sábado, 23 de fevereiro de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO VII DO TEMPO COMUM – ano C – 24FEV2019





O AMOR HERÓICO

A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai. O ápice do testemunho cristão acontece no amor aos inimigos, que atinge as raias do heroísmo. Este é a pedra de tropeço de muitos discípulos que consideram absurda uma tal exigência. Porque Jesus não omitiu na sua pregação este elemento? Seria possível considerar o amor aos inimigos como um componente opcional da sua doutrina? O Mestre procurou aproximar, o máximo possível, o modo de agir dos discípulos com o modo de ser de Deus. Portanto, eles devem amar os seus inimigos, porque é assim que o Pai age em relação à humanidade que constantemente o ofende pelo pecado. Ele, no entanto, está sempre pronto a refazer os laços de amizade. A misericórdia do Pai deve pautar a acção dos discípulos de Jesus. Sem isto, o discípulo em nada se diferenciaria dos pagãos. Estes gostam apenas daqueles que lhe fazem o bem, e estão sempre prontos a revidar a ofensa recebida, até ao ponto de destruir a vida de quem os ofendeu. Os discípulos do Reino devem agir de maneira diferente. Não sendo passivos, nem agindo por medo, mas sim com plena consciência e liberdade. Eles sabem que, agindo assim, estarão dando testemunho do amor característico do Reino, e quebrando a espiral de violência que arruína o projecto de Deus para a humanidade. O amor heróico tem, portanto, uma vertente missionária. Tem a força de converter para o Reino e para o amor pessoas de boa vontade, em busca dos caminhos de Deus. Lucas reúne, aqui, uma série de ditos de Jesus sobre a misericórdia. O amor misericordioso de Deus, revelado em Jesus e comunicado a todos nós, é a grande novidade do Reino. A sentença: “Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo”, conforme o evangelho de Mateus, é o resumo da Lei e dos Profetas. Esta é uma máxima universal, e veiculada no mundo helénico, no tempo de Jesus. Com o imperativo: “Amai os vossos inimigos”, Jesus remove a figura do inimigo, dominante no Antigo Testamento. O Deus do amor e da paz é bondoso e misericordioso para com todos, sem exclusões.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 12, 6
Eu confio, Senhor, na vossa bondade.
O meu coração alegra-se com a vossa salvação.
Cantarei ao Senhor por tudo o que Ele fez por mim.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, meditando continuamente nas realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que Vos agrada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – 1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23
«O Senhor entregou-te nas minhas mãos, mas eu não quis atentar contra ti»

Toda a palavra da Sagrada Escritura é revelação de Deus, da primeira página até à última, mas é uma revelação gradual, progressiva, que acompanha o próprio crescimento da vida de fé do povo de Deus. O que o Evangelho há-de revelar acerca de Deus e dos seus desígnios de misericórdia e salvação já, sem dúvida menos claramente, o revelara o Antigo Testamento. Assim, nesta leitura, já na atitude bondosa e pacífica de David se antecipa aquela palavra da lei nova que o Senhor há-de proclamar no Evangelho: “Amai-vos uns aos outros”...

Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias, Saul, rei de Israel, pôs-se a caminho e desceu ao deserto de Zif com três mil homens escolhidos de Israel, para irem em busca de David no deserto. David e Abisaí penetraram de noite no meio das tropas: Saul estava deitado a dormir no acampamento, com a lança cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua gente dormia à volta dele. Então Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje nas mãos o teu inimigo. Deixa que de um só golpe eu o crave na terra com a sua lança e não terei de o atingir segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não o mates. Quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?». David levou da cabeceira de Saul a lança e o cantil e os dois foram-se embora. Ninguém viu, ninguém soube, ninguém acordou. Todos dormiam, por causa do sono profundo que o Senhor tinha feito cair sobre eles. David passou ao lado oposto e ficou ao longe, no cimo do monte, de sorte que uma grande distância os separava. Então David exclamou: «Aqui está a lança do rei. Um dos servos venha buscá-la. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele entregou-te hoje nas minhas mãos e eu não quis atentar contra o ungido do Senhor».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 102 (103), 1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 8a)

Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão. (Repete-se).

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. (Refrão)

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. (Refrão)

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. (Refrão)

Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados;
como um pai se compadece dos seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 15, 45-49

«Assim como trazemos em nós a imagem do homem terreno,
procuremos também trazer em nós a imagem do homem celeste»

Continuando a expor a doutrina sobre a ressurreição, o Apóstolo estabelece o confronto entre o primeiro homem da primeira criação, Adão, de quem nascem todos os mortais, e o novo Adão, Cristo, o Primeiro da nova humanidade dos filhos de Deus, que vivem para Deus da vida imortal de Cristo ressuscitado.


Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo; o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno, traremos também em nós a imagem do homem celeste.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Jo 13, 34

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 6, 27-38

«Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso»

O comportamento do discípulo de Cristo é a resposta ao que o Mestre tem para com ele, que todo se resume na palavra: “Amai-vos como Eu vos amei”. Mas, por sua vez, a atitude de Jesus para com os homens é a manifestação da atitude do coração do Pai, de quem Ele, Jesus, é a imagem perfeita, encarnada no meio dos homens. Esta imitação que somos chamados a realizar não é alguma coisa que fazemos de fora e de longe, mas como membros que somos do próprio Cristo, o Filho de Deus, no qual também nós somos filhos do Pai celeste, “filhos no Filho”.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que celebremos dignamente estes divinos mistérios, de modo que os dons oferecidos para vossa glória sejam para nós fonte de eterna salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 9, 2-3
Cantarei todas as vossas maravilhas.
Quero alegrar-me e exultar em Vós.
Cantarei ao vosso nome, ó Altíssimo.

Ou – Jo 11, 27
Senhor, eu creio que sois Cristo, Filho de Deus vivo,
o Salvador do mundo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Deus omnipotente,
que este sacramento de salvação
seja para nós penhor seguro de vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 16 de fevereiro de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO VI DO TEMPO COMUM – ano C – 17FEV2019





UMA PALAVRA DE ESPERANÇA

O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a sua acção faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os versículos 20-26 proclamam o cerne de toda a actividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e despojando-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem o libertar da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. As palavras de Jesus dirigem-se aos pobres que têm diante de si. Servindo-se da segunda pessoa do plural “vós”, o seu discurso destina-se aos que são carentes de bens materiais, vindo até mesmo a passar fome; aos que choram, talvez porque tiveram os seus direitos negados e a sua dignidade aviltada; aos que são vítimas de calúnia, ódio e perseguição, devendo levar uma vida difícil de privação dos bens necessários para viver dignamente. Portanto, um grupo de pessoas carentes de palavras de esperança. As bem-aventuranças visam infundir ânimo e coragem a quem se encontra nesta situação de penúria. Sobretudo os pobres devem ter a certeza de que Deus está do lado deles e que o Reino lhes pertence. Deus mesmo haverá de saciá-los, consolá-los e ser para eles motivo de alegria. A outra face da moeda é representada pelos ricos, pelos fartos, pelos folgazões e pelos que estão preocupados com a fama, a qualquer preço. Estes também se encontram diante de Jesus e são o alvo das invectivas que lhe são lançadas com tanta veemência. É provável que fossem eles a causa da situação de carência dos demais, sem se darem conta. Por isso, são declarados malditos. Falta-lhes sensibilidade, pois em seus corações não há lugar para a misericórdia. Isto justifica a severidade com que serão tratados, se não se converterem urgentemente, fazendo-se atentos aos apelos dos necessitados. Tanto Lucas como Mateus, apresentam a proclamação das bem-aventuranças por Jesus, porém cada um mantém o seu estilo e sua intenção teológica próprios. Em Mateus temos oito bem-aventuranças, proclamadas na montanha, pelo que Jesus é associado a Moisés com seu decálogo. Em Lucas são quatro bem-aventuranças, na planície, isto é, no meio da grande multidão. As quatro bem-aventuranças de Lucas exprimem situações objectivas de exclusão: pobreza, fome, lágrimas e perseguições. Elas estão mais próximas das fontes da tradição. Os pobres são os destinatários das bem-aventuranças. Eles são as vítimas da sociedade exploradora e excludente. Seguem quatro “ais” dirigidos aos ricos, que são os beneficiários de tal tipo de sociedade. Uma das características do evangelho de Lucas é a denuncia da divisão socioeconómica entre pobreza e riqueza.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 30, 3-4
Sede a rocha do meu refúgio, Senhor,
e a fortaleza da minha salvação.
Para glória do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que prometestes estar presente nos corações rectos e sinceros, ajudai-nos com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Jer 17, 5-8
«Maldito quem confia no homem; bendito quem confia no Senhor»

A vida do crente em Deus, e mais ainda do crente em Jesus Cristo, é orientada por uma sabedoria mais do que humana. Já desde o Antigo Testamento que esta sabedoria orientou os membros do povo da Aliança. Guiado, por ela, o homem pode distinguir sempre diante de si dois caminhos: o que lhe é apontado pela luz que vem de Deus e que a Deus conduz, e o que é iluminado só pelas luzes que vêm dos homens e que, por isso, não pode levar mais longe do que o horizonte do mesmo homem. O que segue por este último caminho será maldito, enquanto que o que envereda pelo primeiro será feliz e abençoado.

Leitura do Livro de Jeremias
Eis o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será como o cardo na estepe, que nem percebe quando chega a felicidade: habitará na aridez do deserto, terra salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de produzir os seus frutos».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 1, 1-2.3.4.6 (R. Salmo 39, 5a)

Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor. (Repete-se).

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite Refrão

É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo
e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido. (Refrão)

Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 15, 12.16-20

«Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé»

A ressurreição é um artigo da fé cristã, expressamente proclamado no Credo. A ressurreição dos homens é consequência imediata da ressurreição do Senhor. Se Ele ressuscitou, os que n’Ele crêem e esperam, os que, por isso, estão em Cristo, também com Ele ressuscitarão. A Eucaristia, como aliás todos os sacramentos, celebra, em última análise, o mistério da Morte do Senhor, que, por ela, passou à vida do Ressuscitado. É este afinal o mistério da Páscoa cristã.


Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo pereceram também. Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Lc 6, 23ab

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Alegrai-vos e exultai, diz o Senhor,
porque é grande no Céu a vossa recompensa. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 6, 17.20-26

«Bem-aventurados os pobres. Ai de vós, os ricos»

A perspectiva dos dois caminhos, já apontada no Antigo Testamento, é retomada, e com muito mais clareza, por Jesus. São as célebres “Bem-aventuranças”, que S. Lucas resume em quatro, contrapondo-lhes, em compensação, outras tantas “maldições”. É este um jeito literário, frequente também nos salmos, de expor uma ideia, primeiro afirmativamente, depois negando o ponto de visa oposto. Aqui a ideia resulta clara: o ideal do Reino dos céus não se rege por critérios terrenos. É preciso aceitar os critérios de Deus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos, disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor, que estes dons sagrados nos purifiquem e renovem, para que, obedecendo sempre à vossa vontade, alcancemos a recompensa eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 77, 24.29
O Senhor deu-lhes o pão do Céu:
comeram e ficaram saciados.

Ou Jo 3, 16
Deus amou tanto o mundo que lhe deu
o seu Filho Unigénito.
Quem acredita n’Ele tem a vida eterna.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão do Céu, concedei-nos a graça de buscarmos sempre aquelas realidades que nos dão a verdadeira vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO V DO TEMPO COMUM – ano C – 10FEV2019






ANÚNCIO DA BOA NOVA

A cena é simbólica. Jesus chama seus primeiros discípulos, mostrando-lhes qual a missão lhes está reservada: fazer que os homens participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no seguimento dele, mediante a união com ele e a sua missão. O convite ao seguimento é exigente: é preciso “deixar tudo”, para que nada impeça o discípulo de anunciar a Boa Notícia do Reino. A cena da pesca milagrosa ilustra a vida missionária dos discípulos do Reino. Tudo começou com um encontro fortuito com Jesus. Comprimido pelas multidões ansiosas para ouvir a Palavra de Deus, o Mestre pediu a Simão um favor: levá-lo na sua barca um pouco mais para dentro do lago de Genesaré, não muito longe da margem, para que pudesse falar à multidão. O seu pedido foi prontamente atendido. Quando concluiu a pregação, deu a Simão uma ordem inesperada: conduzir o barco para águas mais profundas e lançar a rede. Simão tinha trabalhado, em vão, toda a noite, mas por obediência à ordem do Mestre, lançou novamente a rede. E disto resultou uma pesca espectacular. Entretanto, o facto mais notável foi Simão ter tido a chance de reconhecer Jesus como Messias. O espanto que se apoderou dele e dos seus companheiros foi semelhante ao que, no Antigo Testamento, acontecia nas teofanias, quando pessoas achavam que iriam morrer, caso vissem a Deus. Simão reconheceu em Jesus a manifestação da divindade. E Jesus exortou-o a não ter medo, pois a sua vida havia sido transformada. Doravante, teria outra preocupação, não mais com peixes, mas com pessoas humanas. Simão aceitou a tarefa de ser pescador de gente, e passou a seguir Jesus. Começava para ele uma nova vida. O centro desta narrativa é o anúncio de Jesus e a escolha dos seus colaboradores. A multidão comprime-se para ouvir a sua palavra, Jesus sobe ao barco de Simão (Pedro) e daí ensina estas multidões. A pesca imprevista e abundante (acentuada desmedidamente) sob a orientação de Jesus é uma confirmação da força da sua palavra e da confiança que se deve ter nesta palavra. Jesus chama os discípulos como cooperadores na sua missão. Os discípulos, com desprendimento, põem-se a seguir Jesus. O sucesso da missão implica no abandono e na docilidade à palavra de Jesus.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 94, 6-7
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus.

ORAÇÃO COLECTA
Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família; e, porque só em Vós põe a sua confiança, defendei-a sempre com a vossa protecção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Is 6, 1-2a.3-8
«Eis-me aqui: podeis enviar-me»

Esta leitura apresenta a vocação de Isaías e a sua missão, para introduzir a missão dos Apóstolos, de que falará o Evangelho. A vocação e a missão vêm de Deus, são dom seu. Em presença de tais dons, ao homem compete simplesmente responder e deixar-se enviar, porque a obra a que é enviado é toda de Deus. Foi por isso que o profeta começou por sentir-se envolvido em sinais da presença e da santidade de Deus. E ao reconhecer que Deus o chamava, respondeu a esse chamamento e deixou-se enviar para a missão a que Deus o destinava.

Leitura do Livro de Isaías
No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138), 1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R. 1c)

Refrão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, Senhor. (Repete-se).

De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. Refrão

Hei-de louvar o vosso nome
pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. (Refrão)

Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor. (Refrão)

A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. (Refrão)

LEITURA II – 1 Cor 15, 1-11

«É assim que pregamos e foi assim que acreditastes»

Os cristãos de Corinto, cidade grega de ambiente pagão, deviam sentir a atitude negativa dos grupos no meio dos quais viviam, em relação à ressurreição dos mortos, que até os próprios Judeus só lentamente foram admitindo. Para os cristãos, a morte e a ressurreição de Cristo constitui a base e o fundamento da sua fé. Ao afirmar o mistério pascal de Cristo, S. Paulo apresenta o núcleo central da profissão de fé da Igreja, o “Credo”.


Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Mt 4, 19

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 5, 1-11

«Deixaram tudo e seguiram Jesus»

A disponibilidade verificada no profeta Isaías, vemo-la agora nos Apóstolos. É o Senhor que os envia, mas eles, por seu lado, deixam-se enviar. A obra de Deus está também nas mãos dos homens, porque Deus os quer associar a Si na obra de salvação. É, no fundo, a lei que nasce do mistério da Encarnação: Deus no homem e o homem em Deus. E a única atitude possível para o homem a quem Deus chama e envia é responder como Isaías: “Eis-me aqui”, e como Pedro: “Já que o dizes, lançarei as redes”.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus, que criastes o pão e o vinho para auxílio da nossa fraqueza concedei que eles se tornem para nós sacramento de vida eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 106, 8-9
Dêmos graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens,
porque Ele deu de beber aos que tinham sede
e saciou os que tinham fome.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de bondade, que nos fizestes participantes do mesmo pão e do mesmo cálice, concedei que, unidos na alegria e no amor de Cristo, dêmos fruto abundante para a salvação do mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 2 de fevereiro de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO IV DO TEMPO COMUM – ano C – 3FEV2019



JESUS NÃO É ENVIADO SOMENTE AOS JUDEUS





UM PROJECTO DE VIDA

Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a actividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. A dúvida e a rejeição de Jesus por parte de seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a actividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue o seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade. As profecias do Antigo Testamento ajudaram Jesus a compreender a sua identidade e missão. Um texto do profeta Isaías foi-lhe extremamente útil. Nesse texto encontramos o monólogo de alguém que voltara do exílio babilónico e expressava a consciência da sua missão: reorganizar o povo, após a sua total destruição às mãos de Nabucodonosor. Isaías tinha consciência de ser um profeta, nos moldes do Servo de Deus, cuja missão era a de infundir ânimo e esperança no povo, descortinando-lhe horizontes, e trazendo-lhe libertação. Foi esse o trilho que Jesus seguiu. O evento do seu baptismo constituiu-se numa verdadeira consagração por parte do Pai para a missão que estava prestes a ser iniciada. Os destinatários preferenciais da sua acção missionária foram os pobres, os humilhados e injustiçados, toda a sorte de prisioneiros e oprimidos, as vítimas da cegueira física e espiritual. A sua acção, por ser ele o Filho de Deus, era portadora de alegria semelhante à do ano jubilar, quando todas as dívidas e servidões eram abolidas e as pessoas tinham, novamente, a sua dignidade reconhecida. O texto profético era um resumo perfeito do projecto de vida de Jesus. Não possuímos informações a respeito do que se passou com o profeta vétero-testamentário. Com Jesus, sim. A história confirmou que nele se cumpriu plenamente o que o antigo profeta havia falado de si mesmo. Lucas, no seu evangelho, apresenta às suas comunidades, e a nós, o início do ministério de Jesus na Galileia, diferenciado da prática do judaísmo. Colocando a sinagoga como um espaço a ser superado, Lucas apresenta Jesus cheio do Espírito, profético, identificado com a vocação de Isaías, no texto em que lê. A missão de Jesus é a nossa missão: anunciar o evangelho aos pobres, proclamar e se empregar na libertação dos presos, dos oprimidos, explorados e excluídos; proclamar a Palavra que ilumine os que não vêem a realidade, desperte os acomodados e indiferentes, que fortaleça os abatidos e desesperançados.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 105, 47
Salvai-nos, Senhor nosso Deus,
e reuni-nos de todas as nações,
para dar graças ao vosso santo nome e nos alegrarmos no vosso louvor.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei, Senhor nosso Deus, que Vos adoremos de todo o coração e amemos todos os homens com sincera caridade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Jer 1, 4-5.17-19
«Eu te constituí profeta entre as nações»

Desde o dia da sua vocação, Jeremias, que os seus compatriotas hão-de acolher tão mal, é destinado por Deus para levar a palavra divina até aos pagãos. A palavra de Deus vem ao mundo para chegar a toda a Terra; e deve partir do meio do povo que Ele mesmo acolheu, mas que tantas vezes não é o que Lhe dá melhor acolhimento.

Leitura do Livro de Jeremias
No tempo de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações. Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 70 (71), 1-2.3-4a.5-6ab.15ab.17 (R. cf. 15ab)

Refrão: A minha boca proclamará a vossa salvação. (Repete-se).

Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me. Refrão

Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador. (Refrão)

Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector. (Refrão)

A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios. (Refrão)

LEITURA II – 1 Cor 12, 31 – 13, 13

«Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade»

No Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, há grande diversidade de dons e graças. Depois de se referir a essa variedade, que enriquece o corpo da Igreja, o Apóstolo aponta o que é carisma de todos os cristãos e a que todos são chamados, embora cada um em grau diferente: a caridade. Esta leitura é um verdadeiro hino à caridade.


Leitura da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Lc 4, 18

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

O Senhor enviou-me
a anunciar a boa nova aos pobres,
a proclamar aos cativos a redenção. (Refrão)


EVANGELHO – Lc 4, 21-30

«Como Elias e Eliseu, Jesus não é enviado somente aos judeus»

Como Jeremias, também Jesus foi mal recebido pelos seus, e, deixando Nazaré, a terra “onde Se tinha criado”, partiu para outros lugares, onde a palavra de Deus pudesse encontrar quem melhor a escutasse. Deus liga-Se a determinadas circunstâncias humanas e temporais; mas a sua Palavra vem ao mundo para ser levada até aos confins da Terra. Ela não veio para dividir, mas para unir; dividir, só a verdade do erro, o bem do mal, a luz das trevas, porque Deus é Luz.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Apresentamos, Senhor, ao vosso altar os dons do vosso povo santo; aceitai-os benignamente e fazei deles o sacramento da nossa redenção.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 30, 17-18
Fazei brilhar sobre mim o vosso rosto,
salvai-me, Senhor, pela vossa bondade
e não serei confundido por Vos ter invocado.

Ou – Mt 5, 3-4
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra prometida.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecidos pelo sacramento da nossa redenção, nós Vos suplicamos, Senhor, que, por este auxílio de salvação eterna, cresça sempre no mundo a verdadeira fé.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.