sábado, 27 de abril de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO II DA PÁSCOA ou da Divina Misericórdia






PÁSCOA DO SENHOR, NOVA CRIAÇÃO E NOVO ÊXODO
Hoje ressoa na Igreja o anúncio pascal: Cristo ressuscitou; ele vive para além da morte; é o Senhor dos vivos e dos mortos. Na noite mais clara que o dia, a palavra omnipotente de Deus que criou os céus e a terra e formou o homem à sua imagem e semelhança chama a uma vida imortal o homem novo, Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho de Maria.

Nele, a semente da vida divina, depositada inicialmente na criatura, atinge uma maturação pessoal única, porque nele habita a plenitude da divindade, a do Filho Unigénito. A humanidade vê realizada, por dom de Deus, a grande e secreta esperança: uma terra e céus “novos”, um mundo sem luto e sem lágrimas, paz e justiça, alegria e vida sem sombra e sem fim. Tudo isto, porém, não é visível; só aos olhos de quem crê é dado discernir os traços da nova criatura que se está a formar na obscuridade e no trabalho da existência terrena. A morte é vencida pela morte livremente aceite por Jesus; mas ela continua a agir até que tudo seja cumprido. O pecado é vencido pelo sacrifício do inocente; mas o “mistério da iniquidade acompanha a existência humana até ao último dia. No Senhor ressuscitado, a morte e o pecado encontram um sentido aceitável, inserem-se num desígnio cheio de sabedoria e de amor, já não causam mais medo, porque pertencem ao velho mundo de que fomos libertados.”

Ao contrário da vida natural, que nos é dada sem o nosso consentimento, na nova existência só se pode entrar com uma adesão consciente e livre à proposta de renascer através da conversão e do baptismo. (Isto é evidente no caso dos adultos; quanto às crianças, baptizadas na fé dos pais e da comunidade, o caso é análogo ao primeiro dom da vida, em que a resposta pessoal amadurece graças à educação). Assim, para cada um dos que crêem, a Páscoa é a passagem de um modo de viver para outro; é saída do Egipto e imersão no mar Vermelho e o caminho pelo deserto até à terra da promessa. Numa palavra, é o êxodo “deste mundo ao Pai” (cf Jo 13,1; Lc 9,31), no seguimento do Cristo, cabeça do novo povo, animado pelo sopro vital do seu Espírito. Baptizados na sua morte e ressurreição, devemos começar a “caminhar em novidade de vida” de filhos de Deus. O nosso “êxodo” coincide com a duração da vida, até a maturidade, até a última “passagem” da morte; o nosso crescimento dá-se conforme a correspondência à lei da vida divina em nós, isto é, do amor. Aqui está toda a moral “pascal”; não numa série de preceitos, mas num só mandamento, formulado para cada pessoa e para cada comunidade na variedade das situações de um diálogo incessante entre o Pai e os filhos; encontrando a nossa alegria, como Cristo, na sintonia com os seus planos de salvação; abandonando para trás, como Cristo, as formas caducas da religiosidade natural, para viver na fé, oferecendo toda a nossa pessoa como sacrifício espiritual; como Cristo, fiéis ao Pai e fiéis ao homem.

Porque “o homem novo é o homem verdadeiro, assim como Deus o concebeu desde toda a eternidade, é o homem fiel à vocação de homem. O homem novo não é “outro” homem, alienado da condição terrestre para ser posto num paraíso qualquer. A oposição acha-se entre o pecado e a graça; o homem velho vive na ilusão de poder realizar o seu destino incorrendo unicamente nos seus recursos; o homem novo realiza perfeitamente a vontade de Deus, único que pode admiti-lo à condição “filial”; sabe que o conteúdo da sua fidelidade à vocação recebida reside na obediência à condição terrena até à morte; sabe que este “sim” da criatura constitui o suporte necessário do “sim” do filho adoptivo de Deus” (J. Frisque). Esta é a “novidade” de que os cristãos são “testemunhas” no mundo.

NOTA:
Mas por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todos os anos?
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 Março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Niceia em 325 d.C., definir a Páscoa relacionada com uma Lua imaginária - conhecida como a "lua eclesiástica").

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – 1 Pedro 2, 2
Como crianças recém-nascidas, desejai o leite espiritual,
que vos fará crescer e progredir no caminho da salvação. Aleluia.

Ou – Esd 2, 36-37

Exultai de alegria, cantai hinos de glória.
Dai graças a Deus, que vos chamou ao reino eterno. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de eterna misericórdia, que reanimais a fé do vosso povo na celebração anual das festas pascais, aumentai em nós os dons da vossa graça, para compreendermos melhor as riquezas inesgotáveis do Baptismo com que fomos purificados, do Espírito em que fomos renovados e do Sangue com que fomos redimidos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 5, 12-16

«Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé, uma multidão de homens e mulheres»

Uma das características mais salientes da comunidade primitiva era o poder de realizar milagres, que os Apóstolos tinham. Por esse poder especial, a presença de Jesus Ressuscitado impunha-se duma forma sensível. Era d’Ele que lhes vinha, com efeito, esse poder, de harmonia com o que lhes havia prometido (Mc. 16, 18).
Mas não era apenas graças a estes prodígios que o número de crentes aumentava. A Igreja crescia ainda mais, graças à acção, que os Apóstolos exerciam sobre os corações, com o dom do Espírito Santo.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo. Unidos pelos mesmos sentimentos, reuniam-se todos no Pórtico de Salomão; nenhum dos outros se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo enaltecia-os. Uma multidão cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor pela fé, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Das cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118), 2-4.22-24.25-27ª (R. 1)

Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. (Repete-se).

Ou: Aclamai o Senhor, porque Ele é bom: o seu amor é para sempre. Repete-se (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia. (Refrão)

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. (Refrão)

Senhor, salvai os vossos servos,
Senhor, dai-nos a vitória.
Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
O Senhor é Deus
e fez brilhar sobre nós a sua luz. (Refrão)


LEITURA II – Ap 1, 9-11a.12-13.17-19

«Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos»


A fé dos cristãos da Ásia Menor, naqueles fins do século I, estava exposta a sérios perigos. Ao golpe da perseguição vinha juntar-se a ameaça de erros doutrinais (1 Jo. 2, 22-23).
Desejando confortar os seus irmãos, o Apóstolo S. João dirige-se-lhes, da ilha de Patmos, onde está exilado, para lhes garantir, por revelação divina, que Cristo Ressuscitado, vencedor da morte, está presente nas comunidades cristãs, que vivem d’Ele, de tal sorte que as potências do mal serão vencidas e a Igreja triunfará com Cristo.


Leitura do Livro do Apocalipse
Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, semelhante à da trombeta, que dizia: «Escreve num livro o que vês e envia-o às sete Igrejas». Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um filho do homem, vestido com uma longa túnica e cingido no peito com um cinto de ouro. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Mas ele poisou a mão direita sobre mim e disse-me: «Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e da morada dos mortos. Escreve, pois, as coisas que viste, tanto as presentes como as que hão-de acontecer depois destas».
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 20, 29

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 20, 19-31

«Oito dias depois, veio Jesus...»

À semelhança de Tomé, muitas vezes, na nossa vida nos deixamos dominar pelo desânimo, chegando mesmo a afastarmo-nos dos irmãos.
Se acreditássemos, verdadeiramente, na Ressurreição, a nossa existência estaria marcada por essa consoladora realidade. A alegria pascal seria uma constante, em todos os momentos; a fé na vida prevaleceria sobre o desânimo, sobre o cansaço; a união na Igreja seria mais autêntica, mais forte; e as relações entre os crentes não seriam envenenadas pelo individualismo, mas inspiradas pelo desejo de tudo co dividirmos com aqueles que receberam a mesma vida nova, a vida de Cristo Ressuscitado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai benignamente, Senhor, as ofertas do vosso povo
[e dos vossos novos filhos], de modo que, renovados pela profissão da fé e pelo Baptismo, mereçamos alcançar
a bem-aventurança eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 20, 27
Disse Jesus a Tomé:
Com a tua mão reconhece o lugar dos cravos.
Não sejas incrédulo, mas fiel. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Deus todo-poderoso, que a força do sacramento pascal que recebemos permaneça sempre em nossas almas.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 20 de abril de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO DE PÁSCOA




JESUS NÃO ESTÁ MORTO, RESSUSCITOU

A fé na ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está vivo, e o discípulo que o ama intui essa realidade. A vida de Jesus foi uma doação de amor total aos que lhe estavam próximos e às multidões com as quais se comunicava. Os discípulos que com ele conviveram, desde o baptismo de João até à crucificação, tiveram uma experiência mais profunda deste amor. O próprio Jesus afirmou a sua comunhão de amor e vida eterna com o Pai e revelou aos discípulos o caminho para esta comunhão. Após a crucificação, com o amadurecimento da experiência que tiveram com Jesus, estes discípulos o reencontram “de pé” (anistémi ou egeiró, colocar-se de pé; traduzido por ressuscitar), enviando-os em missão. Entre as primeiras comunidades de discípulos circulavam duas tradições. Segundo uma delas, após a crucificação, tendo Jesus sido sepultado no penúltimo dia da semana, seu túmulo foi encontrado vazio pelas mulheres que para aí se dirigiram ao amanhecer do segundo dia que se seguiu. Era sinal de que ele se tinha “levantado” ou ressuscitado. Conforme a outra tradição, após sua morte e sepultura, Jesus apareceu a alguns de seus discípulos. O texto de hoje, do evangelho de João, apresenta a narrativa do encontro do túmulo vazio. Para o discípulo mais amado por Jesus, a ausência do corpo de Jesus não impediu que ele compreendesse que Jesus continuava presente entre eles. Pela experiência do amor vivido, ele creu. Pedro e os demais ainda não tinham compreendido o sentido da vida de Jesus. Seriam necessárias aparições em que Jesus “se manifestasse, não a todo o povo, mas às testemunhas designadas de antemão por Deus”. Acreditar na ressurreição é crer no dom da vida eterna por graça de Deus. Este dom é-nos concedido a partir da encarnação do Filho de Deus, na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. Jesus, humano e divino, na sua vida terrena já vive a dimensão de eternidade, e nós, como ressuscitados, vivemos com ele. Não é no sepulcro ou no passado que se procura Jesus. É hoje, com a sensibilidade que nos faz perceber a sua presença entre os pobres e excluídos.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 139, 18.5-6
Ressuscitei e estou convosco para sempre; pusestes sobre mim a vossa mão: é admirável a vossa sabedoria.

Ou – Lc 24, 34; cf. Ap 1, 5
O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Glória e louvor a Cristo p

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por Nosso Senhor.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Act. 10, 34a, 37-43


Diante de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia», garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:
– Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.
Pela Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n'O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23

Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. (Repete-se).

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a Sua misericórdia. (Refrão)

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor. (Refrão)

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
e é admirável aos nossos olhos. (Refrão)


LEITURA II – Col. 3, 1-4


Pelo seu Baptismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.
Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça e paz.
Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo.
Feito nova criatura pela Ressurreição de Cristo, o cristão viverá a vida de cada dia, sem perder de vista o fim superior, para que foi criado.


Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Colossenses
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA PASCAL

À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo,
e a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – I Cor 5, 7b-8a

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado:
celebremos a festa do Senhor. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 20, 1-9


Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade.
No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico, descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro¬. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro:¬ viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Exultando de alegria pascal, nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício, no qual tão admiravelmente renasce e se alimenta a vossa Igreja. Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – 1 Cor 5, 7-8
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado: celebremos a festa com o pão ázimo da pureza e da verdade. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, protegei sempre com paternal bondade a vossa Igreja, para que, renovada pelos mistérios pascais, mereça chegar à glória da ressurreição.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.




sábado, 13 de abril de 2019

DOMINGO DE RAMOS





PAIXÃO E MORTE DE JESUS CRISTO, SEGUNDO LUCAS
Compreender
Lc 22,14-23
A última Páscoa celebrada por Jesus indica o sentido da sua morte: ele entrega-se totalmente (corpo e sangue) em favor dos homens. Trata-se dum gesto supremo de amor que liberta os homens de uma vida marcada pelo mal do egoísmo; só assim se constrói a Nova Aliança, que produz a sociedade fundada no dom de si para o bem de todos.
Lc 22,24-30
A Eucaristia torna-se momento de catequese para a comunidade dos que seguem a Jesus. Nessa comunidade, a autoridade não significa poder sobre os irmãos, mas função de serviço a exemplo de Jesus. É somente através do serviço fraterno que os seguidores de Jesus participam da sua autoridade como Rei e Juiz.
Lc 22,31-34
Satanás tenta conquistar, inclusive, os discípulos de Jesus; Pedro chegará a negar três vezes o Mestre. Somente a intercessão de Jesus faz com que ele não perca completamente a fé e assuma corajosamente a própria missão.
Lc 22,35-38
A morte de Jesus inaugura o combate decisivo dentro da história, e os seguidores de Jesus devem estar preparados para enfrentá-lo. Na primeira missão (Lc 10,4-7), nada faltou aos discípulos. Agora, porém, é hora de luta (espada), e cada um deve prover o seu próprio sustento e enfrentar todas as forças que impedem a concretização do Reino.
Lc 22,39-46
É o momento da grande tentação e da decisão definitiva. Diante das consequências de toda a sua vida e acção, Jesus deve escolher entre obedecer à vontade do Pai ou submeter-se ao poder das trevas (cf. Lc 22,53). A oração é a união com Deus que ajuda o homem a manter-se consciente e fiel ao compromisso até o fim.
Lc 22,47-53
Um dos discípulos alia-se ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Um dos presentes tenta defender Jesus com a mesma arma dos opressores. Aquele que realiza o projecto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso. Mas eles não têm coragem de prender Jesus à luz do dia.
Lc 22,54-65
Enquanto Jesus é preso e conduzido á presença das autoridades, Pedro não tem coragem de confessar que é discípulo de Jesus diante de pessoas simples e inofensivas.
Lc 22,66-71
O julgamento diante do Sinédrio mostra quem é Jesus. Ele é o Messias, aquele que vem implantar o reino da justiça. É o Filho do Homem, que vem para julgar os projectos do homem na história e reunir o povo para viver o projecto de Deus. Mais ainda: Jesus é o Filho de Deus, que reúne os homens para formar a grande família em torno do Pai. As autoridades, porém, não aceitam Jesus, nem a sua missão, porque aceitá-lo significaria ser julgado por ele.
Lc 23,1-5
As autoridades querem a morte de Jesus, apresentam-no ao governador romano com três acusações que caracterizam toda a actividade de Jesus como uma grande subversão (“subversão entre o povo), a nível económico (proíbe pagar o tributo), a nível político (afirma ser rei) e a nível ideológico (ensinamentos que provocam revolta). Pilatos, porém, declara a inocência de Jesus.
Lc 23,6-12
As divergências entre Pilatos e Herodes são sanadas, porque Pilatos resolveu respeitar a jurisdição de Herodes. Percebendo que é mero objecto de curiosidade, Jesus permanece calado.
Lc 23,13-25
Tanto Herodes como Pilatos parecem desconhecer o alcance e as consequências políticas, económicas e sociais do projecto de Jesus (23,4.14.15.22), cujo ensinamento religioso representa um perigo para os privilégios das autoridades. Perigo muito maior do que Barrabás conhecido guerrilheiro subversivo.
Lc 23,26-32
Simão Cireneu é o símbolo do verdadeiro discípulo de Jesus (cf. Lc 9,23) – Jesus serviu o projecto de Deus até o fim. Não é pela sua morte que devemos chorar. É preciso chorar diante das consequências acarretadas pela rejeição do projecto de Deus.
Lc 23,33-38
Jesus é crucificado como criminoso, entre criminosos. Por entre a curiosidade do povo e a troça dos chefes e soldados ecoa a palavra de perdão: os responsáveis pela morte de Jesus devem ser perdoados, porque não conhecem a gravidade e as consequências do próprio gesto. O letreiro da cruz, indicando a causa da condenação, proclama para todos a chegada da realeza que dá a vida.
Lc 23,39-43
No momento em que tudo parece perdido, Jesus mostra-se portador da salvação. Ele anunciou a salvação aos pecadores, durante a sua vida; agora, na cruz, oferece-a ao criminoso. Jesus não está sozinho na cruz. Acompanham-no todos aqueles que são condenados por uma sociedade que não aceita o projecto de Deus e que clamam: “Lembra-te de nós!”
Lc 23,44-49
O ponto mais alto do terceiro Evangelho está nestas palavras de Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito”. A morte de Jesus é a sua libertação nas mãos de Deus. Ela aparece como consequência da sua vida e actividade, voltadas para os pobres e oprimidos, provocando a violência do sistema baseado na riqueza e no poder. Essa morte é também libertação, consequência da obediência total e confiante em Deus. Além disso provoca a manifestação da verdade: o povo arrepende-se e um pagão proclama a inocência de Jesus.
Lc 23,50-56
O corpo de Jesus é encerrado num túmulo. Aparentemente, a história acabou e o sistema que condenou Jesus pode ficar tranquilo. Mas as mulheres preparam-se: alguma coisa vai acontecer.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Mt 21, 9
Hossana ao Filho de David.
Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel.
Hossana nas alturas.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is. 50, 4-7

«Não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido»

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo do Senhor”. Este Servo revela-se plenamente em Jesus, na sua Paixão: Ele escuta a palavra do Pai e responde-lhe cheio de confiança, oferecendo-Se, em obediência total, pela salvação dos homens.

Leitura do Livro de Isaías
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24(R. 2a)

Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? (Repete-se).

Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo». (Refrão)

Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. (Refrão)

Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. (Refrão)

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. (Refrão)


LEITURA II – Filip 2, 6-11

«Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou»

Esta leitura é também um cântico, mas agora do Novo Testamento, muito provavelmente em uso nas primitivas comunidades cristãs. Nele é celebrado o Mistério Pascal: Cristo fez-Se um de nós, obedeceu aos desígnios do Pai e humilhou-Se até à morte, e foi, por isso, exaltado até à glória de “Senhor”, que é a própria glória de Deus.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)

Cristo obedeceu até à morte
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 22, 14 – 23, 56


São Lucas é evangelista especialmente culto, pois que, segundo a tradição, era médico, e muito atento a circunstâncias mais significativas da sensibilidade dos participantes da Paixão do Senhor, como na referência às mulheres que desde a Galileia O tinham acompanhado e Lhe saíram ao encontro no caminho do Calvário e O seguiram até à hora da sua morte; é ele o único que refere o suor de sangue na agonia de Jesus, como também a oração do bom ladrão na cruz e o perdão que em resposta o Senhor lhe oferece. Ele é, de facto, o evangelista da misericórdia de Jesus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Quando chegou a hora,
Jesus sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos
e disse-lhes:
J       «Tenho desejado ardentemente
comer convosco esta Páscoa,
antes de padecer;
pois digo-vos que não tornarei a comê-la,
até que se realize plenamente no reino de Deus».
N       Então, tomando um cálice, deu graças e disse:
J       «Tomai e reparti entre vós,
pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira,
até que venha o reino de Deus».

N       Depois tomou o pão e, dando graças,
partiu-o e deu-lho, dizendo:
J       «Isto é o meu Corpo entregue por vós.
Fazei isto em memória de Mim».
N       No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo:
J       «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue,
derramado por vós.
Entretanto, está comigo à mesa
a mão daquele que Me vai entregar.
O Filho do homem vai partir, como está determinado.
Mas ai daquele por quem Ele vai ser entregue!».

N       Começaram então a perguntar uns aos outros
qual deles iria fazer semelhante coisa.
Levantou-se também entre eles uma questão:
qual deles se devia considerar o maior?
Disse-lhes Jesus:
J       «Os reis das nações exercem domínio sobre elas
e os que têm sobre elas autoridade
são chamados benfeitores.
Vós não deveis proceder desse modo.
O maior entre vós seja como o menor
e aquele que manda seja como quem serve.
Pois quem é o maior:
o que está à mesa ou o que serve?
Não é o que está à mesa?
Ora Eu estou no meio de vós
como aquele que serve.
Vós estivestes sempre comigo
nas minhas provações.
E Eu preparo para vós um reino,
como meu Pai o preparou para Mim:
comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino,
e sentar-vos-eis em tronos,
a julgar as doze tribos de Israel.
Simão, Simão, Satanás vos reclamou
para vos agitar na joeira como trigo.
Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.
E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».
N       Pedro respondeu-Lhe:
R       «Senhor, eu estou pronto a ir contigo,
até para a prisão e para a morte».
N       Disse-lhe Jesus:
J       «Eu te digo, Pedro: Não cantará hoje o galo,
sem que tu, por três vezes, negues conhecer-Me».
N       Depois acrescentou:
J       «Quando vos enviei
sem bolsa nem alforge nem sandálias,
faltou-vos alguma coisa?».
N       Eles responderam que não lhes faltara nada.
Disse-lhes Jesus:
J       «Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue nela,
bem como no alforge;
e quem não tiver espada venda a capa e compre uma.
Porque Eu vos digo
que se deve cumprir em Mim o que está escrito:
‘Foi contado entre os malfeitores’.
Na verdade, o que Me diz respeito
está a chegar ao fim».
N       Eles disseram:
R       «Senhor, estão aqui duas espadas».
N       Mas Jesus respondeu:
J       «Basta».

N       Então saiu
e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras
e os discípulos acompanharam-n’O.
Quando chegou ao local, disse-lhes:
J       «Orai, para não entrardes em tentação».
N       Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra
e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo:
J       «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice.
Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua».
N       Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu,
para O confortar.
Entrando em angústia, orava mais instantemente
e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue,
que caíam na terra.

Depois de ter orado,
levantou-Se e foi ter com os discípulos,
que encontrou a dormir, por causa da tristeza.
Disse-lhes Jesus:
J       «Porque estais a dormir?
Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação».
N       Ainda Ele estava a falar,
quando apareceu uma multidão de gente.
O chamado Judas, um dos Doze, vinha à sua frente
e aproximou-se de Jesus, para O beijar.
Disse-lhe Jesus:
J       «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do homem?».
N       Ao verem o que ia suceder,
os que estavam com Jesus perguntaram-Lhe:
R       «Senhor, vamos feri-los à espada?».
N       E um deles feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
Mas Jesus interveio, dizendo:
J       «Basta! Deixai-os».
N       E, tocando na orelha do homem, curou-o.

Disse então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro,
príncipes dos sacerdotes, oficiais do templo e anciãos:
J       «Vós saístes com espadas e varapaus,
como se viésseis ao encontro dum salteador.
Eu estava todos os dias convosco no templo
e não Me deitastes as mãos.
Mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
N       Apoderaram-se então de Jesus,
levaram-n’O e introduziram-n’O em casa do sumo sacerdote.

Pedro seguia-os de longe.
Acenderam uma fogueira no meio do pátio,
sentaram-se em volta dela
e Pedro foi sentar-se no meio deles.
Ao vê-lo sentado ao lume,
uma criada, fitando os olhos nele, disse:
R       «Este homem também andava com Jesus».
N       Mas Pedro negou:
R       «Não O conheço, mulher».
N       Pouco depois, disse outro, ao vê-lo:
R       «Tu também és um deles».
N       Mas Pedro disse:
R       «Homem, não sou».
N       Passada mais ou menos uma hora,
afirmava outro com insistência:
R       «Esse homem, com certeza, também andava com Jesus,
pois até é galileu».
N       Pedro respondeu:
R       «Homem, não sei o que dizes».
N       Nesse instante – ainda ele falava – um galo cantou.
O Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro.
Então Pedro lembrou-se da palavra do Senhor,
quando lhe disse:
‘Antes de o galo cantar, Me negarás três vezes’.
E, saindo para fora, chorou amargamente.

Entretanto, os homens que guardavam Jesus
troçavam d’Ele e maltratavam-n’O.
Cobrindo-Lhe o rosto, perguntavam-Lhe:
R       «Adivinha, profeta: Quem Te bateu?».
N       E dirigiam-Lhe muitos outros insultos.
Ao romper do dia,
reuniu-se o conselho dos anciãos do povo,
os príncipes dos sacerdotes e os escribas.
Levaram-n’O ao seu tribunal e disseram-Lhe:
R       «Diz-nos se Tu és o Messias».
N       Jesus respondeu-lhes:
J       «Se Eu vos disser, não acreditareis
e, se fizer alguma pergunta, não respondereis.
Mas o Filho do homem
sentar-Se-á doravante
à direita do poder de Deus».

N       Disseram todos:
R       «Tu és então o Filho de Deus?».
N       Jesus respondeu-lhes:
J       «Vós mesmos dizeis que Eu sou».
N       Então exclamaram:
R       «Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Nós próprios o ouvimos da sua boca».
N       Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos.
Começaram a acusá-l’O, dizendo:
R       «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo,
a impedir que se pagasse o tributo a César
e dizendo ser o Messias-Rei».
N       Pilatos perguntou-Lhe:
R       «Tu és o Rei dos judeus?».
N       Jesus respondeu-lhe:
J       «Tu o dizes».
N       Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão:
R       «Não encontro nada de culpável neste homem».
N       Mas eles insistiam:
R       «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia,
desde a Galileia, onde começou, até aqui».

N       Ao ouvir isto, Pilatos perguntou
se o homem era galileu;
e, ao saber que era da jurisdição de Herodes,
enviou-O a Herodes,
que também estava nesses dias em Jerusalém.
Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito.
Havia bastante tempo que O queria ver,
pelo que ouvia dizer d’Ele,
e esperava que fizesse algum milagre na sua presença.
Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu.
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam
acusavam-n’O com insistência.
Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo
e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico
e remeteu-O a Pilatos.
Herodes e Pilatos, que eram inimigos,
ficaram amigos nesse dia.
Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes,
os chefes e o povo, e disse-lhes:
R       «Trouxestes este homem à minha presença
como agitador do povo.
Interroguei-O diante de vós
e não encontrei n’Ele
nenhum dos crimes de que O acusais.
Herodes também não,
uma vez que no-l’O mandou de novo.
Como vedes, não praticou nada que mereça a morte.
Vou, portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar».

N       Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso
por ocasião da festa.
E todos se puseram a gritar:
R       «Mata Esse e solta-nos Barrabás».
N       Barrabás tinha sido metido na cadeia
por causa de uma insurreição desencadeada na cidade
e por assassínio.
De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra,
querendo libertar Jesus.
Mas eles gritavam:
R       «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N       Pilatos falou-lhes pela terceira vez:
R       «Mas que mal fez este homem?
Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte.
Por isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N       Mas eles continuavam a gritar,
pedindo que fosse crucificado,
e os seus clamores aumentavam de violência.
Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam:
soltou aquele que fora metido na cadeia
por insurreição e assassínio,
como eles reclamavam,
e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.

Quando O conduziam,
lançaram mão de um certo Simão de Cirene,
que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas,
para a levar atrás de Jesus.
Seguia-O grande multidão de povo
e mulheres que batiam no peito
e se lamentavam, chorando por Ele.
Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
J       «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim;
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos;
pois dias virão em que se dirá:
‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram
e os peitos que não amamentaram’.
Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’;
e às colinas: ‘Cobri-nos’.
Porque, se tratam assim a madeira verde,
que acontecerá à seca?».

N       Levavam ainda dois malfeitores
para serem executados com Jesus.
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores,
um à direita e outro à esquerda.
Jesus dizia:
J       «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».
N       Depois deitaram sortes,
para repartirem entre si as vestes de Jesus.
O povo permanecia ali a observar.
Por sua vez, os chefes zombavam e diziam:
R       «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é o Messias de Deus, o Eleito».
N       Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
R       «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo».
N       Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus».
Entretanto, um dos malfeitores
que tinham sido crucificados
insultava-O, dizendo:
R       «Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
N       Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
R       «Não temes a Deus,
tu que sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça,
pois recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas Ele nada praticou de condenável».
N       E acrescentou:
R       «Jesus, lembra-Te de mim,
quando vieres com a tua realeza».
N       Jesus respondeu-lhe:
J       «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».

N       Era já quase meio-dia,
quando as trevas cobriram toda a terra,
até às três horas da tarde,
porque o sol se tinha eclipsado.
O véu do templo rasgou-se ao meio.
E Jesus exclamou com voz forte:
J       «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito».
N       Dito isto, expirou.

Vendo o que sucedera,
o centurião deu glória a Deus, dizendo:
R       «Realmente este homem era justo».
N       E toda a multidão
que tinha assistido àquele espectáculo,
ao ver o que se passava, regressava batendo no peito.
Todos os conhecidos de Jesus,
bem como as mulheres que O acompanhavam
desde a Galileia,
mantinham-se à distância, observando estas coisas.

Havia um homem chamado José,
da cidade de Arimateia,
que era pessoa recta e justa e esperava o reino de Deus.
Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado
com a decisão e o proceder dos outros.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E depois de o ter descido da cruz,
envolveu-o num lençol
e depositou-o num sepulcro escavado na rocha,
onde ninguém ainda tinha sido sepultado.
Era o dia da Preparação
e começavam a aparecer as luzes do sábado.
Entretanto,
as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia
acompanharam José e observaram o sepulcro
e a maneira como fora depositado o corpo de Jesus.
No regresso, prepararam aromas e perfumes.
E no sábado guardaram o descanso,
conforme o preceito.
Palavra da salvação.

EVANGELHO – Forma breve        Lc 23, 1-49
N       Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Lucas

Naquele tempo,
levantaram-se os anciãos do povo,
os príncipes dos sacerdotes e os escribas,
levaram Jesus a Pilatos
e começaram a acusá-l’O, dizendo:
R       «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo,
a impedir que se pagasse o tributo a César
e dizendo ser o Messias-Rei».
N       Pilatos perguntou a Jesus:
R       «Tu és o Rei dos judeus?».
N       Jesus respondeu:
J       «Tu o dizes».
N       Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão:
R       «Não encontro nada de culpável neste homem».
N       Mas eles insistiam:
R       «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia,
desde a Galileia, onde começou, até aqui».
N       Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu;
e, ao saber que era da jurisdição de Herodes,
enviou-O a Herodes,
que também estava nesses dias em Jerusalém.
Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito.
Havia bastante tempo que O queria ver,
pelo que ouvia dizer d’Ele,
e esperava que fizesse algum milagre na sua presença.
Fez-Lhe muitas perguntas; mas Ele nada respondeu.
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam
acusavam-n’O com insistência.
Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo
e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico
e remeteu-O a Pilatos.
Herodes e Pilatos, que eram inimigos,
ficaram amigos nesse dia.
Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes,
os chefes e o povo, e disse-lhes:
R       «Trouxestes este homem à minha presença
como agitador do povo.
Interroguei-O diante de vós
e não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais.
Herodes também não,
uma vez que no-l’O mandou de novo.
Como vedes, não praticou nada que mereça a morte.
Vou, portanto, soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N       Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso
por ocasião da festa.
E todos se puseram a gritar:
R       «Mata Esse e solta-nos Barrabás».
N       Barrabás tinha sido metido na cadeia
por causa de uma insurreição desencadeada na cidade
e por assassínio.
De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra,
querendo libertar Jesus.
Mas eles gritavam:
R       «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N       Pilatos falou-lhes pela terceira vez:
R       «Mas que mal fez este homem?
Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte.
Por isso vou soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
N       Mas eles continuavam a gritar,
pedindo que fosse crucificado,
e os seus clamores aumentavam de violência.
Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam:
soltou aquele que tinha sido metido na cadeia
por insurreição e assassínio,
como eles reclamavam,
e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.
Quando O conduziam,
lançaram mão de um certo Simão de Cirene,
que vinha do campo,
e puseram-lhe a cruz às costas,
para a levar atrás de Jesus.
Seguia-O grande multidão de povo
e mulheres que batiam no peito
e se lamentavam, chorando por Ele.
Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
J       «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim;
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos.
Pois dias virão em que se dirá:
‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram
e os peitos que não amamentaram’.
Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’;
e às colinas: ‘Cobri-nos’.
Porque se tratam assim a madeira verde,
que acontecerá à seca?».
N       Levavam ainda dois malfeitores
para serem executados com Jesus.
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores,
um à direita e outro à esquerda.
Jesus dizia:
J       «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».
N       Depois deitaram sortes,
para repartirem entre si as vestes de Jesus.
O povo permanecia ali a observar.
Por sua vez, os chefes zombavam e diziam:
R       «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é o Messias de Deus, o Eleito».
N       Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
R       «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo».
N       Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus».
Entretanto, um dos malfeitores
que tinham sido crucificados
insultava-O, dizendo:
R       «Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
N       Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
R       «Não temes a Deus,
tu que sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça,
pois recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas Ele nada praticou de condenável».
N       E acrescentou:
R       «Jesus, lembra-Te de mim,
quando vieres com a tua realeza».
N       Jesus respondeu-lhe:
J       «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
N       Era já quase meio-dia,
quando as trevas cobriram toda a terra,
até às três horas da tarde,
porque o sol se tinha eclipsado.
O véu do templo rasgou-se ao meio.
E Jesus exclamou com voz forte:
J       «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito».
N       Dito isto, expirou.
Vendo o que sucedera,
o centurião deu glória a Deus, dizendo:
R       «Realmente este homem era justo».
N       E toda a multidão que tinha assistido àquele espectáculo,
ao ver o que se passava, regressava batendo no peito.
Todos os conhecidos de Jesus,
bem como as mulheres que O acompanhavam
desde a Galileia,
mantinham-se à distância, observando estas coisas.

Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Pela paixão do vosso Filho Unigénito, apressai, Senhor, a hora da nossa reconciliação: concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a misericórdia que nossos pecados não merecem.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 25, 42
Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-Se a tua vontade.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com estes dons sagrados, nós Vos pedimos, Senhor: assim como, pela morte do vosso Filho, nos fizestes esperar o que a nossa fé nos promete, fazei-nos também chegar, pela sua ressurreição, às alegrias do reino que esperamos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.