(Domingo, 9 de Novembro
de 2014)
DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO
Nota Histórica
Segundo uma tradição que remonta ao século XII, celebra se
neste dia o aniversário da dedicação da basílica de Latrão, construída pelo
imperador Constantino. Inicialmente foi uma festa exclusivamente da cidade de
Roma; mais tarde, estendeu se à Igreja de rito romano, com o fim de honrar a
basílica que é chamada «a igreja mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe» e
como sinal de amor e unidade para com a Cátedra de Pedro que, como escreveu S.
Inácio de Antioquia, «preside à assembleia universal da caridade».
“Não façais da casa de meu Pai casa de comércio”
LEITURA I – Ez 47,
1-2.8-9.12
Uma nascente
no templo
Leitura da Profecia de
Ezequiel
“Naqueles
dias, o Anjo conduziu-me para a entrada do templo, e eis que saía água da sua
parte subterrânea[1],
em direcção ao oriente, porque o templo estava voltado para oriente. A água
brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar.
Fez-me sair pelo
pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior
oriental; vi rebentar a água do lado direito. Ele disse-me: «Esta
água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o
mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres. Por
onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá. O peixe
será muito abundante, porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á
salubre; e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente,
nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem
não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos
novos, porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as
folhas, de remédio.»”
LEITURA II – 1 Cor 3,
9c-11.16-17
“As coisas visíveis são passageiras; as invisíveis são eternas”
Leitura da Primeira
Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
“Irmãos:
Segundo a graça de Deus
que me foi dada, eu, como sábio arquitecto, assentei o alicerce, mas outro
edifica sobre ele[2].
Mas veja cada um como edifica, pois ninguém pode pôr um alicerce
diferente do que já foi posto: Jesus Cristo. Não sabeis que sois
templo de Deus[3]
e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o
templo de Deus, Deus o destruirá[4].
Pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.”
EVANGELHO Jo 2, 13-22
“Falava do templo do seu Corpo”
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Estava próxima a
Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no
templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nos seus postos. Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo
com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e
derrubou-lhes as mesas; e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso
daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.»
Os seus discípulos
lembraram-se do que está escrito: O
zelo da tua casa me devora[5]. Então os judeus intervieram e perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás
de poderes fazer isto?» Declarou-lhes Jesus[6],
em resposta: «Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!»
Replicaram então os judeus: «Quarenta e seis anos levou este templo a construir[7],
e Tu vais levantá-lo em três dias?» Ele, porém, falava do templo
que é o seu corpo. Por isso, quando Jesus ressuscitou dos
mortos, os seus discípulos recordaram-se de que Ele o tinha dito e creram na Escritura
e nas palavras que tinha proferido.”
[1]
Do subsolo do Vestíbulo interior do templo jorrava uma torrente de água, que se
dirigia na direcção sul, para o Mar Morto, passando pela Arabá, isto é, pela
parte meridional do Vale do Jordão. É uma água que vai aumentando
progressivamente e dotada de um poder especial: os terrenos tornam-se férteis e
o próprio Mar Morto virá a abundar em peixe; as suas margens serão de novo
habitadas. En-Guédi é uma povoação no deserto de Judá, nas margens do Mar Morto
(1 Sm 24,1; 2 Cr 20,2; Ct 1,14; 4,13-15; Sir 24,14). En-Eglaim é um local não
identificado. Esta visão tem um sentido simbólico especial: significa as
bênçãos que do novo templo advirão à Terra Santa mediante o espírito de Deus
(Jo 7,37-39). O Mar Grande é o Mediterrâneo. Esta imagem da torrente que jorra
do templo, o profeta tirou-a da fonte de Siloé (Is 8,6) ou da descrição do rio
que regava o paraíso terrestre (Gn 2,10-14; Jo 7,37-39; Ap 22,1.2). Aparece
igualmente em Jl 4,18; Zc 14,8.
[2]
Na sequência da imagem do edifício, Paulo compara-se a um arquitecto que põe o
alicerce insubstituível, que é Cristo (Rm 15,14-21).
[3]
A comunidade cristã (6,15-20 nota) é o verdadeiro templo da Nova Aliança,
consagrado pela inabitação do Espírito Santo, que vem substituir o templo de
Jerusalém (Jr 31,31-34 nota; Ez 16,59-60; Ef 5,21-33). A inabitação do Espírito
Santo realiza o que era prefigurado pela presença da glória de Deus no templo
de Jerusalém.
[4]
Quem o profanar com falsas doutrinas ou com divisões, comete um sacrilégio.
[5]
O zelo da tua casa me devorou. Os discípulos evocaram o Sl 69,10 (grego). Este
gesto messiânico anuncia a paixão de Jesus.
[6]
Destruí este templo. Estas palavras encerram um sentido misterioso que só a
reflexão posterior (v.22) permitiu captar: exprimem o mistério da Encarnação,
ao designarem o Corpo de Jesus como um templo em que Deus habita (Cl 2,9). Para
os inimigos de Jesus, esta afirmação era passível da pena de morte: Mt 21,12-14;
26,61; 27,40; Mc 14,58; 15,29; Act 6,14. Sobre o dar a vida em dois dias e
levantar ao terceiro, ver Os 6,1-3; Mt 16,21; 26,61; Mc 8,31.
[7]
Quarenta e seis
anos. O templo tinha começado a ser reconstruído por Herodes, o Grande, em
19/20 a.C.
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