4.º Domingo do Advento – 24 Dezembro
2017
ALEGRA-TE,
CHEIA DE GRAÇA
Maria é outra representante da comunidade dos
pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus.
O facto de Maria conceber sem ainda coabitar com José indica que o nascimento
do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar a nova
história surge dentro da história de maneira totalmente nova. A saudação do
anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de
Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galileia? Mulher sem maiores
pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a
José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições do seu povo?
Afinal, que méritos tinha para ser uma “agraciada”, “plena da graça” divina?
Maria estava longe de compreender o projecto de Deus a seu respeito. A sua
humildade de mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas
a respeito de si mesma. Quiçá, tenha sido este o motivo por que fora escolhida
por Deus para ser a mãe do Messias. Livre de toda a forma de orgulho e
auto-suficiência, Maria podia abrir o seu coração para receber a graça de Deus
que haveria de torná-la templo do Espírito Santo. Ela tornou-se objecto da
atenção divina, no seu anseio de salvar a humanidade. Deus queria contar com
alguma pessoa disposta a tornar-se “escrava do Senhor” e permitir que a vontade
divina acontecesse na sua vida, sem objecções. Foi para Maria que se voltaram
os olhares de Deus! Tudo quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais
para o seu entendimento e superava a sua capacidade de pô-lo em prática.
Abriu-se para ela uma perspectiva nova, ao ser-lhe prometida a assistência do
Espírito Santo. Este seria a força que lhe permitiria levar a bom termo a
missão divina que lhe fora comunicada pelo anjo. O evangelista Lucas elabora
esta narrativa da Anunciação com alusões a temas básicos do Primeiro
Testamento. Na criação, o Espírito de Deus pairava sobre as águas; agora, na
segunda criação, este Espírito descerá sobre Maria. Em contraposição ao antigo
pecado de Eva, agora Maria é cheia de graça. E o anúncio do anjo é feito em
paralelo com as palavras do profeta Isaías, que anunciava um futuro brilhante
para o filho da jovem esposa do rei Acaz (Is 7,14). Unindo-nos à saudação do
anjo, hoje, também saudamos Maria. E agradecemos a Deus pela concepção de Jesus
no seio de Maria, concedendo-nos participar da nova criação revestida de
divindade e eternidade. A escolha de Maria, uma jovem da periferia da Galileia,
para ser a mãe de Jesus, Filho de Deus, revela-nos que o projecto de Deus
difere dos projectos dos homens neste mundo. O poder e o prestígio tão
ansiosamente buscados, nada significam para Deus. Maria viveu a humildade e o
serviço e nisto identifica-se com o seu filho Jesus. O título de “rainha” atribuído
a Maria não indica poder e superioridade, mas sim amor que se doa, cativa e se
comunica. Maria está presente nos nossos lares, nas alegrias e nos sofrimentos,
confortando-nos, como mãe e companheira de caminhada no seguimento de Jesus. “Alegra-te
(‘Ave, Maria’), cheia de graça! O Senhor está contigo...”, “Bendita és tu entre
as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”, Jesus. Unimo-nos à saudação do
anjo e à saudação de Isabel (Lc 1,28.42), saudamos também a Maria na nossa
oração. Com a oração contínua e repetitiva, tomamos consciência da presença de
Maria no nosso meio e, com ela, a presença do seu filho Jesus. Com Maria, a nossa
atenção volta-se para Jesus, percorrendo a trajectória da sua vida: o seu
nascimento, o seu ministério, a sua paixão e a sua ressurreição.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Is 45, 8
Desça o orvalho do alto dos Céus e as nuvens chovam o Justo.
Abra-se a terra e germine o Salvador.
ORAÇÃO COLECTA
Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que nós, que pela
anunciação do Anjo conhecemos a encarnação de Cristo, vosso Filho, pela sua
paixão e morte na cruz alcancemos a glória da ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – 2 Sam
7, 1-5.8b-12.14a.16
«O
reino de David permanecerá eternamente na presença do Senhor»
O rei David
deseja construir um templo em honra de Deus, que abrigue a Arca da Aliança e
seja o centro espiritual do seu povo. Embora o Senhor não rejeite o seu nobre
projecto, faz-lhe, no entanto, compreender que não é o homem que traça planos a
Deus, mas é Deus que associa o homem à realização dos Seus desígnios de
salvação.
Será, portanto,
Deus que construirá uma casa a David, constituído, doravante, depositário
pessoal das promessas divinas. Da sua descendência nascerá o Messias, em Quem
habita toda a plenitude da Divindade, verdadeiro e vivo templo de Deus no meio
dos homens.
Esta Aliança e
a fidelidade por ela exigida são mais importantes para o futuro do povo do que
um templo material.
Leitura
do Segundo Livro de Samuel
Quando
David já morava em sua casa e o Senhor lhe deu tréguas de todos os inimigos que
o rodeavam, o rei disse ao profeta Natã: «Como vês, eu moro numa casa de cedro
e a arca de Deus está debaixo de uma tenda». Natã respondeu ao rei: «Faz o que
te pede o teu coração, porque o Senhor está contigo». Nessa mesma noite, o
Senhor falou a Natã, dizendo: «Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o
Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar? Tirei-te das pastagens onde
guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel. Estive contigo
em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus
inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da terra.
Prepararei um lugar para o meu povo de Israel; e nele o instalarei para que
habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os perversos tornem a
oprimi-lo como outrora, quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel.
Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. O Senhor anuncia que te vai
fazer uma casa. Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com
teus pais estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti e
consolidarei a tua realeza. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho.
A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono
será firme para sempre».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 88 (89), 2-3.4-5.27 e 29 (R. cf. 2a)
Refrão: Cantarei
eternamente as misericórdias do Senhor. (Repete-se)
Ou: Senhor, cantarei
eternamente a vossa bondade. (Repete-se)
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes:
«A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade. (Refrão)
«Concluí uma aliança com o meu eleito,
fiz um juramento a David meu servo:
‘Conservarei a tua descendência para sempre,
estabelecerei o teu trono por todas as gerações’». (Refrão)
«Ele Me invocará: ‘Vós sois meu Pai,
meu Deus, meu Salvador’.
Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor,
a minha aliança com ele será irrevogável». (Refrão)
LEITURA II – Rom
16, 25-27
«O mistério encoberto desde os tempos eternos foi agora manifestado»
Neste hino de
louvor e gratidão, com que encerra a Carta aos Romanos, S. Paulo dá glória a
Deus, por haver, finalmente, revelado o mistério por excelência – o do acesso à
salvação dos pagãos e dos judeus, incapazes, uns e outros, de a alcançar, pelos
seus esforços.
Oculto no
tempo, esse mistério revela-se no Natal, em que Deus nos deu a conhecer a
sabedoria do Seu plano divino: salvar todos os homens e o homem todo por Jesus
Cristo. Realiza-se na Cruz e é manifestado pelo anúncio do Evangelho feito
pelos Apóstolos, testemunhas e realizadores deste mistério inefável.
Leitura
da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Seja dada glória a Deus, que tem o poder de vos confirmar, segundo o Evangelho
que eu proclamo, anunciando Jesus Cristo. Esta é a revelação do mistério que
estava encoberto desde os tempos eternos mas agora foi manifestado e dado a
conhecer a todos os povos pelas escrituras dos Profetas segundo a ordem do Deus
eterno, para que eles sejam conduzidos à obediência da fé. A Deus, o único sábio,
por Jesus Cristo, seja dada glória pelos séculos dos séculos. Ámen.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Lc 1, 38
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eis a escrava do Senhor:
faça-se em mim segundo a vossa palavra. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 1,
26-38
«Conceberás e darás à luz um Filho»
Maria
aceitando ser a Mãe do Salvador, prometido a David, encerra o longo período de
expectativa da humanidade. Pela sua fé, pelo seu «sim» generoso, Deus começa a
habitar no Seu Povo.
Israel,
apesar das advertências dos profetas (Deut. 12, 2-12), sonhava multiplicar os
santuários, onde habitasse o Seu Deus. Mas só Deus pode escolher e construir
uma morada digna d’Ele. E, na verdade, Ele mesmo a escolhe, pobre e humilde, de
maneira desconcertante para o orgulho humano. O humilde acolhimento de Maria
dá-Lhe a morada, que Ele desejava. O Espírito Santo realiza essa maravilha: Ele
faz habitar o Verbo de Deus entre os homens.
Em
Maria, a primeira entre os cristãos a comprometer-se na grande aventura da fé,
nasce a Igreja, morada de Deus no meio dos homens (Apoc. 21, 3).
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada
Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente
de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o
Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com
estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não
temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz
um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do
Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente
sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como
será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo
virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o
Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel
concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem
chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a
escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons que trazemos ao vosso altar e santificai-os com
o mesmo Espírito que, pelo poder da sua graça,fecundou o seio da Virgem Santa
Maria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Is 7, 14
A Virgem conceberá e dará à luz um filho.
O seu nome será Emanuel, Deus-connosco.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Tendo recebido neste sacramento o penhor da redenção eterna,
nós Vos pedimos, Senhor: quanto mais se aproxima a festa da nossa salvação,
tanto mais cresça em nós o fervor para celebrarmos dignamente o mistério do
Natal do vosso Filho.
Ele que é Deus Convosco na unidade do Espírito Santo.
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