domingo, 30 de agosto de 2020

SE ALGUÉM QUISER SEGUIR-ME, RENUNCIE A SI MESMO






DOMINGO XXII TEMPO COMUM – ano A – 30AGO2020

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 3.5
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para aqueles que Vos invocam.

ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em nossos corações o amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai vida ao que em nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Jer 20, 7-9

«A palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião de insultos...»

Apesar de falar em nome de Deus ao povo de Israel, o profeta só deste recebe insultos, ameaças e perseguição. Sentiu então a tentação de abandonar essa sua missão profética, apesar de sentir o coração abrasado do zelo do Senhor. Nesta luta interior, o amor foi mais forte que o desânimo, porque mais forte que os insultos dos homens é a palavra de Deus.

Leitura do Livro de Jeremias
Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me do­minastes e vencestes. Em todo o tempo sou objecto de escárnio, toda a gente se ri de mim; porque sempre que falo é para gritar e proclamar: «Violência e ruína!». E a palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63), 2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. (Repete-se)

Senhor, sois o meu Deus:
desde a aurora Vos procuro. (Refrão)

A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água. (Refrão)

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. (Refrão)

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares,
e com vozes de júbilo Vos louvarei. (Refrão)

Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
Unido a Vós estou, Senhor,
a vossa mão me serve de amparo. (Refrão)


LEITURA II – Rom 12, 1-2

«Oferecei-vos como vítima viva»

O culto verdadeiramente cristão nasce da fé e atinge toda a vida do homem renascido em Cristo. Como Cristo, o cristão é homem novo, vive, por isso, uma vida nova; não se conforma já com este mundo, mas vive do Espírito de Deus e faz de toda a sua vida uma oferta viva, agradável a Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Ef 1, 17-18

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 16, 21-27

«Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo»

À vista da Paixão, anunciada por Jesus aos seus discípulos, Pedro como que tenta Jesus, dissuadindo-O de aceitar a Cruz. Jesus rejeita energicamente a sua proposta, e, pelo contrário, apresenta aos discípulos, como programa para eles, o mistério da sua própria Cruz. Quem quiser ser seu discípulo, terá, como o Mestre, de renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-l’O. Assim ganhará a vida; doutro modo, perde-la-ía, ainda que tivesse ganho todo o mundo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há-de acontecer!». Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens». Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida? O Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras».
Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO

Convida os discípulos a «tomarem a sua cruz e a segui-Lo»

A cruz é o único sacrifício de Cristo, «mediador único entre Deus e os homens». Mas porque, na sua pessoa divina encarnada, «Ele Se uniu, de certo modo, a cada homem», «a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus conhecido». Convida os discípulos a «tomarem a sua cruz e a segui-Lo» porque «sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos»
De facto, quer associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários. Isto realiza-se, em sumo grau, em sua Mãe, associada, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do seu sofrimento redentor: «Fora da cruz, não há outra escada por onde se suba ao céu».

A Cruz é o caminho para entrar na glória de Cristo
Por um momento, Jesus mostra a sua glória divina, confirmando assim a confissão de Pedro. Mostra também que, para «entrar na sua glória» (Lc 24, 26), tem de passar pela cruz em Jerusalém. Moisés e Elias tinham visto a glória de Deus sobre a montanha; a Lei e os Profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias. A paixão de Jesus é da vontade do Pai: o Filho age como Servo de Deus. A nuvem indica a presença do Espírito Santo: «Tota Trinitas apparuit: Pater in voce; Filius in homine; Spiritus in nube clara – Apareceu toda a Trindade: o Pai na voz; o Filho na humanidade; o Espírito Santo na nuvem luminosa»:
«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus discípulos contemplaram a tua glória, ó Cristo Deus; para que, quando Te vissem crucificado, compreendessem que a tua paixão era voluntária, e anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai».
A penitência que o confessor impõe deve ter em conta a situação pessoal do penitente e procurar o seu bem espiritual. Deve corresponder, quanto possível, à gravidade e natureza dos pecados cometidos. Pode consistir na oração, num donativo, nas obras de misericórdia, no serviço do próximo, em privações voluntárias, sacrifícios e, sobretudo, na aceitação paciente da cruz que temos de levar. Tais penitências ajudam-nos a configurar-nos com Cristo, que, por Si só, expiou os nossos pecados uma vez por todas. Tais penitências fazem que nos tornemos co-herdeiros de Cristo Ressuscitado, «uma vez que também sofremos com Ele» (Rm 8, 17):
«Mas esta satisfação, que realizamos pelos nossos pecados, não é possível senão por Jesus Cristo: nós que, por nós próprios, nada podemos, com a ajuda “d’Aquele que nos conforta, podemos tudo”. Assim, o homem não tem nada de que se gloriar. Toda a nossa «glória» está em Cristo... em quem nós satisfazemos, “produzindo dignos frutos de penitência”, os quais vão haurir n’Ele toda a sua força, por Ele são oferecidos ao Pai, e graças a Ele são aceites pelo Pai».
Para ser autêntico, o sacrifício exterior deve ser expressão do sacrifício espiritual: «O meu sacrifício é um espírito arrependido...» (Sl 51, 19). Os profetas da Antiga Aliança denunciaram muitas vezes os sacrifícios feitos sem participação interior ou sem ligação com o amor do próximo. Jesus recorda a palavra do profeta Oseias: «Eu quero misericórdia e não sacrifício» (Mt 9, 13;
12, 7). O único sacrifício perfeito é o que Cristo ofereceu na cruz, em total oblação ao amor do Pai e para nossa salvação. Unindo-nos ao seu sacrifício, podemos fazer da nossa vida um sacrifício a Deus.

O caminho da perfeição passa pelo caminho da Cruz
O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual. O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças: «Aquele que sobe, nunca mais pára de ir de princípio em princípio, por princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo que já conhece».

Levar a Cruz na vida de todos os dias
O trabalho humano procede imediatamente das pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, umas com as outras, a obra da criação, dominando a terra. Portanto, o trabalho é um dever: «Se algum de vós não quer trabalhar, também não coma» (2 Ts 3, 10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Também pode ser redentor: suportando o que o trabalho tem de penoso em união com Jesus, o artesão de Nazaré e crucificado do Calvário, o homem colabora, de certo modo, com o Filho de Deus na sua obra redentora. Mostra-se discípulo de Cristo, levando a cruz de cada dia na actividade que foi chamado a exercer. O trabalho pode ser um meio de santificação e uma animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Santificai, Senhor, a oferta que Vos apresentamos e realizai em nós, com o poder da vossa graça, a redenção que celebramos nestes mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 20

Como é grande, Senhor,
a vossa bondade para aqueles que Vos servem!

Ou Mt 5, 9-10
Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por amor da justiça,
porque deles é o reino dos céus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Senhor, que nos alimentastes com o pão da mesa celeste, fazei que esta fonte de caridade fortaleça os nossos corações e nos leve a servir-Vos nos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



domingo, 23 de agosto de 2020

TU ÉS PEDRO E DAR-TE-EI AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS




DOMINGO XXI TEMPO COMUM – ano A – 23AGO2020

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 1-3
Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o vosso servo, que em vós confia.
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus,
que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 22, 19-23

«Porei aos seus ombros a chave da casa de David»

As chaves são o sinal do poder, como se pode ver já nesta leitura do Antigo Testamento. Assim, ela prepara-nos para compreendermos a linguagem de Jesus no Evangelho. Mas já aqui, a maneira como o profeta fala do administrador do palácio real faz entrever Alguém que é mais do que ele, e que terá o poder de abrir e fechar a Casa de David, Casa esta que é, em última análise, o próprio Jesus, e o seu Corpo que é a Igreja. Ele é a chave que abre, e a Porta, por onde se pode entrar, e a Casa que Deus prometeu construir a David.

Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz o Senhor a Chebna, administrador do palácio: «Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te do teu posto. E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim, filho de Elcias. Hei-de revesti-lo com a tua túnica, hei-de pôr-lhe à cintura a tua faixa, entregar-lhe nas mãos os teus poderes. E ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei aos seus ombros a chave da casa de David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém possa abrir. Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme e ele será um trono de glória para a casa de seu pai».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138), 1-2a.2bc-3.6. 8bc (R. 8bc)

Refrão: Senhor, a vossa misericórdia é eterna:
não abandoneis a obra das vossas mãos. (Repete-se)

Ou: Pela vossa misericórdia,
não nos abandoneis, Senhor. (Repete-se)


De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. (Refrão)

Hei-de louvar o vosso nome
pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. (Refrão)

O Senhor é excelso e olha para o humilde,
ao soberbo conhece-o de longe.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. (Refrão)


LEITURA II – Rom 11, 33-36

«D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas»

No fim de ter exposto o mistério da salvação e particularmente o que pensa sobre os destinos do povo de Israel, S. Paulo conclui com este hino à sabedoria de Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis os seus desígnios e incompreensíveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem foi o seu conselheiro? Quem Lhe deu primeiro, para que tenha de receber retribuição? D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Deus para sempre. Ámen.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 16, 18

Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 16, 13-20

«Tu és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus»

A missão da Igreja, e, na Igreja, a dos Apóstolos, é a mesma missão de Jesus: restabelecer a Aliança entre Deus e os homens, ligar e desligar, tornar presente entre os homens de todos os tempos e lugares a missão salvadora de Cristo. Assim, já na terra, eles encontrarão as chaves do reino dos Céus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus». Então, Jesus ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias.
Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO

Para vocês, quem sou eu?

A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A acção messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. O testemunho das palavras e dos gestos de Jesus faziam com que as pessoas fossem formando uma imagem dele. Há muitos séculos, o povo de Israel nutria a esperança da chegada do Messias de Deus. E o identificava de muitas maneiras. Várias imagens eram projectadas em Jesus, que acabava sendo confundido com elas. Quem havia conhecido o testemunho fulgurante de João Baptista, pensava que Jesus fosse a reencarnação do Baptista. Outros projectavam nele a figura de Elias cuja volta era esperada no fim dos tempos, em conformidade com a profecia de Malaquias. De acordo com outra tradição, ele seria uma espécie de reencarnação do profeta Jeremias que desaparecera no Egipto, sem deixar traços, dando margem para especulações. As opiniões do povo interessavam a Jesus. Era preciso ajudá-lo a corrigir as imagens deturpadas sobre ele, para não virem a decepcionar-se. Entretanto, o interesse do Mestre era principalmente saber que imagem os discípulos faziam dele e da sua missão. Daí a pergunta: “Para vocês, quem sou eu?”. Quando recebessem a missão de apóstolos, teriam a obrigação de transmitir uma imagem verdadeira de Jesus. Seria desastroso se pregassem uma falsa imagem e levassem o povo a nutrir esperanças enganosas a respeito dele. Por conseguinte, em primeiro lugar, precisavam ter um conhecimento correcto de Jesus, antes de torná-lo conhecido. Nesta narrativa, presente nos três evangelhos sinópticos, está em questão a identidade de Jesus. Dois títulos se confrontam: Filho do Homem e Cristo. Jesus, com frequência, identifica-se como o “Filho do Homem”. Por outro lado, os discípulos originários do judaísmo identificam Jesus como o “Cristo”. O “Filho do Homem” é uma expressão que aparece quase uma centena de vezes no profeta Ezequiel, exprimindo a condição humana comum e frágil de alguém que coloca toda sua confiança em Deus. “Cristo”, que é sinónimo de messias ou ungido, é um título aplicado abundantemente a David, ou a um seu descendente, no Antigo Testamento, estando associado à ideia de um chefe poderoso e dominador. Em seguida à “profissão de fé” de Pedro, vem o anúncio da Paixão, no qual Jesus se revela frágil e vulnerável à violência dos opressores, descartando qualquer disputa de poder. E, ainda ligado ao mesmo tema, seguem-se as condições para seguir Jesus: renunciar aos projectos de glória deste mundo, consagrando sua vida ao serviço dos oprimidos e excluídos em uma comunhão de amor que é a comunhão com Jesus e o Pai.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Senhor, que pelo único sacrifício da cruz, formastes para Vós um povo de adopção filial, concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 103, 13-15

Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra fazeis brotar o pão e o vinho que alegra
o coração do homem.

Ou Jo 6, 55
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, diz o Senhor,
e Eu o ressuscitarei no último dia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Realizai plenamente em nós, Senhor, a acção redentora da vossa misericórdia e fazei-nos tão generosos e fortes que possamos agradar-Vos em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



domingo, 16 de agosto de 2020

MULHER, É GRANDE A TUA FÉ






DOMINGO XX TEMPO COMUM – ano A – 16AGO2020

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 83, 10-11
Senhor Deus, nosso protector,
ponde os olhos no rosto do vosso Ungido.
Um dia em vossos átrios vale mais de mil longe de Vós.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-Vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas, que excedem todo o desejo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 56, 1.6-7


A “Casa de Deus”, designada também por “montanha santa”, é agora a sua Igreja, que tem as portas abertas a todos os povos e a todos os homens. A leitura do Evangelho vai demonstrar que é verdadeira esta afirmação, que já vem do Antigo Testamento. O que não significa que a Casa de Deus seja lugar de confusão. Se todos nela têm lugar, é para ali se encontrarem na unidade da mesma fé: trata-se da Casa “do Senhor”, e não apenas de um lugar de encontro de homens.

Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada 'casa de oração para todos os povos'».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67), 2-3.5.6.8 (R. 4)

Refrão: Louvado sejais, Senhor,
pelos povos de toda a terra. (Repete-se)

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação. (Refrão)

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra. (Refrão)

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra. (Refrão)


LEITURA II – Rom 11, 13-15.29-32

«Os dons e o chamamento de Deus para com Israel são irrevogáveis»


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles desobedecem agora, de modo que, devido à misericórdia obtida por vós, também eles agora alcancem misericórdia. Efectivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 4, 2

Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Jesus proclamava o evangelho do reino
e curava todas as doenças entre o povo. (Refrão)


«Mulher, é grande a tua fé»

Esta leitura vem culminar as duas anteriores, que excepcionalmente coincidem todas no mesmo ponto: Deus dirige o seu apelo a todos os homens, mesmo aos de fora do povo judeu. A mulher cananeia é estrangeira em relação ao povo de Israel, mas, pela fé, tornou-se mais próxima do Senhor do que muitos desse povo, que O rejeitaram. É a fé que aproxima de Deus, e não o sangue.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.
Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO

Deus dirige o seu apelo a todos os homens


Do Livro de Isaías

«Conduzirei os filhos dos estrangeiros ao meu santo monte»
A “Casa de Deus”, designada também por “montanha santa”, é agora a sua Igreja, que tem as portas abertas a todos os povos e a todos os homens. A leitura do Evangelho vai demonstrar que é verdadeira esta afirmação, que já vem do Antigo Testamento. O que não significa que a Casa de Deus seja lugar de confusão. Se todos nela têm lugar, é para ali se encontrarem na unidade da mesma fé: trata-se da Casa “do Senhor”, e não apenas de um lugar de encontro de homens.

Da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
«Os dons e o chamamento de Deus para com Israel são irrevogáveis»
S. Paulo, a propósito da incredulidade dos judeus, que não aceitaram Jesus Cristo, diz que isso acabou por ser ocasião de os pagãos receberem mais depressa o Evangelho; mas, como os dons de Deus são irrevogáveis, dia virá em que também os judeus alcançarão de Deus a graça da conversão a Cristo, visto que foi a eles antes de todos os outros que Deus fez as suas promessas de salvação.

O EVANGELHO – Mt 15, 21-28
«Mulher, é grande a tua fé»
Esta leitura vem culminar as duas anteriores, que excepcionalmente coincidem todas no mesmo ponto: Deus dirige o seu apelo a todos os homens, mesmo aos de fora do povo judeu. A mulher cananeia é estrangeira em relação ao povo de Israel, mas, pela fé, tornou-se mais próxima do Senhor do que muitos desse povo, que O rejeitaram. É a fé que aproxima de Deus, e não o sangue.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai, Senhor, o que trazemos ao vosso altar, nesta admirável permuta de dons, de modo que, oferecendo-Vos o que nos destes, mereçamos receber-Vos a Vós mesmo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 129, 7

No Senhor está a misericórdia,
no Senhor está a plenitude da redenção.

Ou Jo 6, 51-52
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Senhor, que neste sacramento nos fizestes participar mais intimamente no mistério de Cristo, transformai-nos à sua imagem na terra para merecermos ser associados à sua glória no Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



domingo, 9 de agosto de 2020

MANDA-ME IR TER CONTIGO SOBRE AS ÁGUAS


DOMINGO XIX TEMPO COMUM – ano A – 9AGO2020

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 1 Reis 19, 9a.11-13a

«Sai e permanece no monte à espera do Senhor»

A descoberta de Deus deixa sempre o homem penetrado de um santo temor. Quer Deus Se revele no rugido do vento, no tremor de terra e no trovão, como no Sinai, quer na brisa suave, como hoje a Elias, a sua presença há-de provocar sempre no homem o sentimento profundo que Pedro experimentou quando o Senhor lhe estendeu a mão no mar e o salvou.

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, o profeta Elias chegou ao monte de Deus, o Horeb, e passou a noite numa gruta. O Senhor dirigiu-lhe a palavra, dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor». Então, o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa. Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

Refrão: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação.

Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra. (Refrão)

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu. (Refrão)

O Senhor dará ainda o que é bom
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos. (Refrão)


LEITURA II – Rom 9, 1-5

«Quisera eu próprio ser separado de Cristo por amor dos meus irmãos»

A situação e o destino do povo judeu, do meio do qual veio Jesus, povo a quem Deus fez as suas promessas, é para S. Paulo motivo de grande mágoa e um mistério que não sabe explicar. Mas espera que, um dia, também eles venham a fazer parte do povo de Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Em Cristo digo a verdade, não minto, e disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo: Sinto uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração. Quisera eu próprio ser anátema, separado de Cristo para bem dos meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, que são israelitas, a quem pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, a quem pertencem os Patriarcas e de quem procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos. Ámen.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Salmo 129 (130), 5

Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eu confio no Senhor,
a minha alma espera na sua palavra. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 14, 22-33

«Manda-me ir ter contigo sobre as águas»

A descoberta que os Apóstolos fizeram de que Jesus era o Todo-Poderoso encheu-os, a princípio, de assombro e até de medo. Mas, num segundo momento, Pedro teve o desejo de fazer a mesma experiência do Mestre: andar sobre as águas. Todavia a fé não lhe foi bastante. É assim, pouco a pouco, experiência a experiência, que a fé vai lançando raízes profundas no coração.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l’O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais». Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». «Vem!» – disse Jesus. Então, Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me, Senhor!». Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?». Logo que subiram para o barco, o vento amainou. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».
Palavra da salvação.

MEDITAÇÃO

Deus perto de nós
As leituras apresentam duas cenas de teofania: Deus se manifesta ao profeta Elias na brisa à entrada da caverna do Horeb; aos apóstolos, e particularmente a Pedro, manifesta-se na pessoa de Jesus que domina o mar (1ª leitura e evangelho). A mensagem contida nessas duas revelações de Deus nos é mostrada no salmo de meditação que fala de salvação, agora próxima, expressa na rica terminologia de misericórdia, paz, graça, fidelidade, justiça...

Deus está conosco

Deus vem ao encontro do homem especialmente nos momentos de necessidade, quando ele o invoca com fé. O Deus dos profetas e de Jesus é aquele que toma a defesa dos pobres e dos fracos, e decepciona as esperanças dos que se querem servir de seu poder. Ele não está nos fenómenos naturais grandiosos e violentos: vento, terremoto, fogo; mas no sopro leve da brisa, como que significando a espiritualidade e a intimidade das manifestações de Deus ao homem.

Deus está próximo e assiste a sua Igreja
A comunidade cristã vive uma existência atormentada pela hostilidade das forças adversas, que se manifestam nas perseguições e dificuldades externas e internas. Unicamente com as suas forças, ela não chegaria ao fim do seu caminho. Mas, Jesus ressuscitado está presente no meio dos seus, embora invisível, ele assiste-os. A Igreja revive, assim, a experiência da peregrinação do Êxodo. A sua fé, como a de Pedro, é posta a dura prova, mas a mão de Jesus que o salva do abismo nunca deixa de estender-se. Jesus oferece, pois, à sua Igreja, a vitória sobre as forças do mal e a segurança nas provações, mas pede como condição essencial uma confiança sem hesitação. Só a fé é vitoriosa, a fé do cristão que caminha ao encontro do Senhor ressuscitado, no meio da tempestade. Uma fé que às vezes, como a de Pedro, impele a ir longe, a deixar a segurança tranquila da terra firme, para caminhar sobre as águas.

Deus é o absolutamente-Outro
Afirmar que Cristo venceu as forças do mal é, na realidade, reconhecer as dimensões cósmicas da sua obra. Antes dele, a solidariedade no pecado abrangia toda a criação: ele rompe essa cadeia. A vitória do cristão, portanto, não é apenas uma vitória sobre si mesmo: nem também uma ressonância cósmica. O cristão vence realmente o mundo cujos elementos domina, como Cristo e Pedro dominaram o mar. A missão do cristão consiste em abalar o domínio do mal em qualquer campo em que ele se manifeste.
Mas a palavra de Deus (1ª leitura) quer ressaltar também outro aspecto do mistério de Deus e da visão religiosa do universo. A experiência de Elias leva-o a compreender que Deus não está nos fenómenos naturais: furacão, terremoto, raios, como pensavam os pagãos e as religiões da natureza; nem está no fogo, onde o imaginava a tradição javista (Ex 19,18). Deus não se deixa aprisionar por nenhum dos elementos que ele mesmo criou. A experiência de Elias é particularmente significativa da fé vivida no mundo moderno. Na mesma medida com que a ciência secularizou a natureza e o mundo, prestou um serviço à ideia de Deus, pois Deus não pode ser aprisionado dentro das categorias humanas, nem contido – e portanto atingível – nos fenómenos da natureza: ele é o absolutamente – Outro.

O homem o descobre através dos sinais
No mundo ateu e secularizado em que vivem aqueles que crêem. Deus não lhes fala tanto através da natureza e dos fenómenos cósmicos; eles tornaram-se opacos e fechados; os fiéis reconhecem Deus em muitos outros sinais dos tempos que revelam a sua vontade, o seu plano sobre o mundo e o homem. Eles não ouvem a Deus através da linguagem maravilhosa, mas ambígua, das criaturas, e sim através do sinal privilegiado de Deus no mundo: o homem. Feito à imagem e semelhança de Deus, o homem, descobre a sua presença no íntimo do próprio ser, na própria história, nas aspirações profundas pelas quais “o homem supera infinitamente o homem” (Pascal).

“Uma vez que tudo foi criado em Cristo, por meio de Cristo, em vista de Cristo, todo aspecto de verdade, beleza, bondade, dinamismo, que se encontra nas coisas e em todo o universo, nas instituições humanas, nas ciências, nas artes, em todas as realidades terrestres e particularmente no homem e na história, tudo isto é sinal e caminho para anunciar o mistério de Cristo”.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 147,12.14

Louva, Jerusalém, o Senhor,
que te saciou com a flor da farinha.

Ou Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.