domingo, 28 de março de 2021

UM DE VÓS, QUE COME COMIGO, VAI TRAIR-ME

 

 


DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR – ano B – 28MAR2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA

Seis dias antes da Páscoa,

o Senhor entrou em Jerusalém

e as crianças vieram ao seu encontro,

com ramos de palmeira, cantando com alegria:

* Hossana nas alturas.

Bendito sejais, Senhor,

que vindes trazer ao mundo a misericórdia de Deus.

Levantai, ó portas, os vossos umbrais,

alteai-vos, pórticos antigos,

e entrará o Rei da glória.

Quem é esse Rei da glória?

O Senhor dos Exércitos,

é Ele o Rei da glória.

* Hossana nas alturas.

Bendito sejais, Senhor,

que vindes ao mundo trazer a misericórdia de Deus.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição.

Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Is. 50, 4-7

 

«Não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido»

 

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo do Senhor”. Este Servo revela-se plenamente em Jesus, na sua Paixão: Ele escuta a palavra do Pai e responde-lhe cheio de confiança, oferecendo-Se, em obediência total, pela salvação dos homens.

 

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)

 

Refrão: Meu Deus, meu Deus,

porque me abandonastes? (Repete-se)

 

Todos os que me vêem escarnecem de mim,

estendem os lábios e meneiam a cabeça:

«Confiou no Senhor, Ele que o livre,

Ele que o salve, se é seu amigo». (Refrão)

 

Matilhas de cães me rodearam,

cercou-me um bando de malfeitores.

Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,

posso contar todos os meus ossos. (Refrão)

 

Repartiram entre si as minhas vestes

e deitaram sortes sobre a minha túnica.

Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,

sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. (Refrão)

 

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,

hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.

Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,

glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,

reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. (Refrão)

 

 

LEITURA II – Filip 2, 6-11

 

«Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou»

 

Esta leitura é também um cântico, mas agora do Novo Testamento, muito provavelmente em uso nas primitivas comunidades cristãs. Nele é celebrado o Mistério Pascal: Cristo fez-Se um de nós, obedeceu aos desígnios do Pai e humilhou-Se até à morte, e foi, por isso, exaltado até à glória de “Senhor”, que é a própria glória de Deus

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Palavra do Senhor

 

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9

 

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória (Repete-se)

 

Cristo obedeceu até à morte

e morte de cruz.

Por isso Deus O exaltou

e Lhe deu um nome

que está acima de todos os nomes. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 15, 1-39

 

«Se o grão de trigo, lançado à terra, morrer, dará muito fruto»

 

O Evangelho de São Marcos é o mais antigo, porque escrito antes dos outros, e é também o mais breve, não só na história da Paixão como em todo ele. Este evangelista aponta com bastante realismo alguns episódios fruto de especial observação de situações particulares e até pitorescas, como a que envolve o servo do sumo sacerdote aquando da prisão de Jesus.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo

segundo S. Marcos

Naquele tempo,

os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho,

logo de manhã,

com os anciãos e os escribas, isto é, todo o Sinédrio.

Depois de terem manietado Jesus,

foram entregá-l’O a Pilatos.

Pilatos perguntou-Lhe:

R «Tu és o Rei dos judeus?».

N Jesus respondeu:

J «É como dizes».

N E os príncipes dos sacerdotes

faziam muitas acusações contra Ele.

Pilatos interrogou-O de novo:

R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».

N Mas Jesus nada respondeu,

de modo que Pilatos estava admirado.

Pela festa da Páscoa,

Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.

Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos,

que numa revolta tinham cometido um assassínio.

A multidão, subindo,

começou a pedir o que era costume conceder-lhes.

Pilatos respondeu:

R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».

N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes

O tinham entregado por inveja.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes

incitaram a multidão

a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.

Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:

R «Então, que hei-de fazer d’Aquele

que chamais o Rei dos judeus?».

N Eles gritaram de novo:

R «Crucifica-O!».

N Pilatos insistiu:

R «Que mal fez Ele?».

N Mas eles gritaram ainda mais:

R «Crucifica-O!».

N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,

soltou-lhes Barrabás

e, depois de ter mandado açoitar Jesus,

entregou-O para ser crucificado.

Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,

que era o pretório,

e convocaram toda a coorte.

Revestiram-n’O com um manto de púrpura

e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos

que haviam tecido.

Depois começaram a saudá-l’O:

R «Salve, Rei dos judeus!».

N Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe

e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.

Depois de O terem escarnecido,

tiraram-Lhe o manto de púrpura

e vestiram-Lhe as suas roupas.

Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.

N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,

um homem que passava, vindo do campo,

Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.

E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,

quer dizer, lugar do Calvário.

Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,

mas Ele não o quis beber.

Depois crucificaram-n’O.

E repartiram entre si as suas vestes,

tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.

Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.

O letreiro que indicava a causa da condenação

tinha escrito: «Rei dos Judeus».

Crucificaram com Ele dois salteadores,

um à direita e outro à esquerda.

Os que passavam insultavam-n’O

e abanavam a cabeça, dizendo:

R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,

salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».

N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas

troçavam uns com os outros, dizendo:

R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!

Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,

para nós vermos e acreditarmos».

N Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam.

Quando chegou o meio-dia,

as trevas envolveram toda a terra

até às três horas da tarde.

E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:

J «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?».

N Que quer dizer:

«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».

Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:

R «Está a chamar por Elias».

N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre

e, pondo-a na ponta duma cana,

deu-Lhe a beber e disse:

R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».

N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.

O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.

O centurião que estava em frente de Jesus,

ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:

R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

 

Mc 15,1-15

 

Sob a dominação romana, o Sinédrio podia condenar à morte, mas não podia executar a sentença. Por isso, Jesus é entregue ao governador romano, sob a falsa acusação de ser subversivo político que pretende retomar o reino judaico contra a dominação romana. O processo diante de Pilatos é também uma grande farsa dominada pelos interesses de ambas as autoridades. Jesus ou Barrabás? Pilatos prefere Jesus, porque não o vê como perigo para a autoridade romana; além disso, desconhece o alcance do projecto de Jesus. As autoridades dos judeus sabem muito bem que Jesus é mais perigoso para a estrutura interna do país do que Barrabás (zelota). A multidão fica do lado das autoridades, porque depende delas e porque agora estão enfrentando a autoridade estrangeira. Pressionado, Pilatos defende o seu próprio prestígio e entrega Jesus à multidão. Barrabás torna-se uma peça no jogo de interesses entre as autoridades; Jesus não participa da farsa e é condenado. Se ele fosse solto estaria negando todo o seu projecto.

 

Mc 15,21-32

 

Jesus está completamente só. Seu corpo poderoso é reduzido à fraqueza extrema. Contudo, ele até ao fim permanece consciente da sua entrega, e recusa a bebida entorpecente. A inscrição, com o motivo da sentença, inaugura na história o tempo da realeza que não oprime, mas que dá a própria vida. As troças revelam a verdadeira identidade de Jesus: ele é o novo Templo e o Messias-Rei que não age em vista aos seus próprios interesses.

 

Mc 15,33-41

 

No ápice do abandono, as situações imediatamente se invertem. A cortina do Templo símbolo de um sistema económico-político-religioso, rasga-se: é a ruptura total entre o projecto de Jesus e a estrutura dos projectos deste mundo. A exclamação do oficial romano marca também outra ruptura: os pagãos que adoram os poderosos deste mundo começam a reconhecer que Jesus é o Filho de Deus. No momento do aparente fracasso total, o Evangelho de Marcos atinge o seu ponto culminante, desvendando definitivamente a identidade de Jesus. As mulheres que acompanharam Jesus desde a Galileia, já podem voltar, pois o serviço a Jesus vai continuar.

 

Mc 15,42-47

 

Jesus morre e seu corpo é encerrado num túmulo. Aparentemente, a história acabou e o sistema que condenou Jesus pode ficar tranquilo. Mas, as mulheres estão aí, à espera: alguma coisa vai acontecer...

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Pela paixão do vosso Filho Unigénito, apressai, Senhor, a hora da nossa reconciliação: concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a misericórdia que nossos pecados não merecem.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 25, 42

Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-Se a tua vontade.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Saciados com estes dons sagrados, nós Vos pedimos, Senhor: assim como, pela morte do vosso Filho, nos fizestes esperar o que a nossa fé nos promete, fazei-nos também chegar, pela sua ressurreição, às alegrias do reino que esperamos.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

domingo, 21 de março de 2021

SE O GRÃO DE TRIGO, LANÇADO À TERRA, MORRER, DARÁ MUITO FRUTO

 


DOMINGO V da QUARESMA – ano B – 21MAR2021

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 42, 1-2

Fazei-me justiça, meu Deus,

defendei a minha causa contra a gente sem piedade,

livrai-me do homem desleal e perverso.

Vós sois o meu refúgio.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de viver com alegria o mesmo espírito de caridade que levou o vosso Filho a entregar-Se à morte pela salvação dos homens.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Jer 31, 31-34

 

«Estabelecerei uma aliança nova e não mais recordarei os seus pecados»

 

Ao longo de toda a História da Salvação, Deus, para levar os homens a estabelecerem com Ele relações pessoais, foi concluindo alianças com o Povo de Israel, através de homens extraordinários, que servem de mediadores. À humanidade decaída pelo pecado, que «vivia no terror dos deuses e do destino implacável». Deus ia assim revelando o Seu amor e os Seus desígnios de salvação.

Estas alianças, porém, eram provisórias, particulares, acompanhadas de promessas de carácter material e ligadas a um povo. Preparavam e conduziam a uma aliança nova, espiritual, definitiva e universal, que pela primeira vez, o profeta Jeremias anuncia ao Povo de Deus.

 

Leitura do Livro de Jeremias

Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova. Não será como a aliança que firmei com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egipto, aliança que eles violaram, embora Eu tivesse domínio sobre eles, diz o Senhor. Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, naqueles dias, diz o Senhor: Hei-de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Já não terão de se instruir uns aos outros, nem de dizer cada um a seu irmão: «Aprendei a conhecer o Senhor». Todos eles Me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno, diz o Senhor. Porque vou perdoar os seus pecados e não mais recordarei as suas faltas.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 50 (51), 3-4.12-13.14-15 (R. 12a)

 

Refrão: Dai-me, Senhor, um coração puro. (Repete-se)

 

Compadecei-Vos de mim, ó Deus,

pela vossa bondade,

pela vossa grande misericórdia,

apagai os meus pecados.

Lavai-me de toda a iniquidade

e purificai-me de todas as faltas. (Refrão)

 

Criai em mim, ó Deus, um coração puro

e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.

Não queirais repelir-me da vossa presença

e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. (Refrão)

 

Dai-me de novo a alegria da vossa salvação

e sustentai-me com espírito generoso.

Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos

e os transviados hão-de voltar para Vós. (Refrão)

 

 

LEITURA II – Hebr 5, 7-9

 

«Aprendeu a obediência e tornou-se causa de salvação etern»

 

A Aliança anunciada por Jeremias, veio a realizar-se pelo mais perfeito dos mediadores – Jesus Cristo, Filho de Deus e irmão dos homens, segundo a natureza humana por Ele assumida.

Porque, foi sancionada com o Seu Sangue, no Sacrifício Pascal, («a nova Aliança no meu Sangue»), Jesus não é apenas o Mediador, mas a própria Aliança: Ele estabeleceu a comunhão perfeita dos homens com Deus.

Realidade definitiva, esta é a Aliança nova. Mas é também eterna. Não há necessidade de se repetir, como as antigas. Pela Eucaristia, feita em Sua Memória (I Cor. 11, 25), como Ele ordenou, a Aliança do Calvário torna-se presente em todos os lugares e tempos. Participando nela, com fé, os fiéis unem-se ao Mistério da nova e eterna Aliança, recebem a salvação preparada no Antigo Testamento e que será consumada pela vinda gloriosa de Cristo.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus

Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna

Palavra do Senhor

 

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Jo 12, 26

 

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)

 

Se alguém Me quiser servir, que Me siga, diz o Senhor, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Jo 12, 20-33

 

«Se o grão de trigo, lançado à terra, morrer, dará muito fruto»

 

Só morrendo é que a semente dá origem a uma vida nova, revelando assim a sua maravilhosa fecundidade.

Também para Jesus a morte é semente de uma vida maravilhosamente nova e fecunda. Graças à Sua morte redentora, os benefícios da salvação são, com efeito, comunicados a todos os homens, judeus ou pagãos. A Sua morte é a conclusão da Sua missão é, por isso, a hora da Sua glorificação.

Aceitando voluntariamente a morte, em filial e amorosa obediência ao Pai e aos Seus planos de salvação, Jesus «deu-nos a vida imortal».

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

CONVITE A DEDICAR A VIDA À MISSÃO DO ANÚNCIO DA ESPERANÇA

 

Temos aqui duas concepções sobre o Messias. Seguindo a tradição transmitida pelos dirigentes, o povo aclama Jesus como um rei político. Mais tarde, essa ideia será transformada em motivo da condenação de Jesus. Por outro lado, Jesus apresenta-se como o Messias predito pelas Escrituras, mostrando, porém, a sua verdadeira missão: dar a vida para salvar e reunir o povo. Jesus, chegando a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão. Está próximo o desenlace do seu ministério de amor e dom de si. Dirige-se então aos seus discípulos realçando o carácter do dom total a ser assumido nos discípulos. O dom da própria vida é o acto fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como naqueles que são tocados pelo seu amor. A vida é fruto do amor e ela será tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total. Na metáfora do grão que se transforma, Jesus afirma que o homem possui muito mais potencialidades do que aquelas que lhe são conhecidas. Com o dom de si novas e surpreendentes potencialidades se revelam. A morte no sentido que Jesus fala não é um fim trágico, mas é o começo de uma vida mais plena, já neste mundo. Morrer para os seus limites, impostos por uma cultura de consumo e opressão, para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Isto é servir a Jesus, e assim se manifesta a glória de Jesus e a glória do Pai. Quem não teme a própria morte confunde o opressor poderoso e conquista a liberdade que transforma o mundo pelo amor. Viver é dar a vida e tem-se a vida à medida que ela é dada.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Ouvi-nos, Senhor Deus omnipotente, e, pela virtude deste sacrifício, purificai os vossos servos que iluminastes com os ensinamentos da fé.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO

Quando se lê o Evangelho de Lázaro: (Jo 11, 26)

Aquele que vive e crê em Mim

não morrerá para sempre, diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Deus omnipotente, concedei-nos a graça de sermos sempre contados entre os membros de Cristo, nós que comungámos o seu Corpo e Sangue.

Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.