Paulo VI “sarou” falsamente três feridas da Igreja
relacionadas com o amor, com a vida e com o sexo, usando uma antropologia de
"natureza" (de essência), e não de "pessoa", sem chegar à
raiz da mensagem e da vida de Jesus, ao contrário do que tinha acontecido no
Concílio Vaticano II, com a liberdade religiosa:
– Grande parte da
igreja anterior ao Concílio dava primazia a um determinado tipo de essência,
e punha um outro tipo de verdade sobre as pessoas (contra Jesus), e por isso ia
contra a liberdade religiosa para promover "a verdade".
– Mas o Concílio
considerou que a pessoa humana está acima da essência abstracta, de tal modo
que a verdade mais profunda é a própria vida das pessoas... E, assim, declarou
a liberdade no campo religioso, com grande pesar para muitos dos seus altos
dignitários religiosos latino-americano do seu tempo (1965).
Algo semelhante está a acontecer agora. A Igreja oficial não
foi capaz de entender (aceitar) a prioridade da pessoa humana e, portanto, quer
impor uma espécie de "essência" (verdade geral) sobre a vida dos
homens e das mulheres, nas áreas mencionadas, contra o Evangelho:
1967. Sacerdotalis Caelibatus – O celibato Sacerdotal. Esta Igreja mantém o celibato
acima da maturidade do amor das pessoas, acima do serviço evangélico...
Superar a lei do celibato não é renunciar a nada, mas, pelo contrário, é
configurá-la ao nível da prioridade das pessoas, por lealdade a Jesus, e não
por moda actual.
1968. Humanae Vitae – Da vida humana. A Igreja oficial prossegue vendo o amor como
expressão da natureza, e não das pessoas (contra o Evangelho), e utiliza um
conceito de natureza muito questionável (talvez falso). Nem tampouco se trata de
diminuir o nível como "vendas em saldos", mas para colocá-lo onde o
amor faz sentido, no campo das relações pessoais amadurecidas, livres e alegres;
não como moda, mas através do evangelho.
1975. Inter Insigniores – Entre os mais importantes. A visão
da "mulher" que utiliza a igreja oficial neste e noutros documentos é
do tipo "material" (de natureza), não de pessoa (em linha com o
evangelho). Os legisladores da Igreja não se inteiraram da novidade de
Jesus neste campo. Para "oferecer e aceitar os ministérios" não deveriam
procurar se os "sujeitos" são
homens ou mulheres (hétero ou homossexuais), mas se eles são pessoas
amadurecidas, capazes de transmitir o Evangelho pela palavra e pelo exemplo.
Estamos perante um tema de fundo da Igreja. Outras feridas existem,
mas estas são muito significativas, e podem ser curadas a partir do evangelho.
(Fonte)
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