DOMINGO III DA PÁSCOA – ano A – 26ABR2020
MISSA
|
ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 65, 1-2
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os
seus louvores. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude
da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção
divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
|
LEITURA I – Actos
2, 14.22-33
«Não era possível
que Ele ficasse sob o domínio da morte»
Esta leitura é uma passagem da primeira pregação de S.
Pedro. Na longa citação do salmo 15 o Apóstolo entrevê o anúncio da
Ressurreição do Senhor. De facto, é à luz da Ressurreição que toda a palavra da
Sagrada Escritura encontra a sua completa significação, particularmente a do
Antigo Testamento. A palavra dos Salmos foi directamente referida pelo Senhor,
no próprio dia da Ressurreição, ao aparecer aos discípulos no Cenáculo, como
estando escrita a seu respeito (Lc 24, 44).
Leitura
dos Actos dos Apóstolos
No
dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou
ao povo: «Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém, compreendei o
que está a acontecer e ouvi as minhas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem
acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou
no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o
desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na
cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços
da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David
a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não
vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu
corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos
mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes-me a conhecer os
caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido
falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o
seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nós. Mas, como era profeta e sabia que
Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de
sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo,
dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu
a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos
testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa
do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11
(R. 11a ou
Aleluia)
Refrão: Mostrai-me,
Senhor, o caminho da vida. (Repete-se)
Ou: Aleluia. (Repete-se)
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino. (Refrão)
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. (Refrão)
Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção. (Refrão)
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. (Refrão)
LEITURA II – 1 Pedro 1, 17-21
«Fostes resgatados
pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem mancha»
O que S. Pedro pregou logo no dia de Pentecostes foi o
mesmo que ele escreveu depois às Igrejas. Nós somos hoje essas Igrejas de
Cristo, espalhadas por todo o mundo, mas todas radicadas na mesma fé em Cristo
Jesus, o nosso Cordeiro pascal. A nós, pois, se dirige hoje a pregação do
Apóstolo.
Leitura
da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos:
Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo
as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo.
Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes
resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue
precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da
criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais
em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e
a vossa esperança estejam em Deus.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Lc 24, 32
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 24,
13-35
«Conheceram-n’O ao
partir o pão»
Tal como na aparição aos discípulos de
Emaús, em cada celebração eucarística Jesus está connosco, explica-nos as
Escrituras e faz-nos ver o que nelas se refere a Ele, preside à fracção do pão,
que é a Eucaristia, e nela Se nos dá a conhecer e nos enche de alegria pascal.
Na verdade, a viagem de Jesus com os dois discípulos, estrada abaixo a caminho
de Emaús, é como uma verdadeira Missa ambulante, modelo de todas as celebrações
eucarísticas.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas
Dois
dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a
duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a
caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele
perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?».
Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o
único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele
perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os
príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à
morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar
Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade
que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao
sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham
aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao
sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O
viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito
para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de
sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e
passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia
respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir
para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque
o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E
quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu
da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso
coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e
os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e
apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O
tinham reconhecido ao partir o pão.
Palavra da Salvação
MEDITAÇÃO
Emaús é o lugar de encontro da humanidade consigo própria:
mais do que num passado bem recente, fazemos a experiência das nossas
limitações, das nossas fragilidades, da dor, do sofrimento, do fracasso e da
morte… As perguntas sobre o sentido da vida, que andávamos a adiar, são
colocadas agora com toda a transparência. E queremos que o Mestre fique
connosco, que não nos abandone, precisamente porque a sua palavra é hoje mais
importante que nunca para nos fazer compreender esta história. Estamos a ficar
cansados de caminhar sozinhos, de permanecer isolados porque, apesar de
reconhecermos a importância de nos fecharmos no nosso espaço, afecta-nos, como
aos discípulos de Emaús, o desespero, a descrença e a ignorância. A força das
circunstâncias leva-nos a fazer muitas perguntas e a tomar consciência de que
sabemos bem pouco…
1. Do desencanto à compreensão
– Os discípulos de Emaús estão decepcionados: tinham
contactado com Jesus, tinham ouvido as suas palavras e visto as suas obras
maravilhosas; acreditaram que deveria haver resultados visíveis, que
mobilizassem as pessoas e mudassem o rumo da história…
– Partilhamos também este sentimento quando olhamos para a
situação que vivemos, para o mundo à nossa volta, e verificamos que as coisas
haviam de caminhar mais depressa para dar resposta aos problemas… Na realidade,
parece que tardam em mudar, apesar de todos os esforços… E o desencanto
apodera-se de nós face a tantas promessas e cenários idealizados…
– Uma experiência destas leva a desconfiar de qualquer boa
notícia que seja proclamada. Não, não pode ser: as mulheres dizem que está
vivo, o sepulcro foi encontrado vazio, mas ninguém O viu; portanto, não é
verdade…
– Para aqueles discípulos, como para nós, há ainda um
caminho a percorrer. E o ponto de apoio, a base da compreensão, são as Sagradas
Escrituras… É esta explicação que Jesus dá quando se põe a caminhar com eles; e
o mesmo faz Pedro naquele discurso do dia de Pentecostes… Para os primeiros
cristãos, a morte de Jesus tinha sido um golpe terrível… Onde encontrar o
sentido de tudo isto? Na Palavra de Deus: “Não me abandonareis na mansão dos
mortos, nem deixareis o vosso servo sofrer a corrupção” (Sl)…
– A leitura e a meditação da Palavra levam a compreender
que a morte e a ressurreição de Cristo já estavam previstas no plano de Deus… O
poder do mal, do sofrimento, da mentira, da injustiça e da inveja, não têm a
última palavra. Esta pertence a Deus… E a Páscoa projecta a luz e dá sentido
àquilo que nos parece obscuro…
2. A fracção do pão como momento revelador
– Há um centro de vida para onde a narração projecta estes
discípulos e nos lança a todos nós: a fracção do pão… Foi nesse momento que se
lhe abriram os olhos…
– A fracção do pão resume toda a vida de Jesus: corpo
entregue, sangue derramado por nós para a nossa salvação; Jesus conhece-se no
gesto de dar, de repartir, e é também ali que está a chave da compreensão das
Escrituras… Foi com aquele gesto que “se lhe abriram os olhos” para compreender
o livro da vida…
– O ressuscitado encontra-se connosco na Escritura e na
Fracção do Pão… É difícil admitir um caminho diferente deste por mais
diversificados que sejam os caminhos de encontro com Deus!... Se não for por
aqui, pode haver encontro com Deus, mas pode não ser cristão…
– Só por esta via somos integrados na comunidade: os
discípulos foram dizer aos outros, aos apóstolos que estavam em Jerusalém…
Também foi a fracção do pão que os levou aos apóstolos e depois os fez voltar
para as suas vidas com outra atitude: ultrapassaram a decepção e começam a
encarar a vida como ressuscitados…
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa.
Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria
eterna. Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus
ao partir o pão. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar
à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com
os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.