sábado, 31 de agosto de 2019

DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM – ano C – 01SET2019






«NADA DE VAIDADE!»
A lei do Sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Nos vv. 8-11, Jesus critica o conceito de honra baseado no orgulho e ambição, que geram aparências de justiça, mas escondem os maiores contrastes sociais. A honra do homem depende de Deus, o único que conhece a situação real e global do homem; essa honra supera a crença que o homem pode ter nos seus próprios méritos. Nos vv. 12-14, Jesus mostra que o temor verdadeiro não é comércio, mas serviço gratuito, pois o pobre não pode pagar e o inimigo não pode merecer. Só Deus pode retribuir ao amor gratuito. O Evangelho de Lucas muitas vezes apresenta Jesus em refeições, momento no qual encontra motivos para ensinar os seus discípulos. Em geral, qualquer acção incorrecta do anfitrião ou dos comensais serve-lhe de pretexto. Até mesmo de uma questão de etiqueta e boas maneiras (que lugar se deve ocupar numa mesa de banquete?) ele tirou conclusões práticas para a vida do discípulo do Reino: a vaidade vence-se pela prática da humildade. A sociedade está repleta de pessoas com falta de escrúpulos, obstinadas em se impor às demais, a qualquer custo, pessoas contaminadas pela vaidade, que se autocolocam nas alturas. Esta gente vive numa ávida competição, sem perder oportunidade de se colocar em evidência para garantir uma posição de destaque diante dos demais. Humanamente falando, esta obsessão pode ser perigosa, e faz a pessoa passar por uma humilhação indesejada. Em termos de salvação, a vaidade faz a pessoa chocar com o projecto de Deus. Noutras palavras, tendo buscado a exaltação humana, experimentará a humilhação divina. O Pai não aceita nem a vaidade nem o orgulho. Por conseguinte, eis a lição que os discípulos devem tirar de tudo isto: o Pai só exalta a quem busca o caminho da simplicidade e da humilhação.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 3.5
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para aqueles que Vos invocam.

ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em nossos corações o amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai vida ao que em nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Sir 3, 19-21.30-31 (gr.17-18.20.28-29)

«Humilha-te e encontrarás graça diante do Senhor»

Se “a humildade é a verdade”, no dizer de S. Teresa, nada pode ser mais certo e mais agradável a Deus do que a humildade. É ela que prepara o íntimo do coração para poder receber a palavra de Deus e permitir-lhe que aí lance raízes e dê fruto.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
Filho, em todas as tuas obras procede com humildade e serás mais estimado do que o homem generoso. Quanto mais importante fores, mais deves humilhar-te e encontrarás graça diante do Senhor. Porque é grande o poder do Senhor e os humildes cantam a sua glória. A desgraça do soberbo não tem cura, porque a árvore da maldade criou nele raízes. O coração do sábio compreende as máximas do sábio e o ouvido atento alegra-se com a sabedoria.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 67 (68), 4-7ab.10-11 (R. cf. 11b)

Refrão: Na vossa bondade, Senhor, preparastes uma casa para o pobre. (Repete-se)

Os justos alegram-se na presença de Deus,
exultam e transbordam de alegria.
Cantai a Deus, entoai um cântico ao seu nome;
o seu nome é Senhor: exultai na sua presença. (Refrão)

Pai dos órfãos e defensor das viúvas,
é Deus na sua morada santa.
Aos abandonados Deus prepara uma casa,
conduz os cativos à liberdade. (Refrão)

Derramastes, ó Deus, uma chuva de bênçãos,
restaurastes a vossa herança enfraquecida.
A vossa grei estabeleceu-se numa terra
que a vossa bondade, ó Deus,
preparara ao oprimido. (Refrão)

LEITURA II – 12, 18-19.22-24a

«Aproximastes-vos do monte Sião, da cidade do Deus vivo»

O povo de Deus do Antigo Testamento vivia da lembrança das maravilhas que Deus por ele tinha feito, sobretudo aquando da saída do Egipto e da entrada na Terra Prometida. Nesta leitura declara-se que hoje não são já esses milagres que se repetem para nós, mas que muito mais foi o que Deus por nós fez ao introduzir-nos com Cristo na Igreja, a cidade santa de Deus, de que o monte Sião era uma imagem, visto que lá estava o Templo de Deus.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Vós não vos aproximastes de uma realidade sensível, como os israelitas no monte Sinai: o fogo ardente, a nuvem escura, as trevas densas ou a tempestade, o som da trombeta e aquela voz tão retumbante que os ouvintes suplicaram que não lhes falasse mais. Vós aproximastes-vos do monte Sião, da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste, de muitos milhares de Anjos em reunião festiva, de uma assembleia de primogénitos inscritos no Céu, de Deus, juiz do universo, dos espíritos dos justos que atingiram a perfeição e de Jesus, mediador da nova aliança.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 11, 29ab

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Tomai o meu jugo sobre vós, diz o Senhor, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 14, 1.7-14

«Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»

A propósito de um caso muito concreto, Jesus ensina aos seus discípulos a humildade, particularmente nas relações com os outros, e que é melhor ir ao encontro dos simples e humildes do que apoiar-se, egoistamente, naqueles de quem se espera vir a receber.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Santificai, Senhor, a oferta que Vos apresentamos e realizai em nós, com o poder da vossa graça, a redenção que celebramos nestes mistérios.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 20

Como é grande, Senhor,
a vossa bondade para aqueles que Vos servem!

Ou - Mt 5, 9-10
Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por amor da justiça,
porque deles é o reino dos céus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da mesa celeste, fazei que esta fonte de caridade fortaleça os nossos corações e nos leve a servir-Vos nos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 24 de agosto de 2019

DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM – ano C – 25AGO2019






«A FALSA SEGURANÇA»
Jesus não responde directamente à pergunta. A salvação é universal, está aberta para todos, e não só para aqueles que conhecem Jesus. A condição é entrar pela porta estreita, isto é, escolher o caminho de vida que cria a nova história. Jesus recusa-se a entrar na discussão casuística sobre quem se salvará, por considerá-la inútil. Importante para ele era empenhar-se, com sinceridade, por viver uma vida agradável a Deus, e assim, ser acolhido por ele, no final da caminhada terrena. As palavras do Mestre são uma denúncia contra aqueles que se iludem pensando ter garantido uma vaga no céu, quando, de facto, estão a vaguear longe da salvação. “Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas praças” dizem os que se iludem pensando que, no Reino de Deus, tem valor evocar determinadas procedências étnicas, práticas religiosas ou formação cultural como privilégios para se ingressar nele. É a falsa segurança dos judeus, mormente, dos fariseus. Mas pode ser também a falsa segurança da comunidade cristã. Sem a prática da justiça e da caridade, sem um amor entranhado ao semelhante, de nada valerá evocar, diante de Deus, a condição de cristão para se ingressar no Reino. Se nele existem privilegiados, estes são os pobres, os marginalizados, os oprimidos, os desclassificados. Ou seja, os que estão reduzidos a uma condição tão deplorável, a ponto de não conseguirem voltar-se para Deus, a fim de exigir dele a salvação. Talvez, no seu entender, a salvação esteja fora de seus horizontes. Para que preocupar-se com ela? Quem se considera privilegiado, não procurando vivenciar o amor, será expulso do Reino; ao passo que os últimos serão acolhidos pelo Senhor. O ministério de Jesus desenvolvera-se na Galileia e em territórios gentios vizinhos. Agora, com os seus discípulos, está a caminho de Jerusalém, centro religioso e político do judaísmo, decidido a fazer aí seu anúncio libertador e vivificante. Ele escolheu a festa da Páscoa judaica, ocasião em que se reúnem enormes multidões de peregrinos na cidade e no Templo. A caminho, continua o seu ensino aos discípulos, os quais, com a sua formação tradicional, tinham grande dificuldade de compreender a sua Boa-Nova humilde e libertadora. Alguém pergunta a Jesus se são poucos os que se salvam. Esta era uma questão em debate nos meios rabínicos, onde prevalecia a compreensão de que todo o povo de Israel, como filhos de Abraão, se salvaria, enquanto as nações gentias seriam destruídas e condenadas. Foi contra esta visão elitista que se levantou João Baptista, quando disse aos fariseus e saduceus que eles não se sentissem seguros em proclamar que tinham Abraão por pai. O que importa para Deus são os frutos de justiça e de amor, que conduzem à comunhão de vida universal, sem barreiras ou exclusivismos. Jesus adverte sobre as dificuldades para entrar no Reino. Estas dificuldades decorrem da resistência à conversão daqueles que estavam apegados à tradição da Lei, com sua tradição racial e com o anseio de poder e riquezas. Israel, rejeitando a conversão, ficará de fora, enquanto os seus patriarcas e profetas estarão, junto com os demais povos, à mesa do Reino.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 1-3
Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o vosso servo, que em vós confia.
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus,
que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 66, 18-21

«De todas as nações hão-de reconduzir os vossos irmãos»

O desígnio de Deus é que todos os homens se salvem. De “todas as nações” e de “todas as línguas”, o Senhor quer reconduzir a humanidade como oferenda à sua glória, e assim realizar a vocação última de todos os homens: viverem eternamente na casa do Pai comum, graças ao chamamento que a todos fez por meio de Jesus Cristo.

Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz o Senhor: «Eu virei reunir todas as nações e todas as línguas, para que venham contemplar a minha glória. Eu lhes darei um sinal e de entre eles enviarei sobreviventes às nações: a Társis, a Fut, a Lud, a Mosoc, a Rós, a Tubal e a Javã, às ilhas remotas que não ouviram falar de Mim nem contemplaram ainda a minha glória, para que anunciem a minha glória entre as nações. De todas as nações, como oferenda ao Senhor, eles hão-de reconduzir todos os vossos irmãos, em cavalos, em carros, em liteiras, em mulas e em dromedários, até ao meu santo monte, em Jerusalém – diz o Senhor – como os filhos de Israel trazem a sua oblação em vaso puro ao templo do Senhor. Também escolherei alguns deles para sacerdotes e levitas».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 116 (117), 1.2 (R. Mc 16, 15)

Refrão: Ide por todo o mundo, anunciai a boa nova. (Repete-se)

Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos. (Refrão)

É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre. (Refrão)

LEITURA II – Hebr 12, 5-7.11-13

«O Senhor corrige aquele que ama»

A palavra que foi dirigida aos nossos irmãos do passado em tempo de perseguição para os encorajar na provação, vem sempre a propósito também para nós para nos ensinar a ver com olhos de fé as muitas provações da vida e a entendê-las no seu sentido positivo, que é sempre desígnio de amor de Deus sobre nós.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Já esquecestes a exortação que vos é dirigida, como a filhos que sois: «Meu filho, não desprezes a correcção do Senhor, nem desanimes quando Ele te repreende; porque o Senhor corrige aquele que ama e castiga aquele que reconhece como filho». É para vossa correcção que sofreis. Deus trata-vos como filhos. Qual é o filho a quem o pai não corrige? Nenhuma correcção, quando se recebe, é considerada como motivo de alegria, mas de tristeza. Mais tarde, porém, dá àqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça. Por isso, levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos vacilantes e dirigi os vossos passos por caminhos direitos, para que o coxo não se extravie, mas antes seja curado.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 6

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor:
ninguém vai ao Pai senão por Mim. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 13, 22-30

«Hão-de vir do Oriente e do Ocidente e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus»

Jesus diz-nos que todos os homens são chamados à salvação e a viverem com Deus; mas que este desígnio de Deus tem de ser acolhido por cada um, que terá, por isso, de se esforçar por passar pela porta estreita, não vá, por negligência, ficar de fora da sala do banquete do reino de Deus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Senhor, que pelo único sacrifício da cruz, formastes para Vós um povo de adopção filial, concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 103, 13-15

Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra fazeis brotar o pão e o vinho que alegra
o coração do homem.

Ou - Jo 6, 55
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, diz o Senhor,
e Eu o ressuscitarei no último dia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Realizai plenamente em nós, Senhor, a acção redentora da vossa misericórdia e fazei-nos tão generosos e fortes que possamos agradar-Vos em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 17 de agosto de 2019

DOMINGO XX DO TEMPO COMUM – ano C – 18AGO2019






«NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A DESUNIÃO»
Baseando-se em tradições antigas (como a Lei do Jubileu: Lev 25) e revertendo o modelo dominante da política e da economia importado de Roma, baseado na sua fé em Deus / Abba, Jesus não queria formar grupos de domínio (para impor o seu projecto na Galileia), mas de criatividade religiosa e comunicação humana dos mais pobres. É por isso que ele começou a “curar” os enfermos e aproximar-se dos possuídos e impuros a quem convidava para fazer parte de sua nova família social (eclesial), entendida como uma comunhão de pessoas unidas na mensagem e no caminho do Reino. É por isso que ele convidou os pobres de uma forma especial, tornando-os iniciadores de seu projecto de uma família pacífica de irmãos (filhos) de Deus.

O movimento pela paz de Jesus não começou com grandes reformas económicas e / ou políticas, num sentido global, mas com a criação de grupos familiares pacíficos, abertos dos pobres (itinerantes) a todos os homens e mulheres, intensificando a comunicação pessoal. Ele não anunciou uma paz futura apenas, nem queria que seus pobres tirassem a riqueza dos ricos, mas que eles mesmos (os pobres) começariam a superar o sistema de propriedade privada (violentos), mas não matando ou privando os ricos das suas propriedades, mas oferecendo-lhes saúde e cura (paz), precisamente dos próprios pobres que haviam expulsado e tomado os bens.
Logicamente, por querer e procurar essa paz (e por fazê-lo como ele fez) ele teve que enfrentar a violência do sistema dominante. O Império Romano, que dominava a Galileia, formou-se como um “assunto de família”, uma hierarquia descendente, dos níveis superiores, de modo que a grande ordem da sociedade reproduziu um modelo de boa família padroeira (coisa nossa! ), onde os maiores “beneficiaram” os baixos (e os baixos apoiaram os altos, como clientes de um sistema patronal). O Império era um sistema de violência controlada, de modo que a sua paz era o resultado da imposição de um sobre o outro. Logicamente, Deus era a Ordem, o Valor do valioso, o sistema.
Contra isso, Jesus queria criar um grupo de famílias não patriarcais, onde havia espaço para todos, dos mais pobres. Para isso, ele teve que se opor aos esquemas familiares tradicionais, como era uma família de impostos, centrada no valor superior dos “patriarcas” (pais, homens), deixando os outros membros da família num lugar mais baixo e expulsando os órfãos-viúvas-estrangeiros (cf. Ex 22, 20-23; Dt 16, 9-15; 24, 17-22), vítimas de um tipo de vida e economia comercial. Para superar a violência da família estabelecida (que, por outro lado, foi incapaz de permanecer na nova situação),Jesus teve que criar um novo tipo de família mais extensa, não patriarcal, onde todos se encaixam, não apenas os que estão dentro, mas os do meio social, dos mais pobres. Esta foi a sua revolução, esta é a sua “guerra”, mais difícil do que as guerras de Júlio César ou Augusto.
Logicamente, ao procurar o que procurava, uma família aberta a todos, para criar o que ele queria criar (grupos do Reino), ele não poderia começar a reforçar as instituições existentes (mais família patriarcal, mais ordem, mais lei, mais templo!) , mas começou a “criar família” a partir de órfãos-viúvas-estrangeiros, isto é, daqueles que estavam sendo rejeitados pela boa sociedade estabelecida. Ele não tinha escolha a não ser opor-se a um tipo de família dominante, de natureza hierárquico-tributária, porque ela ia contra a escolha do Reino e porque trabalhava com modelos de imposição hierárquica, expulsando os mais pobres (cf. Mt 10,35-37; Lc 12,53; 14,26). Logicamente, ele teve que dizer aos seus discípulos para “criar desavença” entre pai-pai, irmãos-irmãs... (Lc 14, 26 Q; cf. Ev Tom 55, 1-2; 101, 1-3).
Quando disse aos seus seguidores que deveriam “odiar” os seus parentes (Lc 14,26), Jesus não queria negar ou criticar “laços de sangue e biológicos”, de tipo biológico e social, para promover um tipo de comunhão espiritual, sem vínculos de parentesco tipo “carnal” (como parece querer o apócrifo Evangelho de Tomé), mas rejeitou um modelo familiar exclusivo, para criar outro modelo de família, mas muito concreto (muito carne e sangue, amizade e comunhão), mas não exclusivista; uma família onde homens e mulheres importam, cada um deles e todos em relações concretas, sem imposições ou exclusões, uma família onde os expulsos das outras “tribos” e más famílias do seu tempo se encaixam. Foi uma revolução como nunca antes se vira.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 83, 10-11
Senhor Deus, nosso protector,
ponde os olhos no rosto do vosso Ungido.
Um dia em vossos átrios vale mais de mil longe de Vós.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-Vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas, que excedem todo o desejo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Jer 38, 4-6.8-10

«Geraste-me como homem de discórdia para toda a terra»

A incompreensão que rodeou Jesus foi também a que envolveu os profetas, concretamente Jeremias, que é, por isso, uma figura de Jesus. Se ele tivesse anunciado só o que era agradável de ouvir, todos o teriam aceitado como profeta; mas porque ele também teve de anunciar o que não era desejado, todos o acharam falso profeta. Mas Deus também está nas coisas dolorosas; foi até na Cruz que Jesus deu o maior testemunho da verdade.

Leitura do Livro de Jeremias
Naqueles dias, os ministros disseram ao rei de Judá: «Esse Jeremias deve morrer, porque semeia o desânimo entre os combatentes que ficaram na cidade e também todo o povo com as palavras que diz. Este homem não procura o bem do povo, mas a sua perdição». O rei Sedecias respondeu: «Ele está nas vossas mãos; o rei não tem poder para vos contrariar». Apoderaram-se então de Jeremias e, por meio de cordas, fizeram-no descer à cisterna do príncipe Melquias, situada no pátio da guarda. Na cisterna não havia água, mas apenas lodo, e Jeremias atolou-se no lodo. Entretanto, Ebed-Melec, o etíope, saiu do palácio e falou ao rei: «Ó rei, meu senhor, esses homens procederam muito mal tratando assim o profeta Jeremias: meteram-no na cisterna, onde vai morrer de fome, pois já não há pão na cidade». Então o rei ordenou a Ebed-Melec, o etíope: «Leva daqui contigo três homens e retira da cisterna o profeta Jeremias, antes que ele morra».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39 (40), 2.3.4.18 (R. 14b)

Refrão: Senhor, socorrei-me sem demora. (Repete-se)

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Ouviu o meu clamor
e retirou-me do abismo e do lamaçal,
assentou os meus pés na rocha
e firmou os meus passos. (Refrão)

Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.
Vendo isto, muitos hão-de temer
e pôr a sua confiança no Senhor. (Refrão)

Eu sou pobre e infeliz:
Senhor, cuidai de mim.
Sois o meu protector e libertador:
ó meu Deus, não tardeis. (Refrão)

LEITURA II – Hebr 12, 1-4

«Corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós»

Por uma coincidência feliz, também a segunda leitura se vem articular hoje com as outras duas. Ela põe diante de nós a multidão daqueles que levaram a bom termo o combate pela sua fé. Eles nos convidam a nós a seguirmos também o caminho da Cruz, a sermos capazes de, acima de tudo, pormos os olhos em Jesus que foi fiel até à morte e que, por isso, “está sentado à direita do trono de Deus”.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas, ponhamos de parte todo o fardo e pecado que nos cerca e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós, fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição. Renunciando à alegria que tinha ao seu alcance, Ele suportou a cruz, desprezando a sua ignomínia, e está sentado à direita do trono de Deus. Pensai n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade da parte dos pecadores, para não vos deixardes abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue, na luta contra o pecado.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 10, 27

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

As minhas ovelhas escutam a minha voz,
diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 12, 49-53

«Não vim trazer a paz, mas a desunião»

Jesus iniciou um movimento pela paz, dos mais pobres, superando a lógica do confronto que regulou a vida das famílias e grupos do seu tempo, na Galileia. Foi uma revolução a partir de baixo, daqueles que viviam à margem da sociedade estabelecida, um movimento de seguidores e amigos, basicamente composto por pessoas que haviam sido expulsas da nova ordem social que estava sendo imposta na Galileia, por causa da transformação económica e política ligada ao Império Romano e às tradições patriarcais.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? Tenho de receber um baptismo e estou ansioso até que ele se realize. Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai, Senhor, o que trazemos ao vosso altar, nesta admirável permuta de dons, de modo que, oferecendo-Vos o que nos destes, mereçamos receber-Vos a Vós mesmo.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 129, 7

No Senhor está a misericórdia,
no Senhor está a plenitude da redenção.

Ou - Jo 6, 51-52
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que neste sacramento nos fizestes participar mais intimamente no mistério de Cristo, transformai-nos à sua imagem na terra para merecermos ser associados à sua glória no Céu.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 10 de agosto de 2019

DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM – ano C – 11AGO2019






«ESTAI VÓS TAMBÉM PREPARADOS»

Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. A longa espera da segunda vinda do Senhor pode levar o discípulo a esmorecer e a desanimar. Quanto maior a incerteza do dia e da hora, tanto maior a tentação de debandar para o pecado, a idolatria e a impiedade. Perseverar na espera é prova de fidelidade. Jesus serve-se de duas imagens para ilustrar o estado de constante vigilância do discípulo. A primeira é estar com os rins cingidos com o cinto. Alusão à veste comprida usada pelos orientais, arregaçada e amarrada na cintura, por meio de uma faixa, enquanto se trabalhava ou viajava, para não lhes impedir os movimentos. A segunda é estar com as lâmpadas acesas, sugerindo que a vinda inesperada pode dar-se a qualquer momento, inclusive à noite. Em termos concretos, a vigilância expressa-se na prática incessante da misericórdia e da justiça. O discípulo é incansável no amor. A sua opção mantém-se inalterada, mesmo desconhecendo o dia e a hora do encontro com o Senhor. Esta demora é irrelevante. Antes, quanto mais o Senhor tarda a chegar, tanto mais terá tempo para fazer o bem. A demora, neste caso, é vista pelo prisma positivo: a possibilidade de manifestar a sua capacidade de amar, e não pelo prisma negativo, como se tivesse sido vítima do divórcio e do abandono do Senhor. Perseverar no amor é uma autêntica bem-aventurança. Só os verdadeiros discípulos são capazes disso. Um dos principais conteúdos da pregação apostólica nas primeiras comunidades cristãs era a proximidade da parúsia, ou seja, a volta iminente de Jesus para o juízo final. Nesta expectativa havia um empenho em viver autenticamente a fé, nas comunidades. Porém, com o passar do tempo, sem nada ocorrer e sem sinais próximos da parúsia, o ardor das comunidades começa a esfriar. Os evangelistas empenham-se, então, em reanimá-las, mantendo acesa a chama desta expectativa. É necessário permanecer de prontidão e atentos. Os que assim estiverem à espera do seu Senhor são proclamados bem-aventurados. São os que estão vigilantes, empenhados em fazer a vontade do Pai, que é o serviço à vida, na justiça e no amor. Nesta parábola, é admirável como o próprio Senhor arregaçará a sua veste e se porá a servir àqueles que encontrar vigilantes, como Jesus na última ceia, no evangelho de João (13,2-15). Hoje, as comunidades, conscientes da presença de Jesus no seu meio, movidas pelo amor e vigilantes quanto às necessidades dos seus irmãos, empenham-se na construção de uma sociedade mais justa, num mundo novo. Estas duas parábolas comparativas são estimulantes a partir da expectativa da volta do Senhor. A primeira, sobre o dono da casa e a vinda do ladrão, é dirigida aos discípulos em geral, que devem estar atentos, vigiando, isto é, zelosos em praticar a vontade de Deus. A segunda, sobre o servo que cuida da criadagem do senhor, é dirigida àqueles que têm a missão de conduzir a comunidade. É provável que ela fosse inicialmente dirigida aos fariseus, aplicando-se, em seguida, aos líderes das comunidades de discípulos de Jesus. Todos devem assumir com humildade as suas responsabilidades, estando atentos às necessidades dos irmãos, sem impor ou dominar os demais.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Sab 18, 6-9

«Da mesma forma castigastes os adversários e nos cobristes de glória, chamando-nos a Vós»

A leitura do Evangelho vai dizer-nos que devemos estar sempre de vigia, como quem guarda a casa de noite. Daí que esta primeira leitura nos recorde que foi também numa noite que o Senhor passou pelo meio do seu povo para fazer a libertação pascal, aquando da saída do Egipto. A Vigília pascal, que mantém, todos os anos, o povo de Deus em atitude de quem vigia, é o modelo da atitude que este povo e cada um de nós há-de manter até que o Senhor volte.

Leitura do Livro da Sabedoria
A noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto foi dada previamente a conhecer aos nossos antepassados, para que, sabendo com certeza a que juramentos tinham dado crédito, ficassem cheios de coragem. Ela foi esperada pelo vosso povo, como salvação dos justos e perdição dos ímpios, pois da mesma forma que castigastes os adversários, nos cobristes de glória, chamando-nos para Vós. Por isso os piedosos filhos dos justos ofereciam sacrifícios em segredo e de comum acordo estabeleceram esta lei divina: que os justos seriam solidários nos bens e nos perigos; e começaram a cantar os hinos de seus antepassados.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33), 1.12.18-19.20.22 (R. 12b)

Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança. (Repete-se)

Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança. (Refrão)

Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. (Refrão)

A nossa alma espera o Senhor,
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. (Refrão)

LEITURA II – Hebr 11, 1-2.8-19

«Esperava a cidade, da qual Deus é arquitecto e construtor»

Começamos hoje a ler uma parte da Epístola aos Hebreus, em que se faz o elogio dos nossos antepassados na fé que, seguindo os passos de Abraão, caminharam fielmente para a Terra Prometida. A fé, que é resposta do homem à palavra de Deus, é sempre a luz que ilumina toda a caminhada pascal do homem deste mundo para o Pai.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida, habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa, porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquitecto e construtor é Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na praia do mar. Todos eles morreram na fé, sem terem obtido a realização das promessas. Mas vendo-as e saudando-as de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Aqueles que assim falam mostram claramente que procuram uma pátria. Se pensassem na pátria de onde tinham saído, teriam tempo de voltar para lá. Mas eles aspiravam a uma pátria melhor, que era a pátria celeste. E como Deus lhes tinha preparado uma cidade, não Se envergonha de Se chamar seu Deus. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu o seu filho único Isaac, que era o depositário das promessas, como lhe tinha sido dito: «Por Isaac será assegurada a tua descendência». Ele considerava que Deus pode ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, ele recuperou o seu filho.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 24, 42a.44

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vigiai e estai preparados,
porque na hora em que não pensais
virá o Filho do homem. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 12, 32-48

«Estai vós também preparados»

Na continuação do espírito da primeira leitura, também esta leitura evangélica nos coloca como que em atitude de vigília pascal: sobre esta Terra, esperamos e aguardamos o Senhor, que virá. Celebrando o mistério pascal em cada Eucaristia, não recordamos apenas os acontecimentos pascais do passado, mas nós próprios nos colocamos em atitude espiritual de vigília, como, de maneira mais significativa, o fazemos, uma vez por ano, na noite santa da Páscoa. A atitude contínua da Igreja é a de vigília.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração. Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’, e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito acções que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 147,12.14

Louva, Jerusalém, o Senhor,
que te saciou com a flor da farinha.

Ou - Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.