DOMINGO XXVI TEMPO COMUM – ano A – 27SET2020
MISSA |
ANTÍFONA DE
ENTRADA – Dan 3, 31.29.30.43.42
Vós sois justo,
Senhor, em tudo o que fizestes.
Pecámos contra
Vós, não observámos
os vossos
mandamentos.
Mas para glória do
vosso nome,
mostrai-nos a
vossa infinita misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando
perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que,
correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes
da felicidade celeste.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra |
LEITURA I – Ez 18,
25-28
«Quando o
pecador se afastar do mal, salvará a sua vida»
A liturgia da palavra deste
domingo vai insistir na sinceridade profunda do coração e na resposta autêntica
e prática que ele dá ou não à palavra de Deus. A todo o momento, logo que o
homem se converter a essa palavra e por ela orientar a sua vida, logo o Senhor
o acolherá. Deus não é de vinganças; é sim salvador.
Leitura
da Profecia de Ezequiel
Eis
o que diz o Senhor: «Vós dizeis: ‘A maneira de proceder do Senhor não é justa’.
Escutai, casa de Israel: Será a minha maneira de proceder que não é justa? Não
será antes o vosso modo de proceder que é injusto? Quando o justo se afastar da
justiça, praticar o mal e vier a morrer, morrerá por causa do mal cometido.
Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a
justiça, salvará a sua vida. Se abrir os seus olhos e renunciar às faltas que
tiver cometido, há-de viver e não morrerá».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 24 (25), 4-5.6-7.8-9
(R. 6a)
Refrão: Lembrai-Vos,
Senhor, da vossa misericórdia. (Repete-se)
Mostrai-me,
Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as
vossas veredas.
Guiai-me na vossa
verdade e ensinai-me,
porque Vós sois
Deus, meu Salvador:
em vós espero
sempre. (Refrão)
Lembrai-Vos,
Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas
graças que são eternas.
Não recordeis as
minhas faltas
e os pecados da
minha juventude.
Lembrai-Vos de mim
segundo a vossa clemência,
por causa da vossa
bondade, Senhor. (Refrão)
O Senhor é bom e
recto,
ensina o caminho
aos pecadores.
Orienta os
humildes na justiça
e dá-lhes a
conhecer os seus caminhos. (Refrão)
LEITURA II – Filip 2, 1-11
«Tende os mesmos
sentimentos de Cristo Jesus»
Para incutir nos cristãos
sentimentos de união e de perdão mútuo, S. Paulo não encontra melhor maneira do
que lembrar-lhes os sentimentos de Jesus Cristo, manifestados na sua Paixão. A
leitura é, na segunda parte, um verdadeiro hino pascal, talvez mesmo um hino
das primeiras gerações cristãs para celebrar o mistério pascal do Senhor,
incluído depois por S. Paulo nesta sua carta. É uma passagem da Sagrada
Escritura que não pode ser ignorada pelo comum dos cristãos.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos:
Se há em Cristo alguma consolação, algum conforto na caridade, se existe alguma
comunhão no Espírito, alguns sentimentos de ternura e misericórdia, então
completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma
caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por
vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos,
sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros.
Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição
divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como
homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por
isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para
que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda
a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 10,
27
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
As minhas ovelhas ouvem a minha voz,
diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 21, 28-32
«Arrependeu-se e
foi. Os publicanos e as mulheres de má vida irão adiante de vós para o reino de
Deus»
Enquanto a
palavra de Deus não descer ao coração do homem e o tocar e o converter, não são
as palavras, mesmo santas, que lhe saem da boca que o fazem entrar no reino de
Deus. Mas, logo que o coração estiver convertido e voltado para Deus, logo o
Senhor o acolhe e o recebe como um pai. É que os caminhos de Deus não são como
os dos homens.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos
parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho,
vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém,
arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo
modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez
a vontade ao pai?». Eles responderam-Lhe: «O primeiro». Jesus disse-lhes: «Em
verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós
para o reino de Deus. João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da
justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida
acreditaram. E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele».
Palavra da
salvação.
MEDITAÇÃO
ELES VOS PRECEDERÃO
NO REINO DE DEUS
As três parábolas lidas nos evangelho
deste e dos dois domingos seguintes, tratam de um único tema: a rejeição do
povo judeu que não quis escutar Jesus, e a sua substituição pelos pagãos.
Ninguém
é marginalizado por Deus
A parábola dos dois filhos justifica a
posição de Cristo diante dos “desprezados”, esta nova categoria de pobres.
Cristo dirige a parábola aos sumos sacerdotes e aos anciãos, como faz, com
outra do mesmo teor, aos fariseus (fariseu e publicano: Lc 18,9); replica a
todos os que se escandalizam com sua predilecção pelos pecadores, dizendo-lhes
que estes estão mais próximos da salvação do que os que se consideram justos;
entra em casa de Zaqueu, que durante anos usurpou os vencimentos de todos,
deixa que uma prostituta lhe lave os pés, protege a adúltera contra os “puros”
que a queriam apedrejar.
A sua vida deixa a Deus a possibilidade de
se manifestar como verdadeiramente é. Estas situações revelam, no fundo, a
liberdade de Deus. A parábola dirige-se, pois, aos que se fecham para a
Boa-nova, aos que não querem reconhecer a identidade de Deus em nome da própria
justiça e se consideram pagos pela sua própria suficiência.
As
prostitutas haviam dito “não”
A fidelidade a Deus e a justiça não se
julgam pelo dizer “sim” ou pela vinha que se possui (figura da pertença racial
ao povo eleito!), mas pelos factos. Trata-se de eliminar as discriminações
sociais que a tradição hebraica elaborou. O que importa não é agir como a
tradição ensina. É necessário ter coragem de sujar as mãos e de se arriscar na
busca de novos valores mais próximos da liberdade, do amor, da felicidade do
homem. É pelas obras que se julga a pertença. “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor, entrará no reino dos céus” (Mt 7,21). As palavras, as ideologias podem
enganar, podem ser uma ilusão. Descobre-se a verdade do homem por suas obras.
Elas não dão margem a equívocos. Só então o homem mostra o que é. Compreendemos
então aquela palavra de Jesus, que provoca escândalos aos ouvidos dos que se
pretendem bons: “Em verdade vos digo: os publicanos e as prostitutas vos
precederão no reino de Deus”. Oficialmente, conforme as categorias
religiosas e os critérios morais exteriores da época, eles tinham dito “não”,
mas de facto o que importa é a sua profunda disponibilidade: a vontade de
cumprir, não com palavras, mas com factos, as obras de penitências.
Deus não decidiu, a um dado momento da
história, rejeitar Israel e adoptar as nações pagãs. Foi o comportamento
perante o Messias que os fez perder o papel que desempenhavam na ordem da
mediação. O modo como viviam o seu “sim” à Lei levou-os a dizer “não” ao
evangelho.
Para
além das práticas
Existe ainda uma concepção exterior e
quantitativa da religiosidade dos grupos e das pessoas (como se só fosse
possível medir a religiosidade pela pertença sociológica ou a presença a certas
práticas religiosas facilmente verificáveis: missa, sacramentos, orações,
devoções, esmolas...). Contribuem para provocar este equívoco certas pesquisas sócio-religiosas
que codificam convencionalmente uma escala de religiosidade e de pertença
eclesial que, se de um certo ponto de vista obriga a abrir os olhos para
situações penosas, de outro está bem longe de esgotar o complexo fenómeno da
religiosidade, tanto de grupo como individual.
Para além da prática e da pertença
exterior e jurídica, existe uma presença e um evidente influxo cristão e
evangélico em camadas de populações aparentemente marginais e alheias.
A religião, como é vivida pelos cristãos,
apresenta diversos níveis e modalidades de experiência. Pode ser vivida como
uma soma de práticas, de devoções, de ritos, como fins em si mesmos; como uma
visão do mundo e das coisas; como um critério de juízo sobre pessoas, valores,
acontecimentos. Pode manifestar-se como código moral e norma de acção ou como
integração fé-vida, isto é, como síntese no plano do juízo e da acção, entre a
mensagem do evangelho e as exigências e os esforços da própria vida pessoal e
comunitária.
O cristão opera a integração fé-vida. Isto
é, o “sim” de sua fé se torna o “sim” de sua vida; a palavra e a confissão dos
lábios se tornam acção e gesto das mãos. Assim, a discriminação entre o “sim” e
o “não” não passa través das práticas e da observância das leis, mas através da
vida.
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação e fazei que
por ela se abra para nós a fonte de todas as bênçãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 118, 9-5
Senhor,
lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.
A consolação da
minha amargura
é a esperança na
vossa promessa.
Ou – Jo 3, 16
Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;
também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que este sacramento celeste renove a nossa
alma e o nosso corpo, para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte, possamos
tomar parte na sua herança gloriosa.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.