DOMINGO
XXX DO TEMPO COMUM – ano B – 21OUT2018
MESTRE,
QUE EU VEJA!
Ao fazer a leitura do profeta Isaías, na sinagoga de
Nazaré, Jesus identificou-se com o Messias, ungido pelo Espírito do Senhor,
para “anunciar aos cegos a recuperação da vista”. De certo modo, todo o seu
ministério consistiu em ajudar a humanidade a superar a cegueira de que era
vítima: cegueira do egoísmo, que impede de reconhecer o semelhante como quem
merece afeição; cegueira da idolatria, que leva o ser humano a trocar Deus pela
criatura e deixar-se tiranizar por ela; cegueira do pecado, com suas mais
diversas manifestações, cujo resultado é a desumanização da pessoa, reduzindo-a
à mais terrível escravidão. A súplica do cego de Jericó pode ser a de todo o discípulo:
“Senhor, que eu veja!” Sim, o discípulo exige a libertação de todo o tipo de
cegueira. Isto só pode ser obra de Jesus. É ele quem possibilita ao discípulo
ter visão e discernimento para fazer as escolhas certas e optar pelos caminhos
mais condizentes com as exigências do Reino. Contudo, o motor de tudo isto é a
fé. No caso do cego de Jericó, foi a fé que o moveu a implorar misericórdia junto
a Jesus. E, também, pela fé o discípulo é levado a buscar libertação junto dele.
Quanto mais profunda ela for, tanto mais apurada será a visão do discípulo, ou
seja, maior será sua capacidade de “ver” o que Deus deseja dele. A cegueira é a
expressão típica da falta de entendimento da missão de Jesus. Os escribas e
fariseus são “cegos" (Mt 23,16-26) e a missão de Jesus é a de recuperar a
vista aos cegos (Lc 4,18), isto é, fazer com que todos compreendam e dêem a sua
adesão ao projecto libertador e vivificante de Deus. Este cego, Bartimeu, “vê”
Jesus como “Filho de David”, o que exprime o equívoco de um messianismo
triunfalista. A restituição da visão, a compreensão da verdadeira missão de
Jesus, na fé, é que permite que se siga Jesus pelo caminho. Ao longo de vinte
séculos de história da Igreja, novas luzes do Espírito permitem uma visão
renovada da face de Jesus. O último milagre de Jesus é uma cura significativa.
Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração. E o cego curado
reconhece Jesus como o Messias (filho de David). E, com mais coragem do que
Pedro e do que o homem rico, segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo,
Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança
e a caridade; e para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que
mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Jer
31, 7-9
«Vou trazer de
novo o cego e o coxo entre lágrimas e preces»
Esta leitura
refere-se, em primeiro lugar ao fim do exílio do povo de Deus em Babilónia. Mas
ela é, ao mesmo tempo, o quadro onde encontram lugar todos os que sofrem e
procuram salvação. Hoje, como então, a palavra de Deus anuncia essa salvação. O
Senhor quer reunir todos os homens e de todos fazer um só povo, o seu povo.
Para isso, chama-os das situações mais humilhantes em que eles se encontram, e
oferece-lhes a vida nova que Cristo nos trouxe.
Leitura
do Livro de Jeremias
Eis
o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a
primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor
salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e
reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que
vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles
partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações.
Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque
Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)
Refrão: Grandes
maravilhas fez por nós o Senhor, por isso exultamos de alegria. (Repete-se).
Ou: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo. (Repete-se)
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e dos nossos lábios cânticos de júbilo. (Refrão)
Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria. (Refrão)
À ida vão a chorar,
levando as sementes;
à volta vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas. (Refrão)
LEITURA II – Hebr 5, 1-6
«Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedech»
Jesus é, junto
do Pai, sacerdote de toda a humanidade e não já de um só povo apenas. E não é
sacerdote como os da Antiga Aliança, que morriam e tinham de ser substituídos.
Jesus é sacerdote de outra maneira, à maneira de Melquisedech, aquela figura
misteriosa que saiu ao encontro de Abraão, sem que se lhe conheça nem a origem
nem o fim, imagem por isso de Jesus, sacerdote eterno, porque está vivo para
sempre.
Leitura
da Epístola aos Hebreus
Todo
o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos
homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos
pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados,
porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer
sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si
próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também,
não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha
Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda
noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedech».
Palavra do Senhor
ALELUIA – Tim 1, 10
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte
e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. (Refrão)
EVANGELHO – Mc 10,
46-52
«Mestre, que eu
veja»
J
A profecia da
primeira leitura, dizendo que entre os retornados do exílio estaria o cego,
realiza-se em Jesus Cristo. O cego, proclamando-O “Filho de David”, reconhece
n’Ele o Messias. Jesus, curando-o, recompensa a sua fé; mas simultaneamente
mostra que os tempos do Messias e da salvação por Ele oferecida a todos os
homens tinham chegado ao meio deles.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele
tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande
multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à
beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a
gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para
que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de
mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe:
«Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu
um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te
faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a
tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos e fazei que a
celebração destes mistérios dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
– Salmo 19, 6
Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.
Ou – Ef 5, 2
Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o
que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes
santos mistérios.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.