O AMOR
HERÓICO
A vida em sociedade é feita de relacionamentos de
interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho
revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e
fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso
do Pai. O ápice do testemunho cristão acontece no amor aos inimigos, que atinge
as raias do heroísmo. Este é a pedra de tropeço de muitos discípulos que
consideram absurda uma tal exigência. Porque Jesus não omitiu na sua pregação
este elemento? Seria possível considerar o amor aos inimigos como um componente
opcional da sua doutrina? O Mestre procurou aproximar, o máximo possível, o
modo de agir dos discípulos com o modo de ser de Deus. Portanto, eles devem
amar os seus inimigos, porque é assim que o Pai age em relação à humanidade que
constantemente o ofende pelo pecado. Ele, no entanto, está sempre pronto a
refazer os laços de amizade. A misericórdia do Pai deve pautar a acção dos
discípulos de Jesus. Sem isto, o discípulo em nada se diferenciaria dos pagãos.
Estes gostam apenas daqueles que lhe fazem o bem, e estão sempre prontos a
revidar a ofensa recebida, até ao ponto de destruir a vida de quem os ofendeu.
Os discípulos do Reino devem agir de maneira diferente. Não sendo passivos, nem
agindo por medo, mas sim com plena consciência e liberdade. Eles sabem que,
agindo assim, estarão dando testemunho do amor característico do Reino, e
quebrando a espiral de violência que arruína o projecto de Deus para a
humanidade. O amor heróico tem, portanto, uma vertente missionária. Tem a força
de converter para o Reino e para o amor pessoas de boa vontade, em busca dos
caminhos de Deus. Lucas reúne, aqui, uma série de ditos de Jesus sobre a
misericórdia. O amor misericordioso de Deus, revelado em Jesus e comunicado a
todos nós, é a grande novidade do Reino. A sentença: “Assim como desejais
que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo”, conforme o evangelho de
Mateus, é o resumo da Lei e dos Profetas. Esta é uma máxima universal, e veiculada
no mundo helénico, no tempo de Jesus. Com o imperativo: “Amai os vossos
inimigos”, Jesus remove a figura do inimigo, dominante no Antigo
Testamento. O Deus do amor e da paz é bondoso e misericordioso para com todos,
sem exclusões.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 12, 6
Eu confio, Senhor, na vossa bondade.
O meu coração alegra-se com a vossa salvação.
Cantarei ao Senhor por tudo o que Ele fez por mim.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, meditando continuamente
nas realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que Vos
agrada.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – 1 Sam
26, 2.7-9.12-13.22-23
«O Senhor
entregou-te nas minhas mãos, mas eu não quis atentar contra ti»
Toda a palavra
da Sagrada Escritura é revelação de Deus, da primeira página até à última, mas
é uma revelação gradual, progressiva, que acompanha o próprio crescimento da
vida de fé do povo de Deus. O que o Evangelho há-de revelar acerca de Deus e
dos seus desígnios de misericórdia e salvação já, sem dúvida menos claramente,
o revelara o Antigo Testamento. Assim, nesta leitura, já na atitude bondosa e
pacífica de David se antecipa aquela palavra da lei nova que o Senhor há-de
proclamar no Evangelho: “Amai-vos uns aos outros”...
Leitura
do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles
dias, Saul, rei de Israel, pôs-se a caminho e desceu ao deserto de Zif com três
mil homens escolhidos de Israel, para irem em busca de David no deserto. David
e Abisaí penetraram de noite no meio das tropas: Saul estava deitado a dormir
no acampamento, com a lança cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua
gente dormia à volta dele. Então Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje
nas mãos o teu inimigo. Deixa que de um só golpe eu o crave na terra com a sua
lança e não terei de o atingir segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não
o mates. Quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar
impune?». David levou da cabeceira de Saul a lança e o cantil e os dois
foram-se embora. Ninguém viu, ninguém soube, ninguém acordou. Todos dormiam,
por causa do sono profundo que o Senhor tinha feito cair sobre eles. David
passou ao lado oposto e ficou ao longe, no cimo do monte, de sorte que uma
grande distância os separava. Então David exclamou: «Aqui está a lança do rei.
Um dos servos venha buscá-la. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua
justiça e fidelidade. Ele entregou-te hoje nas minhas mãos e eu não quis
atentar contra o ungido do Senhor».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 102 (103), 1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 8a)
Refrão: O Senhor é
clemente e cheio de compaixão. (Repete-se).
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. (Refrão)
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. (Refrão)
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. (Refrão)
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados;
como um pai se compadece dos seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 15, 45-49
«Assim como
trazemos em nós a imagem do homem terreno,
procuremos também
trazer em nós a imagem do homem celeste»
Continuando a
expor a doutrina sobre a ressurreição, o Apóstolo estabelece o confronto entre
o primeiro homem da primeira criação, Adão, de quem nascem todos os mortais, e
o novo Adão, Cristo, o Primeiro da nova humanidade dos filhos de Deus, que
vivem para Deus da vida imortal de Cristo ressuscitado.
Leitura
da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo; o último Adão tornou-se um
espírito que dá vida. O primeiro não foi o espiritual, mas o natural; depois é
que veio o espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo
homem veio do Céu. O homem que veio da terra é o modelo dos homens terrenos; o
homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos em
nós a imagem do homem terreno, traremos também em nós a imagem do homem
celeste.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Jo 13, 34
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 6,
27-38
«Sede
misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso»
O
comportamento do discípulo de Cristo é a resposta ao que o Mestre tem para com
ele, que todo se resume na palavra: “Amai-vos como Eu vos amei”. Mas, por sua
vez, a atitude de Jesus para com os homens é a manifestação da atitude do
coração do Pai, de quem Ele, Jesus, é a imagem perfeita, encarnada no meio dos
homens. Esta imitação que somos chamados a realizar não é alguma coisa que
fazemos de fora e de longe, mas como membros que somos do próprio Cristo, o
Filho de Deus, no qual também nós somos filhos do Pai celeste, “filhos no
Filho”.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me
escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os
que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa
face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também
a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o
reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais
aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam
aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento
mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais
receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos
pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos,
fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa
recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os
maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e
não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis
perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada,
sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também
convosco».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Concedei, Senhor, que celebremos dignamente estes divinos mistérios, de
modo que os dons oferecidos para vossa glória sejam para nós fonte de eterna
salvação.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 9, 2-3
Cantarei todas as vossas maravilhas.
Quero alegrar-me e exultar em Vós.
Cantarei ao vosso nome, ó Altíssimo.
Ou – Jo 11, 27
Senhor, eu creio que sois Cristo, Filho de Deus vivo,
o Salvador do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Deus omnipotente,
que este sacramento de salvação
seja para nós penhor seguro de vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.