sábado, 27 de outubro de 2018

QUE EU VEJA!





DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM – ano B – 21OUT2018



MESTRE, QUE EU VEJA!

Ao fazer a leitura do profeta Isaías, na sinagoga de Nazaré, Jesus identificou-se com o Messias, ungido pelo Espírito do Senhor, para “anunciar aos cegos a recuperação da vista”. De certo modo, todo o seu ministério consistiu em ajudar a humanidade a superar a cegueira de que era vítima: cegueira do egoísmo, que impede de reconhecer o semelhante como quem merece afeição; cegueira da idolatria, que leva o ser humano a trocar Deus pela criatura e deixar-se tiranizar por ela; cegueira do pecado, com suas mais diversas manifestações, cujo resultado é a desumanização da pessoa, reduzindo-a à mais terrível escravidão. A súplica do cego de Jericó pode ser a de todo o discípulo: “Senhor, que eu veja!” Sim, o discípulo exige a libertação de todo o tipo de cegueira. Isto só pode ser obra de Jesus. É ele quem possibilita ao discípulo ter visão e discernimento para fazer as escolhas certas e optar pelos caminhos mais condizentes com as exigências do Reino. Contudo, o motor de tudo isto é a fé. No caso do cego de Jericó, foi a fé que o moveu a implorar misericórdia junto a Jesus. E, também, pela fé o discípulo é levado a buscar libertação junto dele. Quanto mais profunda ela for, tanto mais apurada será a visão do discípulo, ou seja, maior será sua capacidade de “ver” o que Deus deseja dele. A cegueira é a expressão típica da falta de entendimento da missão de Jesus. Os escribas e fariseus são “cegos" (Mt 23,16-26) e a missão de Jesus é a de recuperar a vista aos cegos (Lc 4,18), isto é, fazer com que todos compreendam e dêem a sua adesão ao projecto libertador e vivificante de Deus. Este cego, Bartimeu, “vê” Jesus como “Filho de David”, o que exprime o equívoco de um messianismo triunfalista. A restituição da visão, a compreensão da verdadeira missão de Jesus, na fé, é que permite que se siga Jesus pelo caminho. Ao longo de vinte séculos de história da Igreja, novas luzes do Espírito permitem uma visão renovada da face de Jesus. O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração. E o cego curado reconhece Jesus como o Messias (filho de David). E, com mais coragem do que Pedro e do que o homem rico, segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo, Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade; e para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Jer 31, 7-9
«Vou trazer de novo o cego e o coxo entre lágrimas e preces»

Esta leitura refere-se, em primeiro lugar ao fim do exílio do povo de Deus em Babilónia. Mas ela é, ao mesmo tempo, o quadro onde encontram lugar todos os que sofrem e procuram salvação. Hoje, como então, a palavra de Deus anuncia essa salvação. O Senhor quer reunir todos os homens e de todos fazer um só povo, o seu povo. Para isso, chama-os das situações mais humilhantes em que eles se encontram, e oferece-lhes a vida nova que Cristo nos trouxe.

Leitura do Livro de Jeremias
Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações. Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)
Refrão: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor, por isso exultamos de alegria. (Repete-se).

Ou: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo. (Repete-se)

Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e dos nossos lábios cânticos de júbilo. (Refrão)

Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria. (Refrão)

À ida vão a chorar,
levando as sementes;
à volta vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas. (Refrão)


LEITURA II – Hebr 5, 1-6

«Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedech»

Jesus é, junto do Pai, sacerdote de toda a humanidade e não já de um só povo apenas. E não é sacerdote como os da Antiga Aliança, que morriam e tinham de ser substituídos. Jesus é sacerdote de outra maneira, à maneira de Melquisedech, aquela figura misteriosa que saiu ao encontro de Abraão, sem que se lhe conheça nem a origem nem o fim, imagem por isso de Jesus, sacerdote eterno, porque está vivo para sempre.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedech».
Palavra do Senhor


ALELUIA – Tim 1, 10

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte
e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 10, 46-52

«Mestre, que eu veja»

J A profecia da primeira leitura, dizendo que entre os retornados do exílio estaria o cego, realiza-se em Jesus Cristo. O cego, proclamando-O “Filho de David”, reconhece n’Ele o Messias. Jesus, curando-o, recompensa a sua fé; mas simultaneamente mostra que os tempos do Messias e da salvação por Ele oferecida a todos os homens tinham chegado ao meio deles.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos e fazei que a celebração destes mistérios dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 19, 6
Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.

Ou – Ef 5, 2
Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes santos mistérios.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 20 de outubro de 2018

O FILHO DO HOMEM NÃO VEIO PARA SER SERVIDO





DOMINGO XXIX DO TEMPO COMUM – ano B – 21OUT2018



ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM

Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projecta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para o serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum. A formação dos discípulos exigiu de Jesus estar muito atento ao que se passava no íntimo deles. Muitas vezes, os seus ensinamentos eram acolhidos de maneira inconveniente. Ou havia descompasso entre o que lhes era ensinado e o que eles captavam. Durante a subida para Jerusalém, o Mestre deu-se conta de como seus discípulos estavam pouco sintonizados com ele. Enquanto declarava estar a caminhar para a morte, que seria entregue nas mãos dos estrangeiros e sofreria toda sorte de escárnios e flagelos, os quais culminariam com crucifixão, dois dos seus discípulos pretendiam garantir os melhores lugares no Reino que, imaginavam, iria ser instaurado pelo Messias – Jesus. Antes que alguém se antecipasse, queriam estar certos de serem os principais beneficiários desse futuro Reino, entendido em termos políticos. Jesus não admitiu a pretensão dos discípulos. Combateu-a, severamente, e indicou como se deve comportar um discípulo do Reino, para se contrapor à mentalidade dos opressores e tiranos deste mundo. O desejo de grandeza deveria ser substituído pelo ideal de serviço, e a busca dos primeiros lugares haveria de ser substituída pelo ideal de se colocar como último de todos. Bastava que observassem o comportamento do Mestre que procurava estar ao serviço de todos e iria dar a própria vida por todos. Jesus, pela terceira vez, adverte os discípulos que irá a Jerusalém, não para assumir o poder, mas para enfrentar as autoridades religiosas de Israel no próprio Templo, fazendo o seu anúncio libertador ao povo que para ali acorre por ocasião da festa da Páscoa judaica. Os discípulos não entendem. Ainda vêem Jesus como aquele que vai assumir o poder e querem usufruir deste imaginário privilégio. Jesus adverte que a luta pelo poder não mudará a relação entre o opressor e o oprimido. A transformação fundamental é assumir a prática do serviço à vida na comunhão fraterna com os excluídos, na luta pela justiça na sociedade e pela partilha dos bens da criação, retidos nas mãos de minorias opulentas.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 16, 6.8.9
Respondei-me, Senhor, quando Vos invoco,
ouvi a minha voz, escutai as minhas palavras.
Guardai-me dos meus inimigos, Senhor.
Protegei-me à sombra das vossas asas.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Is 53, 10-11
«Se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira»

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo de Deus” do Livro de Isaías. Este Servo apresenta-se como alguém que leva o seu espírito de serviço até ao ponto de dar a própria vida pela salvação da multidão. Jesus há-de realizar, da maneira mais perfeita que se possa imaginar, esta figura do Servo de Deus, e ensinou que este é o único caminho para entender a sua missão e a nossa, como seus discípulos e membros do seu povo.

Leitura do Livro de Isaías
Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33), 4-5.18-19.20.21 (R. 22)
Refrão: Desça sobre nós a vossa misericórdia, porque em Vós esperamos, Senhor. (Repete-se).

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. (Refrão)

Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. (Refrão)

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. (Refrão)


LEITURA II – Hebr 4, 14-16

«Vamos cheios de confiança ao trono da graça»

Por uma coincidência feliz, esta leitura liga-se hoje muito bem às outras duas. Fala-nos ela de Cristo como nosso Sacerdote. Ele não só Se ofereceu a Si mesmo ao Pai por nós, mas, como fruto dessa oblação, Ele mesmo, em sua humanidade, penetrou nos Céus e lá colocou, à direita do Pai, a nossa pobre humanidade, por Ele salva. Aí Ele continua a ser o Sacerdote da humanidade, por quem sempre intercede junto do Pai. Podemos, por isso, aproximar-nos confiantes de Deus, que nos acolhe com a sua graça.

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Mc 10, 45

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

O Filho do homem veio para servir
e dar a vida pela redenção de todos. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 10, 35-45

«O Filho do homem veio para dar a vida pela redenção de todos»

Jesus realizou em Si a figura do Servo de Deus, de que falava a primeira leitura. E, se hoje O reconhecemos como “Senhor”, foi porque o Pai O exaltou e Lhe deu esse nome, que está acima de todos os nomes, depois de Ele ter sido obediente até à morte e morte de cruz. O caminho que O levou à glória foi o do serviço até à morte.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor,
que possamos servir ao vosso altar
com plena liberdade de espírito,
para que estes mistérios que celebramos
nos purifiquem de todo o pecado.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 32, 18-19
O Senhor vela sobre os seus fiéis,
sobre aqueles que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas,
para os alimentar no tempo da fome.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Senhor,
que a participação nos mistérios celestes nos faça progredir na santidade, nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos bens eternos.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 13 de outubro de 2018

VENDE O QUE TENS…





DOMINGO XXVIII DO TEMPO COMUM – ano B – 14OUT2018



RIQUEZA E DISPONIBILIDADE

A concepção de riqueza e pobreza diverge tanto entre o Antigo e o Novo Testamento que, em alguns casos, chegam a parecer opostas. Até nos textos mais recentes, o Antigo Testamento se compraz em relevar a riqueza das personagens da história de Israel: a de Job e a dos reis David, Josafá, Ezequias. Deus enriquece os que ama: Abraão, Isaac, Jacob. A riqueza é sinal da generosidade divina, imagem da abundância messiânica. A prosperidade material é sinal da bênção e aceitação divina.

Uma nova perspectiva
A atitude de Jesus e das primeiras comunidades cristãs diante da riqueza é, de certa maneira, diversa, quase desumana. O “ai de vós, os ricos” tem o tom de uma condenação sem apelo. A diversidade entre o juízo do evangelho e do Antigo Testamento a respeito da riqueza é percebida em toda a sua amplidão quando se põem as bem-aventuranças e as maldições do sermão da montanha diante das bem-aventuranças e das maldições prometidas pelo Deuteronómio, conforme seja ou não Israel fiel à aliança (Dt 28). Aí a distância entre o Antigo e o Novo Testamento é mais evidente. E isto porque a mensagem do Reino anuncia o dom total de Deus, que requer a disponibilidade e o desprendimento mais completos. Para adquirir a pérola preciosa, o tesouro único, para seguir Jesus é preciso vender tudo. De facto, não se pode servir a dois senhores, e o dinheiro é um senhor exigente; sufoca, no avarento, a palavra do evangelho, faz esquecer o essencial, a soberania de Deus, bloqueia no caminho da perfeição os corações mais bem-dispostos (evangelho). E uma lei não admite excepções nem atenuações: “Quem não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33). Só os pobres são capazes de acolher a Boa-nova (Is 61, 1; Lc 4, 18), e, precisamente, fazendo-se pobre por nós é que o Senhor pôde enriquecer-nos (2Cor 8,9) com suas “imperscrutáveis riquezas” (Ef 3, 8)

Disponibilidade e desapego
O Dinheiro (a riqueza) não é mau; torna-se mau quando o homem coloca nele a sua riqueza última e faz dele o seu deus, dizendo-lhe o “ámen” que é devido só a Deus; em si, é realidade boa que serve para todos.
Pode, certamente, ser símbolo de muitas “iniquidades” e lembrar as terríveis injustiças à custa das quais foi adquirido; mas é principalmente símbolo do trabalho humano que é por ele retribuído, e das esperanças humanas que ele pode realizar. Unido ao progresso pessoal e colectivo do homem é, de um certo ponto de vista, o símbolo actual e eficaz dos esforços passados e das esperanças futuras. É o “ter” adquirido para poder “ser”. A este título, participa verdadeiramente do devir liberdade humana. Aliás, o dinheiro é também o meio para se fazer o bem. Com ele obtém-se o pão para dar aos famintos, a água, para os sedentos; pode ser símbolo da caridade, quando esta se traduz concretamente exercendo-se em favor dos homens.

Comprometer-se é partilhar
Na realidade, a pobreza proposta também ao rico não significa “não ter nada”, mas comprometer-se com os pobres, especialmente com os que não têm capacidade de se organizar, defender, libertar. Comprometer-se cristãmente é partilhar as próprias riquezas como Francisco de Assis, é esforçar-se numa extenuante acção sindical pela melhoria das condições de trabalho ou pelo aumento de salário, é ser solidário numa greve justa, ainda que à custa da diminuição do próprio ordenado.
“Os cristãos que participam activamente no actual desenvolvimento económico-social e lutam pela justiça e pela caridade estejam convencidos de que podem contribuir muito para o bem-estar da humanidade e a paz do mundo. Nestas actividades, individual ou colectivamente, brilhem pelo mundo. Nestas actividades, individual ou colectivamente, brilhem pelo exemplo. Tendo adquirido a competência e a experiência absolutamente indispensáveis no meio das actividades terrestres, observem a hierarquia dos valores, fiéis a Cristo e ao evangelho, de tal modo que toda a sua vida individual e social, seja impregnada do espírito das bem-aventuranças, destacando-se a pobreza”.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 129, 3-4
Se tiverdes em conta as nossas faltas,
Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão, Senhor Deus de Israel.

ORAÇÃO COLECTA
Nós Vos pedimos, Senhor, que a vossa graça preceda e acompanhe sempre as nossas acções e nos torne cada vez mais atentos à prática das boas obras.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Sab 7, 7-11
«Considerei a riqueza como nada, em comparação com a sabedoria»

A sabedoria é um dos temas mais queridos de certas épocas e de certos povos, como o era na época em que foi escrito o livro donde é tirada esta leitura. A sabedoria é, na Sagrada Escritura, um dom de Deus, que leva o homem a saber apreciar e interpretar a vida e os acontecimentos segundo o pensamento e os critérios de Deus, que Ele mesmo nos revela. É esta sabedoria que nos há-de levar a compreender as palavras de Jesus que vamos depois escutar no Evangelho.

Leitura do Livro da Sabedoria
Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos ceptros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90), 12-13.14-15.16-17 (R. 14)
Refrão: O Saciai-nos, Senhor, com a vossa bondade e exultaremos de alegria. (Repete-se).

Ou: Enchei-nos da vossa misericórdia: será ela a nossa alegria. Repete-se

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando?
Tende piedade dos vossos servos. (Refrão)

Saciai-nos, desde a manhã, com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Compensai em alegria os dias de aflição,
os anos em que sentimos a desgraça. (Refrão)

Manifestai a vossa obra aos vossos servos
e aos seus filhos a vossa majestade.
Desça sobre nós a graça do Senhor.
Confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos. (Refrão)


LEITURA II – Hebr 4, 12-13

«A palavra de Deus é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração»

Esta leitura faz a apresentação de certos aspectos da Palavra de Deus. Ela é palavra eficaz: realiza sempre aquilo que diz. Ela não é apenas um som que se ouve: ela penetra até ao mais fundo do coração, e só ela é capaz de pôr o homem, no seu íntimo, diante da verdade total. Ela tudo ilumina e não deixa que haja esconderijos nem disfarces; ela é como o olhar de Deus: tudo penetra e tudo ilumina.

Leitura da Epístola aos Hebreus
A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes: ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito, das articulações e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura que possa fugir à sua presença: tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas.
Palavra do Senhor


ALELUIA – Mt 5, 3

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 10, 17-30

«Vende o que tens e segue-Me»

A vida segundo o Evangelho não é um negócio, não se lhe deitam cálculos como quem olha para a sua conta no banco. É antes a resposta de fé à Palavra de Deus. E um dos obstáculos que mais frequentemente impede de compreender e responder prontamente à Palavra de Deus são os bens da terra. Só a sabedoria de Deus nos poderá trazer a luz necessária para aceitarmos, com fé e esperança, a palavra do Senhor, que é a palavra da salvação.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e perguntou- Lhe: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro começou a dizer-Lhe: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as orações e as ofertas dos vossos fiéis e fazei que esta celebração sagrada nos encaminhe para a glória do Céu.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 11
Os ricos empobrecem e passam fome;
mas nada falta aos que procuram o Senhor.

Ou – 1 Jo 3, 2
Quando o Senhor Se manifestar,
seremos semelhantes a Ele,
porque O veremos na sua glória.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade, que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, tornai-nos também participantes da sua natureza divina.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



sábado, 6 de outubro de 2018

NÃO SEPARE O HOMEM O QUE DEUS UNIU





DOMINGO XXVII DO TEMPO COMUM – ano B – 7OUT2018



Viver segundo a vontade de Deus

Jesus recusa ver o matrimónio a partir das permissões e restrições legalistas. Ele reconduz o matrimónio ao seu sentido fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus e com vocação de eternidade. Diante desse princípio fundamental, marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos direitos e deveres. Entre os escribas, discutia-se sobre os motivos que permitiriam ao homem despedir a sua mulher. Para o rabino Hillel e seus discípulos, por qualquer razão, o homem poderia despedi-la. Já para o rabino Shammai e seus seguidores, havia mais rigor nos critérios para justificar o direito do homem. De qualquer modo, predominava a visão patriarcal da mulher como posse do marido. Jesus rejeita a Lei de Moisés que atendia à dureza dos corações daqueles homens. A referência é o amor de Deus que se manifesta na criação. Deus criou o homem e a mulher para uma união em igualdade no amor. Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhum significado social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino. Quando os discípulos discutiam quem era o maior, Jesus apresentou-lhes uma criança, com a qual os discípulos se devem identificar. Agora, o evangelista Marcos reapresenta o tema da criança como modelo para os discípulos. Ao repreenderem severamente as pessoas que traziam crianças para Jesus tocá-las, os discípulos demonstravam a sua incompreensão em relação à prática acolhedora de Jesus. De maneira semelhante repreenderam o cego que queria aproximar-se de Jesus em Jericó. O facto provoca a indignação de Jesus. O Reino dos Céus é das pessoas que são assim como as crianças. É como que o renascer pelo Espírito, anunciado por Jesus a Nicodemos no evangelho de João. Ser criança é abandonar-se nas mãos de Deus, com coração puro, sem malícias e cheia de esperança no encontro com a vida. No seu relacionamento com as multidões, Jesus percebe o ser criança nos pobres, desamparados, oprimidos. Estes são abençoados por Jesus e recebem o Reino de Deus. Aqueles que optam pela segurança das riquezas acumuladas e do poder, o que só pode ser conseguido por via da opressão e da exploração, excluem-se do Reino. Acolher uma criança é assumir a humildade, a pequenez e a fragilidade diante de Deus.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Est 13, 9.10-11
Senhor, Deus omnipotente,
tudo está sujeito ao vosso poder
e ninguém pode resistir à vossa vontade.
Vós criastes o céu e a terra e todas as maravilhas
que estão sob o firmamento.
Vós sois o Senhor do universo.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, no vosso amor infinito, cumulais de bens os que Vos imploram muito além dos seus méritos e desejos, pela vossa misericórdia, libertai a nossa consciência de toda a inquietação e dai-nos o que nem sequer ousamos pedir.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Liturgia da Palavra


LEITURA I – Gen 2, 18-24
«E os dois serão uma só carne»

A uma pergunta dos discípulos Jesus expõe a doutrina evangélica sobre a indissolubilidade do matrimónio. Jesus apela para a passagem da Sagrada Escritura, em que, logo desde o princípio, se expõe o sentido do casamento. De uma forma poética, apresenta-se a união do homem e da mulher como união de amor, que faz dos dois um só.

Leitura do Livro do Génesis
Disse o Senhor Deus: «Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». Então o Senhor Deus, depois de ter formado da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, conduziu-os até junto do homem, para ver como ele os chamaria, a fim de que todos os seres vivos fossem conhecidos pelo nome que o homem lhes desse. O homem chamou pelos seus nomes todos os animais domésticos, todas as aves do céu e todos os animais do campo. Mas não encontrou uma auxiliar semelhante a ele. Então o Senhor Deus fez descer sobre o homem um sono profundo e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma costela, fazendo crescer a carne em seu lugar. Da costela do homem o Senhor Deus formou a mulher e apresentou-a ao homem. Ao vê-la, o homem exclamou: «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, porque foi tirada do homem». Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne.
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 127 (128 ), 1-2.3.4-5.6 (R. cf. 5)
Refrão: O Senhor nos abençoe em toda a nossa vida. (Repete-se).

Feliz de ti que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem. (Refrão)

Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa. (Refrão)

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião o Senhor te abençoe:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida;
e possas ver os filhos dos teus filhos.
Paz a Israel. (Refrão)


LEITURA II – Hebr 2, 9-11

«Aquele que santifica e os que são santificados procedem todos de um só»

A Epístola aos Hebreus é um verdadeiro tratado sobre o sacerdócio de Jesus Cristo. Jesus é o Filho de Deus, mas que Se fez nosso irmão para nos conduzir, em Si, até ao Pai. Mistério de condescendência, de misericórdia, de humilhação e glória!

Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: Jesus, que, por um pouco, foi inferior aos Anjos, vemo-l’O agora coroado de glória e de honra por causa da morte que sofreu, pois era necessário que, pela graça de Deus, experimentasse a morte em proveito de todos. Convinha, na verdade, que Deus, origem e fim de todas as coisas, querendo conduzir muitos filhos para a sua glória, levasse à glória perfeita, pelo sofrimento, o Autor da salvação. Pois Aquele que santifica e os que são santificados procedem todos de um só. Por isso não Se envergonha de lhes chamar irmãos.
Palavra do Senhor


ALELUIA – 1 Jo 4, 12

Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Se nos amamos uns aos outros,
Deus permanece em nós
e o seu amor em nós é perfeito. (Refrão)


EVANGELHO – Mc 10, 2-16

«Não separe o homem o que Deus uniu»

Respondendo a uma pergunta posta pelos fariseus, Jesus pronuncia a condenação do divórcio, citando a palavra do Génesis, proclamada na primeira leitura. Aí o casal humano é apresentado como tendo sido assim constituído desde, o seu princípio, pela vontade de Deus Criador.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus uns fariseus para O porem à prova e perguntaram-Lhe: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus disse-lhes: «Que vos ordenou Moisés?». Eles responderam: «Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Jesus disse-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Em casa, os discípulos interrogaram-n’O de novo sobre este assunto. Jesus disse-lhes então: «Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério». Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, o sacrifício que Vós mesmo nos mandastes oferecer e, por estes sagrados mistérios que celebramos, confirmai em nós a obra da redenção.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Lam 3, 25
O Senhor é bom para quem n’Ele confia,
para a alma que O procura.

Ou – 1 Cor 10, 17
Porque há um só pão, todos somos um só corpo,
nós que participamos do mesmo cálice e do mesmo pão.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso, que neste sacramento saciais a nossa fome e a nossa sede, fazei que, ao comungarmos o Corpo e o Sangue do vosso Filho, nos transformemos n’Aquele que recebemos.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.