sábado, 27 de julho de 2019

DOMINGO XVII DO TEMPO COMUM – ano C – 28JUL2019





«A CERTEZA DE SER ATENDIDO»

Os mestres costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. O Pai-Nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda a oração cristã. Esta oração faz-se na intimidade filial com Deus, apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos; que a sua justiça e amor se manifestem; que na vida de cada dia, ele nos dê a vida plena; que ele nos perdoe como nós repartimos o perdão; que ele não nos deixe abandonar o caminho de Jesus. O Evangelho insiste na oração perseverante e confiante. Se os homens são capazes de atender ao pedido de amigos e filhos, quanto mais ao do Pai! Ele nada recusará. Pelo contrário, dará o Espírito Santo, isto é, a força de Deus que leva o homem a viver conforme a vida de Jesus Cristo. O discípulo do Reino reza com a absoluta certeza de que será atendido. Entretanto, deverá submeter-se às exigências da oração cristã, que o despoja de si mesmo e do seu egoísmo para abri-lo à comunhão com o Pai e com o próximo. Deus não dá ouvidos à oração do egoísta, o qual só busca as suas necessidades pessoais e os seus interesses. A parábola evangélica mostra ser inconcebível que um amigo não atenda o companheiro necessitado, mesmo à custa de incómodos. Um tal comportamento estaria em aberto contraste com o espírito da hospitalidade oriental. O amigo recorreu ao outro por ter plena confiança de não ser decepcionado. A parábola refere-se aos obstáculos encontrados: a porta da casa já estava fechada e, para abri-la, seria preciso acordar as crianças que estavam a dormir na sala, conforme o costume da época. O mesmo acontece com a oração cristã: não é atendida de maneira mágica como se ao pedido se seguisse um imediato atendimento. O orante reza e confia, esperando a hora de ser atendido. Se um homem, mesmo devendo acordar no meio da noite, atende o pedido de seu amigo necessitado, quanto mais Deus atenderá a oração de quem reza como convém. Disto nenhum discípulo pode duvidar. Caso contrário, estaria considerando o Pai celeste pior que o pior pai da Terra.
Deus Pai reserva o que há de melhor para os filhos e filhas que se Lhes dirigem com toda confiança. Após ensinar os discípulos a orar, Jesus acrescenta uma pitoresca comparação para ilustrar a importância da oração persistente e contínua. O orante a Deus é comparado a um “amigo” que vai ter com outro amigo, numa hora pouco conveniente, para pedir ajuda e poder atender um terceiro. Graças à sua insistência ele é atendido. Ao “pedir”, “buscar”, “bater à porta”, sem desistir, conquistar-se-ão as coisas boas que são agradáveis a Deus e que desejamos. Em conclusão, temos a comparação, usando contrastes exagerados, com os pais que sabem dar coisas boas aos seus filhos e o Pai do céu que, com muito maior razão, não negará a quem lhe pedir, dando-lhe, de modo especial, o bem maior que é o Espírito Santo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 67, 6-7.36
Deus vive na sua morada santa,
Ele prepara uma casa para o pobre.
É a força e o vigor do seu povo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus, protector dos que em Vós esperam, sem Vós nada tem valor, nada é santo. Multiplicai sobre nós a vossa misericórdia, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens temporais que possamos aderir desde já aos bens eternos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Gen 18, 20-32

«Se o meu Senhor não levar a mal, falarei»

Abraão era um homem profundamente solidário com aqueles que viviam a seu lado. Não se valeu da sua condição de justo para desprezar os que não o eram. Procurou antes obter de Deus o perdão para aqueles que mereciam per castigados. Alguém, por isso, lhe chamou “cristão antes de Cristo”. Mas maior do que a fé de Abraão é a santidade e a misericórdia de Deus, que, não suportando o pecado dos homens, está sempre pronto a ouvi-los e a perdoar-lhes, sempre que estes saibam voltar-se para Ele.

Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, disse o Senhor: «O clamor contra Sodoma e Gomorra é tão forte, o seu pecado é tão grave que Eu vou descer para verificar se o clamor que chegou até Mim corresponde inteiramente às suas obras. Se sim ou não, hei-de sabê-lo». Os homens que tinham vindo à residência de Abraão dirigiram-se então para Sodoma, enquanto o Senhor continuava junto de Abraão. Este aproximou-se e disse: «Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Matá-los-ás a todos? Não perdoarás a essa cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem? Longe de Ti fazer tal coisa: dar a morte ao justo e ao pecador, de modo que o justo e o pecador tenham a mesma sorte! Longe de Ti! O juiz de toda a terra não fará justiça?». O Senhor respondeu-lhe: «Se encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade por causa deles». Abraão insistiu: «Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza: talvez para cinquenta justos faltem cinco. Por causa de cinco, destruirás toda a cidade?». O Senhor respondeu: «Não a destruirei se lá encontrar quarenta e cinco justos». Abraão insistiu mais uma vez: «Talvez não se encontrem nela mais de quarenta». O Senhor respondeu: «Não a destruirei em atenção a esses quarenta». Abraão disse ainda: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei mais uma vez: talvez haja lá trinta justos». O Senhor respondeu: «Não farei a destruição, se lá encontrar esses trinta». Abraão insistiu novamente: «Atrevo-me ainda a falar ao meu Senhor: talvez não se encontrem lá mais de vinte justos». O Senhor respondeu: «Não destruirei a cidade em atenção a esses vinte». Abraão prosseguiu: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei ainda esta vez: talvez lá não se encontrem senão dez». O Senhor respondeu: «Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138), 1-3.6-8 (R. 3a)

Refrão: Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor. (Repete-se)

De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos hei-de cantar-Vos
e adorar-Vos, voltado para o vosso templo santo. (Refrão)

Hei-de louvar o vosso nome
pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. (Refrão)

O Senhor é excelso e olha para o humilde,
ao soberbo conhece-o de longe.
No meio da tribulação Vós me conservais a vida,
Vós me ajudais contra os meus inimigos. (Refrão)

A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. (Refrão)

LEITURA II – Col 2, 12-14

«Deus fez que, unidos a Cristo, voltásseis à vida e perdoou todas as faltas»

No baptismo, os cristãos são associados à morte e à ressurreição de Cristo; por isso, nenhum poder do mal triunfará deles, se guardarem sempre a sua condição de baptizados e, como tais, chamados à santidade. Foi para nos tornar participantes da santidade de Deus, que o Senhor Jesus Cristo Se entregou à morte sobre a cruz e nos libertou da morte eterna.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Sepultados com Cristo no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos. Quando estáveis mortos nos vossos pecados e na incircuncisão da vossa carne, Deus fez que voltásseis à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Rom 8, 15bc

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Recebestes o espírito de adopção filial;
nele clamamos: «Abá, ó Pai». (Refrão)


EVANGELHO – Lc 11, 1-13

«Pedi e dar-se-vos-á»

Jesus dá vários ensinamentos aos discípulos sobre a oração: ensina-lhes o “Pai-Nosso”, que é o modelo de toda a oração; convida-os a implorar de Deus, com persistência, o auxílio para as suas necessidades; exorta-os a dirigirem-se ao Pai com toda a confiança.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’». Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor,
os dons que recebemos da vossa generosidade e trazemos ao vosso altar, e fazei que estes sagrados mistérios, por obra da vossa graça, nos santifiquem na vida presente e nos conduzam às alegrias eternas.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 102, 2
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças os seus benefícios.

Ou - Mt 5, 7-8

Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos destes a graça de participar neste divino sacramento, memorial perene da paixão do vosso Filho, fazei que este dom do seu amor infinito sirva para a nossa salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 20 de julho de 2019

DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM – ano C – 21JUL2019





«QUEM AGIU CORRECTAMENTE?»

Mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de um modo novo. Para isso, é preciso ouvir a palavra de Jesus, que mostra o que fazer e como fazer. A experiência do acolhimento e da hospitalidade na casa de uma família amiga é um alívio para Jesus, depois dos tristes episódios de rejeição, na sua longa marcha para Jerusalém. Afinal, a cena evangélica torna-se uma ilustração viva das diferentes maneiras de acolher Jesus. Marta e Maria expressam duas formas de acolhimento: por um lado, o serviço generoso; por outro, a escuta atenta. Qual das duas atitudes se apresenta como mais conveniente? O texto evangélico recupera o papel da mulher, na comunidade cristã. Marta representa o tipo tradicional de mulher, ocupada nas lides domésticas. A atitude de Maria tem um quê de novidade: assume a condição de discípula, que se coloca aos pés do Mestre para escutá-lo e, posteriormente, torna-se apóstola do Evangelho. Evangelicamente, só tem sentido escutar a Palavra, se for para a colocar em prática. Esta é a situação de Maria. A sua escuta não é mero passatempo, nem puro gesto de deferência a Jesus. A atitude de Maria corresponde a um avanço em relação à de Marta. A mulher cristã pode também tornar-se apóstola, superando o simples âmbito doméstico da sua acção. O único pré-requisito é estar em profunda comunhão com o Mestre, compreender o sentido das suas palavras e esforçar-se para testemunhá-las com a vida. Em Marta temos o serviço generoso, que é característico das novas comunidades. Em Maria temos a escuta atenta da palavra, que ilumina e prepara para a missão. Escutar a palavra é fundamental para que o serviço não se torne uma actividade vazia, mas seja orientado para o cumprimento da vontade do Pai. O serviço doméstico da mulher já era uma prática tradicional nas diversas culturas. Contudo, a mulher aplicada à escuta e ao discernimento da palavra, como um discípulo, é uma novidade, pois tal actividade era exclusiva dos homens nos ambientes religiosos do judaísmo. Percebe-se que Lucas está empenhado em ampliar o envolvimento da mulher nas novas comunidades. Além dos serviços elementares necessários, as mulheres também são chamadas a assumir a condição de discípulas. Aplicadas à escuta da palavra, devem envolver-se nas actividades missionárias, com vista ao testemunho de amor a ser dado ao mundo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 53, 6.8
Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida.
De todo o coração Vos oferecerei sacrifícios,
cantando a glória do vosso nome.

ORAÇÃO COLECTA
Sede propício, Senhor, aos vossos servos e multiplicai neles os dons da vossa graça, para que, fervorosos na fé, esperança e caridade, perseverem na fiel observância dos vossos mandamentos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Gen 18, 1-10a

«Senhor, não passeis sem parar em casa do vosso servo»

A hospitalidade de Abraão mereceu-lhe acolher em sua casa o próprio Senhor Deus, e d’Ele ouvir a promessa de um filho, que viria a ser o transmissor das promessas e da aliança de Deus ao seu povo. A hospitalidade de Abraão é, ao mesmo tempo, sinal de caridade, de confiança, de paz. E o Deus da paz respondeu-lhe generosamente.

Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, o Senhor apareceu a Abraão junto do carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia. Ergueu os olhos e viu três homens de pé diante dele. Logo que os viu, deixou a entrada da tenda e correu ao seu encontro; prostrou-se por terra e disse: «Meu Senhor, se agradei aos vossos olhos, não passeis adiante sem parar em casa do vosso servo. Mandarei vir água, para que possais lavar os pés e descansar debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão, para restaurardes as forças antes de continuardes o vosso caminho, pois não foi em vão que passastes diante da casa do vosso servo». Eles responderam: «Faz como disseste». Abraão apressou-se a ir à tenda onde estava Sara e disse-lhe: «Toma depressa três medidas de flor da farinha, amassa-a e coze uns pães no borralho». Abraão correu ao rebanho e escolheu um vitelo tenro e bom e entregou-o a um servo que se apressou a prepará-lo. Trouxe manteiga e leite e o vitelo já pronto e colocou-o diante deles; e, enquanto comiam, ficou de pé junto deles debaixo da árvore. Depois eles disseram-lhe: «Onde está Sara, tua esposa?». Abraão respondeu: «Está ali na tenda». E um deles disse: «Passarei novamente pela tua casa daqui a um ano e então Sara tua esposa terá um filho».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 14 (15), 2-3a.3cd-4ab.5 (R. 1a)

Refrão: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário? (Repete-se)
OU: Ensinai-nos, Senhor: quem habitará em vossa casa? (Repete-se)

O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia. (Refrão)

O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor. (Refrão)

O que não falta ao juramento mesmo em seu prejuízo
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado. (Refrão)

LEITURA II – Col 1, 24-28

«O mistério oculto ao longo dos séculos e agora manifestado aos seus santos»

Apesar de escrever da prisão, o apóstolo exulta de alegria ao ver como Cristo Se torna conhecido entre os pagãos e os leva a penetrarem no mistério divino do qual Cristo é a revelação aos homens. Todos os tempos anteriores a Cristo se encaminhavam para Ele, e agora, depois d’Ele, é à luz de Cristo que tudo pode ser compreendido. Ele próprio é o mistério de Deus revelado aos homens, que assim, de pagãos, se tornam cristãos, discípulos e membros de Cristo.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Agora alegro-me com os sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja. Dela me tornei ministro, em virtude do cargo que Deus me confiou a vosso respeito, isto é, anunciar-vos em plenitude a palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi agora manifestado aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer em que consiste, entre os gentios, a glória inestimável deste mistério: Cristo no meio de vós, esperança da glória. E nós O anunciamos, advertindo todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, a fim de os apresentarmos todos perfeitos em Cristo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Lc 8, 15

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Felizes os que recebem a palavra de Deus
de coração sincero e generoso
e produzem fruto pela perseverança (Refrão)


EVANGELHO – Lc 10, 38-42

«Marta recebeu Jesus em sua casa. Maria escolheu a melhor parte»

O que Abraão ouviu da boca do estranho peregrino que passava à sua porta, escuta-o agora Marta da boca do próprio Filho de Deus, hóspede na casa das duas irmãs. O Senhor é o mesmo, e as suas repetidas visitas aos homens testemunham que Ele é Aquele que é chamado Fiel, cuja aliança com os homens é eterna, e da qual o testemunho máximo é a Encarnação redentora de seu próprio Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que levastes à plenitude os sacrifícios da Antiga Lei no único sacrifício de Cristo, aceitai e santificai esta oblação dos vossos fiéis, como outrora abençoastes a oblação de Abel; e fazei que os dons oferecidos em vossa honra por cada um de nós sirvam para a salvação de todos.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 110, 4-5
O Senhor misericordioso e compassivo
instituiu o memorial das suas maravilhas,
deu sustento àqueles que O temem.

Ou - Ap 3, 20

Eu estou à porta e chamo, diz o Senhor.
Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta,
entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Protegei, Senhor, o vosso povo que saciastes nestes divinos mistérios e fazei-nos passar da antiga condição do pecado à vida nova da graça.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 13 de julho de 2019

DOMINGO XV DO TEMPO COMUM – ano C – 14JUL2019






«NÃO É SABER QUEM É MEU PRÓXIMO, MAS TORNAR-SE MEU PRÓXIMO»

Não se trata de saber quem é o meu vizinho; sabemos que o mundo é pequeno, para além das TV e outras “medias”, mas como aproximar-se, em presença física e ajudar uns aos outros?
Não é nem mesmo saber o que o Credo diz sobre o próximo, que até mesmo o escriba sabe (amar “Deus” e amar o próximo). O tema é aproximar-se dos outros.
Aprendemos a subir na luz e descer até o fundo dos oceanos; a enriquecer urânio, mas sabemos que, para nós, há outros vizinhos que não merecem estes riscos e sobressaltos. Sabemos quase tudo que é cognoscível, mas não queremos partilhar com os vizinhos.
Basta ler a imprensa nos dias de hoje, o que dizem os Voz/Vox, os chamados cidadãos do mundo, o povo do povo ou os parceiros sociais.
A questão de se aproximar ou não de todos, especialmente do caído na estrada, como na parábola de hoje, dos feridos pelas máfias-criminosas, ou daqueles trancados/expelidos por grandes “estados”. A questão não é se pudermos, mas se quisermos e o fizermos, como disse Jesus ao escrevente-político de plantão, depois de contar a parábola do samaritano: Vai e faz o mesmo.
Esta é talvez a questão (dois amores) e a parábola (sacerdote levita + publicano, ladrões e feridos da vida...) Talvez a história mais importante como dito em Lucas 10: 30-37:
1. Jesus contou esta parábola ao pé da letra, como em Lucas 10, mas talvez dê a sua melhor imagem; o resumo mais certo do seu pensamento e da vida: Não se sabe em teoria, qual é o meu (nosso) vizinho, mas para nos (tornar) perto de outros, como aquele samaritano.
2. Então quem inventou essa parábola...? (Lc 10, 30-37) Invente-o ninguém. Foi lá, estava lá, no “ar”, como a estátua de Moisés no mármore de Carrara, com todos os seus elementos. Mas possivelmente foi Lucas que formulou isso dessa maneira, como explicação e aplicação do texto anterior (Lc 10, 25-29), que parece ter sido formulado por Jesus, unindo num dos dois “mandamentos”: amar a Deus e ao próximo.
3. Mas esta parábola não fala de Deus? Ela não fala não. Deus fala no texto anterior, com os dois mandamentos: amar a Deus e amar o próximo, e parece que as pessoas já sabiam (ele achava que sabiam) o que é amar a Deus. O tema é “quem é o meu vizinho” para amá-lo.
4. O Evangelho de Lucas responde colocando na boca de Jesus a parábola do Bom Samaritano, que muito possivelmente não foi dita por Jesus, mas que reflecte para admirar o seu ensinamento e movimento messiânico-social, para terminar de forma paradoxal, dizendo que não importa a teoria (quem é o meu vizinho?), mas a prática: como tornar-se vizinho?
5. Certamente, Jesus ensinou em parábolas (e os evangelhos atribuem pelo menos 40 delas), embora apenas quatro pareçam ser dele: semente de mostarda, convidados no banquete, vinhedos e talentos homicidas...
6. A maioria das parábolas (as mais famosas, filho pródigo, ovelhas e cabras, dez noivas...) foram “inventadas” pelos cristãos, na linha de Jesus, mas o que parece “perdido” talvez seja o melhor ganho: Jesus era um homem que não somente ensinava, mas ensinava a ensinar, contava parábolas e, assim, na linha, para especificar a sua mensagem e movimento, a igreja primitiva era uma exuberância de parábolas criadas, recriadas e contadas por pessoas cujo nome ignoramos. Paulo, que conhecia outras coisas interessantes, foi um pouco avesso a contar parábolas, outros venceram. O mesmo vale para João, que era um místico, mas que mal conta parábolas.
7. As parábolas dos evangelhos sinópticos foram formuladas por cristãos imaginativos e corajosos, entre os anos de 30 e 100. Mas depois, a igreja como um todo deixou de contar parábolas e escreveu sobre coisas muito menos importantes: formulou uma teologia muito séria, criou uma hierarquia muito colorida, organizou a lei canónica... mas, quase nada parábolas. Essa é a desgraça: A primeira igreja, cuja memória é defendida por Marcos, Mateus e Lucas, inventou quase 50 parábolas, que nos continuam a manter até hoje...
8. Não, eu não posso culpar a igreja. Os teólogos, em vez de teorizarem, deveriam ter, pelo contrário, contado bastantes parábolas! É assim que acontece, nós fizemos uma igreja sem parábolas. Eu acho que Jesus e os “evangelistas” Lucas e Mateus (tecelões de parábolas) iriam ter vergonha de nós...
Há uma opção precisa a fazer; optar pelo homem acima de todas as coisas: acima do dinheiro, da profissão, das estruturas... Optar pela sua libertação... Perguntamo-nos como intervir, tanto ao nível das situações particulares (dar o peixe ou ensinar a pescar?) como no nível geral das estruturas (para que os que sabem pescar não sejam roubados e obrigados a passar fome). Se Deus é amor, se Cristo é a revelação de Deus porque se entregou à morte pelo homem? O cristão revelará Deus ao mundo com o seu amor concreto pelo próximo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 16, 15
Eu venho, Senhor, à vossa presença:
ficarei saciado ao contemplar a vossa glória.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Deut 30, 10-14

«Esta palavra está perto de ti, para que a possas pôr em prática»

Esta leitura prepara-nos para melhor compreendermos a do Evangelho: a palavra de Deus que há-de nortear toda a nossa vida não está longe do nosso alcance. E nós escutamo-la e cumprimo-la na vida concreta do dia a dia. Ela vem aliás ao encontro dos anseios mais profundos do nosso coração. É que é o mesmo Deus que nos fala na palavra e que já nos falou no coração.

Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «Escutarás a voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e mandamentos que estão escritos no Livro da Lei, e converter-te-ás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma. Este mandamento que hoje te imponho não está acima das tuas forças nem fora do teu alcance. Não está no céu, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós subir ao céu, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Não está para além dos mares, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós transpor os mares, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Esta palavra está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 68 (69), 14.17.30-31.33-34.36ab.37 (R. cf. 33)

Refrão: Procurai, pobres, o Senhor e encontrareis a vida. (Repete-se)

A Vós, Senhor, elevo a minha súplica,
pela vossa imensa bondade respondei-me.
Ouvi-me, Senhor, pela bondade da vossa graça,
voltai-Vos para mim pela vossa grande misericórdia. (Refrão)

Eu sou pobre e miserável:
defendei-me com a vossa protecção.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei. (Refrão)

Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos. (Refrão)

Deus protegerá Sião,
reconstruirá as cidades de Judá.
Os seus servos a receberão em herança
e nela hão-de morar os que amam o seu nome. (Refrão)

Ou - Salmo 18 B, 8-11 (R. 9a)
Refrão: Os preceitos do Senhor alegram o coração. (Repete-se)

A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples. (Refrão)

Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos. (Refrão)

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos. (Refrão)

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos. (Refrão)


LEITURA II – Col 1, 15-20

«Por Ele e para Ele tudo foi criado»

Nesta leitura como que se faz a apresentação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos d’Ele muitas coisas, mas, no fundo, o que é que n’Ele constitui a razão de ser daquilo que Ele é para os cristãos? Cristo é o princípio e o Fim, Aquele por Quem tudo foi criado, e para Quem tudo existe. Para além de tudo aquilo que os olhos exteriormente podem observar está o campo infinito que a fé nos revela. Ele é o Primeiro na ordem da criação e o Primeiro na ordem da ressurreição.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Cristo Jesus é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 6, 63c.68c

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

As vossas palavras, Senhor,
são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 10, 25-37

«Quem é o meu próximo?»

A parábola do bom samaritano serve a Jesus para explicar ao doutor da lei quem é o próximo e como o amor a Deus e ao próximo são, no fundo, o mesmo e único amor: “o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”. Segundo a explicação dos antigos Padres da Igreja, o homem caído nas mãos dos salteadores é toda a humanidade, e o bom samaritano é a imagem de Jesus, Ele que nos encontrou feridos pelo pecado à beira do caminho aonde desceu, usou de compaixão para connosco, e nos introduziu na estalagem da sua Igreja e assim nos salvou.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na Lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio- morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: Então vai e faz o mesmo».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons da vossa Igreja em oração e concedei aos fiéis que os vão receber a graça de crescerem na santidade.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 83, 4-5
As aves do céu encontram abrigo
e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos,
meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa casa
e a toda a hora cantam os vossos louvores.

Ou - Jo 6, 57
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais à vossa mesa santa, humildemente Vos suplicamos: sempre que celebramos estes mistérios, aumentai em nós os frutos da salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



domingo, 7 de julho de 2019

DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM – ano C – 07JUL2019





«INSTRUÇÕES PARA A MISSÃO»

Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Nova no caminho e começarem a realizar os actos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Nova ficarão fora da nova história. Como fizera com os Doze, Jesus instruiu os setenta e dois discípulos, enviados dois a dois, a prepararem a sua passagem a caminho de Jerusalém. Servidores do Reino, competia-lhes dispor as pessoas para acolher o Mestre e a sua mensagem, deixando-se converter para Deus. Tarefa difícil, se considerarmos que os discípulos se encontravam em território samaritano, cuja hostilidade contra os judeus era conhecida. Por isso, as instruções de Jesus insistem em apresentar as dificuldades que deverão enfrentar. Eles serão “como cordeiros entre lobos”. Estarão em condições de desigualdade, podendo ser vítimas fatais da agressão dos habitantes das cidades que iriam visitar. Portanto, a missão exige apóstolos destemidos. Nos três evangelistas sinópticos, é encontrada a narrativa do envio dos doze apóstolos. Lucas retoma esta narrativa, ampliando-a para o envio de outros setenta e dois (seis vezes doze), em território gentílico, quando Jesus caminhava para Jerusalém. Os enviados em missão devem estar privados de bens e confiantes. No seu anúncio, sofrerão a repressão dos poderosos, que são como que lobos. Lucas destaca por duas vezes a determinação de “entrar” e “comer” nas casas, o que é uma negação dos costumes do judaísmo de não entrar e, muito menos, comer em casa de gentios. Em Actos dos Apóstolos, Lucas narrará a ampliação da missão, a partir dos diáconos, de Filipe e de Pedro, e mais amplamente as missões de Paulo e seus discípulos, de modo particular Timóteo e Tito. Após o chamamento e o envio dos setenta e dois, seguem-se as instruções de Jesus. Os discípulos ainda são poucos. É preciso orar para o fortalecimento da missão. Eles são enviados dois a dois, o que significa comunidade, solidariedade e partilha, tendo a presença do próprio Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí, no meio deles” (Mt 18,20). O despojamento deve ser a característica do missionário. Esse despojamento é a expressão de sua confiança em Deus e na generosidade que existe em cada coração humano. A simplicidade e a pobreza tocam os corações que, então, se abrem ao acolhimento do missionário. Eles são enviados às casas, não às sinagogas. O seu anúncio é o anúncio do Reino e o convite à conversão. É o Deus que revela o seu amor. É o Reino da nova criatura revelada na pessoa de Jesus, que a todos comunica a vida divina e eterna. Os milagres realizados são motivo de alegria para os discípulos que retornam. No entanto, Jesus mostra que são apenas sinais de uma libertação muito mais ampla, que ameaça o domínio de Satanás. A verdadeira alegria dos discípulos é saber que a grande notícia do Reino está a surgir e que eles estão a participar dela.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 47, 10-11
Recordamos, Senhor, a vossa misericórdia
no meio do vosso templo.
Toda a terra proclama o louvor do vosso nome,
porque sois justo e santo, Senhor nosso Deus.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 66, 10-14c

«Farei correr para Jerusalém a paz como um rio»

Esta leitura respira paz profunda. É sempre este o ambiente que envolve a vida em comunhão com Deus, quer nos momentos exteriormente tranquilos, quer até naqueles que exigem maior actividade. O reino de Deus é reino de paz. Assim o anunciaram já os profetas, como característica dos tempos messiânicos, os tempos que Jesus nos trouxe, como melhor entenderemos ao escutar a terceira leitura.

Leitura do Livro de Isaías
Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, tod¬os vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66), 1-3a.4-5.6-7a.16e.20 (R.1)

Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. (Repete-se)

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores, dizei a Deus:
«Maravilhosas são as vossas obras». (Refrão)

A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome.
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens. (Refrão)

Mudou o mar em terra firme,
atravessaram o rio a pé enxuto.
Alegremo-nos n’Ele:
domina eternamente com o seu poder. (Refrão)

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia. (Refrão)


LEITURA II – Gal 6, 14-18

«Trago no meu corpo os estigmas de Jesus»

A paz e a alegria só vêm pela Cruz de Jesus. Foi esta a experiência de S. Paulo, como será a de quem quiser entender como conciliar a limitação e a fraqueza, que anda em nós, com a paz anunciada e vivida pelo Senhor ressuscitado. Para nós, como para Ele, a paz nasce da Cruz, não por a cruz ser suave e pacífica, mas porque, sendo ela uma situação inevitável, o Senhor a tornou instrumento de salvação. Mas só o amor com que Jesus a sofreu seria capaz de operar esta transfiguração.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos: Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Ámen.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Col 3, 15a.16a

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 10, 1-12.17-20

«A vossa paz repousará sobre eles»

A palavra de Deus tem como fruto a alegria e a paz, tanto para quem a semeia, como para quem a recebe. Os discípulos que Jesus enviou em missão deram testemunho de que era assim. O Senhor já os tinha prevenido disso. Mas a Palavra de Deus continua hoje com o mesmo vigor; por isso, ela oferece, hoje como sempre, aos que a escutam a mesma paz e a mesma alegria.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: ‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’. Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade». Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que a oblação consagrada ao vosso nome nos purifique e nos conduza, dia após dia, a viver mais intensamente a vida da graça.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 9
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.

Ou - Mt 11, 28
Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos,
e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciastes com estes dons tão excelentes, fazei que alcancemos os benefícios da salvação e nunca cessemos de cantar os vossos louvores.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.