domingo, 28 de fevereiro de 2021

ESTE É O MEU FILHO MUITO AMADO

 

DOMINGO II da QUARESMA – ano B – 28FEV2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 8-9

Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor».

A vossa face, Senhor, eu procuro;

não escondais de mim o vosso rosto.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Gen 22, 1-2.9a.10-13.15-18

 

«O sacrifício do nosso Patriarca Abraão»

 

Depois da história de Noé, no domingo passado, lemos hoje a história de Abraão e do sacrifício de seu filho Isaac, sobre o monte Moriá. Mas Deus nunca quis sacrifícios humanos. Abraão demonstrou a sua vontade de completa obediência a Deus e recuperou o seu filho, vivo, que assim se tornou uma figura de Cristo na sua ressurreição.

 

Leitura do Livro do Génesis

Naqueles dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!». Ele respondeu: «Aqui estou». Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar. Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou um altar e colocou a lenha sobre ele. Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo para degolar o filho. Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão, Abraão!». «Aqui estou, Senhor», respondeu ele. O Anjo prosseguiu: «Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu filho único». Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro, preso pelos chifres num silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho. O Anjo do Senhor chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe: «Por Mim próprio te juro – oráculo do Senhor – já que assim procedeste e não Me recusaste o teu filho, o teu filho único, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar, e a tua descendência conquistará as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra».

Palavra do Senhor

 

 

Salmo 115 (116), 10 e 15. 16-17.18-19 (R. Salmo 114 (115), 9)

 

Refrão: Andarei na presença do Senhor

sobre a terra dos vivos. (Repete-se)

 

Confiei no Senhor, mesmo quando disse:

«Sou um homem de todo infeliz».

É preciosa aos olhos do Senhor

a morte dos seus fiéis. (Refrão)

 

Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:

quebrastes as minhas cadeias.

Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,

invocando, Senhor, o vosso nome. (Refrão)

 

Cumprirei as minhas promessas ao Senhor

na presença de todo o povo,

nos átrios da casa do Senhor,

dentro dos teus muros, Jerusalém. (Refrão)

 

 

LEITURA II – Rom 8, 31b-34

 

«Deus não poupou o seu próprio Filho»

 

Esta leitura mostra como Jesus realiza até ao fim a figura de Isaac, anunciada na leitura anterior, e como o amor de Abraão é imagem do amor infinito de Deus pelos homens. Deus, que não quis que Abraão Lhe oferecesse o filho em sacrifício, permitiu que o seu muito amado filho Jesus fosse sacrificado, em expiação dos nossos pecados. De facto, toda a história da salvação atinge o seu ponto mais alto em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos: Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus, se Deus os justifica? E quem os condenará, se Cristo morreu e, mais ainda, ressuscitou, está à direita de Deus e intercede por nós?

Palavra do Senhor

 

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 4b

 

Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)

 

No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:

«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 9, 2-10

 

«Este é o meu Filho muito amado»

 

A Transfiguração, lida neste Domingo, depois de, no Domingo anterior, ter sido escutada a tentação, faz com ela, como que num grande painel de duas alas, uma espécie de grande abertura da Quaresma: mortificação e glorificação, tentação e glória, morte e ressurreição; são elas, de facto, a síntese do Mistério Pascal que vamos celebrar na Páscoa. Jesus vive em Si o mistério que a sua Igreja agora celebra, e que ela viverá até à sua própria Transfiguração.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

TRANSFIGUROU-SE DIANTE DELES

 

A vida e acção de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a actividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até ao fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele. A transfiguração é a segunda das três grandes revelações que marcam a luta sofrida, mas vitoriosa do reino de Deus na pessoa de Jesus. No baptismo fora visto o preâmbulo divino. A paixão e a ressurreição serão o acabamento. Agora é o momento da revelação aos discípulos: em Jesus, Messias sofredor e vitorioso. Deus manifesta a sua glória e o seu poder de salvação. A transfiguração é uma exortação viva para que escutemos Jesus quando fala dos seus sofrimentos e da sua morte (e quando estes se renovam em cada um de nós e na Igreja), sem deixar de reconhecê-lo como Messias definitivo, como o Servo fiel de Deus. A incompreensão dos discípulos antes da ressurreição continua profunda. A Igreja e os discípulos antes da ressurreição continuam profundas. A Igreja e os discípulos são chamados a “encarnar-se” no mundo, a estarem presentes nas suas estruturas, mas somente para transformá-lo, aceitando morrer ao sucesso terreno e a qualquer forma de auto-segurança. A sua vitória aparecerá somente quando, abatidos pela morte, vão ressurgir num mundo que eles mesmos ajudaram a transformar. Os evangelhos sinópticos narram o anúncio de Jesus aos discípulos sobre os sofrimentos e a morte que o esperam em Jerusalém. A seguir relatam a transfiguração de Jesus, como prenúncio da sua ressurreição. Eles seguem a tradição do Antigo Testamento, segundo a qual pelo sofrimento purificador atinge-se a glória. Na narrativa, em estilo apocalíptico, Moisés, representando a Lei, e Elias, representando o profetismo, vão ao encontro de Jesus no alto da montanha. A voz celeste confirma Jesus como o Filho de Deus. Jesus, na sua humanidade e divindade, vem para comunicar, já, a sua vida eterna a todos. Esta narrativa da transfiguração é feita, também, por Mateus e Lucas, inserida entre o fim ministério de Jesus na Galileia e o início de sua caminhada para Jerusalém. Jesus já falara aos discípulos sobre as provações que ele previa que aconteceriam em Jerusalém. Ele procurava esclarecer os discípulos que viam em Jesus um messias restaurador da glória e do poder que a tradição atribuía à antiga Israel. A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus, participante da vida divina, na qual é abrangida toda a humanidade. O sofrimento e a morte são passageiros. Os discípulos não o entendem logo. Somente após a crucifixão e a ressurreição, percebem o sentido da continuidade da permanência de Jesus entre eles.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Esta oblação, Senhor, lave os nossos pecados e santifique o corpo e o espírito dos vossos fiéis, para celebrarmos dignamente as festas pascais.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 17, 5

Este é o meu Filho muito amado,

no qual pus as minhas complacências.

Escutai-O.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Alimentados nestes gloriosos mistérios, nós Vos damos graças, Senhor, porque, vivendo ainda na terra, nos fazeis participantes dos bens do Céu.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

ERA TENTADO POR SATANÁS E OS ANJOS SERVIAM-N’O

 


 DOMINGO I da QUARESMA – ano B – 21FEV2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 90, 15-16

Quando me invocar, hei-de atendê-lo; hei-de libertá-lo

e dar-lhe glória. Favorecê-lo-ei com longa vida

e lhe mostrarei a minha salvação.

 

ORAÇÃO COLECTA

Concedei-nos, Deus omnipotente, que, pela observância quaresmal, alcancemos maior compreensão do mistério de Cristo e a nossa vida seja dele um digno testemunho.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Gen 9, 8-15

 

«A aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio»

 

A primeira leitura dos domingos da Quaresma não está em ligação com a do Evangelho, como nos domingos do Tempo Comum. Refere-se à história da salvação, mostrando como Deus encaminhou os passos da humanidade, desde os tempos mais antigos até à realização da promessa da nova Aliança em Jesus Cristo. Este ano, começamos com Noé. O dilúvio termina com uma aliança, que anuncia desde logo a aliança estabelecida entre Deus e os homens na Morte e Ressurreição de Cristo. Por outro lado, no próprio dilúvio Deus quis significar a regeneração espiritual do baptismo, pois nele, como no dilúvio, a água se tornou, simbolicamente, “fim de vícios e origem de virtudes” (liturgia baptismal).

 

Leitura do Livro do Génesis

Deus disse a Noé e a seus filhos: «Estabelecerei a minha aliança convosco, com a vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens que estão convosco, todos quantos saíram da arca e agora vivem na terra. Estabelecerei convosco a minha aliança: de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e nunca mais um dilúvio devastará a terra». Deus disse ainda: «Este é o sinal da aliança que estabeleço convosco e com todos os animais que vivem entre vós, por todas as gerações futuras: farei aparecer o meu arco sobre as nuvens, que será um sinal da aliança entre Mim e a terra. Sempre que Eu cobrir a terra de nuvens e aparecer nas nuvens o arco, recordarei a minha aliança convosco e com todos os seres vivos e nunca mais as águas formarão um dilúvio para destruir todas as criaturas».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. cf. 10)

 

Refrão: Todos os vossos caminhos, Senhor,

são amor e verdade

para os que são fiéis à vossa aliança. (Repete-se)

 

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,

ensinai-me as vossas veredas.

Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,

porque Vós sois Deus, meu Salvador. (Refrão)

 

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias

e das vossas graças que são eternas.

Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,

por causa da vossa bondade, Senhor. (Refrão)

 

O Senhor é bom e recto,

ensina o caminho aos pecadores.

Orienta os humildes na justiça

e dá-lhes a conhecer a sua aliança. (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Pedro 3, 18-22

 

«O Baptismo que agora vos salva»

 

S. Pedro faz nesta leitura o comentário ao dilúvio, estabelecendo a comparação entre este e o baptismo. O baptismo é hoje o verdadeiro dilúvio, que destrói o pecado e faz nascer uma nova humanidade em Cristo. Assim, a história da salvação chega a todas as gerações e todas elas são arrastadas na sua corrente de graça.

 

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos: Cristo morreu uma só vez pelos pecados – o Justo pelos injustos – para vos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito. Foi por este Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que estavam na prisão da morte e tinham sido outrora rebeldes, quando, nos dias de Noé, Deus esperava com paciência, enquanto se construía a arca, na qual poucas pessoas, oito apenas, se salvaram através da água. Esta água é figura do Baptismo que agora vos salva, que não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso para com Deus de uma boa consciência; ele vos salva pela ressurreição de Jesus Cristo, que subiu ao Céu e está à direita de Deus, tendo sob o seu domínio os Anjos, as Dominações e as Potestades.

Palavra do Senhor

 

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 4b

 

Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. (Repete-se)

 

Nem só de pão vive o homem,

mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 1, 12-15

 

«Era tentado por Satanás e os Anjos serviam-n’O»

 

O Senhor Jesus Cristo era tentado pelo demónio no deserto. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque Ele tomou sobre Si a tua condição humana, para te dar a salvação; para Si tomou as tuas tentações, para te dar a sua vitória” (S. Agostinho). A vitória de Jesus sobre Satanás proclamada neste primeiro Domingo da Quaresma anuncia desde já o triunfo pascal da sua Morte e Ressurreição, e oferece-nos, ao mesmo tempo, a participação nessa sua vitória sobre o pecado e a morte.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

JESUS ENFRENTA O MAL, E DEPOIS, COMEÇA A PREGAR

 

A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escraviza os homens. Deus o sustentá-lo-á nessa luta. São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a sua actividade.

Cumprimento: em Jesus, Deus entrega-se totalmente. Já não é tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens.

Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo.

Conversão: a acção de Jesus exige mudança radical da orientação de vida.

Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. Dois traços marcaram o ministério de Jesus desde os seus primórdios. Ele não foi um pregador solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem a partilhar com ninguém. Pelo contrário, quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo a sua missão. Os escolhidos eram pessoas simples, pescadores do lago da Galileia, cujas vidas se transformaram totalmente, a partir do encontro com o Senhor. Eles foram convidados a deixar tudo e seguir o Mestre, que lhes deu como missão saírem pelo mundo, atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo despontou para eles. O desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade. Nada os impediu de romper com o mundo e seguir o Mestre.

Outro traço do ministério de Jesus: ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o Senhor deu a entender que sua obra deveria ser levada adiante e expandir-se a partir da sementinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada do Reino e realizou sinais indicadores da sua presença. Durante a sua vida terrena, não se poupou para fazer o Reino acontecer. Agora, cabia aos discípulos levar adiante o anúncio da Boa-Nova, para que o apelo do Reino atingisse a todos, sem distinção. Jesus colocou diante deles um mar diferente, a humanidade inteira, onde a função de pescadores haveria de continuar. Era hora de pescar muitas pessoas para Deus. Depois da prisão de João Batista por Herodes que, como os chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão, Jesus retorna à Galileia, que é um território predominantemente gentílico. Aí, Jesus desenvolve o seu ministério, com o mesmo anúncio de João Batista, da proximidade do Reino e da conversão à justiça. Marcos, bem como Mateus e Lucas, narram o chamamento dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galileia. O evangelho de João narra este chamamento já na ocasião do baptismo de Jesus, quando alguns discípulos de João Baptista se dispõem a seguir Jesus. O chamamento, narrado em estilo sumário, na realidade fez-se em um clima de diálogo e conhecimento mútuo. Assim como Jesus abandonou a sua rotina de vida em Nazaré, também os seus discípulos abandonam o seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo, mas para iniciarem uma nova prática social alternativa, de justiça e paz.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Fazei que a nossa vida, Senhor, corresponda à oferta das nossas mãos, com a qual damos início à celebração do tempo santo da Quaresma.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 4, 4

Nem só de pão vive o homem,

mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Saciados com o pão do Céu, que alimenta a fé, confirma a esperança e fortalece a caridade, nós Vos pedimos, Senhor: ensinai-nos a ter fome de Cristo, o verdadeiro pão da vida, e a alimentar-nos de toda a palavra que da vossa boca nos vem.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 14 de fevereiro de 2021

A LEPRA DEIXOU-O E ELE FICOU LIMPO

 

DOMINGO VI DO TEMPO COMUM – ano B – 14FEV2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 30, 3-4

Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,

e a fortaleza da minha salvação.

Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, que prometestes estar presente nos corações rectos e sinceros, ajudai-nos com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Lev 13, 1-2.44-46

 

«O leproso deverá morar à parte, fora do acampamento»

 

Esta leitura prepara-nos para melhor compreendermos a do Evangelho. Ali Jesus vai curar um doente de lepra. Nesta leitura, são recordadas as prescrições da Lei do Antigo Testamento a respeito dos leprosos. A situação destes doentes era verdadeiramente infeliz. Tanto mais se poderá ver na cura que o Senhor fez um sinal do seu poder e da sua misericórdia.

 

Leitura do Livro do Levítico

O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 31 (32), 1-2.5.7.11 (R. 7)

 

Refrão: Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação. (Repete-se)

 

Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa

e absolvido o pecado.

Feliz o homem a quem o Senhor

não acusa de iniquidade

e em cujo espírito não há engano. (Refrão)

 

Confessei-vos o meu pecado

e não escondi a minha culpa.

Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta

e logo me perdoastes a culpa do pecado. (Refrão)

 

Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,

fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.

Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor,

exultai, vós todos os que sois rectos de coração. (Refrão)

 

 

LEITURA II – 1 Cor 10, 31 – 11, 1

 

«Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo»

 

Paulo propõe-se a si mesmo como modelo aos cristãos, porque ele tem por modelo o próprio Cristo. O que ele pretende é que ninguém seja ocasião de pecado para os outros, mas antes de edificação e de salvação.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios

Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Lc 7, 16

 

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

 

Apareceu entre nós um grande profeta:

Deus visitou o seu povo. (Refrão)

 

 

EVANGELHO – Mc 1, 40-45

 

«A lepra deixou-o e ele ficou limpo»

 

Uma vez mais, Jesus Se mostra Senhor da vida. Por outro lado, mostra-Se livre em relação à Lei e superior a ela: toca no doente, o que era contrário à Lei, mas manda que o homem curado se vá mostrar aos sacerdotes, o que era exigência da Lei. Jesus é realmente a fonte da vida nova; Ele é hoje o Ressuscitado.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

JESUS TOCA O LEPROSO E LIBERTA-O DA LEPRA

 

O leproso era marginalizado, devendo viver fora da cidade, longe do convívio social, por motivos higiénicos e religiosos (Lv 13,45-46). Jesus fica irado contra uma sociedade que produz a marginalização. Por isso, o homem curado deve apresentar-se para dar testemunho contra um sistema que não cura, mas só declara quem pode ou não participar da vida social. O marginalizado agora torna-se testemunho vivo, que anuncia Jesus, aquele que purifica. E Jesus está fora da cidade, lugar que se torna o centro de nova relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar Jesus. É comovente contemplar a sensibilidade de Jesus em relação aos sofredores. Tem-se a impressão de que, quanto maior é o sofrimento humano, maior é a sua capacidade de se comover. Nestas horas, a misericórdia falava mais alto. O encontro com o leproso tocou fundo o coração de Jesus. Imaginemos aquele homem deformado e repelente, lançando-se aos pés do Mestre, em cujas mãos colocava a própria cura: “Se queres, tu tens o poder de curar-me!” A reacção natural seria a de censurá-lo e ordenar que se afastasse, pois os leprosos não podiam conviver com as pessoas sadias. Outra reacção seria a de afastar-se sem demora, para evitar o risco de contágio e o da impureza adquirida pelo simples contacto com o doente. Tudo se passa de forma diferente com Jesus. A presença daquele homem sofredor move-o à compaixão. Daí o gesto inesperado: Jesus toca o leproso. Sem dúvida, houve quem se escandalizasse e passasse a considerá-lo como impuro, como faziam com quem entrava em contacto com os portadores de lepra. Este tipo de tradição não tinha nenhum valor para Jesus. O seu único desejo era ver aquele infeliz livre da sua doença. E cura-o! A reacção do ex-leproso é compreensível. Apesar da advertência de Jesus, saiu gritando o que lhe acontecera. A compaixão do Senhor deixou-o maravilhado. Marcos, nesta narrativa, destaca o sentimento bem humano de Jesus, que se enche de compaixão diante do sofrimento do leproso que se aproxima e ajoelha-se. O diálogo entre ambos é simples, directo e eficiente: o pedido humilde e confiante do leproso, “Se quiseres...”, e a resposta afirmativa e amorosa de Jesus, tocando-o, “Eu quero, fica purificado”. A lepra era caracterizada como impureza legal e implicava a exclusão religiosa e social do leproso, bem como de alguém que o tocasse. A purificação devia ser feita por rituais, com ofertas (três cordeiros, farinha, azeite) ao sacerdote (Lv 14,1-32). Jesus envia o leproso, já curado, para se apresentar aos sacerdotes e testemunhar contra eles próprios, com suas exigências e seu aparato de pureza. Essa libertação do leproso da sua impureza exprime a missão de Jesus e a nossa missão: libertar os excluídos pelos critérios religiosos e sociais, e integrá-los no convívio fraterno.

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Concedei, Senhor, que estes dons sagrados nos purifiquem e renovem, para que, obedecendo sempre à vossa vontade, alcancemos a recompensa eterna.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 77, 24.29

O Senhor deu-lhes o pão do Céu: comeram e ficaram saciados.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Senhor, que nos alimentastes com o pão do Céu, concedei-nos a graça de buscarmos sempre aquelas realidades que nos dão a verdadeira vida.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.