DOMINGO
XXI DO TEMPO COMUM – ano B – 26AGO2018
SENHOR, A
QUEM IREMOS?
As palavras de Jesus provocam resistência e desistência até
entre os discípulos. Muitos conservam a ideia de um Messias Rei, e não querem
seguir Jesus até à morte, entendida por eles como fracasso. E não assumem a fé
por medo de se comprometerem. Os doze apóstolos, porém, aceitam a proposta de
Jesus e reconhecem-no como Messias, dando-lhe a sua adesão e aceitando as suas
exigências. Muitos discípulos de Jesus tiveram enorme dificuldade em captar o
verdadeiro significado das suas palavras. Ao interpretá-las num sentido
contrário, ficavam perplexos e consideravam disparatados os ensinamentos do
Mestre. Escandalizavam-se com isto! Apesar das reacções negativas dos seus
ouvintes, Jesus não diminuía o tom da sua pregação, que continuava a ser
contundente. Sendo assim, requeria largueza de visão para ser compreendida. Os discípulos
dependiam da compreensão correcta dos ensinamentos do Mestre e da sua adesão.
Por outro lado, nenhum discípulo podia agir por coacção, independentemente da
sua vontade. Os discípulos deveriam emergir de uma escolha livre. Não
interessava a Jesus que os seus discípulos permanecessem com ele apenas para
agradá-lo. Foi por esta razão que muitos debandaram. Não tinham fibra para pôr
em prática o que lhes era ensinado. Com o Mestre permaneceu somente um punhado
de discípulos fiéis que foram questionados a respeito da sinceridade da sua
adesão. Foi quando Pedro, em nome do grupo, fez uma confissão de fidelidade ao
Mestre. Não valia a pena afastar-se, pois só junto dele podiam encontrar
palavras de vida eterna, por saírem da boca do “Santo de Deus”. Seria inútil
buscar salvação fora dele. Antes, foram os judeus que estranharam as palavras
de Jesus. Nesta narrativa, são os discípulos que se manifestam: “Estas palavras
são duras”. No prólogo do evangelho, temos o anúncio de que “o Verbo se fez
carne e habitou entre nós”. Agora Jesus faz a transferência da “carne” para as
suas palavras, que são o Espírito e a vida. A encarnação é grandiosa na
revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus. E é o
Espírito que dá a vida que vem do Pai e leva ao Pai. O tema da incompreensão
entre Jesus e os discípulos é uma constante nos evangelhos. Então, alguns abandonam-no.
Porém, Pedro, em nome dos demais, confirma a sua fé e perseverança. Ir a Jesus
e encontrar nele as palavras de vida eterna. Este diálogo de Jesus com os seus
discípulos e com Pedro conclui o longo discurso de Jesus que tem como tema o
pão da vida eterna. A alusão a “o espírito é que vivifica, a carne para nada
serve...” destoa com o “quem come a minha carne... tem a vida eterna”, e sugere
que seja mais um acréscimo ao texto original de João. A revelação de Jesus como
o pão descido do céu dado como alimento para a vida do mundo provocou
incompreensão e murmúrios entre os judeus (6,41.52). Muitos dos seus discípulos
também, sem entender, abandonaram Jesus. O tema da incompreensão de Jesus por
parte dos discípulos perpassa todos os evangelhos. Contrastando com aqueles que
abandonaram Jesus, temos a expressiva confissão de fé de Pedro, que se torna
uma oração para nós: “A quem iremos, Senhor: Tu tens palavras de vida eterna...”
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 85, 1-3
Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o vosso servo, que em vós confia.
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus, que unis os corações dos fiéis num único
desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para
que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se
encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Jos
24, 1-2a.15-17.18b
«Queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus»
Depois de entrar
na Terra Prometida e antes da solene renovação da Aliança em Siquém, o povo de
Deus, composto de gente vinda de várias tribos e que encontra a Terra Prometida
cheia de cultos aos deuses dos pagãos, é convidado a fazer uma solene profissão
de fé no Senhor, o único Deus capaz de salvar, tal como Pedro irá fazer, na
terceira leitura, depois do discurso de Jesus sobre o Pão da vida.
Leitura
do Livro de Josué
Naqueles
dias, Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de
Israel, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de
Deus. Josué disse então a todo o povo: «Se não vos agrada servir o Senhor,
escolhei hoje a quem quereis servir: se os deuses que os vossos pais serviram
no outro lado do rio, se os deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a
minha família serviremos o Senhor». Mas o povo respondeu: «Longe de nós
abandonar o Senhor para servir outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus,
que nos fez sair, a nós e a nossos pais, da terra do Egipto, da casa da
escravidão. Foi Ele que, diante dos nossos olhos, realizou tão grandes
prodígios e nos protegeu durante o caminho que percorremos entre os povos por
onde passámos. Também nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 33 (34), 2-3.16-17.18-19.20-21.22-23 (R. 9a)
Refrão: Saboreai e vede
como o Senhor é bom. (Repete-se).
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)
Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória. (Refrão)
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido. (Refrão)
Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado. (Refrão)
A maldade leva o ímpio à morte,
os inimigos do justo serão castigados.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele se refugiam. (Refrão)
LEITURA II – Ef 5, 21-32
« É grande este mistério, em relação a Cristo
e à Igreja»
O matrimónio
cristão não modifica os quadros humanos em que ele é celebrado, mas reveste-os
de uma significação nova. Nesta passagem, a união do homem e da mulher no
matrimónio é apresentada como imagem do mistério da união de Cristo e da
Igreja: Cristo amou a Igreja, deu a vida por ela, purificou-a no seu Sangue.
Assim, neste amor de Cristo pelo seu povo terão também os esposos o modelo do
amor com que hão-de amar-se um ao outro e constituir a sua família.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos
maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a
cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se
submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos
maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se
entregou por ela. Ele quis santificá-la, purificando-a no baptismo da água pela
palavra da vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem
mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada. Assim
devem os maridos amar as suas mulheres, como os seus corpos. Quem ama a sua
mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o
alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros
do seu Corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e
serão dois numa só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e
à Igreja.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 6, 63c.68c
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 6,
60-69
«Para quem iremos,
Senhor? Tu tens palavras de vida eterna»
O
discurso de Jesus sobre o Pão da Vida desiludiu muitos discípulos, que, por
isso, se afastaram. Jesus tenta explicar o sentido espiritual das suas
palavras, que, sem deixarem de dizer o que querem dizer, vão mais além do que
aquilo que à primeira vista parecem dizer. Essas palavras são espírito e vida.
São palavras que levam à fé. E é esta fé que S. Pedro acaba por professar.
Assim, o discurso sobre o Pão da vida termina, como sempre as narrações de S.
João, com um solene acto de fé.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são
duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo interiormente que os
discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? E
se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente? O espírito é
que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são
espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade,
Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era
aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso é que vos disse:
Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai». A partir de
então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse
aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos
que Tu és o Santo de Deus».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Senhor, que pelo único sacrifício da cruz, formastes para Vós um povo de
adopção filial, concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 103, 13-15
Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra fazeis brotar o pão e o vinho que alegra
o coração do homem.
Ou – Jo 6, 55
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, diz o Senhor,
e Eu o ressuscitarei no último dia.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Realizai plenamente em nós, Senhor, a acção redentora da
vossa misericórdia e fazei-nos tão generosos e fortes que possamos agradar-Vos
em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.