“AMAR E
OBSERVAR OS MANDAMENTOS”
Advogado é alguém que defende uma causa. Jesus envia o
Espírito Santo como advogado da comunidade cristã. O Espírito é a memória de
Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade. Ele ajuda a comunidade
a manter e interpretar a acção de Jesus em qualquer tempo e lugar. O Espírito
também leva a comunidade a discernir os acontecimentos para continuar o
processo de libertação, distinguindo o que é vida e o que é morte, e realizando
novos actos de Jesus na história. O discurso de despedida de Jesus visava
suscitar sentimentos positivos no coração dos discípulos, num momento de
desespero e angústia. E o Mestre fá-lo apelando para a importância de o amar de
facto, pautando a vida pelos seus ensinamentos. Jesus percebia a fragilidade do
amor dos discípulos, e a não-adesão radical à sua pessoa. Sem esta adesão
amorosa, qualquer acção futura ficaria impossibilitada. Seria inútil contar com
eles! Isto poderia comprometer o projecto de construção do Reino que lhes fora
entregue como missão. As palavras de Jesus são um apelo aos discípulos para uma
vida de comunhão com ele. Daí a sua insistência no tema do amar e pôr em
prática os mandamentos. O amor supõe vínculos tão estreitos de relação com o
Mestre, a ponto de permear e transformar a vida do discípulo. Porque quem ama
Jesus, recusa-se a dar guarida ao egoísmo e ao pecado que rompem a comunhão.
O discípulo que ama é fiel aos mandamentos do Mestre. Portanto, o amor não se
reduz a teorias. É uma contínua busca de conformidade com o modo de ser e o
querer de Jesus. Os seus mandamentos são uma expressão do seu modo de ser. Por
isso, Jesus ordenou que os discípulos fizessem o mesmo que ele fez,
propondo-lhes o seu próprio projecto de vida. Assim, a melhor escola de amor é
o testemunho de vida de Jesus. Jesus afirmara que iria ao Pai para preparar uma
morada para os discípulos. Agora fica esclarecido que esta morada não é em
outro lugar distante, no céu, mas sim no próprio discípulo que guarda a sua
palavra, o que significa a comunhão com a vida divina e eterna, já. Jesus fala
também de paz e alegria no momento em que a sua morte está para acontecer. Paz
é a plena realização humana. Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade
desumana for destituído do poder. A morte de Jesus realiza a paz. Todo martírio
é participação nessa luta vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de paz e
alegria. Jesus é, por natureza, comunicador de paz. Sem dúvida, não estamos às
voltas com uma espécie de paz intimista e sentimental. A paz de Jesus é muito
mais do que isto! A paz é um dom de Jesus para os seus discípulos, com vista ao
testemunho que são chamados a dar. Ela visa a acção. Por isso, não pode
reduzir-se ao nível do sentimento. A paz de Jesus tem como efeito banir do
coração dos discípulos todo e qualquer resquício de perturbação ou de temor que
leva ao imobilismo. Possuindo o dom da paz, eles deveriam manter-se
imperturbáveis, sem se deixar intimidar diante das dificuldades. Assim,
pensada, a paz de Jesus consiste numa força divina que não deixa que os
discípulos rompam a comunhão com o Mestre. É Jesus mesmo, presente na vida dos
discípulos, sustentando-lhes a caminhada, sempre dispostos a seguir adiante com
alegria, rumo à casa do Pai, apesar das adversidades que deverão enfrentar. A
paz do mundo é bem outra coisa. Encontra-se na fuga e na alienação dos
problemas da vida. Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança ingénua
em Deus do qual tudo espera, sem exigir colaboração. É uma paz que conduz à
morte! O discípulo sensato rejeita a paz oferecida pelo mundo para acolher
aquela que Jesus oferece. De posse dela, estará preparado para enfrentar todos
os contratempos da vida, sem se deixar abater. A paz de Jesus é a paz que é
fruto da prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da vida e da
dignidade dos homens e mulheres. É a paz do reencontrar a vida na união de
vontade com o Pai. É o empenho, em mutirão[1],
na construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a vida eterna.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Is 48, 20
Anunciai com brados de alegria, proclamai aos confins da terra: O Senhor
libertou o seu povo. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, a graça de viver
dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a
nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia
da Palavra
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LEITURA I – Actos
15, 1-2.22-29
«O Espírito Santo
e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são
necessárias»
Em Jerusalém, no
seu primeiro Concílio, a Igreja, assistida do Espírito Santo, reafirma a
liberdade, que Cristo nos trouxe, ao decidir admitir no seu seio os convertidos
do paganismo, sem terem de se sujeitar às prescrições da lei mosaica.
Animada pelo
Espírito Santo, que inspira as suas decisões e sustenta a sua actividade
missionária, a Igreja aparece-nos assim, desde os seus primeiros dias, como uma
comunidade sem fronteiras, aberta a todos os homens, de qualquer raça ou cultura
unida no amor e na fidelidade ao Colégio Apostólico.
Leitura
dos Actos dos Apóstolos
Naqueles
dias, alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia:
«Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés, não podereis
salvar-vos». Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e
Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns
discípulos subissem a Jerusalém, para tratarem dessa questão com os Apóstolos e
os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram
escolher alguns irmãos e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas,
a quem chamavam Barsabás, e Silas, homens de autoridade entre os irmãos.
Mandaram por eles esta carta: «Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam
os irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. Tendo
sabido que, sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar,
perturbando as vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo,
escolher delegados para vo-los enviarmos, juntamente com os nossos queridos
Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida pelo nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva
voz as nossas decisões. O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais
nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis: abster-vos da carne
imolada aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais.
Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 66 (67), 2-3.5.6.8 (R. 4)
Refrão: Louvado sejais,
Senhor,
pelos povos de toda a terra. (Repete-se)
Ou: Aleluia. (Repete-se)
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação. (Refrão)
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra. (Refrão)
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu louvor aos confins da terra. (Refrão)
LEITURA II – Ap 21, 10-14.22-23
«Mostrou-me a
cidade santa, que descia do Céu»
A Igreja é a
nova Jerusalém, alicerçada sobre a fé dos Apóstolos, na qual se reunirão,
chamados por Cristo Ressuscitado, os homens dos quatro cantos da terra, para
viverem em comunhão perfeita com Deus e com os irmãos.
S. João
contemplou-a em todo o seu esplendor e perfeição. Contudo, ela está ainda a
caminhar, na humildade e na dor ao longo dos séculos, na esperança de
resplandecer de glória, quando chegar a plenitude dos tempos. A nova Jerusalém
está ainda em construção e cada um de nós é uma pedra viva dessa morada de
Deus, pedra trabalhada pelo Espírito Santo, recebido no Baptismo e no Crisma.
Leitura
do Livro do Apocalipse
Um Anjo
transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade
santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da
glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma
pedra de jaspe cristalino. Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e,
junto delas, doze Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos
dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três portas
ao sul e três portas a poente. A muralha da cidade tinha na base doze reforços
salientes e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro. Na cidade não
vi nenhum templo, porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro.
A cidade não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a
ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 14,
23-29
«O Espírito Santo
vos recordará tudo o que Eu vos disse»
Ao
terminar o primeiro discurso de despedida, após a Ceia, Jesus promete aos Seus
discípulos o Espírito Santo, que lhes fará compreender, perfeitamente, a Sua
mensagem, os ajudará a viver o Evangelho em todas as circunstâncias e os
manterá em comunhão com Deus e os irmãos, de modo a gozarem sempre aquela paz,
que em si encerra todos os bens messiânicos.
Seguros
da presença do Espírito Santo na Igreja e nas suas almas, os cristãos podem,
portanto, manter-se confiantes e alegres, por maiores que sejam as
transformações por que passe a sociedade e por maiores que sejam as
dificuldades que a Igreja conheça.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e
meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não
ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai
que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito,
o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e
vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.
Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso
coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior
do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer,
acrediteis».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Subam à vossa presença, Senhor, as nossas orações e as nossas ofertas, de
modo que, purificados pela vossa graça, possamos participar dignamente nos
sacramentos da vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Jo 14, 15-16
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando, diz o Senhor. Eu
pedirei ao Pai e Ele vos dará o Espírito Santo,
que permanecerá convosco para sempre. Aleluia
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor Deus todo-poderoso, que em Cristo ressuscitado nos
renovais para a vida eterna, multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal e
infundi em nossos corações a força do alimento que nos salva.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
[1]
- Reunião de membros de uma comunidade para auxílio mútuo gratuito
no cumprimento de determinada tarefa.