sábado, 30 de maio de 2020

DOMINGO DE PENTECOSTES




DOMINGO DE PENTECOSTES – ano A – 31MAI2020


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Sab 1, 7
O Espírito do Senhor encheu a terra inteira;
Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra. Aleluia.

Ou - Rom 5, 5; 8, 11

O amor de Deus foi derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia.


ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo, que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 2, 1-11

«Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar»

De harmonia com a promessa de Jesus, o Espírito Santo, manifestando a Sua presença sob os sinais sensíveis do vento e do fogo, desce sobre os Apóstolos, transforma-os totalmente e consagra-os para a missão, que Jesus lhes confiara.
Com este Baptismo no Espírito Santo, nascia assim, oficialmente, a Igreja. Nesse dia, homens separados por línguas, culturas, raças e nações, começavam a reunir-se no grande Povo de Deus num movimento que só terminará com a Vinda final de Jesus.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34 (R. 30)

Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra. (Repete-se)

Ou: Mandai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a terra. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas. (Refrão)

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. (Refrão)

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor. (Refrão)


LEITURA II – 1 Cor 12, 3b-7.12-13

«Todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo»

O Espírito Santo é «a alma da Igreja». É Ele que dá aos Apóstolos a perfeita compreensão do Mistério Pascal e os leva a anunciar a Ressurreição a todos os homens, sem excepção. É por Ele que nós acreditamos que Jesus é Deus e essa nossa fé se mantém. É Ele que enriquece o Corpo Místico com dons e carismas, numa grande variedade de vocações, ministérios e actividades. É Ele que, ao mesmo tempo que nos distingue, dando-nos uma personalidade própria dentro da Igreja, nos põe em comunhão uns com os outros, de tal modo que a diversidade não destrói a unidade.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.
Palavra do Senhor

SEQUÊNCIA
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

ALELUIA

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 20, 19-23

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós:
Recebei o Espírito Santo»

Com a Páscoa, inicia-se a nova Criação. E, como na primeira, também agora o Espírito Santo está presente, a insuflar aos homens, mortos pelo pecado, a vida nova do Ressuscitado. Jorrando do Corpo glorificado de Cristo, em que se mantêm as cicatrizes da Paixão, o Sopro purificador e recriador do mesmo Deus, comunica-se aos Apóstolos. Apodera-se deles, a fim de que possam prolongar a obra da nova Criação, e assim a humanidade, reconciliada com Deus, conserve sempre a paz alcançada em Jesus Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Palavra da Salvação

MEDITAÇÃO

Pentecostes: dom do Espírito da luz e da libertação. O Espírito de Deus é o espírito que liberta os corações, que anima os crentes a abrir as suas comunidades, o espírito que toda a humanidade precisa. Deus oferece a luz que vem ao encontro do homem sedento de liberdade; permite que o homem tenha uma visão global, de todo o universo, levando-o a ultrapassar as fronteiras do seu pequeno mundo; Deus olha para o homem com amor enquanto cada um se vai admirando ao ver as estrelas do céu. Nesta história, Deus e o homem encontram-se neste dia de Pentecostes porque o Espírito Santo vem ao encontro das nossas aspirações mais profundas, actua em cada um, na Igreja e no mundo.

1. O Espírito actua na comunidade
– Pode perguntar-se porque é que se celebra um dia de Pentecostes se nós recebemos o dom do Espírito Santo todos os dias e em tantas ocasiões…
– É verdade! Mas, precisamos de momentos em que esta experiência tem que ser vivida e experimentada na comunidade; precisamos de nos mobilizar todos para que cresça em nós a disposição para acolher o dom que é comum a todos embora seja experimentado por cada um, pessoalmente, todos os dias…
– Foi isso que aconteceu desde o princípio: o livro dos Actos dos Apóstolos diz-nos que os apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar e que uma espécie de línguas de fogo poisou sobre cada um deles… Também o Ev de João refere que os discípulos se encontravam todos na mesma casa quando Jesus se apresentou no meio deles… Hoje também voltamos todos a estar juntos na nossa casa, no mesmo lugar que nos acolhe em assembleia (como têm sido difíceis os dias de isolamento em que não pudemos juntar-nos…)
– Além disso, a experiência do Espírito Santo também acontece no primeiro dia da semana… Jesus entra, saúda os discípulos (“a paz esteja convosco”), dá-se a conhecer e dá-lhes o Espírito Santo para o perdão dos pecados…
– Eles estavam fechados, com medo, fazendo aquela experiência que nós temos feito ao longo de quase três meses por causa da pandemia do Covid-19… Tem sido difícil suportar este confinamento ainda que se compreendam as razões… É verdade que as mãos e o lado de Jesus mostram os sinais das feridas, o sofrimento e a ansiedade continuam ainda presentes, mas o dom do Espírito dá-nos confiança…
– A ressurreição de Jesus e o dom do Seu Espírito não apagam as contradições e a dificuldade de assimilar o sentido de tantos acontecimentos da história, as manchas negras do nosso caminho… Porém, a palavra de Jesus é de paz, de abertura ao mundo que nos rodeia e esta palavra capacita-nos para enfrentar realidades que nos assustam…

2. Para o serviço de todos
– Paulo, no texto da carta aos Coríntios, acentua a acção do Espírito em cada um mas, para o bem de todos… Pode haver pessoas na comunidade que sejam possuidoras de carismas, de dons próprios para o exercício de determinadas funções, mas, é o mesmo Espírito que actua em todos e, se for através de alguém em particular, deve resultar sempre a favor de todos, da comunidade…
– Mais ainda: segundo os Actos dos Apóstolos, a acção do Espírito deve ter como efeito imediato, o anúncio das maravilhas de Deus a todos os povos... Se o Espírito actua na comunidade e em determinados lugares onde a comunidade se reúne, não é para que a sua acção só se faça sentir ali… É para sair para fora e comunicar com toda a gente…
– A festa do Pentecostes não é mera recordação do que aconteceu um dia em Jerusalém quando os discípulos “foram revestidos da força do alto”… Esta festa é a celebração, em cada comunidade e em união com toda a Igreja, dos dons do Espírito Santo que nos renovam para a missão da Igreja no séc. XXI…
– A chama do círio pascal e a água com que fomos renovados no Baptismo estimulam-nos a nascer de novo, com nova fé, nova esperança, novo amor e novo entusiasmo pelo Reino…

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, que o Espírito Santo, segundo a promessa do vosso Filho, nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Actos 2, 4.11

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam as maravilhas de Deus. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Senhor nosso Deus, que concedeis com abundância à vossa Igreja os dons sagrados, conservai nela a graça que lhe destes, para que floresça sempre em nós o dom do Espírito Santo, e o alimento espiritual que recebemos nos faça progredir no caminho da salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 23 de maio de 2020

ASCENSÃO DO SENHOR


DOMINGO VII DA PÁSCOA – ano A – 24MAI2020



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Actos 1, 11
Homens da Galileia, porque estais a olhar para o céu?
Como vistes Jesus subir ao céu, assim há-de vir na sua glória. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Deus omnipotente, fazei-nos exultar em santa alegria e em filial acção de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 1, 1-11

«Elevou-Se à vista deles»

A Ascensão de Jesus é a última aparição do Ressuscitado que não só dá testemunho da verdade da Ressurreição, como faz compreender que Jesus vive agora na glória do Pai. A Ascensão manifesta assim o sentido pleno da Páscoa: depois de destruir o pecado e a morte com a sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo introduz o homem, que tinha assumido na Encarnação, na glória de seu Pai. O livro dos Actos dos Apóstolos, que apresenta a vida dos primeiros dias da Igreja, começa pela Ascensão do Senhor; assim nos é dado a compreender que a Igreja continua agora a presença de Jesus entre os homens, até que Ele venha, de novo, no fim dos tempos, para pôr o termo à história e nos sentar consigo à direita do Pai.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João baptizou com água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 46 (47), 2-3.6-7.8-9 (R. 6)

Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta, ergue-Se Deus, o Senhor. (Repete-se)

Ou: Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta. (Repete-se)

Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra. (Refrão)

Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai. (Refrão)

Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado. (Refrão)

LEITURA II – Ef 1, 17-23

«Colocou-O à sua direita nos Céus»

Sentando-se à direita do Pai, Jesus introduz a humanidade na comunhão definitiva com Deus. É este o fruto do seu sacrifício na Cruz, a comunhão com o Pai, e é a esperança de todos os que n’Ele crêem.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 28, 19a.20b

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:
Eu estou sempre convosco
até ao fim dos tempos. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 28, 16-20

«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra»

A Ascensão não é uma ausência, mas uma plenitude. O Senhor não abandona os seus na terra. Ele é, pela Ressurreição, o “Senhor” que domina o Céu e a terra. E continua presente e activo no meio de nós pelo seu Espírito que está na Igreja: na palavra de Deus, na acção dos Sacramentos, no amor da comunidade dos crentes vindos de todas as nações e em cada baptizado. E para que a sua presença possa chegar a todos os homens, a todos o Senhor envia agora os seus Apóstolos.

Conclusão do santo Evangelho segundo São Mateus
Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
Palavra da Salvação

MEDITAÇÃO

A Ascensão de Jesus não é uma fuga da humanidade depois “de um passeio turístico pela condição humana”. Nem o passeio foi turístico, antes pelo contrário, nem Jesus nos abandona à nossa condição. Se confessamos a fé, dizendo que Jesus subiu ao Céu, é o mesmo que dizer que, antes, ele baixou às misérias humanas para depois ultrapassar todas as debilidades potenciando a humanidade até à glorificação com Deus. Primeiro, Ele redimiu-nos, salvou-nos. E só depois disto é que nos deixa a possibilidade de orientar a nossa vida com a sua grandeza e as suas limitações.

1.    Sobe aquele que desceu
– Jesus volta para o Pai, eleva-se ao mais alto da glória, retoma o seu lugar no Céu depois de ter percorrido os caminhos dos homens… Por ter dado a sua vida como a deu é que se pode elevar ao mais alto da glória…
– Ele “esvaziou-se a si mesmo tomando a condição de servo,… tornando-se semelhante aos homens rebaixou-se a si mesmo… e por isso é que Deus o elevou acima de tudo” (Fl 2,7-9)…
– Aquele que hoje contemplamos à direita do Pai, acima de todos os poderes, é o mesmo de quem ouvimos dizer em Sexta-Feira Santa: “O meu servo terá êxito, será muito engrandecido e exaltado… Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado, cheio de dores no sofrimento, menosprezado e desconsiderado… Carregou as nossas dores, foi humilhado, ferido, esmagado… Carregou os nossos crimes... Como um cordeiro foi levado ao matadouro… Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios, sofreu pelos culpados…” Por ter sido humilhado é que foi exaltado…
– A Ascensão de Jesus dá suporte à esperança a que todos somos chamados: a nossa sede de eternidade confirma-se na exaltação de Jesus…
– Como diz o Evangelho de S. Mateus, quando os discípulos viram Jesus no monte da Galileia, sentiram um misto de admiração pela glória de Jesus e também de dúvida. É a expressão da nossa condição humana repartida entre a experiência de Deus, que é de exaltação e glória, e a condição ainda frágil da humanidade…

2.    Levantado com dignidade
– Quer isto dizer que, os discípulos de Jesus, quanto mais se humilham mais são levantados (o dito popular diz que “quanto mais se sobe, maior é o tombo”…) Os seguidores de Jesus, se sobem, devem fazê-lo com dignidade, assumindo a fragilidade humana, não a qualquer preço como sugere esta expressão…
– Para nós, tudo o que se passou com Jesus é um modelo de vida: também a Ascensão porque Jesus afirmou e repetiu várias vezes: “onde eu estiver, aí estará também o meu servo…” Se Jesus agora está na glória, participaremos dessa glória…

3.    A alegria da fé
– A Ascensão de Jesus é um motivo de alegria: alegria que tem o seu fundamento na fé, no sentir que a nossa vocação é para o alto, para o Céu…
– Contrariamente ao que muitas vezes se pretende comunicar, e que os nossos comportamentos, por vezes, também dão a entender, a vocação cristã é de glorificação… A nossa vida está em Deus… Devemos procurar as coisas do alto… a nossa vocação é para a eternidade com Deus…
– O mandato missionário do final do Evangelho de S. Mateus é uma proposta de acção e de alegria no anúncio do Evangelho (tema querido ao Papa Francisco) … E a garantia que Jesus dá tem esse alcance de eternidade: Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos…

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Recebei, Senhor, o sacrifício que Vos oferecemos ao celebrar a admirável ascensão do vosso Filho e, por esta sagrada permuta de dons,
fazei que nos elevemos às realidades do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 28, 20

Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Deus eterno e omnipotente, que durante a nossa vida sobre a terra nos fazeis saborear os mistérios divinos, despertai em nós os desejos da pátria celeste, onde já se encontra convosco, em Cristo, a nossa natureza humana.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 16 de maio de 2020

EU PEDIREI AO PAI, QUE VOS DARÁ OUTRO DEFENSOR



DOMINGO VI DA PÁSCOA – ano A – 17MAI2020


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Is 48, 20
Anunciai com brados de alegria, proclamai aos confins da terra: O Senhor libertou o seu povo. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente, a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 8, 5-8.14-17

«Impunham as mãos sobre eles e eles recebiam o Espírito Santo»

A partir de Jerusalém, a Igreja vai dilatar-se pelo mundo ou, de maneira diferente, os homens começam a entrar na Igreja, à medida que escutam a Palavra de Deus e a ela se convertem. Isto será fruto da pregação dos mensageiros da Palavra e da acção do Espírito Santo, que actua nesta Palavra. Continua a ser o livro dos “Actos dos Apóstolos” que nos dá testemunho desta acção do Espírito de Deus.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados. E houve muita alegria naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo, que ainda não tinha descido sobre eles: só estavam baptizados em nome do Senhor Jesus. Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66), 1-3a.4-5.6-7a.16.20 (R. 1 ou Aleluia)

Refrão: A terra inteira aclame o Senhor. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras». (Refrão)

«A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome».
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens. (Refrão)

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 3, 15-18

«Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito»

Também a palavra de S. Pedro continua a fazer como que uma catequese mistagógica, isto é, a introduzir-nos no mistério da vida cristã, que é o mistério da vida de Cristo na vida dos baptizados. Cristo morreu, depois de ter assumido a nossa situação de mortais; mas ressuscitou, e, vencendo assim a morte, deu-nos a sua vida imortal. Ele é a nossa esperança.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo. Mais vale padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal. Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 23

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor (Refrão)

EVANGELHO – Jo 14, 15-21

«Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor»

Jesus promete aos Apóstolos enviar-lhes o Espírito Santo, que será neles, ao mesmo tempo, o seu auxiliar e advogado no meio das dificuldades que hão-de suportar para se manterem fiéis, e o consolador e intercessor nas lutas que hão-de sofrer para vencerem os obstáculos que lhes advirão da parte do mundo. Será o Espírito Santo que lhes fará reconhecer o Senhor vivo para além da morte, na glória da ressurreição.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».
Palavra da Salvação

MEDITAÇÃO

Todos temos a experiência de, em algum momento da nossa vida, termos rompido com as seguranças habituais porque os desafios que se colocaram a isso obrigavam ou, simplesmente porque a situação se alterou de tal maneira, por força das circunstâncias, e tudo o que era suporte da vida desabou. É nesses momentos que mais se sente a necessidade de tomar a iniciativa, recriar, procurar apoios. Estamos a viver estes desafios e temos confiança que Jesus não nos abandona: o Seu Espírito sustenta a nossa liberdade para decidir em favor da vida como bem supremo, superior a tudo o resto.
Ele não deixou um código legislativo aos seus discípulos para eles se organizarem após a sua partida física deste mundo e terem as soluções para todos os problemas. A grande questão colocada à comunidade dos seguidores de Jesus era: como fazer para que o Seu projecto continue sem Ele estar fisicamente presente? Não se dispersarão as ovelhas depois do pastor ter sido ferido? Havia alguns apoios: a consciência de que o estilo de vida que implantou se mede pelo amor. Este é o ADN impresso por Deus no coração humano desde o momento da criação; é através dele que os discípulos e toda a humanidade hão-de crescer: a única lei é o amor.

1. O amor, dom de Deus
– Não se pode legislar sobre o amor… Esta tendência para a elaboração e a interpretação das leis é uma necessidade das chamadas “sociedades de direito”… Mas, sobre o amor, nem se pode legislar…
– O amor é fruto do Espírito: é um dom, um impulso que nos faz assumir o compromisso pela causa do Reino, um fogo que arde no coração e na alma e que renova constantemente o entusiasmo por tornar presente a Boa Nova do Evangelho; a forma de vida que é consequência do Espírito derramado nos nossos corações… É este Espírito de amor que não nos deixa órfãos…

2. Há forças contrárias ao amor
– Há outras forças no mundo que se opõem ao Espírito do Amor. O diácono Filipe (1ª leitura), quando anunciou o Evangelho na Samaria, teve de lutar contra elas…
– Esses “espíritos impuros” de que fala o texto são a discórdia e as forças que quebram a unidade, a luta “dos meus interesses contra os teus interesses”…
– Reconhecer o Paráclito, o Espírito da verdade, é fazer a experiência de que Deus nos ama, que Jesus está connosco e que o seu amor é fiel e dura para sempre…
– Quem reconhece que Deus o ama anuncia a Boa Nova… Aqueles diáconos da comunidade cristã primitiva pareciam ter sido escolhidos para resolver problemas administrativos… Mas o que eles fazem é evangelizar (Estêvão, Filipe,…)

3. Quem é amado comunica o amor
– Depois da morte de Estêvão, a comunidade cristã de Jerusalém dispersou-se por causa da perseguição e muitos saíram da cidade para outros lugares… Esta circunstância foi aproveitada, não para se esconderem, mas para anunciar a Boa Nova de Jesus noutros lugares: Samaria, outras cidades da Judeia…
– Os resultados foram de tal ordem que os próprios apóstolos, que tinham permanecido na cidade, foram depois visitar essas cidades para ratificarem a acção do Espírito Santo naqueles que tinham aderido às palavras de Filipe…
– Quem é amado não pode deixar de comunicar o amor… Evangelizar é dar a razão da nossa esperança (2ª leitura), é deixar que o Espírito fale por meio de cada um de nós e juntar outros ao povo da Aliança e do Amor…

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Subam à vossa presença, Senhor, as nossas orações e as nossas ofertas, de modo que, purificados pela vossa graça, possamos participar dignamente nos sacramentos da vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 14, 15-16

Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando, diz o Senhor. Eu pedirei ao Pai e Ele vos dará o Espírito Santo, que permanecerá convosco para sempre. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Senhor Deus todo-poderoso, que em Cristo ressuscitado nos renovais para a vida eterna, multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal e infundi em nossos corações a força do alimento que nos salva.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 9 de maio de 2020

EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA


DOMINGO V DA PÁSCOA – ano A – 10MAI2020



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 97, 1-2
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque o Senhor fez maravilhas: aos olhos das nações revelou a sua justiça. Aleluia.

ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador e nos fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com paternal bondade as nossas súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Actos 6,1-7

«Escolheram sete homens cheios do Espírito Santo...»

Logo desde o princípio, os Apóstolos começaram a sentir a necessidade de chamar outras pessoas para colaborarem em diversos ministérios da comunidade cristã. O grupo dos sete, de que hoje se referem os nomes, foram dos primeiros a serem escolhidos. O seu campo de acção foi a assistência material aos mais necessitados, no caso imediato, a certo grupo de viúvas; deste modo os Apóstolos ficavam mais disponíveis para a oração e a pregação da palavra de Deus. A Igreja começava a organizar-se, conforme as necessidades o pediam.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas. Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia; e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles. A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém e obedecia à fé também grande número de sacerdotes.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33), 1-2.4-5.18-19 (R. 22)

Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia. (Repete-se)

Ou: Venha sobre nós a vossa bondade, porque em Vós esperamos, Senhor. (Repete-se)

Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa. (Refrão)

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. (Refrão)

Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. (Refrão)

LEITURA II – 1 Pedro 2, 4-9

«Vós sois geração eleita, sacerdócio real»

A Igreja foi comparada pelo Senhor a um edifício. Agora, o Apóstolo desenvolve a comparação: Cristo é a Pedra, viva pela sua ressurreição e fonte de vida; os cristãos são, por sua vez, pedras vivas, vivendo da vida do Ressuscitado, que unidos a Cristo, vão formando o edifício, o templo novo, em que habita o Espírito Santo, a Igreja. Ela é a comunidade dos crentes, escolhida na continuação do povo escolhido do Antigo Testamento, comunidade sacerdotal, que há-de levar aos pagãos a Boa Nova do reino de Deus, e fazer que também eles proclamem os louvores d’Aquele que os chamou das trevas para a luz do reino de Deus.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na Escritura: «Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiança não será confundido». Honra, portanto, a vós que acreditais. Para os incrédulos, porém, «a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular», «pedra de tropeço e pedra de escândalo». Tropeçaram por não acreditarem na palavra, pois foram para isso destinados. Vós, porém, sois «geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores» d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 6

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por mim. (Refrão)

EVANGELHO – Jo 14, 1-12

«Eu sou o caminho, a verdade e a vida»

Jesus vai deixar visivelmente os seus, a quem o mundo há-de perseguir. Procura, por isso, incutir-lhes coragem e esperança. Ele parte, mas vai para o Pai. Os seus discípulos têm todos lá também o seu lugar. A Igreja seguirá o seu Senhor. Ele mesmo é o caminho, não só pelo que ensina, mas pelo que Ele mesmo é. Ele é a verdade e vida. Mas os seus discípulos, agora ainda mais profundamente unidos a Ele, hão-de continuar no mundo a sua presença e a sua acção, agora na Igreja, enviada ao mundo, sob a acção do Espírito Santo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».
Palavra da Salvação

MEDITAÇÃO

Jesus é o verdadeiro caminho para a vida. Através da encarnação, Deus, doador da vida, manifesta-se inteiramente na pessoa e acção de Jesus. A comunidade que segue Jesus não caminha para o fracasso, pois a meta é a vida. Jesus não apresenta apenas uma utopia, mas convida a percorrer um caminho historicamente concreto. Inspirada nos sinais que Jesus realizou, a comunidade criará novos sinais dentro do mundo, abrindo espaços de esperança e vida fraterna. Embora convocasse os discípulos para se empenharem na prática do amor e da justiça, Jesus descortinava-lhes, também, um horizonte para além dos limites da História. Ele propunha-lhes uma meta a ser alcançada no fim da peregrinação terrena: a casa do Pai, com muitas moradas, espaço de acolhimento para todos. As palavras do Mestre visam estimular os discípulos a seguirem em frente, sem se deixarem abater pelas adversidades. Mas, seria injusto considerá-las como incentivo à passividade e à alienação. Elas só têm sentido para o discípulo que se lança à acção. A meta da caminhada dos discípulos é a comunhão plena e eterna com o Pai. Comunhão esta preparada pela morte e ressurreição de Jesus que, desta forma, os precede e lhes promete ter para sempre consigo, na casa paterna. O caminho para se chegar à casa do Pai é o próprio Jesus, que se definiu “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Jesus é o Caminho na medida em que é a Verdade pela qual a Vida é comunicada a quem o escolhe para chegar ao Pai. A casa do Pai é alcançada na medida em que o discípulo pauta o seu agir pela Verdade proclamada pelo seu Mestre. E assim usufrui a Vida cuja plenitude se encontra no término do Caminho, que é o mesmo Jesus. Importa apenas que o discípulo siga fielmente esse Caminho que é guia seguro para se chegar à casa do Pai. Jesus vai preparar um lugar na casa do Pai e voltará para levar os seus discípulos. Com o movimento de “ida” e “volta”, Jesus exprime dinamismo que une o Pai e os discípulos em Jesus. Na continuidade da sua fala, Jesus dirá aos discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada”. Com a sua palavra e com o seu testemunho, Jesus é “o caminho, a verdade e a vida”. Permanecendo nele tem-se a vida plena, em comunhão com o Pai, no Amor. A única forma de ver Deus Pai consiste em contemplá-lo na pessoa de Jesus. Conhecer Jesus é conhecer o Pai. Não por meio da perfeição de um conhecimento intelectual, abstracto, reservado a algumas elites, como pretendiam certas doutrinas, conhecidas como “gnosticismo”. Trata-se do conhecimento pela experiência das obras de amor de Jesus, que são as obras do Pai. Crendo em Jesus, o discípulo é movido a assumir as suas obras em vista da promoção da vida plena para todos. É a libertação da opressão e a construção do mundo novo de fraternidade e justiça. Esta é a glória do Pai, que é a glória de Jesus, à qual os discípulos são chamados a participar.
Na oração, ao pedirmos, com plena confiança, temos a certeza de que recebemos o dom maior do Pai, que é o seu Espírito Santo, com o seu amor que comunica vida.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Senhor nosso Deus, que, pela admirável permuta de dons neste sacrifício, nos fazeis participar na comunhão convosco, único e sumo bem, concedei-nos que, conhecendo a vossa verdade, dêmos testemunho dela na prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Jo 15, 1.5

Eu sou a videira e vós sois os ramos, diz o Senhor. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, dá fruto abundante. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Protegei, Senhor, o vosso povo que saciastes nestes divinos mistérios e fazei-nos passar da antiga condição do pecado à vida nova da graça.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.