domingo, 31 de janeiro de 2021

ENSINAVA-OS COMO QUEM TEM AUTORIDADE

 

DOMINGO IV DO TEMPO COMUM – ano B – 31JAN2021

MISSA

 ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 105, 47

Salvai-nos, Senhor nosso Deus,

e reuni-nos de todas as nações,

para dar graças ao vosso santo nome e nos alegrarmos no vosso louvor.

 

ORAÇÃO COLECTA

Concedei, Senhor nosso Deus que Vos adoremos de todo o coração e amemos todos os homens com sincera caridade.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Deut 18, 15-20

 

«Farei surgir um profeta e porei as minhas palavras na sua boca»

 

A leitura evangélica vai apresentar Jesus como Mestre a ensinar. É o que também significa a palavra do profeta, aquele que fala em nome de Deus. Profeta foi no Antigo Testamento Moisés. Mas é o próprio Moisés quem, nesta leitura, anuncia o aparecimento de outro profeta, que surgirá depois dele. Todo o povo do Antigo Testamento o esperou, embora não o tivesse sabido reconhecer na pessoa de Jesus de Nazaré. Admirável é que Deus fale aos homens por meio de outros homens; mas as palavras que eles hão-de dizer são as palavras de Deus. Como Deus tudo faz para que a sua palavra esteja perto de nós!

 

Leitura do Livro do Deuteronómio

Moisés falou ao povo, dizendo: «O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)

 

Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. (Repete-se)

 

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,

aclamemos a Deus, nosso Salvador.

Vamos à sua presença e dêmos graças,

ao som de cânticos aclamemos o Senhor. (Refrão)

 

Vinde, prostremo-nos em terra,

adoremos o Senhor que nos criou;

pois Ele é o nosso Deus

e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. (Refrão)

 

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:

«Não endureçais os vossos corações,

como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,

onde vossos pais Me tentaram e provocaram,

apesar de terem visto as minhas obras». (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Cor 7, 32-35

 

«A virgem preocupa-se com os interesses do Senhor, para ser santa»

 

O Apóstolo deseja que os cristãos vivam sem estarem prisioneiros de preocupações que os impeçam de servirem ao Senhor em liberdade de espírito. Por isso, vê no celibato consagrado ao Senhor, portanto por motivos de fé e de amor, uma forma superior de consagração de toda a pessoa, em corpo e espírito, ao serviço de Deus, mas que é sempre um dom seu.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Mt 4, 16

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz;

para aqueles que habitavam

na sombria região da morte

uma luz se levantou. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 1, 21-28

 

«Ensinava-os como quem tem autoridade»

 

O ensino de Jesus reveste-se de autoridade única, porque Ele é o Filho, Enviado de Deus, e, por isso, as suas palavras são a própria Palavra de Deus. Ele é realmente o Profeta por excelência. Para os escribas, que ensinavam as Escrituras, a autoridade vinha-lhes das mesmas Escrituras e da tradição; para Jesus a autoridade vem-lhe de Ele ser o Filho de Deus e seu Messias. Para o manifestar, Jesus expulsa o demónio, mostrando assim que o poder demoníaco cessa diante do seu poder. Ele é “o mais forte”, como noutra passagem se diz.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

JESUS VENCE A ALIENAÇÃO

 

A acção demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas, etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma acção de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com a sua acção Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase “Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?” pode ser assim desdobrada: “Que existe em comum entre nós?”; “O que vós quereis fazer connosco?”; “Qual a sua intenção a nosso respeito?”. Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro o escravizava. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro afastava-as sempre mais do projecto do Pai, numa frontal afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau. À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido. Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. Ser discípulo cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que agem dentro de nós. A autoridade com que Jesus falava e realizava milagres chamava a atenção das pessoas. Embora houvesse muitos mestres e se tivesse notícia de indivíduos capazes de operar prodígios, ele distinguia-se de todos os demais. Não era um milagreiro qualquer, nem um rabi como tantos outros. Em que consistia a sua originalidade? As palavras e as acções de Jesus apontavam para algo que o superava. Não correspondiam àquilo que se podia esperar de um ser humano comum. Por exemplo, o modo como se defrontava com os espíritos imundos, e os submetia destemidamente, tinha algo de insólito. O segredo de tudo isto é que Jesus era detentor de um poder, recebido de Deus. Era o Pai mesmo quem agia por meio do Filho. Por isso, o povo percebia existir algo de especial no que ele fazia. O próprio Jesus afirmava não agir por conta própria, e sim, por iniciativa divina. Jamais dissera estar nele a fonte de seu poder. Antes, buscava sempre levar os seus ouvintes e espectadores a atribuir a Deus tudo o que viam e ouviam. As acções do Mestre eram verdadeira revelação do Pai. Ao constatar que Jesus ensinava, com autoridade, uma doutrina nova, as pessoas podiam reconhecer, logo, a acção de Deus no meio delas.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Apresentamos, Senhor, ao vosso altar os dons do vosso povo santo; aceitai-os benignamente e fazei deles o sacramento da nossa redenção.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 17-18

Fazei brilhar sobre mim o vosso rosto,

salvai-me, Senhor, pela vossa bondade

e não serei confundido por Vos ter invocado.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Fortalecidos pelo sacramento da nossa redenção, nós Vos suplicamos, Senhor, que, por este auxílio de salvação eterna, cresça sempre no mundo a verdadeira fé.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 24 de janeiro de 2021

ARREPENDEI-VOS E ACREDITAI NO EVANGELHO

  

DOMINGO III DO TEMPO COMUM – ano B – 24JAN2021

MISSA

 ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 95, 1.6

Cantai ao Senhor um cântico novo,

cantai ao Senhor, terra inteira.

Glória e poder na sua presença,

esplendor e majestade no seu templo.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus todo-poderoso e eterno, dirigi a nossa vida segundo a vossa vontade, para que mereçamos produzir abundantes frutos de boas obras, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Jonas 3, 1-5.10

 

«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»

 

O “Tempo Comum” retoma, em cada ano, a leitura de um dos Evangelhos chamados sinópticos: este ano, o de S. Marcos, a partir precisamente deste terceiro Domingo. Como é conhecido, no Tempo Comum a primeira leitura é normalmente escolhida em ligação com a do Evangelho. Ora, S. Marcos começa o seu Evangelho pelo grande convite de Jesus à penitência, isto é, à conversão. Daí que esta primeira leitura nos apresente igualmente a mensagem da penitência, tão claramente anunciada pelo profeta e tão exemplarmente escutada por aqueles a quem ele a dirigiu.

 

Leitura da Profecia de Jonas

A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar, dizendo: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25), 4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a)

 

Refrão: Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos. (Repete-se)

 

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,

ensinai-me as vossas veredas.

Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,

porque Vós sois Deus, meu Salvador. (Refrão)

 

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias

e das vossas graças, que são eternas.

Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,

por causa da vossa bondade, Senhor. (Refrão)

 

O Senhor é bom e recto,

ensina o caminho aos pecadores.

Orienta os humildes na justiça

e dá-lhes a conhecer os seus caminhos. (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Cor 7, 29-31

 

«O cenário deste mundo é passageiro»

 

Como já no Domingo anterior, a secção da carta apostólica que lemos como segunda leitura começa por se ocupar de casos concretos da comunidade a quem se dirige. Hoje, a propósito da atitude dos cristãos perante o casamento e o celibato consagrado, de que tratará no próximo Domingo, o Apóstolo começa por nos fazer reflectir sobre o sentido não definitivo da vida neste mundo.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Mc 1, 15

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

Está próximo o reino de Deus;

arrependei-vos e acreditai no Evangelho. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 1, 14-20

 

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho»

 

A Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo traz aos homens um ideal novo e nova luz para os seus caminhos. É por este caminho novo, que a palavra do Filho de Deus lhes aponta, que os homens hão-de sair da prisão escura em que o pecado os mantém e ser conduzidos ao mundo novo a que o Senhor os quer levar. Para isso, é necessário deixar para trás muita coisa e seguir o Senhor que chama, como logo fizeram os primeiros discípulos que Jesus chamou e que logo O seguiram.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

OS SEGUIDORES DE JESUS

 

João Baptista foi preso por Herodes que, como os chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão, Jesus retorna à Galileia, que é um território predominantemente gentílico. Aí, Jesus desenvolve o seu ministério, com o mesmo anúncio de João Baptista, da proximidade do Reino e da conversão à justiça. Marcos, bem como Mateus e Lucas, narram o chamamento dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galileia. O evangelho de João narra este chamamento já na ocasião do baptismo de Jesus, quando alguns discípulos de João Baptista se dispõem a seguir Jesus. O chamamento, narrado em estilo sumário, na realidade fez-se num clima de diálogo e conhecimento mútuo. Assim como Jesus abandonou a sua rotina de vida em Nazaré, também os seus discípulos abandonam o seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo, mas para iniciarem uma nova prática social alternativa, de justiça e paz. As primeiras palavras de Jesus apresentam a chave para interpretar toda a sua actividade; Cumprimento: em Jesus, Deus entrega-se totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir: o Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a acção de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. O chamamento dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma acção transformadora. Dois traços marcaram o ministério de Jesus desde os seus primórdios. Ele não foi um pregador solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem partilhá-la com ninguém. Pelo contrário, quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo a sua missão. Os escolhidos foram pessoas simples, pescadores do lago da Galileia, cujas vidas se transformaram totalmente, a partir do encontro com o Senhor. Eles foram convidados a deixar tudo e seguir o Mestre, que lhes deu como missão saírem pelo mundo, atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo despontou para eles. O desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade. Nada os impediu de romper com o mundo e seguir o Mestre. Outro traço do ministério de Jesus: ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o Senhor deu a entender que a sua obra deveria ser levada adiante e expandir-se a partir da sementezinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada do Reino e realizou sinais indicadores da sua presença. Durante a sua vida terrena, não se poupou para fazer o Reino acontecer. Agora, cabia aos discípulos levar adiante o anúncio da Boa-Nova, para que o apelo do Reino atingisse a todos, sem distinção. Jesus colocou diante deles um mar diferente, a humanidade inteira, onde a função de pescadores haveria de continuar. Era hora de pescar muitas pessoas para Deus.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Aceitai benignamente, e santificai Senhor, os nossos dons, a fim de que se tornem para nós fonte de salvação.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 6

Voltai-vos para o Senhor e sereis iluminados,

o vosso rosto não será confundido.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Deus omnipotente, nós Vos pedimos que, tendo sido vivificados pela vossa graça, nos alegremos sempre nestes dons sagrados.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

FORAM VER ONDE MORAVA E FICARAM COM ELE


 DOMINGO II DO TEMPO COMUM – ano B – 17JAN2021

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 65, 4

Toda a terra Vos adore, Senhor,

e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus eterno e omnipotente, que governais o céu e a terra, escutai misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – 1 Sam 3, 3b-10.19.

 

« Falai, Senhor, que o vosso servo escuta»

 

A leitura do Evangelho continua ainda a fazer a “manifestação” ou “epifania” do Senhor. E apresenta-O hoje como Aquele que vem chamar os homens para os reunir em volta de Si. A palavra de Jesus é a voz do Pai chamando os homens à grande assembleia do seu povo. Mas antes de o Filho vir ao mundo, já a palavra de Deus se fizera ouvir e chamava os homens. E os que a ouviram e lhe responderam ficaram sendo o modelo dos verdadeiros discípulos do Senhor, como Samuel.

 

Leitura do Primeiro Livro de Samuel

Naqueles dias, Samuel dormia no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39 (40), 2.4ab.7-8a.8b-9.10-11 (R. 8a.9a)

 

Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade. (Repete-se)

 

Esperei no Senhor com toda a confiança

e Ele atendeu-me.

Pôs em meus lábios um cântico novo,

um hino de louvor ao nosso Deus. (Refrão)

 

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,

mas abristes-me os ouvidos;

não pedistes holocaustos nem expiações,

então clamei: «Aqui estou». (Refrão)

 

«De mim está escrito no livro da Lei

que faça a vossa vontade.

Assim o quero, ó meu Deus,

a vossa lei está no meu coração». (Refrão)

 

«Proclamei a justiça na grande assembleia,

não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.

Não escondi a justiça no fundo do coração,

proclamei a vossa bondade e fidelidade» (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Cor 6, 13c-15a.17-20

 

«Os vossos corpos são membros de Cristo»

 

A Primeira Epístola aos Coríntios, por ser bastante longa, é lida, repartida em três partes, no princípio do Tempo Comum de cada um dos três anos A, B, e C. Continuamos, por isso, este ano, a leitura começada no ano anterior. A passagem que hoje se lê fala-nos do respeito que havemos de ter pela pessoa humana total. A fé cristã não se afirma apenas no espírito, mas também no corpo, templo, como é, do Espírito de Deus, e destinado à glória futura que em nós se há-de manifestar.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito. Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo; mas o que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Jo 1, 41.17b

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

Encontramos o Messias, que é Jesus Cristo.

Por Ele nos veio a graça e a verdade. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Jo 1, 35-42

 

«Foram ver onde morava e ficaram com Ele»

 

Jesus vem ao mundo. A sua vinda é dom gratuito, que quer ser aceite pelos homens. De facto, se muitos O não reconheceram, outros O procuraram e ficaram junto d’Ele. A alguns, o Senhor chama-os a segui-l’O, de mais perto, para o serviço em favor do seu reino e da salvação dos homens. Este chamamento exige, por vezes, transformação profunda na vida: a Simão até o nome lhe foi mudado.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

O encontro com o Messias

 

“O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta ele fá-la a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele pergunta-nos sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece connosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento acerca dele. João Baptista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; desta forma convida os seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacob, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra e o céu (Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. João repete a apresentação de Jesus: “Eis o cordeiro de Deus!”. Nessa expressão, que tem raízes na prática sacrifical do Antigo Testamento, podemos ver uma inversão do sentido: no regime da Lei e do Templo, o sacerdote sacrificava um cordeiro para reparação de pecados contra as observâncias da Lei. Agora, Jesus, que vem anunciar o perdão dos pecados e a libertação da opressão da Lei, será sacrificado pelos sacerdotes que procuram manter o seu poder e privilégios. A formação dos discípulos de Jesus tem início nos discípulos de João Baptista. A partir do breve diálogo, dois discípulos vão onde Jesus morava e permanecem com ele. A adesão a Jesus dá-se a partir de relações pessoais, num processo comunitário. Ir, ver e estar com Jesus é fonte de experiência de Deus e move-nos para comunicarmos com os irmãos, formando novas comunidades de vida. O encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos é apresentado sob uma luz messiânica. Dois discípulos de João Baptista, um dos quais era André, seguiram o novo Mestre, assim que foram informados tratar-se do “Cordeiro de Deus”. Encontrando-se com Simão Pedro, André, seu irmão, anuncia-lhe ter encontrado o Messias. O desejo de conhecer Jesus fez com que os dois primeiros discípulos o seguissem e ficassem com ele um dia inteiro. Foram movidos por um interesse que ia muito além de constatar as condições de vida do novo Mestre. Eles queriam averiguar em que sentido ele era o “Cordeiro de Deus”. O diálogo com Jesus serviu para esclarecer a sua condição de “enviado”, com a tarefa precisa de reconciliar a humanidade pecadora com o Pai, eliminando o pecado que impede o ser humano de ter acesso a Deus. A libertação do passado continuava a efectivar-se no presente, por meio do ministério de Jesus. A sua condição de “Cordeiro” era claro indício de que a salvação comportaria sacrifício e morte. Se quisessem tornar-se seus discípulos, André e João deveriam considerar, desde logo, este aspecto do seguidor. Convivendo com o Mestre, apreenderam tratar-se do Messias. É por isso que André, plenamente convicto, foi ter com o seu irmão Simão para lhe dar a notícia: “Nós encontramos o Messias”. Movido por esta certeza, Simão não hesitou em deixar o antigo mestre, João Baptista, e, começar uma vida totalmente nova.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Concedei-nos, Senhor, a graça de participar dignamente nestes mistérios, pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício realiza-se a obra da nossa redenção.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 22, 5

 

Para mim preparais a mesa

e o meu cálice transborda.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Infundi em nós, Senhor, o espírito da vossa caridade, para que vivam unidos num só coração e numa só alma aqueles que saciastes com o mesmo pão do Céu.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 10 de janeiro de 2021

ELE BAPTIZAR-VOS-Á NO ESPÍRITO SANTO

 

DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR – ano B – 10JAN2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Mt 3, 16-17

Depois do Baptismo do Senhor, abriram-se os Céus. Sobre Ele desceu o Espírito Santo em figura de pomba e fez-se ouvir a voz do Pai: Este é o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus eterno e omnipotente, que proclamastes solenemente a Cristo como vosso amado Filho quando era baptizado nas águas do rio Jordão e o Espírito Santo descia sobre Ele, concedei aos vossos filhos adoptivos, renascidos pela água e pelo Espírito Santo, a graça de permanecerem sempre no vosso amor.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Is 42, 1-4.6-7.

 

« Eis o meu servo, enlevo da minha alma»

 

No Baptismo que recebeu das mãos de João, Jesus manifesta-Se como sendo Aquele que o profeta anunciara: o Servo de Deus, que desce à água no meio dos pecadores para inaugurar a obra da redenção que o Pai Lhe confiara, e, ao mesmo tempo, o Filho bem amado, sobre quem repousa o Espírito de Deus, para que Ele seja portador da Boa Nova da salvação a toda a Terra.

 

Leitura do Livro de Isaías

Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R. 11b)

 

Refrão: O Senhor abençoará o seu povo na paz. (Repete-se)

 

Tributai ao Senhor, filhos de Deus,

tributai ao Senhor glória e poder.

Tributai ao Senhor a glória do seu nome,

adorai o Senhor com ornamentos sagrados. (Refrão)

 

A voz do Senhor ressoa sobre as nuvens,

o Senhor está sobre a vastidão das águas.

A voz do Senhor é poderosa,

a voz do Senhor é majestosa. (Refrão)

 

A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão

e no seu templo todos clamam: Glória!

Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,

o Senhor senta-Se como Rei eterno. (Refrão)

 

 

LEITURA II – Actos 10, 34-38

 

«Deus ungiu-O com o Espírito Santo»

 

O Espírito Santo desceu sobre Jesus na hora do Baptismo e ungiu-O para que Ele pudesse começar o seu ministério e, por Ele, os homens fossem também baptizados não só na água, mas na água e no Espírito. A unção que o Espírito Santo confere a Jesus na hora do seu baptismo marca-O como “Messias”, isto é, “Ungido”, ou seja “Cristo”, e, faz d’Ele a fonte da unção com que o mesmo Espírito marcará os “cristãos”, os “ungidos”, membros de Cristo, sua Cabeça.

 

Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Mc 9, 6

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai:

«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 1, 7-11

 

«Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus a minha complacência»

 

Baptismo de Jesus inaugura a sua vida pública. Ao fazer-Se homem, Ele tornou-Se solidário com os homens. Por isso, não receou descer à água do Baptismo no meio dos pecadores, mas para os elevar à dignidade de filhos de Deus. Estes dois aspectos estão bem claros no Baptismo do Senhor. Jesus desce à água, o Pai apresenta-O como seu Filho, o Céu abre-se e o Espírito Santo desce sobre Ele. A pomba é apenas a imagem sob a qual o Espírito Se manifesta. A palavra do Pai revela, de maneira autêntica, o mistério e a missão de Jesus. O baptismo do Senhor é uma das grandes “epifanias” ou “manifestações” de Jesus.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, João começou a pregar, dizendo: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu baptizo na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele. E dos céus ouviu-se uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

O PAI MANIFESTA A MISSÃO DO FILHO

 

À margem do rio Jordão, João Baptista prega a conversão dos pecados como meio para se receber o reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser baptizado. Para os judeus, o baptismo era um rito penitencial; por isso, aproximavam-se dele confessando os seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é somente um baptismo de penitência; a manifestação, do Pai e do Espírito Santo dão-lhe um significado preciso. Jesus é proclamado “filho bem-amado” e sobre ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta (anúncio da mensagem da salvação), sacerdote (o único sacrifício agradável ao Pai), rei (messias esperado como salvador).

 

O baptismo de Cristo é o “nosso baptismo”

A redacção dos evangelistas procura apresentar o baptismo de Jesus como baptismo do “novo povo de Deus”, o baptismo da Igreja. No livro do Êxodo, Israel é o filho primogénito, que é libertado do Egipto para servir a Deus e oferecer-lhe o sacrifício (Ex 4,22); é o povo que passa entre os diques de água do mar Vermelho, e no caminho enxuto através do rio Jordão.

Cristo é o “filho bem-amado” que oferece o único sacrifício agradável ao Pai; Cristo, que “sai da água” é o novo povo libertado, e a libertação é definitiva; o Espírito não só desce sobre Cristo, mas permanece sobre ele. O Espírito, que depois do pecado não tinha mais morada permanente entre os homens (Gn 6,3), agora permanece para sempre em Cristo e na Igreja que é o seu complemento.

A missão de Cristo tem a sua imagem na do Servo sofredor de Isaías (2ª leitura). O “Servo de Deus” é aquele que carrega os pecados do povo. Em Cristo, que se submete a um acto público de penitência (confissão dos pecados e baptismo), vemos a solidariedade do Pai, do Filho e do Espírito Santo com a nossa história. Jesus não se distancia da humanidade pecadora; é um homem como os homens; vindo a uma humanidade pecadora, identifica-se com ela, mas não é pecador. Não confessa os seus pecados, mas confessa por nós. A universalidade de sua confissão e a santidade da sua existência fazem com que a velha humanidade passe a uma humanidade renovada.

 

Na descoberta do próprio baptismo

Os fiéis que nasceram e viveram na fé da Igreja têm necessidade de redescobrir a grandeza e as exigências da vocação baptismal. É paradoxal que o baptismo, fazendo do homem um membro vivo do Corpo de Cristo, não esteja bem presente na consciência explícita do cristão e que a maior parte dos cristãos não considere o ingresso na Igreja, através da iniciação baptismal, como o momento decisivo de sua vida. O baptismo foi-nos dado em nome de Cristo; põe-nos em comunhão com Deus; integra-nos na Família de Deus; é um novo nascimento; uma passagem da solidariedade no pecado à solidariedade no amor; das trevas e solidão ao mundo novo da fraternidade.

Uma nova sensibilidade para com o baptismo foi suscitada na Igreja pelo Espírito; hoje, mais do que nunca, nas comunidades cristãs, apresenta-se a vida cristã como viver o seu baptismo”; e manifesta-se mais intensamente nos adultos a necessidade de repercorrer os caminhos do próprio baptismo, através de um “catecumenato” feito de profunda experiência comunitária e sério conhecimento da Escritura.

 

O baptismo de nosso filho

É um problema bastante debatido, não só pelo valor e eficácia do baptismo dado à criança, quanto por sua oportunidade na sociedade actual. Entramos numa época de pós-cristandade, caracterizada pelo pluralismo e valores de fraternidade e responsabilidade pessoal. A família não tem mais a influência determinante de outros tempos; os pais não estão em condições de fazer opções definitivas pelos filhos. Mais, ainda, as estatísticas e a experiência afirmam que grande quantidade das crianças baptizadas não são depois, de facto, suficientemente instruídas e educadas na fé cristã. Os motivos que levam certos pais a buscar o baptismo de seus filhos podem ser a conveniência social, a tradição familiar e o medo supersticioso.

A solução do problema não é fácil, e as experiências actuais podem dar origem a embaraços, perplexidades, recusa. Convém inserir o problema no quadro de uma “pastoral de conjunto”, que tenda para a renovação da catequese baptismal em toda a Igreja, e particularmente a um catecumenato de toda a família do baptizando. O que importa não é marcar a data do baptismo, mas percorrer um caminho de fé.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Aceitai, Senhor, os dons que a Igreja Vos oferece, ao celebrar a manifestação de Cristo vosso Filho, para que a oblação dos vossos fiéis se transforme naquele sacrifício perfeito que lavou o mundo de todo o pecado.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 1, 32.34

 

Eis Aquele de quem João dizia:

Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Senhor, que nos alimentais com este dom sagrado, ouvi benignamente as nossas súplicas e concedei-nos a graça de ouvirmos com fé a palavra do vosso Filho Unigénito para nos chamarmos e sermos realmente vossos filhos.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.