DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM – ano B – 29AGO2021
MISSA |
ANTÍFONA
DE ENTRADA – Salmo 85, 3.5
Tende
compaixão de mim, Senhor,
que
a Vós clamo o dia inteiro.
Vós,
Senhor, sois bom e indulgente,
cheio
de misericórdia para aqueles que Vos invocam.
ORAÇÃO
COLECTA
Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito, infundi em
nossos corações o amor do vosso nome e, estreitando a nossa união convosco, dai
vida ao que em nós é bom e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia
da Palavra |
LEITURA
I – Deut 4, 1-2.6-8
«Não
acrescentareis nada ao que vos ordeno...
mas
guardareis os mandamentos do Senhor»
Já
à vista da Terra Prometida, Moisés recorda ao Povo de Israel a conveniência em
observar a Lei de Deus, a sua perfeição e superioridade em comparação com as
leis dos outros povos. A lei de Deus é a única luz que ensina aos homens o
caminho da vida autêntica e verdadeiramente feliz. Mas essa lei procura antes
de mais educar o coração do homem.
Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «Agora escuta, Israel, as leis e os
preceitos que vos dou a conhecer e ponde-os em prática, para que vivais e
entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus de vossos pais. Não
acrescentareis nada ao que vos ordeno, nem suprimireis coisa alguma, mas
guardareis os mandamentos do Senhor vosso Deus, tal como eu vo-los prescrevo.
Observai-os e ponde-os em prática: eles serão a vossa sabedoria e a vossa
prudência aos olhos dos povos, que, ao ouvirem falar de todas estas leis, dirão:
‘Que povo tão sábio e tão prudente é esta grande nação!’. Qual é, na verdade, a
grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto de nós o
Senhor, nosso Deus, sempre que O invocamos? E qual é a grande nação que tem
mandamentos e decretos tão justos como esta lei que hoje vos apresento?».
Palavra do
Senhor
SALMO
RESPONSORIAL – Salmo 14 (15), 2-3a.3cd-4ab.5 (R. 1a)
Refrão: Quem habitará, Senhor, no vosso
santuário? (Repete-se)
O
que vive sem mancha e pratica a justiça
e
diz a verdade que tem no seu coração
e
guarda a sua língua da calúnia. (Refrão)
O
que não faz mal ao seu próximo,
nem
ultraja o seu semelhante;
o
que tem por desprezível o ímpio,
mas
estima os que temem o Senhor. (Refrão)
O
que não falta ao juramento,
mesmo
em seu prejuízo,
e
não empresta dinheiro com usura,
nem
aceita presentes para condenar o inocente.
Quem
assim proceder jamais será abalado. (Refrão)
LEITURA
II – Tg 1, 17-18.21b-22.27
«Sede
cumpridores da palavra»
Começamos
hoje a ler, e leremos ainda durante mais alguns domingos, a Epístola de S.
Tiago. A passagem que hoje escutamos diz-nos que tudo o que há de bom vem de
Deus, e Deus tudo criou pela sua palavra. Esta palavra continua a fazer
ouvir-se no mundo e como que lançou em nós as suas raízes. Por isso, a nossa
vida cristã consistirá em fazer que essa palavra desabroche em nós, dando muito
fruto.
Leitura da Epístola de São Tiago
Caríssimos irmãos: Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do
alto, descem do Pai das luzes, no qual não há variação nem sombra de mudança.
Foi Ele que nos gerou pela palavra da verdade, para sermos como primícias das
suas criaturas. Acolhei docilmente a palavra em vós plantada, que pode salvar
as vossas almas. Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes, pois seria
enganar-vos a vós mesmos. A religião pura e sem mancha, aos olhos de Deus,
nosso Pai, consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e
conservar-se limpo do contágio do mundo.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Tg 1, 18
Refrão: Aleluia (Repete-se)
Deus Pai nos gerou pela palavra da
verdade,
para sermos como primícias das
suas criaturas. (Refrão)
EVANGELHO
– Mc 7,
1-8.14-15.21-23
«Deixais
o mandamento de Deus para vos prenderdes à tradição dos homens»
A palavra de Deus pode vir a ser adulterada pelas palavras dos
homens, mesmo quando pretendem explicar e aplicar a palavra de Deus. O Senhor
adverte-nos para que saibamos ler a palavra de Deus à luz do Espírito de Deus,
que a inspirou, e não com a visão estreita e acanhada, e, por vezes,
interesseira, do nosso espírito, demasiado humano e limitado. A palavra de Deus
é espírito e vida, e não apenas letra, que, por si só, pode matar.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e
alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos discípulos
de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na verdade, os
fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos,
conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça pública, não comem sem
antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por
tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –. Os fariseus
e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a
tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus respondeu-lhes: «Bem
profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo
honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que
Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós
deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos
homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe:
«Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao entrar
nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; porque do
interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos,
assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja,
difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e
são eles que o tornam impuro».
Palavra da salvação.
MEDITAÇÃO
CONSERVAR
OU MUDAR?
Desde o início de
sua vida pública, Jesus afirma a sua independência frente às tradições judaicas
do seu tempo. Isto torna-se mesmo um dos pontos de atrito e de contraste entre
ele e o judaísmo farisaico. Se, de um lado, Jesus afirma que a Lei e os
profetas não devem ser abolidos, mas cumpridos (Mt 5,17), por outro, trava luta
cerrada contra certas “tradições dos antigos”, resultado de preocupação
meramente humana e que ameaçam anular a Lei.
A lei
esclerosada
Por causa desta polémica
de Jesus contra o farisaísmo mesquinho, terminou-se por dar a este termo,
originariamente sinónimo de piedade e perfeição, o significado de hipocrisia,
observância exterior sem convicções. No entanto, é uma injustiça para com as
pessoas que nas suas intenções e na sua origem eram sinceras.
Cristo tem amigos
entre os fariseus. Paulo mesmo é um deles. Severos cumpridores das observâncias
numa época de grande influência pagã, tinham sido eles os salvadores da alma do
povo. Para preservar essa alma, os fariseus haviam atenuado extraordinariamente
as expectativas e esperanças messiânicas, consideradas politicamente perigosas;
acentuaram, ao contrário, as práticas cultuais, dando-lhes a precedência sobre
os deveres da fraternidade humana e da justiça social.
O apego à Lei, que
deu grande destaque ao judaísmo e que, em mais de um caso, foi motivo da
salvação de Israel, comportava, porém, graves perigos. Ao colocar no mesmo
plano todos os preceitos religiosos e morais, civis e cultuais, entregando-os
às subtilezas casuísticas, o culto da Lei terminava por impor um jugo
impossível de carregar (Mt 23,4; At 15,10). De sinal de aliança e liberdade, a
lei tornava-se cadeia de escravidão. Um segundo perigo, ainda mais grave e
radical, era o de basear a “justiça do homem” perante Deus não na graça e na
iniciativa divina, mas na obediência aos mandamentos e na prática das boas
obras, como se o homem fosse capaz de se salvar sozinho.
Uma
tentação que renasce
O farisaísmo e o
formalismo não são uma atitude concernente só ao passado, mas uma tentação que
renasce continuamente, até entre as pessoas e as instituições que começam com
as mais puras e rectas intenções.
Uma maneira de
pensar farisaica tentou bloquear o dinamismo missionário da Igreja primitiva.
Foi necessária a rude energia de Paulo e a convocação do primeiro concílio de
Jerusalém para que a comunidade primitiva pudesse libertar-se das normas que os
judaizantes queriam impor.
Ainda hoje pode
haver no seio da Igreja uma maneira de agir farisaica: pode-se exagerar e
absolutizar a legalidade, o preceito, a exterioridade; pode-se também, hoje,
viver um cristianismo legalista, exterior, superficial, mais preocupado em
obedecer passivamente às normas recebidas do que em dar uma resposta pessoal e
responsável aos chamamentos de Deus e aos apelos dos irmãos. Corremos o risco
de ser fariseus também quando não distinguimos o essencial do evento cristão na
história das diversas formas históricas e culturais em que ele se manifesta,
encerrando nas nossas categorias humanas a inapreensível acção do Espírito,
procurando manter sob o jugo da Lei os que dela foram libertados pela morte de
Cristo.
Tensão
libertadora dos jovens
Os jovens são um
elemento activo dessa dinâmica de transformação de estruturas e tradições
inadequadas. Os jovens percebem em geral, consciente e naturalmente, a
possibilidade de abdicação do passado e de abertura para um futuro mais humano;
isto é uma profecia para uma sociedade farta e satisfeita consigo mesma; a sua
crítica construtiva tem por função libertar-se continuamente de um modo
esclerosado de viver os valores para aderir em profundidade a eles, sem nunca
absolutizar o que se passa. Eles possuem também a fantasia e a utopia
suficientes para acelerar bastante as mudanças, ou a revisão dos usos, costumes
e relações de dependência de modos de conduzir a comunidade. A força dos jovens
impele uma comunidade para o futuro.
ORAÇÃO
SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, a oferta que Vos apresentamos e realizai em
nós, com o poder da vossa graça, a redenção que celebramos nestes mistérios.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA
DA COMUNHÃO – Salmo 30, 20
Como
é grande, Senhor,
a
vossa bondade para aqueles que Vos servem!
Ou – Mt 5, 9-10
Bem-aventurados
os pacíficos,
porque
serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados
os perseguidos por amor da justiça,
porque
deles é o reino dos céus.
ORAÇÃO
DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que nos alimentastes com o pão da mesa celeste, fazei que esta fonte de
caridade fortaleça os nossos corações e nos leve a servir-Vos nos nossos
irmãos.
Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.