apelo à conversão. É um caminho longo e difícil. Caminho que dilacera o coração e exige o respeito e o auxilio de toda a comunidade. Exige a compreensão dos que sabem que essas opções nem sempre dependem das pessoas, e que certas situações podem vir a ser a de qualquer um de nós. Cristo não permitiu que se arrancasse uma árvore aparentemente estéril. Um germe de vida nova é possível em toda Primavera.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 24, 15-16
Os meus olhos estão voltados para o Senhor,
porque Ele livra os meus pés da armadilha.
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão
porque estou só e desamparado.

Ou – Ez 36, 23-26
Quando Eu manifestar em vós a minha santidade,
reunir-vos-ei de todos os povos;
derramarei sobre vós água pura,
e ficareis limpos de toda a iniquidade.
Eu vos darei um espírito novo, diz o Senhor.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, Pai de misericórdia e fonte de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Ex 3, 1-8a.13-15
«O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós»

TContinuando a apresentar, nesta subida quaresmal a caminho da Páscoa, certos momentos mais significativos da história da salvação, a primeira leitura deste domingo, em seguimento da dos domingos anteriores, dá-nos a célebre revelação de Deus a Moisés, a revelação do seu Nome, que define, tanto quanto isso é possível, Quem é Deus. Ao mesmo tempo, e na continuação dessa revelação, Deus chama Moisés e envia-o como instrumento de salvação para o seu povo escravizado no Egipto. Moisés será o chefe desse povo, o seu condutor através do deserto, e, como tal, figura de Cristo, o verdadeiro Pastor, guia e salvador do seu povo.

Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia. Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espectáculo: por que motivo não se consome a sarça?». O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel». Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei-de responder-lhes?». Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós». Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós. Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 102 (103), 1-4.6-8.11 (R. 8a)

Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão. (Repete-se).

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. (Refrão)

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. (Refrão)

O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus prodígios. (Refrão)

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia
para os que O temem. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 10, 1-6.10-12

«A vida do povo com Moisés no deserto foi escrita para nos servir de exemplo»

É o próprio Apóstolo que nos ensina a ler o Antigo Testamento: este anuncia as realidades do Novo Testamento, e serve, ao mesmo tempo, de exemplo e de guia ao povo da Nova Aliança, que já chegou “aos últimos tempos”, os tempos do Senhor Jesus Cristo, mas que ainda peregrina no deserto deste mundo a caminho da Terra Prometida. Não venha a suceder-nos a nós o que a muitos deles aconteceu: terem ficado pelo caminho.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e na nuvem e no mar, receberam todos o baptismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo. Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto. Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do Anjo exterminador. Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 17

Refrão: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. (Repete-se)

Arrependei-vos, diz o Senhor;
está próximo o reino dos Céus. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 13, 1-9

«Se não vos arrependerdes, morrereis do mesmo modo»

A primeira mensagem da Boa Nova que Jesus nos traz é o anúncio da aproximação do reino dos Céus, e consequentemente o convite a acolhê-lo com o coração voltado para ele e afastado do que lhe é contrário. Esta atitude é assim uma conversão, um regresso dos caminhos do pecado, uma atitude de arrependimento em relação ao passado, uma atitude penitencial. E esta atitude do coração é fundamental na Quaresma.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, por este sacrifício, que, ao pedirmos o perdão dos nossos pecados, perdoemos também aos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 83, 4-5
As aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus. Felizes os que moram em vossa casa e a toda a hora cantam os vossos louvores.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Recebemos, Senhor nosso Deus, o penhor da glória eterna e, vivendo ainda na terra, fomos saciados com o pão do Céu. Nós Vos pedimos humildemente a graça de manifestar na vida o que celebramos neste sacramento.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 16 de março de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO II DA QUARESMA – ano C – 17MAR2019





A GLÓRIA DO FILHO DE DEUS

Lucas apresenta Jesus rezando continuamente (5,16; 6,12; 9,18). Com isso o evangelista mostra que Jesus, através da sua palavra e acção, está a realizar a vontade do Pai. Na transfiguração aparece claramente esse sentido da oração (v.35). É vontade do Pai que Jesus realize o êxodo (v.31), isto é, que ele realize, mediante a sua morte, ressurreição e ascensão, o acto supremo de libertação do povo, acabando com a opressão exercida pelo sistema implantado em Jerusalém. A transfiguração forma um fascinante contraste com a mensagem de sofrimentos e humilhação. Como sempre acontece na tradição evangélica, é preciso manter unidos os dois extremos a fim de aceitar Jesus como ele é, Filho do Homem e Filho de Deus. Diversos detalhes lembram a experiência de Deus no Sinai: Moisés, o topo da montanha, a nuvem (Ex 24,9-19). Jesus é visto como Filho de Deus na sua glória celestial. O “aspecto do seu rosto mudou”, como ele mudará no seu corpo glorificado pela ressurreição (Mc 16,12). Com ele aparecem duas importantes figuras do Antigo Testamento, Moisés, o Legislador, e Elias, o Profeta. Eles são um sinal de que Jesus satisfará as expectativas do povo hebreu. De facto, falam com ele sobre o seu êxodo, a sua morte, a ressurreição e, na teologia de Lucas, em especial a sua ascensão, que ia “realizar-se” em Jerusalém. O comportamento dos três discípulos íntimos desaponta-nos. Eles adormecem, como fará mais tarde num momento decisivo. Confrontando com a glória divina, Pedro não chama Jesus pelo título de “Senhor”, que o identifica adequadamente como o Salvador, a fala sem coerência sobre erguer tendas terrenas para os seres celestiais. A revelação culmina com a voz proveniente das nuvens, como no baptismo de Jesus. Ele é o Filho de Deus, escolhido por Deus (Sl 2,7; Is 42,1). A admoestação “ouvi-o!” salienta a importância daquilo que Jesus tem dito sobre a sua missão e a natureza dos discípulos. A cena da Transfiguração é narrada pelos três evangelistas. A narrativa é feita num estilo apocalíptico, também presente nas narrativas do baptismo e da crucificação de Jesus. Este estilo caracteriza-se por fenómenos espantosos, abalos da natureza, nuvens e voz celestial, que indicam a presença e comunicação de Deus. Com isso, na Transfiguração fica confirmada a filiação divina de Jesus e o seu carácter de enviado para anunciar e instruir a todos. Moisés, representante da Lei, e Elias, representante do profetismo, haviam subido à montanha ao encontro de Deus. Agora, estando Jesus no alto da montanha a orar, Moisés e Elias vão a ele. O ponto alto é a voz que proclama: “Este é o meu filho, o Eleito. Escutai-o”. Do ponto de vista de uma interpretação messiânica escatológica, a Transfiguração seria o prenúncio da ressurreição, como coroação dos sofrimentos de Jesus na sua Paixão. Sob outro ponto de vista, a Transfiguração revela a condição divina de Jesus de Nazaré, filho de Maria, na simplicidade de seu convívio entre nós. Os discípulos devem ver em Jesus a nova condição humana glorificada pela encarnação do Filho de Deus. Não se trata de esperar um messias poderoso, mas, sim, de reencontrar a dignidade e a grandeza da condição humana, em tudo que ela tem de justo, bom e verdadeiro. Ao entrarmos em comunhão de amor com Jesus e com o próximo, Deus é glorificado e é-nos comunicada a sua vida divina e eterna.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 8-9
Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor».
A vossa face, Senhor, eu procuro;
não escondais de mim o vosso rosto.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Gen 15, 5-12.17-18
«Deus estabelece a aliança com Abraão»

Toda a história da salvação, desde o princípio até ao fim dos tempos, não é outra coisa senão o estabelecimento de uma aliança entre Deus e os homens, aliança que é oferta gratuita de Deus e que há-de ser aceitação humilde e agradecida da parte do homem. Mas há momentos mais significativos no estabelecimento desta aliança. Um deles, que é o seu ponto de partida mais explícito, é o da Aliança com Abraão, o crente por excelência, que, pela fé, se entrega totalmente à palavra de Deus. Nesta leitura, a aliança é significada por meio de um antigo rito: os animais oferecidos e esquartejados são o gesto do homem e o fogo que passa pelo meio deles é sinal da presença de Deus. Assim, de aliança em aliança, nos encaminhamos para a celebração da nova e eterna aliança na Páscoa do Senhor.

Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar». E acrescentou: «Assim será a tua descendência». Abraão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça. Disse-lhe Deus: «Eu sou o Senhor que te mandou sair de Ur dos caldeus, para te dar a posse desta terra». Abraão perguntou: «Senhor, meu Deus, como saberei que a vou possuir?». O Senhor respondeu-lhe: «Toma uma vitela de três anos, uma cabra de três anos e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho». Abraão foi buscar todos esses animais, cortou-os ao meio e pôs cada metade em frente da outra metade; mas não cortou as aves. Os abutres desceram sobre os cadáveres, mas Abraão pô-los em fuga. Ao pôr do sol, apoderou-se de Abraão um sono profundo, enquanto o assaltava um grande e escuro terror. Quando o sol desapareceu e caíram as trevas, um brasido fumegante e um archote de fogo passaram entre os animais cortados. Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abraão uma aliança, dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio Eufrates».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 26 (27), 1.7-8.9abc.13-14 (R. 1a)

Refrão: O Senhor é a minha luz e a minha salvação. (Repete-se).

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo? (Refrão)

Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de mim e atendei-me.
Diz-me o coração: «Procurai a sua face».
A vossa face, Senhor, eu procuro. (Refrão)

Não escondais de mim o vosso rosto,
nem afasteis com ira o vosso servo.
Não me rejeiteis nem me abandoneis,
meu Deus e meu Salvador. (Refrão)

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor. (Refrão)


LEITURA II – Filip 3, 17 – 4,1

«Cristo nos transformará à imagem do seu corpo glorioso»

Cristo glorioso é o termo de toda a história humana, o objecto da esperança de toda a nossa vida e a meta para onde se orienta o nosso itinerário quaresmal. Ao tempo da ascese difícil e dolorosa na subida, que acompanha a vida que vivemos neste corpo mortal, responde a vida gloriosa, que já se manifesta no Corpo do Senhor transfigurado. Mas o caminho e a porta da glória passa pela Cruz.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Sede meus imitadores e ponde os olhos naqueles que procedem segundo o modelo que tendes em nós. Porque há muitos, de quem tenho falado várias vezes e agora falo a chorar, que procedem como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre, orgulham-se da sua vergonha e só apreciam as coisas terrenas. Mas a nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo. Portanto, meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 4b

Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. (Repete-se)

No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)


EVANGELHO – Lc 9, 28b-36

«Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto»

A Transfiguração aparece todos os anos no Segundo Domingo da Quaresma, como anúncio da Ressurreição, de modo que, ao longo deste tempo de preparação pascal, estejamos bem conscientes de que o termo, para onde caminhamos, é Jesus ressuscitado. A Transfiguração, lida neste Domingo depois do Domingo da Tentação, faz com ela uma espécie de preâmbulo, antes de chegarmos à parte central da Quaresma. Mortificação e glorificação, tentação e glória, morte e ressurreição, são de facto, a síntese do mistério pascal que vamos celebrar.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Esta oblação, Senhor, lave os nossos pecados e santifique o corpo e o espírito dos vossos fiéis, para celebrarmos dignamente as festas pascais.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 17, 5
Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus as minhas complacências.
Escutai-O.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Alimentados nestes gloriosos mistérios, nós Vos damos graças, Senhor, porque, vivendo ainda na terra, nos fazeis participantes dos bens do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 9 de março de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO I DA QUARESMA – ano C – 10MAR2019






JESUS SUPERA AS TENTAÇÕES

A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escravizam os homens. E Deus o sustentará nessa luta. Mateus pormenoriza, salientando três tentações. Nelas, Jesus é tentado a falsificar a própria missão, realizando uma actividade que só se preocupe em satisfazer às necessidades imediatas, buscar o prestígio, ambicionar o poder e as riquezas. Jesus, porém, resiste a essas tentações. Seu projecto de justiça é transformar as estruturas segundo a vontade de Deus (palavra que sai da boca de Deus), não pondo Deus ao seu próprio serviço ou interesse (Não tentes o Senhor teu Deus), e não generalizando coisas que geram opressão e exploração sobre os homens, criando ídolos (adorarás ao Senhor teu Deus...). Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, porque em Jerusalém (Templo) é que acontecerá a suprema tentação e a vitória final sobre ela. Na tradição do Êxodo, no Antigo Testamento, o deserto é o lugar de purificação e definição, num processo de mudança de vida. As condições ambientais de despojamento, próprias do deserto, são propícias à reformulação de valores pessoais ou comunitários, previamente assumidos. Assim, o povo hebreu, conforme a tradição, ao sair do Egipto, permaneceu quarenta anos no deserto, que serviram como preparação para as novas condições de vida na “terra prometida”, que invadiram. Os três evangelistas sinópticos narram que Jesus, após receber o baptismo de João, passou também “quarenta dias” no deserto, como um tempo de provação. O agente da provação é o diabo, que propõe a Jesus, sucessivamente, que transforme pedras em pães, que se prostre diante dele e que se lance do alto do Templo. Estas tentações delineiam o perfil do messias glorioso: promessa demagógica de pão para todos, assumir o poder sobre todos os reinos do mundo e ostentar-se como o protegido pelo poder divino. Assim, o evangelista associa tal messias ao projecto do diabo. E a “tentação” de Jesus exprime um momento de decisão pelo início de seu ministério, optando pelas suas linhas mestras: Jesus vem para instaurar o Reino da partilha, da humildade e do serviço, com a comunicação do amor de Deus a todos os povos, sem exclusões. A Quaresma é o tempo propício a um maior amadurecimento da fé em Jesus, que toca os corações com a sua palavra. É a palavra humilde e amorosa que tem a força transformadora, revelando o “Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam” e renovando a vida no mundo.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 90, 15-16
Quando me invocar, hei-de atendê-lo; hei-de libertá-lo
e dar-lhe glória. Favorecê-lo-ei com longa vida
e lhe mostrarei a minha salvação.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, que, pela observância quaresmal, alcancemos maior compreensão do mistério de Cristo e a nossa vida seja dele um digno testemunho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Deut 26, 4-10
« A profissão de fé do povo eleito »

Através da oferta dos primeiros frutos da terra, o Povo eleito reconhece que tudo vem de Deus: a terra que cultiva, assim como a energia para a cultivar. Com este gesto, o homem vencia a tentação de se encerrar no mundo material, afirmando o primado do espiritual: «nem só de pão vive o homem».
Mas este gesto tem uma dimensão religiosa mais profunda. Na verdade, a oferta das primícias a Deus, por intermédio do sacerdote, era acompanhada duma autêntica profissão de fé, em que se recapitulavam os acontecimentos mais importantes da História da Salvação.

Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «O sacerdote receberá da tua mão as primícias dos frutos da terra e colocá-las-á diante do altar do Senhor teu Deus. E diante do Senhor teu Deus, dirás as seguintes palavras: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egipto com poucas pessoas, e aí viveu como estrangeiro até se tornar uma nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios maltrataram-nos, oprimiram-nos e sujeitaram-nos a dura escravidão. Então invocámos o Senhor Deus dos nossos pais e o Senhor ouviu a nossa voz, viu a nossa miséria, o nosso sofrimento e a opressão que nos dominava. O Senhor fez-nos sair do Egipto com mão poderosa e braço estendido, espalhando um grande terror e realizando sinais e prodígios. Conduziu-nos a este lugar e deu-nos esta terra, uma terra onde corre leite e mel. E agora venho trazer-Vos as primícias dos frutos da terra que me destes, Senhor’. Então colocarás diante do Senhor teu Deus as primícias dos frutos da terra e te prostrarás diante do Senhor teu Deus».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 90 (91), 1-2.10-15 (R. cf. 15b

Refrão: Estai comigo, Senhor, no meio da adversidade. (Repete-se).

Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo
e moras à sombra do Omnipotente,
diz ao Senhor:
«Sois o meu refúgio e a minha cidadela:
meu Deus, em Vós confio». (Refrão)

Nenhum mal te acontecerá,
nem a desgraça se aproximará da tua tenda,
porque Ele mandará aos seus Anjos
que te guardem em todos os teus caminhos. (Refrão)

Na palma das mãos te levarão,
para que não tropeces em alguma pedra.
Poderás andar sobre víboras e serpentes,
calcar aos pés o leão e o dragão. (Refrão)

Porque em Mim confiou, hei-de salvá-lo;
hei-de protegê-lo, pois conheceu o meu nome.
Quando Me invocar, hei-de atendê-lo,
estarei com ele na tribulação,
hei-de libertá-lo e dar-lhe glória. (Refrão)


LEITURA II – Rom 10, 8-13

« Profissão de fé dos que crêem em Cristo »

A fé do Povo Eleito baseava-se em factos concretos, pelos quais Deus manifestava o Seu amor e a Sua fidelidade.
A fé cristã consiste na adesão a uma pessoa, Jesus Cristo, Ressuscitado, e, por isso, Senhor. Com efeito, todas as maravilhosas intervenções salvíficas de Deus têm o seu ponto culminante no Mistério Pascal de Cristo.
Deste modo, «a fé é crer em Alguém e não em alguma coisa, o que significa abrir um crédito, que me põe à disposição do Único, em quem creio» (Gabriel Marcel).
Só esta fé em Cristo Ressuscitado, proclamada com alegria e vivida até às últimas consequências, nos dá a salvação.


Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
Irmãos: Que diz a Escritura? «A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração». Esta é a palavra da fé que nós pregamos. Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação. Na verdade, a Escritura diz: «Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido». Não há diferença entre judeu e grego: todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que O invocam. Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 4b

Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai.. (Repete-se)

Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 4, 1-13

«Esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado»

A tentação no Deserto não foi um acontecimento isolado. Foi o começo duma luta contra o «príncipe deste mundo», que se prolongará por toda a vida, atingindo o auge com a Morte em Jerusalém.
Como a de Jesus, a vida do cristão conhece também a prova da tentação. O Baptismo, que nos faz filhos de Deus, não nos introduz num estado de segurança. É antes o começo de dura caminhada, no decorrer da qual a nossa fidelidade a Deus é, muitas vezes, posta à prova.
Em todas as circunstâncias, porém, o cristão poderá ser invencível. Cristo Ressuscitado, que venceu, definitivamente, o mal, ficou na Eucaristia, para nos comunicar esse poder.        


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei que a nossa vida, Senhor, corresponda à oferta das nossas mãos, com a qual damos início à celebração do tempo santo da Quaresma.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 4, 4
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.

Ou – Salmo 90, 4
O Senhor te cobrirá com as suas penas,
debaixo das suas asas encontrarás abrigo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com o pão do Céu, que alimenta a fé, confirma a esperança e fortalece a caridade, nós Vos pedimos, Senhor: ensinai-nos a ter fome de Cristo, o verdadeiro pão da vida, e a alimentar-nos de toda a palavra que da vossa boca nos vem.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.