domingo, 26 de setembro de 2021

QUEM NÃO É CONTRA NÓS É POR NÓS

  

DOMINGO XXVI DO TEMPO COMUM – ano B – 26SET2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Dan 3, 31.29.30.43.42

Vós sois justo, Senhor, em tudo o que fizestes.

Pecámos contra Vós, não observámos

os vossos mandamentos.

Mas para glória do vosso nome,

mostrai-nos a vossa infinita misericórdia.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que, correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Num 11, 25-29

«Estás com ciúmes por causa de mim?

Quem dera que todo o povo fosse profeta!»

 

Uma das grandes fraquezas humanas é o espírito de inveja e de partidarismo; e essa atitude de espírito é um dos maiores impedimentos à unidade e à colaboração. Tal atitude aparece até dentro da comunidade do povo de Deus, como se pode ver já nesta passagem do Antigo Testamento. Mas um espírito recto e humilde, como o de Moisés, saberá antes agradecer ao Senhor os dons que reconhecer nos outros, e não lhos invejar. É preciso antes compreender que o povo de Deus é todo ele animado pelo Espírito de Deus, o qual assiste a cada um em ordem à função que lhe cabe no meio desse povo.

 

Leitura do Livro dos Números

Naqueles dias, o Senhor desceu na nuvem e falou com Moisés. Tirou uma parte do Espírito que estava nele e fê-lo poisar sobre setenta anciãos do povo. Logo que o Espírito poisou sobre eles, começaram a profetizar; mas não continuaram a fazê-lo. Tinham ficado no acampamento dois homens: um deles chamava-se Eldad e o outro Medad. O Espírito poisou também sobre eles, pois contavam-se entre os inscritos, embora não tivessem comparecido na tenda; e começaram a profetizar no acampamento. Um jovem correu a dizê-lo a Moisés: «Eldad e Medad estão a profetizar no acampamento». Então Josué, filho de Nun, que estava ao serviço de Moisés desde a juventude, tomou a palavra e disse: «Moisés, meu senhor, proíbe-os». Moisés, porém, respondeu-lhe: «Estás com ciúmes por causa de mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles!».

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – 18 (19), 8.10.12-13.14 (R. 9a)

 

Refrão: Os preceitos do Senhor alegram o coração. (Repete-se)

 

A lei do Senhor é perfeita,

ela reconforta a alma.

As ordens do Senhor são firmes,

dão a sabedoria aos simples. (Refrão)

 

O temor do Senhor é puro

e permanece eternamente;

os juízos do Senhor são verdadeiros,

todos eles são rectos. (Refrão)

 

Embora o vosso servo se deixe guiar por eles

e os observe com cuidado,

quem pode, entretanto, reconhecer os seus erros?

Purificai-me dos que me são ocultos. (Refrão)

 

Preservai também do orgulho o vosso servo,

para que não tenha poder algum sobre mim:

então serei irrepreensível

e imune de culpa grave. (Refrão)

 

LEITURA II – Tg 5, 1-6

 

«As vossas riquezas estão apodrecidas»

 

O Apóstolo que escreveu o texto que hoje nos é proclamado pertenceu à primeira geração cristã. Por ele se vê como a fé, que inspirou, na Sagrada Escritura, páginas da mais alta mística, inspirou igualmente orientações muito práticas para a vida social, no que diz respeito ao uso dos bens temporais e à justiça para com o próximo, como estas que vamos escutar.

 

Leitura da Epístola de São Tiago

Agora, vós, ó ricos, chorai e lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. As vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se, e a sua ferrugem vai dar testemunho contra vós e devorar a vossa carne como fogo. Acumulastes tesouros no fim dos tempos. Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. Condenastes e matastes o justo e ele não vos resiste.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Jo 17, 17b.a

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

A vossa palavra, Senhor, é a verdade;

santificai-nos na verdade. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 9, 38-43.45.47-48

 

«Quem não é contra nós é por nós.

Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a»

 

O Espírito de Deus, que encheu a terra inteira, quer atingir, pela sua acção, todos os homens. Onde quer que a sua acção se manifeste, aí está a sua presença. E os filhos da Igreja devem alegrar-se com isso, procurando sempre, à luz do Espírito, discernir o que é ou não fruto desse mesmo Espírito. É à luz do Espírito de Deus que cada qual procurará ajuizar das suas próprias atitudes, deixando para trás tudo o que for obstáculo ao reino de Deus.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

ACÇÃO LIBERTADORA DE JESUS

 

Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer acção que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus. Pequeninos são os pobres e fracos que esperam confiantes uma sociedade fraterna e igualitária. Eles ficariam escandalizados se os seguidores de Jesus andassem à busca de poder e formassem uma casta privilegiada. Isso seria trair a missão de Jesus, mal que deve ser cortado pela raiz. Os discípulos foram tentados a criar um círculo fechado em torno de Jesus. A intransigência de João é uma mostra da mentalidade que passava no grupo dos seguidores do Mestre: só podia fazer o bem, em nome de Jesus, quem fosse abertamente membro do grupo. O Mestre recusou-se a compactuar com este modo de pensar. O desconhecido fazia o bem em nome de Jesus, libertando as pessoas do poder do maligno, a exemplo do Mestre. Quem terá sido esta pessoa? O Evangelho não a identifica. Contudo, pode-se deduzir, a partir da afirmação do discípulo, que se tratava de uma pessoa cheia de fé em Jesus cujo nome invocava para expulsar os demónios. Não atribuía a si tal poder. Sentia-se movido a ser ministro da libertação, agindo em favor dos atribulados pelas forças do mal. Mostrava estar em plena comunhão com Jesus, uma vez que se colocara em aberto confronto como seu inimigo número um. Estas características, detectadas na acção dessa pessoa desconhecida, era o que se exigia dos discípulos. Portanto, no seu anonimato, esse exorcista mostrava-se perfeitamente em comunhão com o Mestre. Teria sido ele beneficiado por Jesus e, como sinal de fé e gratidão, quis que outros participassem dos benefícios divinos com que ele próprio tinha sido agraciado? O fanatismo exclusivista dos discípulos só podia ser censurado por Jesus. Quem dera houvesse muitos outros anónimos colocando-se ao serviço da libertação! Jesus passa por Cafarnaum, em viagem com destino a Jerusalém. João, um dos doze apóstolos que acompanhavam Jesus, falando em nome do grupo, comunica-lhe que haviam proibido alguém que expulsava demónios em seu nome. A expulsão de demónios significava a libertação de pessoas oprimidas e atormentadas. Os próprios apóstolos haviam falhado nesta acção libertadora (Mc 9,18) e, agora, impediam outros de assim agirem. Com isso, negam o projecto de Jesus. Havia grupos de discípulos de Jesus, possivelmente gentios, que agiam em seu nome (expulsavam demónios), diferenciados dos doze que circundavam Jesus. Os Doze, aqui representados por João, ainda estão apegados à esperança messiânica segregacionista da tradição do judaísmo e rejeitam aqueles que “não andavam” com eles. Para Jesus, o caminho não é “proibir”, mas valorizar todos os gestos e práticas libertadoras e promotoras da vida, mesmo fora da comunidade missionária. Há quem julgue que o missionário é aquele que tem a salvação e vai levá-la aos pecadores. É perito na doutrina e vai ensinar os que a ignoram. Recebe um poder com o qual vai dar eficiência à missão. Pelo contrário, cabe à missão, a exemplo de Jesus, reconhecer e solidarizar-se com as manifestações de vida, de busca da liberdade e da justiça, onde quer que floresçam. Em qualquer povo, em qualquer cultura, em qualquer tempo.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação e fazei que por ela se abra para nós a fonte de todas as bênçãos.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 118, 9-5

Senhor, lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.

A consolação da minha amargura

é a esperança na vossa promessa.

 

Ou – 1 Jo 3, 16

 

Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;

também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Fazei, Senhor, que este sacramento celeste renove a nossa alma e o nosso corpo, para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte, possamos tomar parte na sua herança gloriosa.

Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

domingo, 19 de setembro de 2021

QUEM É O MAIOR?

 

DOMINGO XXV DO TEMPO COMUM – ano B – 19SET2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA

Eu sou a salvação do meu povo, diz o Senhor.

Quando chamar por Mim nas suas tribulações,

Eu o atenderei e serei o seu Deus para sempre.

 

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para alcançarmos a vida eterna.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Sab 2, 12.17-20

«Condenemo-lo à morte infamante»

 

Esta leitura descreve, em primeiro lugar, a atitude dos judeus influenciados pelas civilizações dos outros povos que lhes iam fazendo perder a fé na lei de Deus, transmitida pelos seus antepassados. Esses pagãos experimentam-nos, perseguindo-os e maltratando-os. O mistério da Cruz virá demonstrar que os sofrimentos dos homens, assumidos por Jesus, não serão uma derrota que põe fim a tudo, mas caminho de libertação e glória, porque Deus está com o justo. O justo por excelência é Jesus Cristo.

 

Leitura do Livro da Sabedoria

Disseram os ímpios: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação. Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a sua morte. Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas, para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 53 (54), 3-4.5.6.8 (R. 6b)

 

Refrão: O Senhor sustenta a minha vida. (Repete-se)

 

Senhor, salvai-me pelo vosso nome,

pelo vosso poder fazei-me justiça.

Senhor, ouvi a minha oração,

atendei às palavras da minha boca. (Refrão)

 

Levantaram-se contra mim os arrogantes

e os violentos atentaram contra a minha vida.

Não têm a Deus na sua presença. (Refrão)

 

Deus vem em meu auxílio,

o Senhor sustenta a minha vida.

De bom grado oferecerei sacrifícios,

cantarei a glória do vosso nome, Senhor. (Refrão)

 

LEITURA II – Tg 3, 16 – 4, 3

 

«O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz»

 

A má convivência entre os homens procede sempre da atitude interior, egoísta, menos recta, viciada, própria de uma natureza deixada a si mesma, onde a sabedoria de Deus não lançou a sua luz e a sua paz. Porque a natureza não pode dar esta sabedoria, é necessário pedi-la a Deus, que a dará abundantemente a quem Lha pedir.

 

Leitura da Epístola de São Tiago

Caríssimos: Onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más acções. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz. De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam nos vossos membros? Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – 2 Tes 2, 14

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Deus chamou-nos por meio do Evangelho,

para alcançarmos a glória

de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 9, 30-37

 

«O Filho do homem vai ser entregue... Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos»

 

A leitura da hoje continua a do domingo anterior: Jesus quer fazer compreender aos seus o sentido da sua Paixão e o sentido da vida cristã em geral, que não é a procura de grandezas, mas o serviço de Deus e dos homens segundo os caminhos de Deus: os da humildade e simplicidade

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

QUEM É O MAIOR?

 

“Partindo dali”, isto é, da região de Cesareia de Filipe, Jesus e os seus discípulos atravessam a Galileia a caminho de Jerusalém, para ali fazer seu anúncio libertador, mesmo sabendo que estava ameaçado de morte pelos chefes de Israel: “entregue às mãos dos homens e eles o matarão”. No caminho, Jesus prepara os discípulos para suportarem o possível desfecho trágico. Eles persistiam com a compreensão messiânica de que Jesus seria um novo David que restauraria o reino de Israel. Daí a discussão deles, entre si, pelo caminho, sobre quem era o maior. Jesus, contudo, inverte os critérios de competição: a aspiração a ser o maior deve dar lugar ao empenho em servir a todos. O modelo é a criança, com a qual Jesus se identifica na humildade, simplicidade e acolhimento do novo. Os discípulos de Jesus deixaram-se contaminar pela busca de grandeza. Por isso, discutiam para saber quem, de entre eles, seria o maior. Mas o ponto de partida deste debate revelava um equívoco. Pensavam na grandeza do Reino que Jesus inauguraria e na possibilidade de ocupar posições de destaque junto ao monarca. De antemão, esses discípulos faziam a partilha dos futuros cargos disponíveis. Jesus, porém, deu por fim estas considerações indignas de quem quer ser seu discípulo. O ensino de Jesus centra-se no tema do serviço, bem característico do Reino. A grandeza do discípulo está na sua capacidade de colocar-se a serviço do próximo. Ocupa o primeiro lugar quem se predispõe a servir a todos, sem distinção, vivendo a condição de servo, de maneira plena. A quem é reticente no servir e não prima pela generosidade, estão reservados os últimos lugares no Reino. Portanto, se os discípulos quisessem realmente disputar os primeiros lugares, que o fizessem motivados por um ideal elevado e não por ambições mesquinhas, sem sentido para quem vive a dinâmica do Reino. Os discípulos tinham em Jesus um exemplo consumado de servidor do Reino. A sua vida definia-se como serviço generoso e gratuito às multidões oprimidas e atribuladas de tantas maneiras. Bastava que se espelhassem no Mestre. Os discípulos não compreendem as consequências que a acção de Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Aceitai benignamente, Senhor, os dons da vossa Igreja, para que receba nestes santos mistérios os bens em que pela fé acredita.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 118, 4-5

Promulgastes, Senhor,

os vossos preceitos para se cumprirem fielmente.

Fazei que os meus passos sejam firmes

na observância dos vossos mandamentos.

 

Ou – Jo 10, 14

 

Eu sou o Bom Pastor, diz o Senhor;

conheço as minhas ovelhas

e as minhas ovelhas conhecem-Me.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Sustentai, Senhor, com o auxílio da vossa graça aqueles que alimentais nos sagrados mistérios, para que os frutos de salvação que recebemos neste sacramento se manifestem em toda a nossa vida.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

domingo, 12 de setembro de 2021

TU ÉS O MESSIAS... O FILHO DO HOMEM TEM DE SOFRER MUITO

 DOMINGO XXIV DO TEMPO COMUM – ano B – 12SET2021 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sir 36, 18

Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam

e confirmai a verdade dos vossos profetas.

Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.

 

ORAÇÃO COLECTA

Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, lançai sobre nós o vosso olhar; e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor, dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Liturgia da Palavra

 

LEITURA I – Is 50, 5-9a

«Apresentei as costas àqueles que me batiam»

 

Esta leitura do Antigo Testamento fala-nos de uma personagem a que a Sagrada Escritura dá o nome de “Servo do Senhor”. Apresenta-se como alguém obediente a Deus, sujeito a muitas humilhações, mas sempre confiante no Senhor, e que, por fim, Deus exaltará na glória. É a figura típica de Jesus na sua Paixão, obediente até à morte na Cruz, exaltado na glória da Ressurreição, como o Evangelho O vai apresentar.

 

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido. O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 114 (116), 1-2.3-4.5-6.8-9 (R. 9)

 

Refrão: Andarei na presença do Senhor

sobre a terra dos vivos. (Repete-se)

 

Amo o Senhor,

porque ouviu a voz da minha súplica.

Ele me atendeu,

no dia em que O invoquei. Refrão

 

Apertaram-me os laços da morte,

caíram sobre mim as angústias do além,

vi-me na aflição e na dor.

Então invoquei o Senhor:

«Senhor, salvai a minha alma». (Refrão)

 

Justo e compassivo é o Senhor,

o nosso Deus é misericordioso.

O Senhor guarda os simples:

estava sem forças e o Senhor salvou-me. (Refrão)

 

Livrou da morte a minha alma,

das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés.

Andarei na presença do Senhor,

sobre a terra dos vivos. (Refrão)

 

LEITURA II – Tg 2, 14-18

 

«A fé sem obras está morta»

 

A pregação de S. Tiago é muito concreta. A fé vive-se na prática da vida de cada dia, sobretudo nas relações com o próximo, que hão-de ter sempre a caridade como fundamento. A fé supõe a aceitação total da palavra de Deus, no pensar, no querer, no agir. Acreditar não é apenas admitir com a inteligência a verdade que a Igreja ensina, mas viver, em toda a vida, dessa mesma verdade. Doutro modo, a fé estaria morta, e a fé é um princípio de vida.

 

Leitura da Epístola de São Tiago

Irmãos: De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Poderá essa fé obter-lhe a salvação? Se um irmão ou uma irmã não tiverem que vestir e lhes faltar o alimento de cada dia, e um de vós lhes disser: «Ide em paz. Aquecei-vos bem e saciai-vos», sem lhes dar o necessário para o corpo, de que lhes servem as vossas palavras? Assim também a fé sem obras está completamente morta. Mas dirá alguém: «Tu tens a fé e eu tenho as obras». Mostra-me a tua fé sem obras, que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé.

Palavra do Senhor

 

ALELUIA – Gal 6, 14

 

Refrão: Aleluia (Repete-se)

 

Toda a minha glória está na cruz do Senhor,

por quem o mundo está crucificado para mim

e eu para o mundo. (Refrão)

 

EVANGELHO – Mc 8, 27-35

 

«Tu és o Messias... O Filho do homem tem de sofrer muito»

 

Jesus anuncia, pela primeira vez, a sua Paixão, depois de Pedro ter feito um acto de fé na sua missão de Messias. Ao ouvir falar da Paixão Pedro escandaliza-se. Não consegue ligar as ideias de Messias com a do sofrimento, muito menos com a da Morte. Não tinha ainda compreendido as palavras sobre o “Servo de Deus” sofredor de que fala a primeira leitura.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens». E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».

Palavra da salvação.

 

MEDITAÇÃO

 

TU ÉS O MESSIAS

 

A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A acção messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante. A pessoa de Jesus não se enquadrava nas categorias da época e era interpretada das mais variadas formas. Seu modo de ser austero e a maneira incisiva de sua pregação levavam alguns a confundi-lo com João Batista ou com Elias. Pensava-se que Jesus tivesse como que feito reviver em si estas figuras. A postura de Jesus era também identificada com as dos profetas do passado, cujas vidas pareciam servir-lhe de inspiração. Jesus quis saber a opinião dos discípulos a seu respeito, por não estar bem seguro de como o consideravam. A resposta foi dada por Pedro, em nome do grupo, de maneira correcta e convenceu Jesus. Ele, de facto, era o Messias. Entretanto, o Mestre sentiu-se na obrigação de oferecer aos discípulos pistas para a correcta compreensão da sua condição messiânica. Seu messianismo levá-lo-ia a confrontar-se com a rejeição das autoridades e com a morte violenta. Ele, no entanto, estava também destinado à ressurreição. As expectativas em voga giravam em torno de um futuro Messias revestido de glória e poder. Os discípulos, pois, tiveram de fazer um esforço gigantesco para introduzir o sofrimento no messianismo do Mestre. Jamais se esperava um Messias sofredor, como Jesus se proclamava ser. Os discípulos viram-se, portanto, na obrigação de refazer seus esquemas. Cesareia de Filipe está ao norte, acima da Galileia. Está-se encerrando o ministério de Jesus entre os gentios. A partir de então, Jesus decide tomar rumo ao sul, seguindo o caminho para Jerusalém, pela Judeia, em um ambiente exclusivamente judaico, para ali fazer o seu anúncio libertador. Aproxima-se a festa ritual da Páscoa judaica, momento oportuno para aprofundar a própria identidade de Jesus. Tendo interrogado os discípulos, Pedro adianta-se e exterioriza a compreensão deles de que Jesus é o Cristo (significa “messias”, que no Primeiro Testamento refere-se a David ou a um seu descendente que implantará um reino glorioso para Israel). Jesus repreende-os por causa de tal compreensão. Ele vem como o humilde “humano” (Filho do Homem), para proclamar a libertação e a misericórdia de Deus, sem temer a morte. Jesus, então, retoma a instrução aos discípulos quanto ao despojamento e à disponibilidade a serem assumidos por eles. Perder a sua vida por causa de Jesus é desprezar os sedutores projectos de sucesso de enriquecimento e consumismo, oferecidos pelos poderosos deste mundo. Perder a sua vida é ser para o outro, estar a serviço dos mais necessitados e excluídos, como Jesus. É viver o amor, comprometendo-se com a luta em vista da restauração da vida e da conquista da Paz. No seguimento de Jesus, conquista-se a liberdade que proporciona a felicidade e a vida, em comunhão de amor com os irmãos e, por estes, em comunhão com Deus.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

 

Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas e recebei estas ofertas dos vossos fiéis, para que os dons oferecidos por cada um de nós para glória do vosso nome sirvam para a salvação de todos.

Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 35, 8

Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!

À sombra das vossas asas se refugiam os homens.

 

Ou – Cor 10, 16

 

O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;

e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

 

Senhor nosso Deus, concedei que este sacramento celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo, para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.