DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM – ano C – 27OUT2019
O PUBLICANO
DESCEU JUSTIFICADO PARA SUA CASA. O FARISEU NÃO
Não se trata de se humilhar de uma maneira masoquista e
penitencial, mas de ser o que se é, e realmente ser, reconhecê-lo diante de
Deus (isto é, diante de si mesmo, diante dos outros), vivendo dessa maneira.
O publicano do evangelho aceita o que sabe, ele reconhece-se
em Deus, ele pode realmente viver, em si mesmo, diante dos outros. Pelo
contrário, o fariseu, um profissional em oração, ressurge neste caso como um
mentiroso: ele mente diante de Deus, ele mente para si mesmo e despreza aqueles
que acha que não são do seu nível social.
Obrigado, porque não sou como os outros – ladrões,
injustos, adúlteros.
Sem dúvida, este fariseu cumpre a lei com os seus
mandamentos (como o bom rico do seguinte texto: Lc 18, 18-31). Mas, como Paulo
sabe, uma lei bem cumprida, de maneira legalista, leva à morte, porque acaba
dividindo os homens entre os que cumprem e os que não cumprem, entre os limpos
e os maculados (expulsando aqueles que não são importantes para o seu meio).
Os “executantes” podem usar a lei para ter sucesso,
impondo-se aos outros, sem piedade. Entre eles está este fariseu, que veio
dizer a Deus que ele triunfou e agradecer por isso.
A lei é boa, continuaria Jesus a dizer, mas entendida como é
entendida por este fariseu, torna-se uma arma terrível, ao serviço da própria
segurança e do desprezo pelos outros.
Essa pode ser a lei de um tipo de político que busca a sua
própria justificação em detrimento de outros..., para aqueles que culpam tudo.
Esta é a lei do “bom capitalismo” que pensa que está certa
no que faz (e até paga impostos, como justiça “religiosa” e financia procissões
e manifestações de triunfo religioso!), mas condena milhões de pessoas à
pobreza…
É a lei dos líderes do templo que administram com boa
consciência o seu dinheiro e a sua memória histórica, para condenar outros
(ladrões, injustos, adúlteros ...!). Entre eles está esse bom fariseu que não
comete adultério com as mulheres dos outros (ele cumpre a lei!), Mas talvez ele
não ame a si próprio (ou algum) com ternura e igualdade, e talvez “se divirta”
com mulheres livres ou prostitutas (isso não é adultério!), não importa o que
sintam, o que pensem.
Não é como aquele publicano.
A visão do publicano confirma-o na justiça e no valor dele.
A visão do publicano permite que ele viva mais calmo, seja quem ele for e comporta-se
como se comporta..., porque existem publicanos e prostitutas no mundo que
querem usar sem arrependimentos, porque são ruins e merecem o que têm (ou seja,
o que não têm).
Esse fariseu precisa ser divulgado, para cobrar os seus
impostos e conduzir os seus negócios sujos; ele precisa (provavelmente) da
prostituta (pelo menos para os seus empreendimentos morais: sentir-se bem). No
fundo, ele mesmo está dizendo (sem perceber) que a sua “justiça” está montada
na injustiça de outros, uma injustiça que ele está propiciando, dentro de um
sistema religioso endossado pelo templo (um templo para o serviço dos fariseus).
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança
e a caridade; e para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que
mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Sir
35, 15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18)
«A
oração do humilde atravessa as nuvens»
Deus é a própria
Verdade; diante d’Ele o homem deve agir com toda a verdade, sob pena de não ser
acolhido por Ele. A oração deve ser o momento mais verdadeiro diante de Deus. E
a oração humilde será sempre escutada por Deus.
Leitura
do Livro de Ben-Sirá
O
Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas. Não favorece ninguém em
prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. Não despreza a súplica do
órfão, nem os gemidos da viúva. Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua
prece sobe até às nuvens. A oração do humilde atravessa as nuvens e não
descansa enquanto não chega ao seu destino. Não desiste, até que o Altíssimo o
atenda, para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 33 (34), 2-3.17-18.19.23 (R. 7a)
Refrão: O pobre clamou e
o Senhor ouviu a sua voz. (Repete-se)
Ou: O Senhor ouviu o clamor do pobre. (Repete-se)
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. (Refrão)
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias. (Refrão)
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele confiam. (Refrão)
LEITURA II – 2 Tim 4, 6-8.16-18
«Já me está
preparada a coroa da justiça»
A leitura
faz-nos escutar a última mensagem de S. Paulo antes de sofrer o martírio:
abandonado dos homens, ele sente-se plenamente confiante na justiça de Deus que
nunca o abandonou nem abandonará.
Leitura
da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo:
Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me
está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há-de dar
naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor
a sua vinda. Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me
abandonaram. Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada. O Senhor esteve
a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do
Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem; e eu fui
libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a
salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen.
Palavra do Senhor
ALELUIA – 2 Cor 5, 19
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo
e confiou-nos a palavra da reconciliação. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 18,
9-14
«O publicano
desceu justificado para sua casa e o fariseu não»
Jesus
ensina, por meio de uma parábola, como devemos orar. Este ensinamento não se
aplica somente à oração individual, mas também à oração da assembleia
litúrgica, onde os sinais de festa hão-de proceder sempre de um coração humilde
e consciente do dom de Deus, que comunitariamente celebramos.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e
desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu
e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças
por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem
como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os
meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a
erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão
de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa
e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se
humilha será exaltado».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos
e fazei que a celebração destes mistérios
dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 19, 6
Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.
Ou: Ef 5, 2
Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem
em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos
nestes santos mistérios.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade
do Espírito Santo.