sábado, 25 de janeiro de 2020

FOI MORAR PARA CAFARNAUM


    Cafarnaum



DOMINGO III DO TEMPO COMUM – ano A – 26JAN2020


A ESPERANÇA COMEÇA NA GALILEIA

Jesus começa sua actividade na Galileia, região distante do centro económico, político e religioso do seu país. A esperança da salvação inicia-se justamente numa região da qual nada se espera. A pregação de Jesus tem a mesma radicalidade que a de João Batista: é preciso total mudança de vida, porque o Reino do Céu está próximo. O chamamento dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma acção transformadora. Depois de ter ido ao encontro de João para ser baptizado, Jesus volta para a sua terra de origem, a Galileia, após um tempo de permanência na Judeia. Mateus escreve para comunidades de cristãos oriundos do judaísmo. A sua intenção teológica é mostrar-lhes que as suas antigas esperanças tradicionais se realizam em Jesus e, para isto, recorre com frequência a citações do Antigo Testamento, que estariam a ser cumpridas em Jesus. Isaías, no texto citado por Mateus no seu evangelho (cf. primeira leitura), menciona a “Galileia dos gentios”. É nesta região que Jesus desenvolve o seu ministério, com uma abrangência universal, dirigindo-se às multidões tanto desta Galileia como dos territórios vizinhos gentílicos. Tendo deixado a sua cidade de origem, Nazaré, Jesus vai morar em Cafarnaum, às margens do Mar da Galileia. E começa o seu ministério, com o mesmo anúncio de João Baptista: “Convertei-vos, pois o Reino de Deus está próximo” (Mt 3,2). É o baptismo da conversão à justiça para remover o pecado do mundo. Jesus revela que este é o caminho da comunhão com Deus, na sua vida divina e eterna. Enquanto João escolhera o deserto como espaço para o seu anúncio, Jesus orienta o seu ministério para as regiões habitadas da Galileia e das regiões gentílicas vizinhas. Às margens do Mar da Galileia, Jesus encontra aqueles que serão os seus primeiros discípulos. As narrativas de vocação dos discípulos é feita pelos evangelistas de maneira sumária, em poucas linhas. Contudo, o seguimento de Jesus pelos seus discípulos se efectiva num processo de conhecimento e diálogo, amadurecido durante um tempo conveniente. Os evangelistas, com os seus textos, procuram resgatar a humanidade de Jesus. Contudo, anteriormente a eles, Paulo limita sua pregação ao binómio: morte na cruz e ressurreição de Jesus. A partir deste enfoque, ele desenvolve a sua edificante pregação ética e moral para as suas comunidades (segunda leitura).

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 95, 1.6
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Glória e poder na sua presença,
esplendor e majestade no seu templo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso e eterno,
dirigi a nossa vida segundo a vossa vontade,
para que mereçamos produzir abundantes frutos de boas obras,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 8, 23b – 9, 3 (9, 1-4)

«Na Galileia dos gentios o povo viu uma grande luz»

No Evangelho deste dia, cita-se esta passagem de Isaías que hoje serve de primeira leitura. Refere-se ela à Galileia, terra de Zabulão e de Neftali, a província mais ao norte de Israel. O profeta anuncia-lhe hoje melhores dias, depois do tempo de exílio. As trevas do momento presente transformar-se-ão em luz e a alegria reinará de novo depois da humilhação. A profecia terá um dia a sua realização perfeita, quando Jesus por aí começar o seu ministério público, como o Evangelho de hoje irá proclamar.

Leitura do Livro de Isaías
Assim como no tempo passado foi humilhada a terra de Zabulão e de Neftali, também no futuro será coberto de glória o caminho do mar, o Além do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 26 (27), 1.4.13-14 (R. 1a)

Refrão: O Senhor é minha luz e salvação. (Repete-se)

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo? (Refrão)

Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor
todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário. (Refrão)

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem confiança e confia no Senhor. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 1, 10-13.17

«Falai todos a mesma linguagem e não haja divisões»

O Apóstolo insurge-se contra as divisões que separam os membros da Igreja de Corinto, divisões que, no caso concreto, assentam até em partidarismos religiosos. E apela para as razões profundas da unidade dos cristãos: Cristo, crucificado por todos; e só Ele e mais ninguém. Os mensageiros do Evangelho são apenas instrumentos d’Ele junto dos irmãos.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Rogo-vos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma linguagem e que não haja divisões entre vós, permanecendo bem unidos, no mesmo pensar e no mesmo agir. Eu soube, meus irmãos, pela gente de Cloé, que há divisões entre vós, que há entre vós quem diga: «Eu sou de Paulo», «eu de Apolo», «eu de Pedro», «eu de Cristo». Estará Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Foi em nome de Paulo que recebestes o Baptismo? Na verdade, Cristo não me enviou para baptizar, mas para anunciar o Evangelho; não, porém, com sabedoria de palavras, a fim de não desvirtuar a cruz de Cristo.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 4, 23

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus proclamava o Evangelho do reino
e curava todas as doenças entre o povo. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 4, 12-23

«Foi para Cafarnaum, a fim de se cumprir o que anunciara o profeta Isaías»

A Galileia vai ser o campo da primeira parte do ministério público de Jesus. É então que essa província há-de presenciar a “grande luz” de que falava a primeira leitura. Ele é a luz; foi assim mesmo que um dia Jesus Se apresentou. E essa luz começou a iluminar, quando Jesus começou a pregar e a chamar os primeiros discípulos. Essa sua luz nunca mais se extinguirá: hoje ainda, e até ao fim, Ele continua a anunciar o reino de Deus e a chamar para ele todos os homens. Assim, a Galileia dos pagãos chegará a tornar-se, um dia, na Galileia da Ressurreição: “Lá Me vereis”, dirá o Senhor ressuscitado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, estrada do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Aceitai benignamente, e santificai Senhor, os nossos dons, a fim de que se tornem para nós fonte de salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 6

Voltai-vos para o Senhor e sereis iluminados,
o vosso rosto não será confundido.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Deus omnipotente, nós Vos pedimos que, tendo sido vivificados pela vossa graça, nos alegremos sempre nestes dons sagrados.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 11 de janeiro de 2020

EIS O CORDEIRO DE DEUS




DOMINGO II DO TEMPO COMUM – ano A – 12JAN2020


A JUSTIÇA VAI SER REALIZADA

Neste Evangelho, as primeiras palavras de Jesus apresentam o programa de toda a sua vida e acção: cumprir toda a justiça, isto é, realizar plenamente a vontade de Deus e o seu projecto salvador. O céu rasgou-se: na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens rompeu-se. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Deus (Is 42,1-2). O baptismo de Jesus por João Baptista é o acto inaugural do ministério de Jesus. Pode-se dizer que seja a epifania histórica de Jesus. Atraído pela mensagem de João Baptista, Jesus abandona a sua rotina de vida em Nazaré da Galileia, procura o baptismo de João na região do além Jordão e começa a formar o seu discipulado para, a seguir, iniciar seu próprio ministério, assumindo elementos do anúncio de João Baptista. O baptismo de João é mencionado onze vezes no Novo Testamento, sempre com o acento no seu carácter de fundamento ao ministério de Jesus. Em Actos dos Apóstolos, por duas vezes ele é apresentado como o acto inaugural deste ministério (segunda leitura e At 1,22). Jesus, quando questionado pelas autoridades do Templo, dá a entender que o baptismo de João é do céu (Mt 21,25). João Baptista anunciava a conversão à prática da justiça como caminho para remover o pecado do mundo. A aspiração a um mundo de justiça e paz já estava presente em alguns textos do Antigo Testamento, quando o povo vivia oprimido e explorado por elites de poder, primeiro pelas cortes reais e, depois, pelas elites religiosas sediadas em Jerusalém. No texto do “servo” de Isaías (primeira leitura) encontramos a aspiração à consolidação do direito e da justiça. Jesus vem da Galileia ao encontro de João Batista, para ser baptizado por ele. Ao pedir o baptismo, Jesus diz que “é assim que devemos cumprir toda a justiça”. Depois de ser baptizado, o gesto de Jesus é confirmado pelo Espírito Santo e pelo Pai com a proclamação: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu pleno agrado”. Jesus, assumindo e renovando a mensagem de João Baptista, proclama a conversão com a prática efectiva da justiça como sendo a vontade do Pai e como uma bem-aventurança, pela qual se entra em comunhão de vida eterna com o Pai. Posteriormente, o discípulo Pedro, fiel ao mestre, afirma: “Estou a compreender que Deus não faz discriminação entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (segunda leitura). Esta é a verdadeira perspectiva universalista, em que todo aquele que se empenha na luta pela justiça, cultivando a vida, é agradável e entra em comunhão com Deus, em qualquer tempo, povo ou nação.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 65, 4
Toda a terra Vos adore, Senhor,
e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que governais o céu e a terra, escutai misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 49, 3.5-6

«Farei de ti a luz das nações, para que sejas a minha salvação»

A liturgia da Palavra deste Domingo refere-se ainda à manifestação do Senhor, celebrada no Tempo de Natal, particularmente na solenidade da Epifania. Esta primeira leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo de Deus” do profeta Isaías. Este “Servo de Deus”, que vem a identificar-Se com o Senhor Jesus, é por Deus escolhido para levar a luz da palavra de Deus não apenas ao povo de Deus, mas a todos os povos, para a todos trazer à unidade de um só povo, que é afinal a sua Igreja. Mas esta luz só poderá iluminar os que olham para o Senhor com a fé que lhes vem da Palavra de Deus.

Leitura do Livro de Isaías
Disse-me o Senhor: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.8b-9.10-11ab (R. 8a e 9a)

Refrão: Eu venho, Senhor,
para fazer a vossa vontade. (Repete-se)

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus. (Refrão)

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou». (Refrão)

«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração». (Refrão)

Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a vossa justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa fidelidade e salvação. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor l, 1-3

«A graça e a paz de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco»

Começamos a ler a Primeira Epístola aos Coríntios. Hoje quase nos limitamos à dedicatória muito desenvolvida, como era costume naquele tempo. Mas logo aí se podem encontrar grandes afirmações da fé cristã, que depois serão desenvolvidas ao longo de toda a carta. Toda a vida cristã é fruto do chamamento de Deus à fé: foi assim com Paulo, é assim com todos os cristãos. Para todos, o chamamento à fé é dom gratuito de Deus, portador de paz. Com esta introdução, todos ficamos a sentirmo-nos destinatários da epístola, da qual este ano apenas leremos a primeira parte.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Cristo Jesus e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade, com todos os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 1, 14a.12a

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.
Àqueles que O receberam
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. (Refrão)


EVANGELHO – Jo 1, 29-34

«Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo»

Um dos testemunhos que manifesta Jesus como o Messias é o de João Baptista. Ele apresenta-O como o “Cordeiro de Deus”. O símbolo do Cordeiro reúne duas passagens do Antigo Testamento, aplicando-as a Jesus: a do “Servo de Deus” (I leit.), que carrega com o pecado do mundo (Is 53, 7), e a do cordeiro pascal, que é imolado para tirar o pecado do mundo. Uma e outra coisa o é o Senhor. Descendo à água entre os pecadores, Ele humilha-Se, assumindo a situação da nossa natureza de homens pecadores; uma vez ungido pelo Espírito Santo, Ele torna-Se fonte desse mesmo Espírito para todos os que são baptizados em seu nome.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou na baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Concedei-nos, Senhor, a graça de participar dignamente nestes mistérios, pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício realiza-se a obra da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 22, 5

Para mim preparais a mesa
e o meu cálice transborda.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Infundi em nós, Senhor, o espírito da vossa caridade, para que vivam unidos num só coração e numa só alma aqueles que saciastes com o mesmo pão do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 4 de janeiro de 2020

EPIFANIA





DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR – ano A – 29DEZ2019


JESUS, PERIGO OU SALVAÇÃO?

Com a festa da Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. A sua vinda, porém, desperta reacções diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e acolhem-no como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceite pelos pagãos. Nas narrativas da infância de Jesus, em Mateus, Jesus recém-nascido já aparece para o mundo representado pelos magos do Oriente. No Evangelho de Lucas (2,8-20), quem vai adorar o recém-nascido são os humildes pastores. A narrativa de Mateus, com a adoração dos magos, é feita no estilo do “midraxim” judaico. É uma reconstrução literária de episódios bíblicos antigos, retratados de acordo com o tempo do narrador. Mateus narra a visita dos magos no sentido de associar o nascimento de Jesus a uma profecia de Isaías (primeira leitura), em que as várias nações pagãs trarão tesouros, ouro e incenso, ao Templo de Jerusalém. Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a ele que os povos se dirigem em adoração, numa perspectiva universalista (segunda leitura). A menção da estrela que guia os magos é uma alusão à estrela de Jacob (Nm 24,17) que, depois, se transformou na estrela de David, com seis pontas e doze lados, associando Jesus ao messianismo davídico. Assim, também se dá com o nascimento em Belém, cidade tida como a terra de origem de David. Todos estes acentos messiânicos Mateus os fazia para convencer a sua comunidade de cristãos originários do judaísmo que em Jesus se realizavam as expectativas messiânicas. Além do mais, a narrativa abre espaço para acentuar a crueldade do rei Herodes, com o episódio da matança das crianças de Belém. Do ponto de vista histórico, Jesus manifesta-se ao mundo a partir do início do seu ministério, o que se dá com o seu baptismo por João Baptista. Com o anúncio da chegada do Reino dos Céus, Jesus revela Deus como Deus do amor para todos os povos, sem exclusões. O encontro com Deus dá-se no desapego da riqueza e do poder, e em toda a acção a favor da vida e da paz.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Mal 3, 1; 1 Cron 19, 12
Eis que vem o Senhor soberano.
A realeza, o poder e o império estão nas suas mãos.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 60, 1-6

«Brilha sobre ti a glória do Senhor»

Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.° 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.

Leitura do Livro de Isaías
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.
Palavra do Senhor


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)

Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor,
todos os povos da terra. (Repete-se)

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. (Refrão)

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra. (Refrão)

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir. (Refrão)

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos. (Refrão)


LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6

«Os gentios recebem a mesma herança prometida»

O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 2, 2

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorar o Senhor. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 2, 1-12

«Viemos do Oriente adorar o Rei»

Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado, imolado e oferecido em alimento, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 2, 2

Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos com presentes adorar o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Iluminai-nos, Senhor, sempre e em toda a parte com a vossa luz celeste, para que possamos contemplar com olhar puro e receber de coração sincero o mistério em que por vossa graça participámos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.