É COMO DIZES: SOU REI
A REALEZA
DE JESUS
Jesus confirma que é rei. A sua realeza, porém, não é
semelhante à dos poderosos deste mundo. Estes exploram e oprimem o povo,
enganando-o com um sistema de ideias, para esconder a sua acção. É o mundo da
mentira. Jesus, ao contrário, é o Rei que dá a vida, trazendo aos homens o
conhecimento do verdadeiro Deus e do verdadeiro homem. O seu reino é o reino da
verdade, onde a exploração dá lugar à partilha e a opressão dá lugar à
fraternidade. O messianismo, que surge a partir do exílio da Babilónia, tem
origem na figura de David. A tradição de Israel apresenta-o como um rei
glorioso que fundou um pequeno império ao dominar os povos vizinhos. Neste
contexto, foi criada uma teologia imperial davídica, fortalecida pela profecia
da aliança de Deus com David, à semelhança do poder religioso dos faraós, que
se apresentavam como filhos do deus dinástico Amon-Rá. A partir do exílio na Babilónia,
tendo desaparecido a sucessão de reis da dinastia davídica, os judeus,
israelitas remanescentes na Judeia, permaneceram sob o domínio de impérios
sucessivos. Muitos passaram, então, a aspirar pelo aparecimento de um “ungido”,
o messias ou cristo, que seria um rei que, com poder e glória, restauraria o
esplendor que a tradição atribuía ao antigo reino de Judá. No tempo de Jesus,
sob o Império Romano, a expectativa messiânica era diversificada e intensa. Os
próprios discípulos de Jesus que vieram do judaísmo participavam desta
expectativa, que perdurou mesmo após a sua morte, assumindo a forma de
messianismo celestial. Jesus, com a sua marcante liderança popular, foi
confundido com o messias davídico. Daí se origina a atribuição do título de rei
a ele, o que se evidencia, também, neste diálogo com Pilatos. A afirmação: “O meu
reino não é deste mundo”, isto é, desta ordem de coisas, significa que ser rei
dos judeus é próprio da ordem deste mundo. Jesus não pertence a esta ordem. Ele
fala no Reino de Deus como o reino de “meu Pai”. Ao falar em “meu reino”, ele
se situa como cidadão desse reino. A nova comunidade é o Reino de Deus, e seu carácter
é o amor que se concretiza no serviço, e não a coroa real, seja na terra, seja
no céu. Ao dizer: “Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam
para que eu não fosse entregue aos judeus”, Jesus coloca-se do lado dos
gentios. “Tu dizes que eu sou rei”, isto é, quem o diz é Pilatos. “Eu nasci e
vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade”. E a verdade é a
paternidade de Deus, a fraternidade entre homens e mulheres em torno de Jesus,
na comunhão de amor. A condição terrena de Jesus é a imagem da sua condição
celestial: “Quem me vê, vê o Pai”. “Deus é amor e quem permanece no amor
permanece em Deus e Deus nele”. Jesus é a expressão desse amor na simplicidade
da condição humana, na fraternidade e no serviço, o que o desqualifica para ser
rei tanto na terra como no céu.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Ap 5, 12; 1, 6
O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder
e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor.
Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que no vosso amado Filho, Rei do
universo, quisestes instaurar todas as coisas, concedei propício que todas as
criaturas, libertas da escravidão, sirvam a vossa majestade e Vos glorifiquem
eternamente.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Dan 7,
13-14
«O seu poder é
eterno»
O “Filho de
homem” de que fala o profeta é a maneira de falar que Jesus depois adoptou,
aplicando-a a Si mesmo. Este “Filho de homem” que recebe de Deus um reino
eterno é Jesus, que, pela oblação de Si mesmo ao Pai na Cruz, mereceu a glória
da ressurreição, e assim Se tornou o “Primogénito de entre os mortos”, Cabeça
de toda a humanidade por Ele remida, Senhor de todo o Universo, sentado à
direita do Pai.
Leitura
da Profecia de Daniel
Contemplava
eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a
um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua
presença. Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos,
nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu
reino não será destruído.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 92 (93), 1ab.1c-2.5 (R. 1a)
Refrão: O Senhor é rei
num trono de luz. (Repete-se).
O Senhor é rei,
revestiu-Se de majestade,
revestiu-Se e cingiu-Se de poder. Refrão
Firmou o universo, que não vacilará.
É firme o vosso trono desde sempre,
Vós existis desde toda a eternidade. (Refrão)
Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé,
a santidade habita na vossa casa
por todo o sempre. (Refrão)
LEITURA II – Ap 1, 5-8
«O Príncipe
dos reis da terra fez de nós um reino de sacerdotes para Deus»
O Apocalipse de
S. João, escrito em tempo de perseguição, proclama, para além da opressão e da
morte infligida à Igreja, o triunfo pascal de Jesus, o Crucificado, mas agora
Ressuscitado. Ele é Rei e Sacerdote diante de Deus. E os membros do seu povo,
que é o seu Corpo místico, são, com Ele e n’Ele, reis e sacerdotes; são um povo
real e sacerdotal; assim os fez o Baptismo.
Leitura
do Apocalipse
Jesus
Cristo é a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da
terra. Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós
um reino de sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos
séculos dos séculos. Amen. Ei-l’O que vem entre as nuvens, e todos os olhos O
verão, mesmo aqueles que O trespassaram; e por sua causa hão-de lamentar-se
todas as tribos da terra. Sim. Amen. «Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor
Deus, «Aquele que é, que era e que há-de vir, o Senhor do Universo».
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mc 11, 9.10
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Bendito o que vem em nome do Senhor,
bendito o reino do nosso pai David. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 18,
33b-37
«É como dizes: sou
Rei»
No
tribunal judaico do Sinédrio, Jesus tinha aplicado a Si o título de “Filho do
homem”, referido pelo profeta Daniel na primeira leitura. Agora, no tribunal
romano diante de Pilatos, confirma o título de Rei, que os seus inimigos citam
contra Ele como motivo de condenação. Mas, só os que são da verdade podem
compreender o que diz a sua voz.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João
Naquele
tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu-lhe:
«É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». Disse-Lhe
Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te
entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu
não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos:
«Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso
nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da
verdade escuta a minha voz».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, este sacrifício da reconciliação humana e, pelos
méritos de Cristo vosso Filho, concedei a todos os povos o dom da unidade e da
paz.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 28, 10-11
O Senhor está sentado como Rei eterno;
O Senhor abençoará o seu povo na paz.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da imortalidade,
fazei que, obedecendo com santa alegria
aos mandamentos de Cristo, Rei do universo,
mereçamos viver para sempre com Ele no reino celeste.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.