DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM
Uma revolução não violenta
Hoje, porém, apresenta-se um problema grave, particularmente agudo em
certas zonas: que fazer quando o rico não age como Zaqueu, não se converte,
quando a falta de amor de alguns cai sobre muitos sob a forma de fome,
subdesenvolvimento, opressão?
Será possível amar ao mesmo tempo a vítima e o carrasco? O amor dos
pobres não impõe a eliminação violenta dos exploradores? “Ora, os que, por amor
dos pobres, eliminam violentamente, estarão seguros de não agir depois por uma
agressividade destrutiva? Uma vez eliminados com violência os pecadores,
surgirá ‘automaticamente’ aquela geração de santos que saibam amar?
A experiência histórica e a razão dizem que não. O homem novo, o homem
capaz de amar ainda será o resultado de uma ‘conversão interior’”.
Este pecado será tanto mais verdadeiro e radical quanto mais surgir em
quem pecou o desgosto por aquilo que fez, simultaneamente com a visão das
graves consequências de suas más acções.
O evangelho não nos dá normas sobre “como fazer justiça”. Isso não quer
dizer que o cristão deva acomodar-se, aceitando as situações e a sociedade tal
como Paulo VI admoesta: “A situação presente deve ser enfrentada corajosamente,
devem ser combatidas e vencidas as injustiças que comporta. O desenvolvimento
exige transformações audazes, profundamente inovadoras. Devem ser empreendidas,
sem tardar, reformas urgentes. Que cada um tome generosamente sua parte
Em suma, o mandamento do amor exige uma activa e radical transformação do
mundo. Mas uma coisa é afirmar uma exigência revolucionária, outra é tomar o
caminho que se exprime no recurso à violência.
LEITURA I – Sab 11,
22 – 12, 2
«De todos
Vos compadeceis, porque amais tudo o que existe»
De
novo, a palavra de Deus nos quer convencer do seu amor para com os homens, e
particularmente para com os mais pecadores. Deus não quer que ninguém se perca,
porque a todos ama. “Se tivesse detestado alguma criatura não a teria formado”.
Até a correcção com que nos castiga é um modo de nos chamar a Si.
Leitura do
Livro da Sabedoria
“Diante de
Vós, Senhor, o mundo inteiro é como um grão de areia na balança, como a gota de
orvalho que de manhã cai sobre a terra. De todos Vos compadeceis, porque sois
omnipotente, e não olhais para os seus pecados, para que se arrependam. Vós
amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizestes; porque, se odiásseis
alguma coisa, não a teríeis criado. E como poderia subsistir, se Vós não a
quisésseis? Como poderia durar, se não a tivésseis chamado à existência? Mas a
todos perdoais, porque tudo é vosso, Senhor, que amais a vida. O vosso espírito
incorruptível está em todas as coisas. Por isso castigais brandamente aqueles
que caem e advertis os que pecam, recordando-lhes os seus pecados, para que se
afastem do mal e acreditem em Vós, Senhor.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – 2 Tes 1, 11 –
2, 2
“O
nome de Cristo será glorificado em vós, e vós n’Ele”
S.
Paulo quer corrigir certos rumores sobre a vinda do Senhor, que alguns
começavam a entender mal. Em qualquer caso, a glória que o Senhor há-de
encontrar neles e eles no Senhor será que Ele, quando vier, os possa encontrar
dignos da sua vocação cristã.
Leitura da
Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
“Irmãos:
Oramos continuamente por vós, para que Deus vos considere dignos do seu
chamamento e, pelo seu poder, se realizem todos os vossos bons propósitos e se
confirme o trabalho da vossa fé. Assim o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo será
glorificado em vós, e vós n’Ele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor
Jesus Cristo. Nós vos pedimos, irmãos, a propósito da vinda de Nosso Senhor Jesus
Cristo e do nosso encontro com Ele: Não vos deixeis abalar facilmente nem
alarmar por qualquer manifestação profética, por palavras ou por cartas, que se
digam vir de nós, pretendendo que o dia do Senhor está iminente.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 19, 1-10
“O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”
A
predilecção de S. Lucas pelos pecadores, em razão da atenção que Jesus lhes dá,
é patente, uma vez mais, na passagem que hoje lemos. Com este episódio, somos
todos convidados, a tomar parte na mesa do Senhor, particularmente na
Eucaristia, com os sentimentos de Zaqueu. A salvação também quer entrar em
nossa casa. Seremos capazes de abrir as portas do nosso coração a Cristo, nosso
Redentor?
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um
homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era
Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena
estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que
havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe:
«Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu
rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam,
dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu
apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus
bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais».
Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é
filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que
estava perdido».”
Palavra da Salvação