domingo, 31 de outubro de 2021

Onde centrar a nossa vida

 

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM – ano B – 31OUT2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 37, 22-23

Não me abandoneis, Senhor;

meu Deus, não Vos afasteis de mim.

Senhor, socorrei-me e salvai-me.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus omnipotente e misericordioso, de quem procede a graça de Vos servirmos fiel e dignamente, fazei-nos caminhar sem obstáculos para os bens por Vós prometidos.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Deut 6, 2-6

«Escuta, Israel: Amarás o Senhor com todo o teu coração»

 

Amar a Deus de todo o coração, acima de todas as coisas, é lei fundamental para todo o homem. Não é novidade trazida por Cristo; constitui princípio absoluto já no Antigo Testamento. Jesus há-de recordá-lo para o levar depois à perfeição. Não é por acaso que o povo judaico, já desde o Antigo Testamento, introduziu esta passagem bíblica na sua oração da manhã diária. Nós também agora a lemos na oração da noite (Completas) na Véspera de cada domingo.

 

Leitura do Livro do Deuteronómio

Moisés dirigiu-se ao povo, dizendo: «Temerás o Senhor, teu Deus, todos os dias da tua vida, cumprindo todas as suas leis e preceitos que hoje te ordeno, para que tenhas longa vida, tu, os teus filhos e os teus netos. Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática o que te vai tornar feliz e multiplicar sem medida na terra onde corre leite e mel, segundo a promessa que te fez o Senhor, Deus de teus pais. Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 17 (18), 2-3.4.47.50-51ab (R. 2)

 

Refrão: Eu Vos amo, Senhor:

Vós sois a minha força. (Repete-se)

 

Eu Vos amo, Senhor, minha força,

minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador,

meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,

meu protector, minha defesa e meu salvador. (Refrão)

 

Invoquei o Senhor – louvado seja Ele –

e fiquei salvo dos meus inimigos.

Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;

exaltado seja Deus, meu salvador. (Refrão)

 

Senhor, eu Vos louvarei entre os povos

e cantarei salmos ao vosso nome.

O Senhor dá ao seu Rei grandes vitórias

e usa de bondade para com o seu Ungido. (Refrão)

 

LEITURA II – Hebr 7, 23-28

 

«Porque permanece para sempre, possui um sacerdócio eterno»

 

Na continuação dos domingos anteriores, a leitura da Epístola aos Hebreus aprofunda o sentido do sacerdócio de Cristo; ele é superior ao da Antiga Aliança, porque é intransmissível, por isso, eterno. Na glória da ressurreição, em que vive agora para sempre, Jesus intercede por nós, e as acções sacerdotais da Igreja sobre a terra significam e tornam operante para os homens de todos os tempos e lugares o sacerdócio eterno de Jesus Cristo.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus

Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número, porque a morte os impedia de durar sempre. Mas Jesus, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por seu intermédio se aproximam de Deus, porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes homens revestidos de fraqueza, mas a palavra do juramento, posterior à Lei, estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Jo 14, 23

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor;

meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 12, 28b-34

 

«Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo»

 

Na Nova Aliança, Jesus, o Filho de Deus, leva à perfeição o primeiro mandamento da Lei, o amor de Deus, e declara o amor para com o próximo, o segundo mandamento, semelhante ao primeiro. Reconhecê-lo e aceitá-lo é já um grande dom e o ponto de partida para o pôr em prática. Foi assim a primeira atitude do escriba; e Jesus louvou-o por isso. Ele estava já no bom caminho.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

 

 

ONDE CENTRAR NOSSA VIDA

 

Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num acto único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem deixa de se tornar absoluto a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. A pergunta pelo primeiro dos mandamentos comporta uma preocupação: onde a vida humana deve centrar-se? A resposta a este problema é fundamental para a vida do discípulo. Mas não basta responder teoricamente. É mister que o discípulo tome consciência onde efectivamente a sua vida está centrada. O engano, aqui, pode ser fatal! A resposta de Jesus ao mestre da Lei aponta para os dois eixos da coluna vertebral da vida do discípulo: Deus é o próximo. Considerando bem, ambos os eixos se exigem mutuamente, a ponto de um levar ao outro e a ausência de um provocar a ausência do outro. Quem está centrado em Deus está necessariamente aberto ao amor e à solidariedade, está sempre pronto para lutar pela justiça, não suportando ver o próximo ser vilipendiado. Sobretudo, torna-se um lutador incansável pela causa do Reino, ansiando por vê-lo acontecer na sua própria vida e na dos seus semelhantes. Por outro lado, tem a sua vida centrada no próximo quem é capaz de superar o egoísmo e romper as amarras das paixões, quem se esforça para se libertar da tirania do pecado, tornando-se livre para Deus. Em outras palavras, quem tem Deus no coração. Todos os demais eixos são espúrios e devem ser rejeitados pelo discípulo do Reino. Basta considerar o modo de proceder de quem não ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. São pessoas desumanizadas e desumanizadoras. As relações dos chefes religiosos de Israel com Jesus são sempre conflituosas. Agora, em num diálogo que aparenta uma certa harmonia, Jesus termina com certa prudência: o escriba não está longe do Reino de Deus. As tradições de Israel e dos judeus haviam acrescentado 613 mandamentos à Lei. Entre os doutores da lei debatia-se sobre qual seria o principal de todos eles. No diálogo, o escriba afirma a supremacia dos mandamentos do amor a Deus e do amor ao próximo. Porém não basta saber isso. É necessário praticá-lo. Pela semelhança que há com o diálogo com o homem rico, observante dos mandamentos, percebe-se que falta o acto fundamental da conversão. “Vai, vende o que tens, dá aos pobres... depois vem e segue-me”. Com isso se percebe que ao escriba faltava romper com as doutrinas e observâncias legais e desapegar-se de suas riquezas. A expressão de nossa adesão ao amor de Deus não é o culto religioso, mas sim o amor concreto e solidário ao nosso próximo.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Senhor, fazei que este sacrifício seja para Vós uma oblação pura e para nós o dom generoso da vossa misericórdia.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 15, 11

O Senhor me ensinará o caminho da vida,

a seu lado viverei na plenitude da alegria.

 

Ou – Jo 6, 58

 

Assim como o Pai que Me enviou

é o Deus vivo e Eu vivo pelo Pai,

também o que Me come viverá por Mim, diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Multiplicai em nós, Senhor, os frutos da vossa graça, para que os sacramentos celestes que nos alimentam na vida presente nos preparem para alcançarmos a herança prometida.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 24 de outubro de 2021

MESTRE, QUE EU VEJA

 

DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM – ano B – 24OUT2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 104, 3-4

Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.

Buscai o Senhor e o seu poder,

procurai sempre a sua face.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade; e para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que mandais.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Jer 31, 7-9

«Vou trazer de novo o cego e o coxo entre lágrimas e preces»

 

Esta leitura refere-se, em primeiro lugar ao fim do exílio do povo de Deus em Babilónia. Mas ela é, ao mesmo tempo, o quadro onde encontram lugar todos os que sofrem e procuram salvação. Hoje, como então, a palavra de Deus anuncia essa salvação. O Senhor quer reunir todos os homens e de todos fazer um só povo, o seu povo. Para isso, chama-os das situações mais humilhantes em que eles se encontram, e oferece-lhes a vida nova que Cristo nos trouxe.

 

Leitura do Livro de Jeremias

Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações. Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)

 

Refrão: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor,

por isso exultamos de alegria. (Repete-se)

 

Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,

parecia-nos viver um sonho.

Da nossa boca brotavam expressões de alegria

e dos nossos lábios cânticos de júbilo. (Refrão)

 

Diziam então os pagãos:

«O Senhor fez por eles grandes coisas».

Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,

estamos exultantes de alegria. (Refrão)

 

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,

como as torrentes do deserto.

Os que semeiam em lágrimas

recolhem com alegria. (Refrão)

 

À ida vão a chorar,

levando as sementes;

à volta vêm a cantar,

trazendo os molhos de espigas. (Refrão)

 

LEITURA II – Hebr 5, 1-6

 

«Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec»

 

Jesus é, junto do Pai, sacerdote de toda a humanidade e não já de um só povo apenas. E não é sacerdote como os da Antiga Aliança, que morriam e tinham de ser substituídos. Jesus é sacerdote de outra maneira, à maneira de Melquisedec, aquela figura misteriosa que saiu ao encontro de Abraão, sem que se lhe conheça nem a origem nem o fim, imagem por isso de Jesus, sacerdote eterno, porque está vivo para sempre.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus

Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – 2 Tim 1, 10

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte

e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 10, 46-52

 

«Mestre, que eu veja»

 

A profecia da primeira leitura, dizendo que entre os retornados do exílio estaria o cego, realiza-se em Jesus Cristo. O cego, proclamando-O “Filho de David”, reconhece n’Ele o Messias. Jesus, curando-o, recompensa a sua fé; mas simultaneamente mostra que os tempos do Messias e da salvação por Ele oferecida a todos os homens tinham chegado ao meio deles.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

 

 

SENHOR, QUE EU VEJA!

 

Ao fazer a leitura do profeta Isaías, na sinagoga de Nazaré, Jesus identificou-se com o Messias, ungido pelo Espírito do Senhor, para “anunciar aos cegos a recuperação da vista”. De certo modo, todo o seu ministério consistiu em ajudar a humanidade a superar a cegueira de que era vítima. Cegueira do egoísmo, que impede de reconhecer o semelhante como quem merece afeição. Cegueira da idolatria, que leva o ser humano a trocar Deus pela criatura e deixar-se tiranizar por ela. Cegueira do pecado, com suas mais diversas manifestações, cujo resultado é a desumanização da pessoa, reduzindo-a à mais terrível escravidão. A súplica do cego de Jericó pode ser a de todo discípulo: “Senhor, que eu veja!” Sim, o discipulado exige a libertação de todo o tipo de cegueira. Isto só pode ser obra de Jesus. É ele quem possibilita ao discípulo ter visão e discernimento para fazer as escolhas certas e optar pelos caminhos mais condizentes com as exigências do Reino. Contudo, o motor de tudo isto é a fé. No caso do cego de Jericó, foi a fé que o moveu a implorar misericórdia junto a Jesus. E, também, pela fé o discípulo é levado a buscar libertação junto a ele. Quanto mais profunda ela for, tanto mais apurada será a visão do discípulo, ou seja, maior será a sua capacidade de “ver” o que Deus deseja dele. A cegueira é a expressão típica da falta de entendimento da missão de Jesus. Os escribas e fariseus são “cegos” (Mt 23,16-26) e a missão de Jesus é a de recuperar a vista aos cegos (Lc 4,18), isto é, fazer com que todos compreendam e dêem a sua adesão ao projecto libertador e vivificante de Deus. Este cego, Bartimeu, “vê” Jesus como “Filho de David”, o que exprime o equívoco de um messianismo triunfalista. A restituição da visão, a compreensão da verdadeira missão de Jesus, na fé, é que permite que se siga Jesus pelo caminho. Ao longo de vinte séculos de história da Igreja, novas luzes do Espírito permitem uma visão renovada da face de Jesus. O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração. E o cego curado reconhece Jesus como o Messias (filho de David). E, com mais coragem do que Pedro e do que o homem rico, segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo, Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos e fazei que a celebração destes mistérios dê glória ao vosso nome.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 19, 6

Celebramos, Senhor, a vossa salvação

e glorificamos o vosso santo nome.

Ou – Salmo Ef 5, 2

 

Cristo amou-nos e deu a vida por nós,

oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes santos mistérios.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 


domingo, 17 de outubro de 2021

O FILHO DO HOMEM VEIO PARA DAR A VIDA PELA REDENÇÃO DE TODOS

 


DOMINGO XXIX DO TEMPO COMUM – ano B – 17OUT2021

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 16, 6.8.9

Respondei-me, Senhor, quando Vos invoco,

ouvi a minha voz, escutai as minhas palavras.

Guardai-me dos meus inimigos, Senhor.

Protegei-me à sombra das vossas asas.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Is 53, 10-11

«Se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira»

 

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo de Deus” do Livro de Isaías. Este Servo apresenta-se como alguém que leva o seu espírito de serviço até ao ponto de dar a própria vida pela salvação da multidão. Jesus há-de realizar, da maneira mais perfeita que se possa imaginar, esta figura do Servo de Deus, e ensinou que este é o único caminho para entender a sua missão e a nossa, como seus discípulos e membros do seu povo.

 

Leitura do Livro de Isaías

Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33), 4-5.18-19.20.21 (R. 22)

 

Refrão: Desça sobre nós a vossa misericórdia,

porque em Vós esperamos, Senhor. (Repete-se)

 

A palavra do Senhor é recta,

da fidelidade nascem as suas obras.

Ele ama a justiça e a rectidão:

a terra está cheia da bondade do Senhor. (Refrão)

 

Os olhos do Senhor estão voltados

para os que O temem,

para os que esperam na sua bondade,

para libertar da morte as suas almas

e os alimentar no tempo da fome. (Refrão)

 

A nossa alma espera o Senhor:

Ele é o nosso amparo e protector.

Venha sobre nós a vossa bondade,

porque em Vós esperamos, Senhor. (Refrão)

 

LEITURA II – Hebr 4, 14-16

 

«Vamos cheios de confiança ao trono da graça»

 

Por uma coincidência feliz, esta leitura liga-se hoje muito bem às outras duas. Fala-nos ela de Cristo como nosso Sacerdote. Ele não só Se ofereceu a Si mesmo ao Pai por nós, mas, como fruto dessa oblação, Ele mesmo, em sua humanidade, penetrou nos Céus e lá colocou, à direita do Pai, a nossa pobre humanidade, por Ele salva. Aí Ele continua a ser o Sacerdote da humanidade, por quem sempre intercede junto do Pai. Podemos, por isso, aproximar-nos confiantes de Deus, que nos acolhe com a sua graça.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus

Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Mc 10, 45

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

O Filho do homem veio para servir

e dar a vida pela redenção de todos. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 10, 35-45

 

«O Filho do homem veio para dar a vida pela redenção de todos»

 

Jesus realizou em Si a figura do Servo de Deus, de que falava a primeira leitura. E, se hoje O reconhecemos como “Senhor”, foi porque o Pai O exaltou e Lhe deu esse nome, que está acima de todos os nomes, depois de Ele ter sido obediente até à morte e morte de cruz. O caminho que O levou à glória foi o do serviço até à morte.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM

 

Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projecta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para o serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum. A formação dos discípulos exigiu de Jesus estar muito atento ao que se passava no íntimo deles. Muitas vezes os seus ensinamentos eram acolhidos de maneira inconveniente; ou havia descompasso entre o que lhes-era ensinado e o que eles captavam. Durante a subida para Jerusalém, o Mestre deu-se conta de como os seus discípulos estavam pouco sintonizados com ele. Enquanto declarava estar caminhando para a morte, que seria entregue nas mãos dos estrangeiros e sofreria toda a sorte de escárnios e flagelos, os quais culminariam com a crucificação, dois de seus discípulos pretendiam garantir os melhores lugares no Reino que imaginavam iria ser instaurado pelo Messias Jesus. Antes que alguém se antecipasse, queriam estar certos de serem os principais beneficiários desse futuro Reino, entendido em termos políticos. Jesus não admitiu a pretensão dos discípulos. Combateu-a severamente e indicou como se deve comportar um discípulo do Reino, para se contrapor à mentalidade dos opressores e tiranos deste mundo. O desejo de grandeza deveria ser substituído pelo ideal de serviço e a busca dos primeiros lugares haveria de ser substituída pelo ideal de se colocar como último de todos. Bastava que observassem o comportamento do Mestre que procurava estar ao serviço de todos e iria dar a própria vida por todos. Jesus, pela terceira vez, adverte os discípulos que irá a Jerusalém não para assumir o poder, mas para enfrentar as autoridades religiosas de Israel no próprio Templo, fazendo o seu anúncio libertador ao povo que para ali acorre por ocasião da festa da Páscoa judaica. Os discípulos não entendem. Ainda vêem Jesus como aquele que vai assumir o poder e querem usufruir deste imaginário privilégio. Jesus adverte que a luta pelo poder não mudará a relação entre o opressor e o oprimido. A transformação fundamental é o assumir a prática do serviço à vida na comunhão fraterna com os excluídos, na luta pela justiça na sociedade e pela partilha dos bens da criação, retidos nas mãos de minorias opulentas.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Fazei, Senhor, que possamos servir ao vosso altar com plena liberdade de espírito, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o pecado.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 32, 18-19

Os ricos empobrecem e passam fome;

mas nada falta aos que procuram o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Concedei, Senhor, que a participação nos mistérios celestes nos faça progredir na santidade, nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos bens eternos.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.