sábado, 29 de junho de 2019

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM – ano C – 30JUN2019




«MESTRE, QUE DEVO FAZER DE BOM PARA TER A VIDA ETERNA?»

Ao jovem que Lhe faz esta pergunta, Jesus responde, primeiro, invocando a necessidade de reconhecer a Deus como «o único Bom», o Bem por excelência e a fonte de todo o bem. Depois, declara-lhe: «Se queres entrar na vida, observa os mandamentos». E cita ao seu interlocutor os mandamentos que dizem respeito ao amor do próximo: «Não matarás; não cometerás adultério; não furtarás; não levantarás falso testemunho; honra pai e mãe». Finalmente, resume estes mandamentos de modo positivo: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (Mt 19, 16-19).
A esta primeira resposta vem juntar-se uma segunda: «Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Vem, depois, e segue-Me» (Mt 19, 21). Esta resposta não anula a primeira. Seguir Jesus implica cumprir os mandamentos. A Lei não é abolida; mas o homem é convidado a reencontrá-la na Pessoa do seu mestre, em Quem ela encontra o seu perfeito cumprimento. Nos três evangelhos sinópticos, o apelo de Jesus ao jovem rico, para O seguir na obediência de discípulo e na observância dos preceitos, está associado ao apelo à pobreza e à castidade. Os conselhos evangélicos são inseparáveis dos mandamentos.
As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14): «Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no termo da nossa vida terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos, no fogo eterno, nas trevas exteriores, onde “haverá choro e ranger de dentes”».
O discípulo de Cristo, não somente deve guardar a fé e viver dela, como ainda professá-la, dar firme testemunho dela e propagá-la: «Todos devem estar dispostos a confessar Cristo diante dos homens e a segui-Lo no caminho da cruz, no meio das perseguições que nunca faltam à Igreja». O serviço e testemunho da fé são requeridos para a salvação: «A todo aquele que me tiver reconhecido diante dos homens, também Eu o reconhecerei diante do meu Pai que está nos céus. Mas àquele que me tiver negado diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus» (Mt 10, 32-33).

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 46, 2
Louvai o Senhor, povos de toda a terra,
aclamai a Deus com brados de alegria.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que pela vossa graça nos tornastes filhos da luz, não permitais que sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que assegurais a eficácia dos vossos sacramentos, fazei que este serviço divino seja digno dos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 1 Reis 19, 16b.19-21

«Eliseu levantou-se e seguiu Elias

A partir deste Domingo, o Evangelho apresenta Jesus caminhando para a Paixão. E hoje Ele insiste já na necessidade de O seguir, sem hesitações, quando Ele chamar. Modelo desta disponibilidade é a atitude de Eliseu, que, uma vez chamado, deixa a sua ocupação anterior e, como sinal dessa renúncia, até queima o arado com que trabalhava e oferece aos seus antigos companheiros, em ambiente de festa, um banquete de confraternização e de despedida.

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, disse o Senhor a Elias: «Ungirás Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meola, como profeta em teu lugar». Elias pôs-se a caminho e encontrou Eliseu, filho de Safat, que andava a lavrar com doze juntas de bois e guiava a décima segunda. Elias passou junto dele e lançou sobre ele a sua capa. Então Eliseu abandonou os bois, correu atrás de Elias e disse-lhe: «Deixa-me ir abraçar meu pai e minha mãe; depois irei contigo». Elias respondeu: «Vai e volta, porque eu já fiz o que devia». Eliseu afastou-se, tomou uma junta de bois e matou-a; com a madeira do arado assou a carne, que deu a comer à sua gente. Depois levantou-se e seguiu Elias, ficando ao seu serviço.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. cf. 5a)

Refrão: O Senhor é a minha herança. (Repete-se)

Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: «Vós sois o meu Deus».
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino. (Refrão)

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. (Refrão)

Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. (Refrão)

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena na vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)


LEITURA II – Gal 5, 1.13-18

«Fostes chamados à liberdade»

Continuando a falar da relação entre a Lei do Antigo Testamento e o Novo, o Apóstolo chama à situação cristã uma situação de liberdade em Cristo, mas previne os cristãos para que essa liberdade não seja usada para cair noutra escravidão, a do pecado. A verdadeira liberdade é a do amor em Cristo, que se há-de manifestar na caridade para com o próximo.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não torneis a sujeitar-vos ao jugo da escravidão. Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Contudo, não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a Lei se resume nesta palavra: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tende cuidado, que acabareis por destruir-vos uns aos outros. Por isso vos digo: Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne. Na verdade, a carne tem desejos contrários aos do Espírito e o Espírito desejos contrários aos da carne. São dois princípios antagónicos e por isso não fazeis o que quereis. Mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sujeitos à Lei de Moisés.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Sam 3, 9; Jo 6, 68c

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Falai, Senhor, que o vosso servo escuta.
Vós tendes palavras de vida eterna. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 9, 51-62

«Tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém.
Seguir-Te-ei para onde quer que fores»

Desde agora, o Evangelho apresenta Jesus a caminho da Paixão. Esta caminhada de Jesus é entendida, de maneira diversa, pelas várias pessoas que dela têm consciência ou que Jesus até convida a segui-l’O. Seja qual for a situação de cada um, só há uma atitude certa: seguir o Senhor, como fez Eliseu quando Elias o chamou, como fez S. Paulo e os outros Apóstolos, e todos aqueles, que, um dia chamados, souberam escutar a sua voz.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?». Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os. E seguiram para outra povoação. Pelo caminho, alguém disse a Jesus: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».
Palavra da Salvação


ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 102, 1
A minha alma louva o Senhor,
todo o meu ser bendiz o seu nome santo.

Ou - Jo 17, 20-21
Pai santo, Eu rogo por aqueles
que hão-de acreditar em Mim,
para que sejam em Nós confirmados na unidade
e o mundo acredite que Tu Me enviaste.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor, que o Corpo e o Sangue do vosso Filho, oferecidos em sacrifício e recebidos em comunhão, nos dêem a verdadeira vida, para que, unidos convosco em amor eterno, dêmos frutos que permaneçam para sempre.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 22 de junho de 2019

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM – ano C – 23JUN2019





UMA QUESTÃO FUNDAMENTAL

Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. A sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua acção messiânica e participar da sua vitória terá que percorrer um caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza. Num momento de oração, Jesus questiona os discípulos acerca de uma questão fundamental, formulada em duas etapas. Na primeira, a pergunta. “Quem sou eu, na opinião do povo?”, visa explicitar a maneira como a pessoa de Jesus era considerada por quem o ouvia, era beneficiado por seus milagres e tinha notícias de seus grandes feitos. Enfim, gente sem muita proximidade com ele. As respostas, elencadas pelos apóstolos, trazem a marca das tradições messiânicas populares. Nessas, o Messias é identificado com algum dos profetas do passado, cuja reaparição, na história humana, era sinal da chegada do fim dos tempos. Na segunda etapa, a pergunta consistiu em saber o pensamento dos discípulos: “Para vocês, quem sou eu?” Tendo privado da intimidade de Jesus, deveriam estar em condições de dar uma resposta mais próxima da realidade, condizente com a verdadeira identidade de Jesus. É Pedro quem se adianta e responde, em nome do grupo: “És o Messias de Deus!” Esta resposta revelou, na verdade, um avanço em relação à mentalidade popular. Mais que algum personagem do passado, Jesus era o Ungido, enviado por Deus ao mundo. A sua presença era sinal do amor de Deus pela humanidade. Apesar de estar correcta essa resposta, foi necessário que Jesus acrescentasse algo que os próprios discípulos desconheciam. Embora sendo o Messias de Deus, Jesus estava para se defrontar, não com um destino de glória, mas sim, de sofrimento, de morte e de ressurreição. Esta era a vontade do Pai! O evangelista Marcos, seguindo uma ordem geográfica e cronológica, coloca este episódio sobre a identidade de Jesus no fim de seu ministério na Galileia e nas regiões gentílicas vizinhas. Lucas, despreocupado com esta ordem, associa o episódio a um momento de oração de Jesus. Jesus pergunta, directamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro toma a iniciativa em dar a resposta identificada com a ideologia do sistema religioso das sinagogas e do Templo: Jesus é o messias (“Cristo”) davídico, escolhido por Deus, para restaurar o reino de Israel, elevando-o acima de todas as demais nações, como um novo David, conforme as tradições das escrituras. Em decorrência segue-se a severa repreensão de Jesus. Os discípulos não se devem atrelar à antiga ideologia messiânica de poder, opressora e conservadora, da sinagoga. Desfazendo o equívoco, Jesus apresenta-se como o “Filho do Homem”. É o simplesmente “humano”, convivendo no dia a dia comum entre as multidões e comunicando-lhes o seu amor divino e eterno, que permanece para sempre, além da morte.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 27, 8-9
O Senhor é a força do seu povo,
o baluarte salvador do seu Ungido.
Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança,
sede o seu pastor e guia através dos tempos.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Zac 12, 10-11; 13, 1

«Voltarão os olhos para aquele a quem trespassaram» (Jo 19, 37)

O profeta anuncia a libertação e renovação de Jerusalém; mas essa salvação custará dores e lamentos. S. João, no seu Evangelho, vê no servo trespassado, de que fala o profeta, a figura de Jesus crucificado e trespassado pela lança do soldado. O seu Coração assim aberto tornou-se fonte de água viva, de salvação e de graça, para os que para Ele olharem com fé e amor. Tanto custaria a salvação da nova Jerusalém, a santa Igreja de Deus!

Leitura da Profecia de Zacarias
Eis o que diz o Senhor: «Sobre a casa de David e os habitantes de Jerusalém derramarei um espírito de piedade e de súplica. Ao olhar para Mim, a quem trespassaram, lamentar-se-ão como se lamenta um filho único, chorarão como se chora o primogénito. Naquele dia, haverá grande pranto em Jerusalém, como houve em Hadad-Rimon, na planície de Megido. Naquele dia, jorrará uma nascente para a casa de David e para os habitantes de Jerusalém, a fim de lavar o pecado e a impureza».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63), 2-6.8-9 (R. 2b)

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. (Repete-se)

Senhor, sois o meu Deus:
desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água. (Refrão)

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida:
por isso os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. (Refrão)

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei. (Refrão)

Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo. (Refrão)


LEITURA II – Gal 3, 26-29

«Todos vós que recebestes o baptismo de Cristo, fostes revestidos de Cristo»

Continuando a fazer o confronto entre o regime da Lei, no Antigo Testamento, e o do Novo Testamento, o Apóstolo afirma que, pela fé e pelo baptismo, os cristãos estão “revestidos de Cristo”, formam todos, seja qual for a sua origem natural, o povo descendente de Abraão, herdeiro das promessas que Deus tinha feito àquele antigo Patriarca do Povo de Deus. Não é, portanto, a descendência carnal, mas a que vem da fé, que torna os homens “filhos de Abraão” e herdeiros das promessas a ele feitas por Deus.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque todos vós, que fostes baptizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; todos vós sois um só em Cristo Jesus. Mas, se pertenceis a Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 10, 27

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

As minhas ovelhas escutam a minha voz,
diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 9, 18-24

«És o Messias de Deus.
O Filho do homem tem de sofrer muito»

S. Pedro, em nome de todos, reconhece e proclama a fé fundamental da Igreja: Jesus de Nazaré, o Filho do homem, é o Messias de Deus, o profeta anunciado desde os tempos antigos, o Ungido pelo Espírito Santo, o Enviado de Deus. É Ele que vem dar a vida pela salvação dos homens. Ele é, como na profecia da primeira leitura, Aquele que os homens trespassaram, mas cujo Coração aberto na Cruz é fonte de graça. Para ser seu discípulo, não há outro caminho senão o que Ele mesmo traçou.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 144, 15
Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor, e a seu tempo lhes dais o alimento.

Ou - Jo 10, 11.15
Eu sou o Bom Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da redenção.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 15 de junho de 2019

DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ano C – 16JUN2019






O NOME DE DEUS É TRINDADE

É um, são três, são nomes infinitos... para todos que podem ser nomeados e estar em Deus, como 1 Coríntios 15:28 diz: “Ele será tudo em todos”. Nesse sentido, a história da humanidade, segundo a Bíblia, é a história dos nomes de Deus:
1.   O primeiro nome de Deus é Yahweh, que se faz a si mesmo (e para os cristãos, o pai). É assim que o texto do Deus da Montanha definiu e marcou para sempre, onde o fogo inextinguível arde na sarça que Moisés viu ao pé do Sinai. Fogo inextinguível da vida nas estepes dos homens, isto é, Deus. E quando Moisés pergunta “qual é o seu nome”, ele responde: Eu sou quem sou (em hebraico Yahweh), estou na presença da vida, sou a vida que arde sem ser consumida, sou o Pai de todos vem, eu sou a Vida que Ele derrama e se espalha em tudo o que existe.
2.   O segundo nome de Deus é Jesus, o que significa que Javé salva, de acordo com o hino de Filipenses 2: 6-11. Salvar significa libertar-se da morte, é dar vida “morrendo”, isto é, renunciar ao ser, para que os homens e todos os seres do mundo o sejam. Este é o Deus de Jesus, Deus, aquele que não se quis impor pela força, mas aquele que se deu “morrendo” (= dando vida), ressuscitando em nós, para que possamos estar em seu nome. É por isso que os cristãos sabem, nós sabemos, que o nome de Deus é Jesus (salva-nos de nos perdermos, faz-nos ser ressuscitados (= viver a morte, em cada um de nós, nos outros), e antes “nós dobramos joelho”, como Glp 2, 6-11 continua a dizer, ou seja, levantamo-nos, na esperança da ressurreição, “para a glória de Deus Pai”. E assim dizemos que Deus é Filho, isto é, somos filhos e filhas de Deus.
3.   O terceiro nome de Deus é o Espírito Santo, isto é, a Vida de tudo o que existe, porque nele vivemos, movemos e somos (At 17, 28). Deus é o Espírito de todos os espíritos... mas, compreendendo o “espírito” no sentido forte da “carne e sangue”, de tempo e eternidade, de amor em que tudo cria raízes e existe, o amor do Pai e do Filho , daquele que dá a vida e quem a recebe, de Yahweh (aquele que é) e de Jesus de Nazaré, o ressuscitado, amor sem mais, somente amor, amor em tudo e por todos.
É por isso que dizemos três nomes. Mas, sabendo que Deus é Um, sinto todos os nomes especificados e expressos para os cristãos, segundo o Evangelho (Mt 28,16-20) em nome do Pai, do Filho e do Espírito. Um único nome que é Três, porque em três nós resumimos e condensamos, como Pai, Filho e Espírito, sabendo que Ele é Um e é Todos, há três, somos três, a Vida que triunfa da morte, aquela que se manifesta em Jesus e se expande e vive em nós como um Espírito Santo.
Eu indicarei isto neste domingo da Trindade, Domingo de Deus ao todo, do Advento e Natal, da Quaresma e da Páscoa, Domingo do Pentecostes expandido, dos cinquenta dias de Deus que são todo o tempo e toda a eternidade. Nesse fundo, começarei a comentar sobre o Evangelho deste domingo que continua sendo o Domingo do Espírito... e o Evangelho da missão trinitária.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA
Bendito seja Deus Pai,
bendito o Filho Unigénito,
bendito o Espírito Santo,
pela sua infinita misericórdia.

ORAÇÃO COLECTA
Deus Pai, que revelastes aos homens o vosso admirável mistério, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito da santidade, concedei-nos que, na profissão da verdadeira fé, reconheçamos a glória da eterna Trindade e adoremos a Unidade na sua omnipotência.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Prov 8, 22-31

«Antes das origens da terra, já existia a Sabedoria»

A Sabedoria não é só um bem muito desejável. É mais do que isso.
É uma pessoa viva, cuja origem é anterior à criação de todas as coisas. Intimamente unida a Deus, mas, ao mesmo tempo, distinta d’Ele, assiste-O na obra da criação, manifestando-se activamente criadora. Proveniente de Deus, pertence ao âmbito divino. Contudo, ela vem ao encontro dos homens, no desejo profundo de com eles estabelecer relações de amizade.
Nesta Sabedoria de Deus, assim descrita no Antigo Testamento (o qual, sem nos dar uma revelação precisa do mistério trinitário, nos vai introduzindo, pouco a pouco, nos segredos da vida íntima de Deus), vê a tradição patrística, a partir de S. Justino, o Verbo de Deus, Jesus Cristo, Sabedoria e Palavra criadora de Deus, pelo Qual «tudo foi criado» (Jo. 1, 3).

Leitura do Livro dos Provérbios
Eis o que diz a Sabedoria de Deus: «O Senhor me criou como primícias da sua actividade, antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os abismos e de brotarem as fontes das águas, já eu tinha sido concebida. Antes de se implantarem as montanhas e as colinas, já eu tinha nascido; ainda o Senhor não tinha feito a terra e os campos, nem os primeiros elementos do mundo. Quando Ele consolidava os céus, eu estava presente; quando traçava sobre o abismo a linha do horizonte, quando condensava as nuvens nas alturas, quando fortalecia as fontes dos abismos, quando impunha ao mar os seus limites para que as águas não ultrapassassem o seu termo, quando lançava os fundamentos da terra, eu estava a seu lado como arquitecto, cheia de júbilo, dia após dia, deleitando-me continuamente na sua presença. Deleitava-me sobre a face da terra e as minhas delícias eram estar com os filhos dos homens».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 8, 4-9 (R. 2a)

Refrão: Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus! (Repete-se)

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes? (Refrão)

Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés: (Refrão)

Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos. (Refrão)


LEITURA II – Rom 5, 1-5

«Para Deus, por Cristo, na caridade que recebemos do Espírito»

A vida cristã mergulha as suas raízes no mistério de um Deus uno, Sua essência e trino em Pessoas, tal como se revelou em Jesus Cristo. Pelo Sacrifício de Jesus, nós fomos, na verdade, introduzidos nessa comunhão de vida e amor, que é a Trindade Santíssima.
Reconciliados com o Pai, justificados mediante a fé, passámos de um estado de inimizade com Deus à posse de uma amizade, que nos transforma em imagens e filhos de Deus. Começámos a viver da própria vida de Deus. E embora entre a justificação e a salvação medeie o espaço da nossa vida terrena, tão fértil em tribulações, estamos seguros de que viremos a gozar, de modo perfeito, das riquezas de Deus, pois o Espírito Santo nos foi dado como penhor do amor do Pai por nós.
Em paz com Deus e os irmãos, o cristão vai-se divinizando e divinizando a sua vida quotidiana. Vai impregnando de amor as suas relações humanas, procurando reproduzir na vida de cada dia o amor que se revelou no mistério da Trindade.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ap 1, 8

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
ao Deus que é, que era e que há-de vir. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 16, 12-15

«Tudo o que o Pai tem é meu. O Espírito receberá do que é meu, para vo-lo anunciar»

No decorrer de toda a Sua vida, Jesus foi dando a conhecer aos Apóstolos, de maneira progressiva, mas muito concreta, as Suas relações com o Pai e o Espírito Santo, introduzindo-os assim no mistério de Deus uno e trino. Ao terminar a Sua missão, promete-lhes o Espírito Santo, como guia seguro, no tempo da Sua ausência. Espírito de verdade, Ele manterá vivo o ensinamento de Jesus, através dos séculos; Ele ajudará os discípulos a aprofundar a Revelação de Jesus, Palavra definitiva do Pai (Jo. 1, 12; 18).
Aceitando este dom de Deus, o Espírito enviado por Cristo, para nos iluminar, vivificar e divinizar, nós recebemos a salvação, que não é simples libertação do pecado, mas sim inserção na vida trinitária – inserção que só será perfeita na eternidade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Santificai, Senhor, os dons sobre os quais invocamos o vosso santo nome e, por este divino sacramento, fazei de nós mesmos uma oblação eterna para vossa glória.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Gal 4, 6
Porque somos filhos de Deus, Ele enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba, Pai.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Ao professarmos a nossa fé na Trindade Santíssima e na sua indivisível Unidade, concedei-nos, Senhor nosso Deus, que a participação neste divino sacramento nos alcance a saúde do corpo e da alma.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 8 de junho de 2019

PENTECOSTES – ano C – 9JUN2019






O ESPÍRITO DA FIDELIDADE E DA CORAGEM

A solenidade de Pentecostes celebra um acontecimento capital para a Igreja: a sua apresentação ao mundo, o nascimento oficial com o baptismo no Espírito. Complemento da Páscoa, a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração e na actividade dos discípulos; início da expansão da Igreja e princípio da sua fecundidade, ela renova-se misteriosamente, hoje, para nós, como em toda assembleia eucarística e sacramental e, de múltiplas formas, na vida das pessoas e dos grupos até ao fim dos tempos. A “plenitude” do Espírito é a característica dos tempos messiânicos, preparados pela secreta actividade do Espírito de Deus que “falou por meio dos profetas” e inspira em todos os tempos os actos de bondade, justiça e religiosidade dos homens, até que encontrem em Cristo o seu sentido definitivo.

O Espírito da aliança universal e definitiva
Não se pode deixar de ligar o acontecimento do Sinai com o de Jerusalém; a assembleia das doze tribos corresponde à dos apóstolos, novo Israel; fogo e vento manifestam a presença do Deus vivo; é dada a lei da aliança, lei de liberdade que qualifica os filhos de Deus. A aliança, não mais limitada a um povo escolhido para dar a conhecer o verdadeiro Deus, é aberta a todos os povos e a todas as raças; não mais caracterizada por um sinal na carne (a circuncisão), ela é espiritual e exprime-se pela fé e o baptismo (também o de desejo); não mais renovada por homens mortais no decorrer da história, é fundada sobre Cristo “que permanece eternamente”. E precisamente por ser espiritual e definitiva, a sua encarnação actual na Igreja do nosso tempo com suas instituições e nas diversas igrejas esparsas por toda a terra, com as suas peculiaridades, tem valor sacramental (isto é, traz verdadeiramente a salvação), mas, também, relativo e caduco. É preciso, pois, não considerar absoluto e definitivo algo que não seja o próprio Espírito, realidade profunda e inesgotável de tudo o que constitui a vida da Igreja no tempo: acções sacramentais, hierarquia, ministérios e carismas, templos e lugares.

O Espírito da fidelidade e da coragem
O baptismo no Espírito ilumina a comunidade dos amigos de Cristo sobre seu mistério de Messias, Senhor e Filho de Deus; faz com que compreendam a sua ressurreição como a planificação dos planos de salvação de Deus, não só para o povo de Israel, mas para todo o mundo; leva-os a anunciá-lo em todas as línguas e circunstâncias, sem temer perseguições nem morte. Como os apóstolos, os mártires e todos os cristãos, que ouviram profundamente a voz do Espírito de Cristo, tornam-se testemunhas do que viram, do que foi transmitido e que experimentaram na sua existência. No mundo de hoje toda a nossa comunidade é chamada a colaborar com o Espírito da nova vida para renovar o mundo: tanto na actividade quotidiana como nas vocações extraordinárias. E isto, sem perder a coragem, porque “o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza” (Rm 8,26), corrige e incentiva nosso esforço, faz convergir tudo para o bem comum, porque todo dom (todo o carisma) vem dele, único Espírito do Pai e do Filho.
Toda a nossa vida de cristãos está, portanto, sob o sinal do Espírito que recebemos no baptismo e no crisma, nosso Pentecostes; nela devemos amadurecer os “frutos do Espírito” (Gl 5,22): amor, paz, alegria, paciência, espírito de serviço, bondade, confiança nos outros, mansidão, autodomínio…

O Espírito da novidade em Cristo
“Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a acção moral uma acção de escravos.
Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o evangelho faz-se força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade transforma-se em serviço, a liturgia é memorial e antecipação, a acção humana deifica-se” (Atenágoras).

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sab 1, 7
O Espírito do Senhor encheu a terra inteira;
Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra. Aleluia.

Ou – Rom 5, 5; 8, 11
O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo,
que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja
dispersa entre todos os povos e nações,
derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo,
de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis
os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 2, 1-11

«Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar»

De harmonia com a promessa de Jesus, o Espírito Santo, manifestando a Sua presença sob os sinais sensíveis do vento e do fogo, desce sobre os Apóstolos, transforma-os totalmente e consagra-os para a missão, que Jesus lhes confiara.
Com este Baptismo no Espírito Santo, nascia assim, oficialmente, a Igreja. Nesse dia, homens separados por línguas, culturas, raças e nações, começavam a reunir-se no grande Povo de Deus num movimento que só terminará com a Vinda final de Jesus.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34 (R. 30)

Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito
e renovai a face da terra. (Repete-se)
Ou:   Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta. (Repete-se)

Ou:   Aleluia

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas. (Refrão)

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. (Refrão)

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 12, 3b-7.12-13

«Todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo»

O Espírito Santo é «a alma da Igreja». É Ele que dá aos Apóstolos a perfeita compreensão do Mistério Pascal e os leva a anunciar a Ressurreição a todos os homens, sem excepção. É por Ele que nós acreditamos que Jesus é Deus e essa nossa fé se mantém. É Ele que enriquece o Corpo Místico com dons e carismas, numa grande variedade de vocações, ministérios e actividades. É Ele que, ao mesmo tempo que nos distingue, dando-nos uma personalidade própria dentro da Igreja, nos põe em comunhão uns com os outros, de tal modo que a diversidade não destrói a unidade.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

ALELUIA

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 20, 19-23

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós:
Recebei o Espírito Santo»

Com a Páscoa, inicia-se a nova Criação. E, como na primeira, também agora o Espírito Santo está presente, a insuflar aos homens, mortos pelo pecado, a vida nova do Ressuscitado. Jorrando do Corpo glorificado de Cristo, em que se mantêm as cicatrizes da Paixão, o Sopro purificador e recriador do mesmo Deus, comunica-se aos Apóstolos. Apodera-se deles, a fim de que possam prolongar a obra da nova Criação, e assim a humanidade, reconciliada com Deus, conserve sempre a paz alcançada em Jesus Cristo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, que o Espírito Santo, segundo a promessa do vosso Filho, nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Actos 2, 4.11
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam as maravilhas de Deus. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
que concedeis com abundância à vossa Igreja os dons sagrados,
conservai nela a graça que lhe destes,
para que floresça sempre em nós o dom do Espírito Santo,
e o alimento espiritual que recebemos
nos faça progredir no caminho da salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.