DOMINGO XXVI DO TEMPO COMUM – ano C – 29SET2019
O RICO E
LÁZARO
A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico
vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o
isolamento e o afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação
que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa
de se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir
o coração para a palavra de Deus, o que o levaria a voltar-se para o pobre.
Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de
profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de
bens entre todos. É também um alerta premente contra o perigo da riqueza e as consequências
desastrosas para quem não se sabe servir dela como meio para obter a salvação
eterna. A riqueza pode levar à condenação. O rico simboliza aquela pessoa cuja
vida se limita à busca de prazeres: da comida, da bebida, do vestir-se bem, do
locupletar-se com bens materiais. Por isso, não demonstra a mínima preocupação
com Deus, nem muito menos com os seus semelhantes, de modo especial, os pobres
e marginalizados. Interessa-lhes, apenas, quem lhes pode proporcionar prazer e os
seus companheiros de orgias. Nada, porém, que possa significar amor e ruptura
dos esquemas egoístas. A riqueza estreitava os horizontes do rico da parábola,
impedindo-o de ver para além de seu pequeno mundo. O sofrimento do pobre
Lázaro, à sua porta, era-lhe desconhecido. A sua fome contrastava com a
opulência dos banquetes que o rico oferecia. O seu corpo coberto de feridas,
dando-lhe um aspecto asqueroso, chocava com a bela aparência dos convivas do
rico, bem vestidos e adornados. O desfecho da parábola parece lógico: a
insensibilidade do rico valeu-lhe a condenação eterna de sofrimentos, pois
deixara escapar a única chance de construir a sua felicidade eterna, tornando-se
solidário com o sofrimento do próximo. Esta parábola, exclusiva de Lucas, é
extremamente expressiva da injustiça que vigora em nossas estruturas socioeconómicas.
Com as figuras do rico, do pobre e de Abraão, a parábola, com simplicidade,
revela o equívoco e a crueldade da acumulação das riquezas. É-nos apresentada,
por um lado, a imagem do homem rico, anónimo, com roupas finas e elegantes,
banqueteando-se, indiferente. Por outro lado, temos a imagem do pobre Lázaro,
cheio de sofrimento, sentado no chão, com fome, feridas, aspirando comer alguns
restos ou migalhas que sobrassem da mesa do rico. Estas duas imagens vemos
diariamente, na televisão e nas ruas. Na cena do juízo final, na glória de
Deus, com a presença de Abraão, ficam caracterizadas as duas opções: a acumulação
das riquezas leva ao sofrimento, enquanto no despojamento e na pobreza se
encontra a paz de Deus. É a morte dos valores do mundo da ambição e a
prevalência dos valores do Reino de Deus.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Dan 3, 31.29.30.43.42
Vós sois justo, Senhor, em tudo o que fizestes.
Pecámos contra Vós, não observámos
os vossos mandamentos.
Mas para glória do vosso nome,
mostrai-nos a vossa infinita misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando
perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que,
correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes
da felicidade celeste.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Am 6,
1a.4-7
«Agora acabará o
bando dos voluptuosos»
O Evangelho vai
mostrar-nos que a vida deste mundo prepara a do outro mundo; na medida em que
vivermos aqui configurados com Cristo, nessa medida nos prepararemos para
participar da sua glória. Assim, esta primeira leitura começa por nos pôr de
sobreaviso contra as falsas seguranças deste mundo, sobretudo contra as
riquezas e os prazeres tidos como ideal, como acontecia com aqueles a quem o
profeta aqui se refere.
Leitura
da Profecia de Amós
Eis
o que diz o Senhor omnipotente: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e
dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria. Deitados em leitos de marfim,
estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do
estábulo. Improvisam ao som da lira e cantam como David as suas próprias
melodias. Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas
não os aflige a ruína de José. Por isso, agora partirão para o exílio à frente
dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 145 (146), 7-10 (R.1b)
Refrão: LÓ minha alma,
louva o Senhor. (Repete-se)
Ou - Aleluia. (Repete-se)
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos. (Refrão)
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. (Refrão)
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores. (Refrão)
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações. (Refrão)
LEITURA II – Tim 6, 11-16
«Guarda este
mandamento, até à aparição do Senhor»
A vida é tempo
de luta. Para o cristão ela tem de ser conduzida segundo as normas da fé;
doutro modo, não seria uma vida cristã. O termo desta luta cristã é a aparição
de Nosso Senhor Jesus Cristo na sua glória, ao encontro de quem caminhamos.
Leitura
da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo:
Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade, a fé e a caridade, a
perseverança e a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida
eterna, para a qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela profissão de
fé perante numerosas testemunhas. Ordeno-te na presença de Deus, que dá a vida
a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu testemunho da verdade diante de
Pôncio Pilatos: Guarda o mandamento do Senhor, sem mancha e acima de toda a
censura, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual manifestará a seu
tempo o venturoso e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único
que possui a imortalidade e habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu
nem pode ver. A Ele a honra e o poder eterno. Ámen.
Palavra do Senhor
ALELUIA – 2 Cor 8, 9
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 16,
19-31
«Recebeste os teus
bens em vida e Lázaro apenas os males. Agora ele encontra-se aqui consolado,
enquanto tu és atormentado»
O
contraste entre a vida terrena do rico avarento e a do pobre e depois a vida
futura de um e de outro mostra como será o resultado do bom ou mau uso que
fizermos dos dons de Deus. É ele, afinal, que dá sentido à vida e lhe garante
uma realização feliz ou infeliz, e isto para todo o sempre.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura
e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado
Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do
que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora
sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu
também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos,
levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e
disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água
a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas
chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em
vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado,
enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de
modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto
de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que
mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os
previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe
Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não,
pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão
respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se
deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação e fazei que
por ela se abra para nós a fonte de todas as bênçãos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 118, 9-5
Senhor, lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.
A consolação da minha amargura
é a esperança na vossa promessa.
Ou - 1 Jo 3, 16
Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;
também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que este sacramento celeste renove a nossa
alma e o nosso corpo, para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte, possamos
tomar parte na sua herança gloriosa.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.